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3 A ORIGEM DO ATUAL PROGRAMA BOLSA-ESCOLA

3.6 As implicações do programa bolsa escola na

3.6.1 O Direito à educação

Ocupando-se, particularmente, da educação, a Declaração Universal de Direitos

Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), aprovada em 10 de dezembro de

1948, visa atingir o Homem todo e todos os homens e propugna por sua felicidade e seu

bem estar, buscando subordinar o privado ao público. Valoriza a família, a comunidade,

Art. 26.1 – Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, ao menos na instrução elementar e fundamental. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica e profissional haverá de ser generalizada; o acesso ao estudo superior será igual para todos, em função dos méritos respectivos.

2. – A educação terá por objetivo o pleno desenvolvimento da personalidade humana, e o fortalecimento do respeito aos distritos humanos e as liberdades fundamentais; favorecerá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos étnicos ou religiosos; e promoverá o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

3. – Os pais terão direito preferencial para escolher o tipo de educação que se dará aos seus filhos.

A Constituição Brasileira, em seu texto de 1988, Título VIII – Da Ordem Social,

Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, na Seção I – da Educação, Art.

205, afirma que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da Família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação

para o trabalho”.

Além disso, no Art. 206, especifica-se que: O ensino será ministrado com base nos

seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento a arte e o saber;

III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V – valorização dos profissionais do ensino, garantido na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela união;

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade.

Em 1990, é sancionado o Estatuto da Criança e do Adolescente, (ECA), Lei n. 8.069, de

13 de julho de 1990. O Estatuto dedica o Capítulo IV aos direitos da criança à

Art. 53 – A criança e adolescente tem direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I – igualdade de condições para o acesso e permanências na escola; II – direito de ser respeitado pelos seus educadores;

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV – direito de organização e participação em entidades estudantis; V – acesso à escola pública e gratuita próxima a sua residência.

Parágrafo Único – É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar das propostas educacionais.

Inspirada no Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação consolida e amplia o dever do poder público para com a educação em geral e,

em particular, para com o ensino fundamental. Em seu Título III, detalha o direito à

educação e o dever de educar. Primeiramente, o Art. nº 4 da LDB detalha e amplia os

termos dos incisos do Art. nº 208 da Constituição Federal:

O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia

de:

I- Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II- Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III- Atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV- Atendimento gratuito em creches e pré-escolas as crianças de zero a seis anos de idade;

V- Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI- Oferta de ensino noturno regular, adequada às condições do educando;

VII- Oferta de educação escolar regular para os jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;

VIII- Atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;

IX- Padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos com a variedade e quantidade mínimos, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino- aprendizagem.

No seu art. nº 22, lê-se que a educação básica deve assegurar a todos “a formação

comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes meios para progredir

no trabalho e em estudos posteriores”.

Para Marcílio (1998, pg.89):

No Brasil, a violação dos direitos humanos e dos direitos da criança é um fato diário. Embora o país tenha sido capaz de elaborar um dos códigos mais paradigmáticos sobre os direitos da criança, o E. C. A., na realidade, a infância brasileira longe esta de ser a prioridade absoluta que a Constituição proclama (...) As verbas votadas para a criança vem sendo limitadas. Os poucos recursos destinados à infância são, muitas vezes, mal aplicados, dispersos, desviados, perdidos em grande parte nos meandros da burocracia, antes de chegarem ao seu verdadeiro destino: a criança. Falta competência, responsabilidade e vontade política, em grande parte.

Boto (2005, pg.67), afirma que:

(...) o direito à educação será consagrado quando a escola adquirir padrões curriculares e orientações políticas que assegurem algum patamar de inversão de prioridades, mediante atendimento que contemple – à guisa de justiça distributiva – grupos sociais reconhecidamente com maior dificuldade para participar desse direito subjetivo universal – que é a escola pública, gratuita, obrigatória e laica.

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