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s objetivos indicados para este trabalho eram: 1.compreender a natureza e

finalidade dos programas de garantia de renda mínima vinculados à

educação; 2. analisar, no caso específico da escola municipal “Darcy

Ribeiro”, de São José do Rio Preto, se o programa vem atingindo os

objetivos propostos e avaliar o impacto do Programa Bolsa-Escola na auto-

estima e na aprendizagem do aluno.

Neste trabalho, foi possível constatar que o programa desenvolvido pela

Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto, denominado Programa Executivo Bolsa-

Escola, e que consiste em benefício monetário mensal às famílias que se encontram

abaixo do nível de pobreza, em troca da manutenção de suas crianças nas escolas, e tem

como objetivo principal seria combater a pobreza estrutural promovendo a inclusão

social, tem atingindo, na escola estudada, as famílias que seriam o seu público alvo.

Entretanto, pode-se constatar que, se o seu objetivo é a garantia da freqüência e

permanência das crianças na escola, no caso da escola estudada, isso se daria, para a

maioria das crianças, mesmo que o beneficio não fosse oferecido ou cortado. Mesmo as

crianças que trabalhavam antes de receber o beneficio, responderam que permaneceriam

na escola se o benefício fosse cortado.

O que causa espanto é o fato de que o programa consiste em apenas um projeto de

redistribuição de renda. Tanto em relação às crianças atendidas, quanto às autoridades

responsáveis pela idealização e execução do projeto, não existe a preocupação com as

O

condições pedagógicas ou especificamente educacionais que afetam as crianças

beneficiadas. Trata-se apenas de usar a freqüência escolar como obrigação para o

recebimento. A exigência poderia ser de qualquer outra esfera, e isso não afetaria

significativamente os resultados de rendimento ou freqüência dos alunos.

Nenhum acompanhamento é realizado junto aos alunos, seja de natureza pedagógica,

psicológica ou social. O pagamento é feito às famílias, e a criança acaba se tornando um

instrumento de renda da família. Ir à escola é uma espécie de emprego e o benefício

torna-se a renda, que substitui o salário que a criança levaria para casa. Observe-se que

algumas crianças afirmaram que o corte do benefício significaria a necessidade de sua

mãe voltar a trabalhar.

Se a transferência de renda, para garantir as condições mínimas de existência para uma

ampla massa da população, que hoje se encontra abaixo da linha de pobreza, é

extremamente relevante, sua associação à educação, com a finalidade descrita de

garantir melhores condições de competitividade para essas crianças no mercado de

trabalho, não vem sendo atingida. Isto porque o recebimento do benefício não altera sua

relação com os estudos, não melhora seu desempenho, nem promove melhores

condições de competitividade do que aquelas que a criança já dispunha anteriormente.

Constata-se assim que o papel privilegiado que vem sendo atribuído à educação, para

correção das desigualdades sociais, não é alcançado por meio deste programa.

No primeiro capítulo, pudemos constatar que a baixa renda da população analfabeta no

Brasil foi, durante muito tempo, indicada como conseqüência de sua situação

educacional e causadora de uma defasagem entre um mercado de trabalho cada vez

mais sofisticado e uma mão-de-obra não qualificada. Daí a necessidade de esforços do

Estado para corrigir essa desigualdade por meio da educação. Acreditava-se que, ao dar,

justiça social. Essa seria também a finalidade dos projetos de renda mínima. Estes

projetos, porém, não vinculavam originalmente o benefício à educação, mas

pretenderiam uma “alocação universal” de renda como enfrentamento do desemprego e

da pobreza. A renda mínima seria definida como um patamar de renda abaixo da qual

nenhum cidadão poderia encontrar-se. Em sua origem, esses projetos de renda mínima

não comportavam condicionantes, como freqüência escolar, ou mesmo condicionantes

relacionados à correção de exclusão social. Eles agiriam como um Imposto de Renda

Negativo, isto é, uma política social seletiva, cujo beneficio é calculado individualmente

de forma a fazer com que a renda familiar atinja um determinado patamar mínimo.

