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A partir da escolha do tema muitas dúvidas e curiosidades surgiram, algumas provenientes das leituras feitas no decorrer do curso e, principalmente, da pesquisa. Por outro lado, outras dúvidas são em virtude do local em que trabalho e, também, local de minha pesquisa, em que a segregação por idade é respeitada e inquestionável por parte das educadoras.

Essa separação por idades é feita sem pensar pedagogicamente no porquê. Apenas me parece que sempre foi feito assim, e sempre ‘funcionou’, então deve continuar assim, mas sem pensar na imensidade de possibilidades, de criações que estão sendo podadas.

No entanto, as educadoras com quem conversei se mostraram preocupadas com o futuro das crianças, na mesma maneira que na prática demonstraram o quanto gostam das crianças, que as cuidam com carinho e respeito. Já as crianças, por sua vez, demonstram afeição pelas educadoras, mas, ao mesmo tempo, suplicam por tempo e espaço para brincarem, se expressarem, criarem novos laços de afetividade e de amizade também com as demais crianças.

Desta forma, a pesquisa aqui descrita destacou a necessidade de rompermos com a separação tão rigorosa de idades existente nas escolas de educação infantil. Para isso ainda necessitamos de formações para os professores para que compreendam a infância em sua plenitude e, assim, percebam a importância da convivência das crianças de diferentes idades. Exigindo a formação de educadores comprometidos com uma educação centrada na criança e nas experiências infantis que possam construir conhecimentos, em especial o social e o lúdico.

Tendo a concepção de que a infância é um período de intensas descobertas, de vivências marcantes, de construção de aprendizagens, no qual os tempos e espaços giram em torno do brincar, do conhecer, do experienciar, do conviver com diferentes sujeitos. Ao adentrar nesse cotidiano infantil de interações e descobertas me deparei com um mundo belo e grandioso em vivências e experiências. Percebo, com isso, que todas essas vivências, aprendizagens e interações construídas enquanto crianças constituirão os sujeitos adultos de nossa sociedade.

O que vem comprovar a necessidade de fazermos um exercício de analisar, contextualizar, aprofundar o que está faltando para que as turmas multietárias façam parte da Educação Infantil.

Diante da pesquisa, analisando o material coletado, desde o registro da escuta atenta das falas das educadoras e das crianças, quanto a observação da linguagem corporal das crianças, assim como o registro fotográfico e minhas anotações no diário de campo, retomando todo esse material algo que ficou muito claro é de que as crianças se manifestam na brincadeira. Desde a escolha dos pares, as delimitações do espaço, do uso ou não de brinquedos e/ou outros objetos, a construção das regras e tudo que envolvem o brincar.

Portanto, se lhes for dado espaço, tempo e liberdade para que possam se manifestarem, elas romperão com essa segregação imposta pelos adultos dentro das Escolas de Educação Infantil e, lindamente, se misturarão. Reafirmando que sabem brincar juntas, que as diferentes idades e as distintas vivências e experiências enriquecem ainda mais a convivência social.

REFERÊNCIAS

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