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O DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DA PESQUISA – AÇÃO

As minhas primeiras observações de interação, foram realizadas fora da sala BIB, com as turmas do berçário BIIA e BIIB, pois, essas turmas possuem algumas semelhanças, no que diz respeito a idade das crianças, que variam de a um (1) ano e três (3) meses a dois (2) anos e seis (6) meses. E, também, por serem as turmas com quem, normalmente, o BIB divide os espaços externos da escola, dessa forma, como eu não queria causar alvoroços entre as educadoras, iniciei gradativamente a mistura e entrosamento entre estas turmas da escola.

Por outro lado, também observei inicialmente as interações que acontecem dentro da própria turma e pude perceber as diferentes formas de interagir que ocorrem entre as crianças daquela faixa etária, pois, no BIB as crianças ainda brincam em sua maioria sozinhas, cada qual com seus brinquedos, manipulando e investigando de acordo com os conhecimentos que já possuem.

Para brincar juntas, necessitam construir e manter um espaço interativo de ações coordenadas [...]. Nesse processo, instituem coletivamente uma ordem social que rege as relações entre pares e se afirmam como autoras de suas práticas sociais e culturais (BORBA, 2007, p. 40).

Por meio da observação verifiquei que a interação e a consequente reprodução de movimentos e situações, a partir da observação do outro é uma das primeiras formas de interações entre as crianças. Sendo que, o maior contato e interação é feito visualmente, ao fazerem uso da observação para imitarem o que o outro está fazendo, para avaliarem os movimentos do colega para assim que tiverem a oportunidade reproduzirem e, ou recriar.

Me deterei na observação de uma das crianças, que ficou analisando o que o colega estava fazendo e, no primeiro momento oportuno, pegou rapidamente o seu brinquedo. Foi um momento ocorrido entre Miguel e Isabely, em que Miguel olhou atenciosamente para a Isabely nanando uma boneca e, assim que ele teve a oportunidade, pegou a boneca em seus braços e correu para um canto da sala. Enquanto a Isabely ficou sentada exclamando “É mim! É mim!” avisando que a boneca era sua. Porém, o Miguel, lá no canto, parecia não ouvir, apenas reproduzia aquilo que havia visto sua colega fazer, meio desajeitado, nanava a boneca de cabeça para

baixo. Fico pensando o que esta cena pode significar e percebo que, ainda tenho muito a apreender com as crianças.

Observei que essa situação aconteceu diversas vezes, em momentos e espaços distintos entre as crianças do BIB. O que comprova que as crianças aprendem umas com as outras. No fato relatado, Miguel queria reproduzir a brincadeira da colega e, para isso, precisava daquela boneca, mesmo tendo outras na sala. Então, analiso que, como, Miguel observou uma cena em que aquela boneca estava sendo nanada, precisava daquela boneca, instintivamente a pegou e foi brincar, mesmo que por pouco tempo, já que logo percebeu que aquilo para ele não fazia sentido, não era tão emocionante e divertido quanto parecia ser para a Isabely.

Constatei, ainda, que as crianças observadas na turma BIB costumam brincar sozinhas, explorando o que lhes é proposto, mas de maneira propriamente única. Como demonstra a imagem, em que uma criança brinca com as pedrinhas, colocando e tirando da peneira, como que se pesasse e balanceasse a disposição de pedras, jogando as de um lado para o outro, até derramar tudo e iniciar novamente a escolha das pedras que serão ‘testadas’.

Imagem 2 – Significados da peneira

Por outro lado, ressalto que a peneira com a qual a criança manipula para brincar na fotografia acima, permite à criança uma infinidade de maneiras de brincar com o mesmo brinquedo. Ou seja, o brincar dessa forma, não vem com uma maneira correta de brincar, ou uma função pré-estipulada, ele permite a liberdade, a autonomia, a criatividade de quem o manuseia, criando e recriando diversas formas de interpretá-lo. No caso da peneira, eu já a vi ser transformada em prato para saborear diferentes comidas, já a vi tomar forma de volante para um carro invisível, já a vi como máscara ou então, como um óculos especial de olhar para o céu, ou seja, dependendo de quem a manipula, pode ter qualquer significado.

