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Os 05 professores que participaram da pesquisa são do sexo masculino A faixa etária variou entre 40 e 51 anos e todos são Licenciados em Química Em

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pesquisar sobre avaliação da aprendizagem no Ensino Médio Integrado foi um grande desafio, pois a prática avaliativa no ensino de Química é tradicional, classificatória, e utilizada para selecionar os estudantes.

O caminho percorrido nos permite considerar que muito ainda deverá ser discutido sobre avaliação da aprendizagem, especialmente no Ensino Médio Integrado ao Técnico, uma vez que os professores dessa modalidade de ensino e especialmente na disciplina de Química, não praticam uma avaliação que favoreça aos estudantes estabelecer a necessária relação do que aprendem na disciplina com a área técnica na qual estão sendo formados.

As concepções dos professores sobre avaliação da aprendizagem surpreendem e ao mesmo tempo indicam que é preciso avançar no sentido de aprofundamento e estudos sobre esse tema.

Surpreendem porque ao conceberem a avaliação da aprendizagem como

autoavaliação do trabalho docente indicam reflexão e preocupação com o

trabalho que desenvolvem em sala de aula e obviamente, com a aprendizagem dos estudantes.

Outro avanço na concepção de avaliação indicada pelos professores é quando percebem ser este um momento para tomada de decisão, nos permitindo inferir que tal concepção indica a consciência que eles têm sobre a provisoriedade do conhecimento e a necessidade de retomar o que não foi aprendido e refazer ou reconstruir caminhos promovendo uma aprendizagem emancipadora para os estudantes.

A subcategoria de análise que evidenciou a concepção de avaliação como

processo e instrumentos da prática avaliativa que os professores utilizam para

realizá-la, também pode ser considerada surpreendente se considerarmos o contexto de avaliação no qual esta pesquisa foi desenvolvida – a disciplina de Química no Ensino Médio Integrado ao Técnico que em muitas escolas é tida como a disciplina do núcleo ‘duro’ da aprendizagem e não pode ou não deve fugir da forma tradicional de avaliar os estudantes.

Porém, se entendida como processo – e alguns professores têm esse entendimento – espera-se mesmo que estes desenvolvam uma prática avaliativa diversificando os momentos e os instrumentos de avaliação da aprendizagem procurando explorar não só os conhecimentos dos estudantes, mas suas habilidades, competências e outras capacidades e habilidades para a aprendizagem de Química.

Contudo, como observado nesta pesquisa, ainda temos professor, mesmo que tenha sido apenas um deles, que concebe a avaliação como ‘medida’, atrelando essa concepção a uma visão imediatista, conservadora, excludente e classificatória do estudante, o que indica a necessidade de aprofundamento e estudos sobre avaliação da aprendizagem. E nesse sentido, é preciso avançar!

É fato que precisamos atribuir notas ao desempenho dos estudantes, mas não podemos definir as aprendizagens a partir de uma medida. A nota deve ser vista como uma representação numérica que atende às necessidades institucionais, mas nem sempre representa de fato o que foi aprendido muito menos a qualidade da aprendizagem.

Diante dessa concepção, onde avaliar o conhecimento do estudante é “medir”, entendemos ser necessário que cursos de formação de professores discutam mais a respeito do tema avaliação da aprendizagem, com objetivo de que os professores possam desenvolver recursos que subsidiem esta prática.

Os argumentos apresentados induzem a rever e aprofundar o entendimento sobre o distanciamento que ocorre entre os professores para traçar objetivos para solucionar as dificuldades que os estudantes apresentam na disciplina de Química. Esta pesquisa também demonstrou o interesse e a necessidade dos professores para a ‘troca’ com colegas na intenção de discutir sobre estratégias de aprendizagem, os entraves ao longo do percurso dos estudantes, inclusive nos momentos de avaliação, planejar atividades conjuntas e interdisciplinares que possam contribuir e melhorar suas práticas pedagógicas.

Foi interessante constatar que alguns professores utilizam a avaliação

diagnóstica como forma de aproximação ao que os estudantes sabem sobre

disciplina e que com certeza dificultam a aprendizagem do que é importante e necessário sobre o assunto.

Apesar de terem indicado que discutem com os estudantes o momento em que as avaliações deverão ocorrer, a decisão final continua sendo do professor.

Uma categoria de análise que foi definida exatamente porque as falas dos professores não revelam o que ela indica, diz respeito aos critérios para avaliar os estudantes.

Mesmo tendo indicado que cursaram disciplinas referentes a avaliação da aprendizagem, os depoimentos dos professores evidenciaram que ao avaliar não estabelecem critérios e tampouco os declaram aos estudantes. Há nesses depoimentos, uma nítida ‘confusão’ entre o que são critérios e instrumentos de avaliação.

Avaliar sem definição de critérios perpetua a subjetividade já tão discutida em avaliação, causa confusão para os sujeitos envolvidos nesse processo e pouco contribui para o crescimento e amadurecimento dos estudantes.

No que concerne às dificuldades que os estudantes apresentam no processo avaliativo, observou-se que a falta de conhecimento e domínio da língua

portuguesa dificultam a construção do conhecimento na disciplina de Química.

Essa ausência de conhecimento e domínio da língua pátria se revelam como obstáculos para a interpretação de textos, resolução de problemas, leitura e escrita de atividades nas quais os estudantes devem se expressar ou descrever procedimentos realizados por eles mesmos.

É importante salientar que essas dificuldades não são ‘novidade’, mas frutos de um ensino ‘despreocupado’ com a real aprendizagem dos estudantes cujo papel sempre foi de um sujeito passivo, memorizador e repetidor de conteúdos para os quais não conseguem atribuir significado.

Avaliar a aprendizagem dos estudantes continua como sinônimo de um instrumento utilizado pelos professores para cumprir uma formalidade, em que é preciso comprovar os conhecimentos adquiridos alcançando uma nota.

Apesar de termos notado algumas mudanças nas concepções dos professores de Química que participaram desta pesquisa, quando indicam que concebem a avaliação como algo processual, onde é importante diversificar

instrumentos e momentos e como um importante componente da e para a prática educativa, muito ainda precisa ser pesquisado sobre essa prática tão controversa mas completamente necessária ao ensino e a aprendizagem – a avaliação.

Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para que professores de Química do Ensino Médio Integrado explorem e busquem inovações em suas práticas pedagógicas com objetivo de alcançar uma aprendizagem significativa para os estudantes.

É importante ainda, fomentar a discussão entre pares e com a direção das instituições sobre a necessidade de se designar espaços físicos e de calendário para encontros e reuniões cujo objetivo seja a troca entre sujeitos que desempenham a mesma função, por vezes lado a lado sem saber o que o outro faz.

Essa ‘troca’ é uma prática necessária aos professores, porém, pouco reivindica por eles mesmos e de fato vivenciada não só nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, mas também nas universidades do nosso país.

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