CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo se dedicou a investigar a dinâmica psíquica de mulheres com queixas de violência conjugal, e observar seu funcionamento psíquico, suas defesas e as relações dessas com o desenvolvimento da sexualidade dessas mulheres. E, entendeu-se ter cumprido tal proposição.

De modo geral, encontrou-se nessas pessoas uma dinâmica regressiva, primitiva do desenvolvimento com tendências a apresentar comportamento retraído (retraimento), regressivo com baixa auto-estima. Além disso, houve a presença de agressividade, impulsividade, e busca de satisfação na fantasia, com pobre contato com a realidade.

Quanto aos mecanismos defensivos, predominaram aqueles frágeis e pouco elaborados, denotando a presença de um controle egóico pouco integrado. Dinâmica esta que tende a apresentar um esforço irrealista para manter este controle egóico, o que se apresenta nestas participantes pela incapacidade de simbolização.

Assim, mostrou-se uma configuração regressiva e patológica que se repete na própria configuração conjugal onde o casal passa a apresentar os comportamentos manifestos de agressão, como uma forma de afetividade desenvolvida pelo casal. Parece haver então, uma forma perversa de relação e uma imaturidade afetiva que impede as resoluções dos conflitos.

Entendeu-se que, ante a tal grave problemática, esse também tornou-se uma questão de saúde publica , complexa. Entendeu-se também que o fenômeno é multivariável e estudamos apenas um desses multifatores, por isso, merece ser bem mais investigado sob a perspectiva psicológica individual e clínica.

Entendemos ainda, que é apenas com as incansáveis investigações que se pode traçar um perfil preventivo ou de promotor de saúde. Deste modo, muitos outros estudos devem ser realizados nessa perspectiva psicológica clínica e diagnóstica.

REFERÊNCIAS:

ADAMO, V. L. C. L. Violência doméstica: uma contribuição da psicanálise. Ciência e saúde

coletiva. v.4; n. 1; p.153-159; 1999.

ALMEIDA, V. P. Repercussões da violência na construção da identidade feminina da mulher presa: um estudo de caso. Psicologia. Ciência e Profissão, Brasília, v. 26, n. 4, p. 604-619, dez. 2006.

AZEVEDO, M. A. Mulheres espancadas: a violência denunciada. São Paulo: Cortez, 1985. BRAGHINI, L. Cenas Repetitivas de Violência Doméstica: um impasse entre Eros e Tanatos. Campinas: Editora Unicamp; São Paulo: Imprensa Oficial, 2000.

BRUSCHI, A.; PAULA, C. S.; BORDIN, I. A. S. Prevalência e procura de ajuda na violência conjugal física ao longo da vida. Revista. Saúde Pública v.40, n.2, p. 256-264, 2006.

BUCK, J.N. H.T.P. Casa, árvore, pessoa; técnica projetiva de desenho: manual e guia de

interpretação. São Paulo: Vetor, 2003.

CANTERA, L. Casais e Violência: Um enfoque além do gênero. Porto Alegre: Dom Quixote Editora, 2007.

CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. São Paulo: Artmed, 2000.

FAUNDES, A.; ROSAS, C. F.; BEDONE, A. J.; OROZCO, L. T. Violência sexual: procedimentos indicados e seus resultados no atendimento de urgência de mulheres vítimas de estupro. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.28, n.2, p.126-35, 2006.

FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO Lei Maria da Penha faz seis anos e combate à violência de gênero ganha mais visibilidade. Disponível em: <http://www.fpabramo.org.br/noticias/lei-maria- da-penha-faz-seis-anos-e-combate-violencia-de-genero-ganha-mais-visibilidade >. Acessado em 30 de agosto de 2012.

GIFFIN, K. Violência de gênero, sexualidade e saúde. Cadernos de Saúde Pública, v.10, n.1, p.146-155, 1994.

GRANJA, E.; MEDRADO, B. Homens, violência de gênero e atenção integral em saúde.

Psicologia e Sociedade, Florianópolis, v. 21, n. 1, p.25-34, 2009.

GREGORI, M. F. Cenas e Queixas: um estudo sobre mulheres, relações violentas e

práticas femininas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

GOMES, M. L. M.; FALBO NETO, G. H.; VIANA, C. H.; SILVA, M. A. Perfil clínico- epidemiológico de crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência atendidas em um Serviço de Apoio à Mulher, Recife. Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil, v.6, n.1, p.27-34, 2006.

GOMES, R.A. Mulher em situação de violência sob a ótica da saúde. In: MINAYO, M. C.; SOUZA, E.R. de. (Orgs) Violência sob o olhar da saúde: infrapolítica da

contemporaneidade brasileira. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, p.199-222, 2003.

HAMMER, E. F. Aplicações clinicas dos desenhos projetivos. São Paulo. Casa do Psicólogo, 1991.

HINSCHELWOOD, R. D. Dicionário do pensamento kleiniano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

INSTITUTO SANGARI. Mapa da Violência, 2013. Disponível em: Acessado em 25 de agosto de 2012 e 24 de fevereiro de 2013.