Desta forma, as interações que ocorrem dentro da própria turma são enriquecedoras na sua essência, já que a turma possui 12 crianças, cada qual com suas singularidades e desejos em buscar novas experiências, consequentemente, ocorrem interações, principalmente visuais. No entanto, é possível perceber que ocorrem mais atritos e disputas quando a turma está sozinha em um espaço. Ou seja, entre as crianças do BIB ocorrem mais disputas, tanto pela atenção e pelo colo das educadoras quanto pelos brinquedos, do que quando há uma outra turma junto.

Prado, que também fez uso da pesquisa com crianças de uma escola de Educação Infantil em sua tese de doutorado, observou que aconteciam mais atritos entre as crianças da mesma turma, cujas idades eram mais próximas, do que com as crianças das outras turmas. Ou seja, “[...] da observação das crianças nas turmas, separadamente, o aspecto da competição, por exemplo, era muito mais evidente no estabelecimento das relações entre elas, do que quando estavam misturadas com crianças de outras turmas e idades” (PRADO, 2006, p. 97). Pude observar que, na maioria das vezes há menos atritos quando os maiores interagem com os menores, pois, ao mesmo tempo que querem ensinar os menores a brincar também os cuidam. Ao observar as crianças brincando fica explícito que nós, profissionais da educação, devemos ter a concepção de que, cada criança tem seu tempo, sendo assim, suas preferências devem ser respeitadas, mesmo em um espaço coletivo. Diante disso, aos poucos as crianças vão iniciando a socialização com os demais, primeiramente observando e, depois, interagindo, tudo de maneira natural.

Isso porque, “[...] na história cotidiana das interações com diferentes parceiros, vão sendo construídas significações compartilhadas, a partir das quais a criança aprende como agir ou resistir aos valores e normas da cultura de seu ambiente” (BRASIL, 2009, p. 07). É nesse processo que a criança aprende por meio das

interações com o se companheiro de infância, com as crianças mais velhas e com os adultos, assim que são construídas as suas culturas infantis (BRASIL, 2009).

Vale ressaltar que essa escolha de parceiros é algo que me chamou muita a atenção ao longo da pesquisa, na qual observei que as crianças sempre procuram alguma afinidade com quem vão se relacionar. No caso da mistura de duas turmas diferentes as crianças primeiramente procuram alguém que já conhecem, seja um vizinho, uma prima, ou escolhem seus pares por se assemelharem com alguém que brincam fora da escola, um irmão, uma prima.

E, aos poucos, vão construindo novas interações com crianças diferentes, a partir daquelas já construídas. Por exemplo, a pequena Natali, do BIB, sempre é procurada para brincar pela Alice, sua prima que frequenta o Maternal IIB e, a partir dessa relação de parentesco, agora a Natali está interagindo também com as demais colegas de Alice.

Nesse contexto, é salutar o que afirma o documento (Parecer nº 20/2009) em relação à criança e a interação, em que a sua motricidade, a linguagem, o pensamento, a afetividade e a sociabilidade, são desenvolvidos nas interações, que acontecem desde o nascimento, com diferentes parceiros, porém, “[...] a depender da maneira como sua capacidade para construir conhecimento é possibilitada e trabalhada nas situações em que ela participa” (BRASIL, 2009, p. 07). Ao modo que, a criança vai modificando suas formas de agir, pensar, sentir a partir dessas relações por intermédio das interações.

Resultando, assim, em uma pedagogia realmente voltada para a criança como protagonistas. Que também auxiliará para que a criança se envolva nas atividades, que desperte seu interesse em querer participar e estar presente nas atividades, e contribuir com suas experiências vividas no contexto social.

Desta forma, reflito algo que chama a minha atenção, em relação à amizade construída por Nadine do MIIB e Miguel do BIB. Desde a primeira vez que misturamos as duas turmas essas duas crianças brincaram juntas. Em outros momentos em que as turmas estavam separadas observei Nadine olhando Miguel atentamente, através da cerca que os dividia, por vezes ela chamava-o, e ele ia correndo, faceiro e, até lhe entregava brinquedos, como uma forma de convidá-la para brincar. Sempre Nadine ia brincar, mas timidamente e, ao mesmo tempo, faceira.

Nas duas imagens a seguir aparecem os dois brincando, sendo que, na primeira fotografia Nadine e Miguel escalam a pirâmide de pneus, e na segunda Miguel alegremente brinca de fugir para a Nadine pega-lo.

Imagem 3 – Encontros multietários

Fonte: Autora, 2018

Outro ponto que merece reflexão devido a sua relevância para a educação infantil é a aprendizagem que as crianças estão construindo, por meio do brincar nas interações com o outro. No caso dessa pesquisa, observei que foi a Nadine quem ensinou o Miguel a escalar nos pneus, enquanto as educadoras apenas observavam atentas. E também, a partir desse ensinamento, quase todas as crianças da turma BIB já conseguem escalar os pneus, pois perceberam Miguel escalando com facilidade e o imitaram, superaram seus limites. Remetendo a ideia de Freire (2008, p. 25) de que “[...] esta é uma das significativas vantagens dos seres humanos – a de ir mais além de seus condicionantes” (FREIRE, 2008, p. 25).

Me recordo do dia em que a turma do BIIB foi na sala do BI, nesta turma onde encontram-se os bebês da escola, naquele momento todos, ainda, faziam uso do engatinhar para se locomoverem. De chegada as crianças do BIB ficaram espantadas pela sala diferente e com outra forma de organização, já que há no meio da sala uma cerquinha de madeira com portãozinho que a divide. E que, ao abrirmos o tal portão,

as crianças, mesmo assim, ficaram paradas. A partir dessa situação, observei que os pequenos não estavam com medo das outras crianças, mas, sim das educadoras, por não serem conhecidas. Até que uma delas, convidativa, as chamou para pegarem alguns brinquedos, e foi assim, que a primeira criança do BIB passou aquele portãozinho que as dividia e as demais foram atrás.

Iniciando-se momentos tranquilos de interação, em que os menores observavam os maiores com os seus brinquedos, alguns estavam sentados no chão outros nos bebês-conforto e alguns no colo das educadoras. Já os maiores se detiveram primeiramente aos brinquedos e enfeites da sala, já que eram diferentes daqueles que estavam acostumados. Depois passaram a observar os bebês que se locomoviam pela sala de um modo peculiar, logo uma das crianças teve que imitar o engatinhar.

Enquanto uma das educadoras do BI colocava um dos bebês no balanço que há na sala, uma das crianças do BIB também pediu para sua educadora que a colocasse no balanço, lhe fazendo sinais de que pedia colo e apontava para o balanço, a educadora instigando a fala perguntou: “Você quer ir no balanço?” A criança afirmou com a cabeça e disse: “É”. Ao modo que:

A criança é cidadã – poder escolher e ter acesso aos brinquedos e brincadeiras é um de seus direitos como cidadã. Mesmo sendo pequena e vulnerável ela sabe muitas coisas, toma decisões, escolhe o que fazer, olha e pega coisas que lhe interessam, interage com pessoas, expressa o que sabe fazer e mostra em seus gestos, em um olhar, em uma palavra, como compreende o mundo (BRASIL, 2012, p. 7).

Essa interação durou pouco mais que meia hora, mas, com certeza foi significativa para as crianças. Posso afirmar isso de acordo com a observação posterior na turma do BIB, pois, depois daquela tarde, sempre que passávamos na frente da sala do BI as crianças paravam na frente da porta como se esperassem para entrar, os mais falantes repetiam eufóricos: “Bebês, bebês...!” E ao serem questionados se queriam entrar a resposta era afirmativa.

Então, por outras vezes, fomos novamente até a sala dos bebês e aquele receio notado na primeira visita já não se notava mais. Chegavam na sala e já iam entrando, se o portãozinho estivesse fechado tentavam abrir. E, por vezes, foi possível ver as crianças do BIB passando a mão no rosto de algum bebê, ou pegando na mão, ou

alcançando algum brinquedo. Carinhosamente os maiores acariciavam os menores, com um cuidado encantador para nós adultos.

Ressaltando uma relação de amor, carinho e cuidado com o próximo, ou seja, humanização. Desta forma, para que a Educação Infantil cumpra seu papel de humanizar, esta deve estar liberta do tempo cronológico, precisa ser livre desta condição de separar as crianças por faixa etária.

E uma pedagogia das ausências substituiria, nesta lógica, uma relação de dominação, divisão e segregação das crianças pela possibilidade educativa de convívio entre as diferenças de classe social, de etnia, de gênero e principalmente, de idade – na constituição de uma infância existente e presente (PRADO, 2006, p. 48).