O programa de garantia de renda mínima foi proposto inicialmente pelo senador

Eduardo Suplicy, na forma de Projeto de Lei, e beneficiaria, sob forma do Imposto de

Renda Negativo, todas as pessoas residentes no país, em idade produtiva que se

encontre abaixo da linha de pobreza em decorrência de fatores sócio-políticos, como

desemprego ou que, mesmo trabalhando, não consegue suprir as necessidades básicas

familiares.

Com o tempo, os programas de renda mínima no Brasil passaram a restringir o

fornecimento dos benefícios às famílias que possuem crianças em idade escolar

fundamental.

Constatou-se assim, nesse capítulo, que o programa Bolsa Escola atrelou o programa de

recebimento de benefício à educação com o intuito de obter um processo de inclusão

social, com futura possibilidade de inserção no mercado de trabalho. O Programa

apresenta-se como uma tentativa de reduzir um desemprego futuro.

No segundo e terceiro capítulos constatamos que, em sua proposta original, o programa

de garantia de renda mínima não focava suas forças diretamente na criança e deveria ser

que se atingisse todo o universo de pessoas com mais de 25 anos. O vínculo entre renda

e educação foi incorporado para atender a idéia de que o Estado não poderia

simplesmente dar um benefício, como uma esmola, sendo necessário que o beneficiário

aprendesse algo nesse processo como contrapartida. Além disso, seria uma forma de

possibilitar a universalização do direito à educação, como é previsto pela Declaração

dos Direitos do Homem, Constituição e L.D.B. e E.C.A .

No quarto capítulo, dedicado à implantação do programa em São José do Rio Preto,

pode-se constatar que essa é das melhores cidades do estado, com um dos melhores

índices de IDH do país (0,834) também com um dos melhores índices de cobertura

educacional do país, onde a implantação do Programa Bolsa-Escola teve como base os

mesmos princípios do Programa Executivo Bolsa-Escola do Governo Federal.

Constatamos, ainda, que não se faz qualquer tipo de acompanhamento especial das

famílias atendidas, e que o controle restringe-se apenas a aferição da freqüência das

crianças às escolas.

No quinto capítulo, apresentamos a pesquisa feita com alunos, pais e professores da

escola, uma pesquisa do rendimento escolar dos alunos antes e depois do recebimento

da Bolsa e a entrevista realizada com a secretária de educação do município.

A escola na qual foi realizada a pesquisa, a Escola Municipal “Darcy Ribeiro”, foi

criada para atender à grande demanda de alunos de um bairro pobre e que se localiza na

região que possui mais de 40% dos habitantes do município.

A partir dos resultados obtidos nas pesquisas, pode-se concluir que, se a implantação

Programa no município atendeu à proposta de conceder benefício monetário mensal às

famílias da região atendida pela escola, as quais se encontram abaixo da linha de

pobreza, em troca da manutenção de suas crianças nas escolas. O Programa alcançou o

O objetivo do Programa seria promover a educação das crianças de famílias de baixa

renda, assegurando sua permanência na escola, por meio de incentivo financeiro, e

recuperar a dignidade e a auto-estima da população, excluída da esperança de garantir

um futuro melhor para seus filhos por meio da educação.

Pretendia-se, com o programa, melhorar as chances de acesso às oportunidades

educacionais por meio da possibilidade de uma escolarização em que estudantes

possuem os mesmos direitos e poderia, por isso, ser considerado uma política inclusiva

de combate à desigualdade, por meio da criação de oportunidades de acesso aos direitos

básicos de cidadania.

Embora venha beneficiando uma quantidade significativa da população que se encontra

abaixo da linha de pobreza, o Programa não tem, entretanto, como se pode verificar,

atingido os objetivos de inclusão e acesso às oportunidades por meio da educação.

A ausência de mecanismos e estratégias focalizadas na escola e que tenham como

finalidade a melhoria do rendimento escolar é apontada, pelos docentes, como uma das

maiores falhas do programa, caracterizando-o apenas como mais uma ação

assistencialista. Pelo menos neste caso, que foi objeto deste estudo, não se pode

constatar, entre alunos e professores, e também através da comparação das notas desses

alunos, anteriores e posteriores ao Programa, uma alteração significativa do interesse

das crianças beneficiadas pelo estudo. A freqüência à escola, relatada pelos alunos e

pelos pais, se dá pela possibilidade de ascensão social possibilitada pela escola e não

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