ISSACS, S. A natureza e a função da fantasia. In: RIVIERE, J. (Org). Os progressos da

psicanálise. Tradução de Álvaro Cabral;Rio de Janeiro: Guanabara Koogan p.79-135, 1982. KERNBERG, O. F. Agressão nos transtornos de personalidade e nas perversões. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 a.

KERNBERG, O. F. Psicopatologia das relações amorosas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 b.

KLEIN, M. Algumas conclusões teóricas sobre a vida emocional do bebê. In: RIVIERE, J. (Org). Os progressos da psicanálise.Tradução de Álvaro Cabral;Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982, 216-255.

KOCK, K. Teste da Árvore. São Paulo: Mestre Jou, 1968.

KRONBAUER, J.F.D.; MENEGHEL, S.N. Perfil da violência de gênero perpetrada por companheiro. Revista de Saúde Pública, v.39, n.5, p.695-701, 2005.

KRUG, E.G.; DAHLBERG, L.L.; MERCY, J.A.; ZWI, A.B.; LOZANO, R. Informe mundial sobre la violencia y la salud. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, São

Paulo, v. 45, n.3, 2003.

MARINHEIRO A. L. V; VIEIRA E. M.; SOUZA L. Prevalência da violência contra a

mulher usuária de serviço de saúde. Revista Saúde Pública. v.40, n.4, p. 604-610, 2006.

MARQUES, T. M.; DELA COLETA, M. F. Atribuição de causalidade e reações de mulheres que passaram por episódios de violência conjugal. Temas em Psicologia. v. 18, n. 1, p. 205 – 218, 2010.

OCAMPO, M. L. S; ARZENO, M. E. G; Entrevistas para aplicações de testes. In: OCAMPO, M. L. S; ARZENO, M. E. G; PICCOLO, E. G. (Orgs). O Processo Psicodiagnóstico e as

Técnicas Projetivas. 10º ed. São Paulo: Martins Fontes, p. 47-64, 2003.

OLIVEIRA, C. A.; CARISSIMI, A.; OLIVEIRA, E. D. L. O amor que tu me tinhas era vidro e se quebrou: análise dos aspectos psicológicos e da autoimagem de mulheres vitimizadas.

OLIVEIRA, D. C. de; SOUZA, L. de. Gênero e violência conjugal: concepções de psicólogos. Estud. Pesquisas psicológicas, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, dez. 2006.

PICCOLO, E. G. Defesas nos testes gráficos. In: OCAMPO, M. L. S; ARZENO, M. E. G; PICCOLO, E. G (Orgs). O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 10º. ed. São Paulo: Martins Fontes, p. 255-380, 2003.

MASTROROSA-REIS C; SOUZA, M. C. Estudo clínico dos aspectos psicossociais e a

imagem corporal relacionadas à mama. 2006. 30 f. Trabalho de Conclusão de Curso

(graduação) Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2006.

RETONDO, M.F.N.G.; Manual Prático da avaliação do H T P. Casa, Árvore, Pessoa e

Família. Casa do Psicólogo, v. 1, 2000.

RIBEIRO, A.M.; FERRIANI, M. G. C.; REIS, J. N. Violência sexual contra crianças e adolescentes: características relativas à vitimização nas relações familiares. Cadernos de

Saúde Pública, v.20, p.456-464, 2004.

ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro:1998.

SAFFIOTI, H.I.B. O estatuto teórico da violência de gênero. In: Santos, J.V.T (Org).

Violência em tempo de globalização. São Paulo: Editora Hucitec, p. 142-63,1999.

SCHRAIBER, L.B.; D`OLIVEIRA, A. F. P. L.; COUTO, M. T. Violência e saúde: estudos científicos recentes. Revista de Saúde pública, v.40, p.112-120, 2006.

SCHRAIBER, L.B; D’OLIVEIRA. A. F. P. L.; FRANÇA JUNIOR, I.; PINHO, A. A. violência contra a mulher: estudo em uma unidade de saúde primária à saúde. Revista de Saúde pública, v.36, p. 470-477, 2002.

SCHRAIBER, L. B.; D’OLIVEIRA, A.F.P.L.; FRANÇA JUNIOR, I.; DINIZ, S.; PORTELLA, A. P.; LUDERMIR, A. B.; VALENÇA, O.; COUTO, M. T. Prevalência da violência contra a mulher por parceiro íntimo em regiões do Brasil. Revista Saúde Pública, XXX v. n. p.797-807, 2007.

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em < http://www.ssp.sp.gov.br/ >, Acessado em 24 de Fevereiro de 2013.

TRINCA, W. Investigação clínica da personalidade: o desenho livre como estimulo de

apercepção temática. Belo Horizonte: Interlivros, 1976.

TRINCA, W. et al. Formas de investigação clínica em psicologia. São Paulo: Vetor, 1984. VAN KOLCK, O.L. Testes projetivos gráficos no diagnóstico psicológico. São Paulo: E.P.U., 1984.

VIZZOTTO, M. M. O método clínico e as intervenções na saúde psicológica da comunidade. In: OLIVEIRA, V. B e YAMAMOTO, K. (Orgs) Psicologia da saúde: Temas de reflexão e

Informe mundial sobre la violencia y la salud: resumen. Washington, D.C., Organización Panamericana de la Salud, Oficina Regional para las Américas de la Organización Mundial de la Salud, 2002.

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido