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Ao final da pesquisa, foram reiterados os principais resultados de cada um dos objetivos apresentados. Verificou-se se as perguntas norteadoras foram respondidas e se a hipótese foi corroborada. Avaliou-se a relevância da contribuição desta tese e, por fim, foram recomendadas possíveis pesquisas e trabalhos futuros.

Quanto ao primeiro objetivo específico de “Identificar e avaliar os critérios adotados pelos comitês de bacias paulistas”, foram identificados 264 tipos de critérios, que avaliavam principalmente os conteúdos das propostas, como também a capacidade do proponente, isto é, organização a ser tomadora dos recursos. Ao avaliá-los, constatou-se que, mesmo possuindo as mesmas diretrizes gerais, os critérios têm sofrido alterações e guardam diferenças significativas entre as Unidades Hidrográficas de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado (UGRHI). Esse resultado corrobora a hipótese da pesquisa de que existiam assimetrias significativas entre os critérios de investimentos utilizados nas UGRHIs.

Quanto ao segundo objetivo específico de “Identificar os métodos utilizados pelos comitês paulistas para definir os critérios de investimentos”, não foi possível identificar métodos formais, mas sim um padrão empírico que se baseia principalmente na experiência dos integrantes das Câmaras Técnicas, bem como nos acertos e erros observados durante a hierarquização de empreendimentos nos anos anteriores. Cabe lembrar que há alternância entre os membros do comitê, o que pode dificultar a retenção desse conhecimento acumulado.

Com os resultados desses dois objetivos, foi possível responder de maneira satisfatória a pergunta norteadora da pesquisa “Quais são e como são estabelecidos os critérios de seleção de empreendimentos, financiados com recursos do FEHIDRO em São Paulo?”.

Já quanto ao terceiro objetivo específico de “Propor método para elaboração de critérios, que atendam às necessidades específicas dos comitês de bacias”; esse foi composto pela criação do método e por sua aplicação prática.

Foi criado um método participativo, baseado em técnicas acadêmicas ágeis e de fácil aplicação, para auxiliar a elaboração, modificação ou a atualização dos critérios para priorização de investimentos no âmbito dos Comitês de Bacias

Hidrográficas. Embora os exemplos utilizados nesta tese remetam ao Estado de São Paulo, o método mostrou-se válido, robusto e flexível para ser replicado em outros comitês brasileiros.

A finalidade do método não visa indicar os empreendimentos considerados ótimos, tampouco representar uma realidade objetiva para tomar decisões, mas sim recomendar empreendimentos alinhados com os valores do grupo de decisores representativos, por meio de uma ferramenta válida para o processo de apoio à decisão. Processo o qual pressupõe interações entre os decisores e gera conhecimento ao estruturar os problemas de maneira gráfica.

Pode-se afirmar também que os critérios de investimentos são muito específicos, em função das necessidades de desenvolvimento de cada região ou sub-região hidrográfica. E que os representantes dos comitês de bacias são os responsáveis por indicar os empreendimentos que contemplem tais necessidades, sempre com o apoio das publicações oficiais estabelecidas em lei, como o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), os planos de bacias e os relatórios de situação. Ademais, aproxima-se de bons critérios de investimentos quando os anseios dos representados são identificados, interpretados e atendidos pelo poder público, de forma dinâmica e contínua.

Quanto à aplicação do método, este foi colocado em prática, por meio de um projeto piloto realizado no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT), no Estado de São Paulo e abordou especificamente o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO).

Ainda que a aplicação prática não tenha seguido totalmente as sugestões e recomendações descritas no método proposto, obtiveram-se resultados muito acima do esperado. Tais como, a definição do facilitador e dos decisores, estruturação do problema em forma gráfica, definição de critérios de rejeição e critérios de avaliação; estes últimos dotados de funções de valor e do Fator de Prioridade (K). Adicionalmente, o método proposto já foi utilizado para alocação de importante quantia de recursos públicos.

O Fator de Prioridade representa uma ferramenta de apoio à decisão ao principal problema relatado pelos decisores: “Elaborar critérios de investimentos alinhados às necessidades da bacia”. Ferramenta essa que foi aceita como útil e

válida e atualmente compõe o modelo utilizado para selecionar as mais adequadas propostas de empreendimentos, segundo o sistema de valores dos decisores. Ou seja, os critérios que já avaliavam o conteúdo das propostas e a capacidade da instituição proponente, foram somados aos novos critérios, que juntos contribuem para seleção das propostas com os melhores conteúdos, melhores tomadores e prioritárias à bacia.

Por conseguinte, considerou-se que o objetivo geral de “contribuir para a melhoria do processo de seleção de empreendimentos financiados pelos fundos estaduais de recursos hídricos, por meio dos Comitês de Bacias Hidrográficas”, foi alcançado de maneira satisfatória.

A avaliação dos resultados demonstrou que o método proposto é de interesse público e o conhecimento produzido possui contribuição social relevante ao planejamento de recursos hídricos em bacias hidrográficas.

Esta pesquisa representa apenas uma pequena parcela de um amplo espectro de estudos possíveis sobre a elaboração de critérios de investimentos no âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas. Assim, há possibilidade de realização de mais estudos que subsidiem o apoio aos decisores. Como grandes desafios para pesquisas futuras, almeja-se a aplicação do método em outros comitês, com finalidade de comparar os resultados obtidos, como também testar a validade e aplicabilidade do método para elaboração dos programas de investimentos dos Planos de Bacias Hidrográficas.

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