• Nenhum resultado encontrado

A última ocupação da Torre de Almofala refere-se, em termos cronológicos, à época moderna, momento em que existia ali uma povoação designada por Aldeia da Torre dos Frades. A cerâmica desta fase apareceu com grande expressividade numérica e em bom estado de conservação, o que nos proporcionou uma leitura mais vasta quanto à reali- dade então vivida.

Denota-se que existiam contactos comerciais com Talavera de la Reina e Zamora, onde eram adquiridas as produções de faiança daqueles centros oleiros. De um outro ponto de vista, a presença de faiança revela-nos algum poder económico por parte dos habitantes da Aldeia, tanto mais que, como observámos atrás, algumas das peças eram exclusiva- mente decorativas.

Relativamente à cerâmica comum, colocamos a hipótese de ter ali existido uma pequena olaria local, pois os fabricos e pastas dos tipos por nós identificados são idênticos entre si, para além da recorrência de algumas das formas.

Consideramos que uma das actividades a que se dedicavam os habitantes da Aldeia da Torre seria a criação de animais. Através da cerâmica observamos que uma das formas recorrentes no conjunto cerâmico é o alguidar, que embora tendo o mesmo fa- brico em todos os tipos, difere de tamanho, conforme a provável utilização do mesmo. Provavelmente os alguidares de pequenas dimensões, entre outras funções, serviriam para aparar o sangue durante a matança do porco e os maiores para a preparação dos enchidos. Tal como a presença de coadores, a que atribuímos uma função específica na preparação do queijo, nos indicia a existência de rebanhos de ovelhas.

Por outro lado, o grande número de talhas e potes implica armazenamento e conser- vação de alimentos. Podiam ser utilizadas para conter vinho, azeite, azeitonas ou cereais, e qualquer uma dessas funções está directamente ligada a alguma actividade agrícola. Assim, podemos depreender que associados à criação de animais surgiam os trabalhos rurais, como forma de sustento da população da Aldeia.

Com a continuidade do estudo de materiais provenientes da Torre de Almofala, preten- demos conhecer mais, complementando os dados já existentes e aprofundar as interpre- tações sobre a Torre de Almofala, durante a época moderna.

fig. 1 Torre de Almofala.

fig. 2 Localização da Torre de Almofala (retirado de TEICHNER, 1994, 89).

fig. 3 Carta militar nº 162, edição de 1946, dos Serviços Cartográficos do Exército.

estampa 1

estampa 3

estampa 5

estampa 7

estampa 9

estampa 11

estampa 13

Bibliografia

AINAUD DE LASARTE, J. (1952) – Cerámica y vidrio. Talavera y Puente del Arzobispo. Ars

Hispaniae - Historia Universal del Arte Hispánico, X. Madrid, p.251-281

ALBUQUERQUE, Elisa (2005) – Entre sigillata e faiança primeiro estudo sobre a cerâ-

mica da Torre de Almofala. Dissertação de mestrado em Arqueologia, área de especiali-

zação em Arqueologia Regional apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra (Texto policopiado)

CÉSAR VILA, M.; BONILLA RODRÍGUEZ, A. (2003) – Estúdio de los materiales cerámicos del “ Castelo da Lúa” (Rianxo, A Coruña). Gallaecia, 22. Faculdade de Xeografia e Historia da Universidade de Santiago de Compostela. Santiago de Compostela, p.297-367 FERNANDES, I. C.; CARVALHO, A. R. (1997) – Intervenção arqueológica na Rua de Nenhures (Área Urbana de Palmela). Setúbal Arqueológica, Vols. 11-12. Setúbal, p.279- 295

FRADE, H. (1990) – Novos elementos sobre o Templo romano de Almofala. Conimbriga, 29. Coimbra, p.91-101.

FRADE, H. (1991) – A Torre de Almofala. Actas das IV Jornadas Arqueológicas. Lisboa, p.353-360.

FRADE, H. (1998) – Ara a Júpiter da Civitas Cobelcorum. Ficheiro Epigráfico, 58, nº266. Coimbra.

GARCIA ALÉN, L. (1983) – La Alfarería de Galicia (Un estudio a través del testimonio cul-

tural de las vasijas y los alfareros – campesinos). Vol. I. La Coruña.

LOPEZ FERNANDEZ, M. T. (1982) – Museo de Ávila – Catalogo de Cerámica. Ávila. MARTÍN ARIJA, A. M.; VIÑE ESCARTÍN, A. I.; SALVADOR VELASCO, M.; IGLESIAS DEL CASTILLO, L. (1995) - Excavación arqueológica en el solar de la C/. Ramón Álvarez, nº 2

(Zamora) Anuario 1995 del Instituto de Estudios Zamoranos Florián de Ocampo. Zamora,

p.87-103

MARTIN MONTES, M. Á.; MOREDA BLANCO, J.; FERNÁNDEZ NANCLARES, A. (1991) – Aproximación al Valladolid de la E. Moderna. Un ajuar doméstico en la Calle Santiago, nº 6. Arqueología Urbana en Valladolid (coords. Germán Delibes Castro; Eloísa Wattereberg García; Jesus del Val Recio) Junta de Castilla y León, p. 325-358

MARTINÈZ CAVIRO, B. (1984) – Cerámica de Talavera. Instituto Diego Velásquez. 2ª Edição. Madrid

MORATINOS GARCIA, M.; VILLANUEVA ZUBIZARRETA, O. (2003) - La vida en clausura de las monjas de la Concepción. 389 Años de Convento de La Concepción. (comisaría: Hortensia Larrén Izquierdo). Junta de Castilla y León, p. 61-79

PÉREZ VIDAL, J. (1968) – Talavera, Apelativo de Loza. Olaria – Boletim do Museu de

Cerâmica Popular Portuguesa, 1. Barcelos, p. 3-19

PONTE, S.; MIRANDA, J. (2003) – Talha para vinho ou vinagre descoberta no casco me- dieval de Tomar. Revista Portuguesa de Arqueologia, volume 6. Instituto Português de Arqueologia. Lisboa, p. 481-500

RAMOS PÉREZ, H. (1980) – Cerâmica popular de Zamora desaparecida. Zamora. RODRÍGUEZ AGUILERA, A. (2000) – Excavación arqueológica e Cármen de la Concepción (Albaincín, Granada). Datos para una polemica. Arqueología y Territorio Medieval, 7. Jaén, p.137-155

SILVA, A. M. S. P. (coord.) (2004) – Memórias da Terra. Património arqueológico do con-

celho de Arouca. Câmara Municipal de Arouca. Arouca.

SILVA, R. H.; FERNANDES, I. M.; SILVA, R. B. (2003) – Olaria Portuguesa: do fazer ao usar. Lisboa.

SUAREZ ALVAREZ, M. J. (1982) – La villa de Talavera y su tierra en la Edad Media (1369-

1504). Universidad de Oviedo.

TEICHNER, F. (1994) – Acerca da Vila Romana de Milreu/Estói. Continuidade da Ocupação na época árabe. Arqueologia Medieval, 3. Mértola, p.89-100

TURINA GÓMEZ, A. (1994) – Cerámica medieval y moderna de Zamora. Colecção Monogramas, 1 – Arqueologia en Castilla y León. Zamora.

VILLANUEVA ZUBIZARRETA, O. (1998) – Actividad Afarera en el Valladolid bajomedieval.

acta 05

A Olaria

de Bisalhães