Uma pedagogia que volte seu olhar para as crianças em sua totalidade, ou seja, uma pedagogia que direcione o seu olhar para a criança como um sujeito que social e cultural, cujas relações infantis não devem ser seriadas conforme a cultura, a etnia, o sexo, ou então a idade. Isso porque as crianças precisam ter liberdade, a fim de estabelecerem relações com aqueles que tenham simpatia ou que se sentem seguras para demostrar seus sentimentos e explorar seus pontos de vista.

Nesse sentido, me recordo aqui a primeira vez que misturamos a turma do BIB com a turma da Pré-escola do turno da tarde, que são os maiores da escola, assim intitulado pelas educadoras e orgulhosamente por eles mesmos. Como a maioria das crianças da Pré-escola frequentam a escola desde bebê, possuem incrustado em seus conhecimentos a separação das turmas e dos espaços conforme a faixa etária. Portanto, quando os pequenos chegaram à pracinha ‘dos grandes’ onde os maiores já se encontravam a reação dos grandes foi primeiramente de espanto: “Eles escaparam!” Comentou apavorado uma das crianças, e uma menina mais atrás corrigiu: “Não, olha ali as ‘profes’ tão vindo também”.

Passado esse momento de apavoramento, os maiores observavam curiosas os bebês, alguns de mais longe, outros logo se aproximaram e fizeram um carinho, uma cocegazinha e chamavam a atenção dos pequenos. Em poucos minutos, estavam interagindo, brincando tranquilamente, naquela enorme pracinha, os grandes cuidando dos pequenos e lhes mostrando toda o espaço. Ponderavam o que podiam e não podiam fazer, por vezes indo até as educadoras com o intuito de que elas interviessem, “profe, o bebê tá subindo naquele alto”. Veio comentar uma das meninas

ao perceber que uma das crianças menores estava subindo num dos escorregadores grandes. Foi um constante zelo pelos menores.

Já os pequenos parecem tentar absorver todos aqueles novos conhecimentos, pois observam com alegria nos olhos e se esforçam ao máximo para reproduzirem com precisão tudo o que os maiores e mais experientes fazem. Parece claramente que querem aprender o que os grandes sabem a respeito daquele espaço e daqueles obstáculos que se encontram ali. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 23).

Quanto maior a diversidade cultural, social, etária existente entre as crianças maior serão as trocas de conhecimentos, consequentemente as aprendizagens serão ricas em diversos aspectos. Posso comparar este fato conosco, os adultos, ao modo que, quanto mais nos relacionamos e criamos vínculos com pessoas diferentes, que tiveram uma vida muito diferente da nossa, que visitaram ou moraram em lugares diferentes, e que trazem consigo além de uma cultura familiar singular, uma bagagem de conhecimentos única, estaremos estabelecendo relações ricas em aprendizagens e conhecimentos acerca do mundo, da vida, da sociedade, das diversas culturas existentes. Ou seja, cada sujeito é capaz de compartilhar um pouco de seu conhecimento com os demais, havendo assim uma socialização de conhecimentos, sendo que isso, também, acontece com as crianças que principalmente através da brincadeira, ensinam e aprendem.

Assim, foi no dia em que as educadoras levaram as crianças do BIB para o espaço da frente da escola, onde há cavalos de madeira suspenso por molas, um gira- gira, um balanço para as crianças brincarem.

Mas, chegando lá já havia uma turma, um dos maternais com idades entre 3 anos e meio e 4 anos. Isso porque, para não “perderem a viagem” pediram para as educadoras do maternal se poderiam também desfrutar daquele espaço juntamente com as crianças da sua turma. Elas, prontamente, concordaram e as crianças logo se misturaram, grandes e pequenas brincando e explorando aquele espaço sem preconceitos, sem seriações impostas pelos adultos, simplesmente livres vivendo a infância.

Foi possível observar que brincaram tranquilamente, não ocorreram atritos, as crianças maiores queriam cuidar dos “bebês”, principalmente as que estavam nos cavalos, sendo essa a primeira vez que os pequenos foram àquele espaço, ainda, com dificuldades para subir e descer. Também vale ressaltar que naquele dia a turma

do maternal levou os brinquedos da sala para brincar lá fora, não gerando atritos, muito pelo contrário, pois os maiores faziam questão de emprestar e compartilhar seus brinquedos com os menores.

Nesse momento, ao observá-los atentamente percebi que os grandes imitavam os pequenos. E, também, devido a maturidade, as crianças do maternal brincam imitando os adultos, reproduzindo a utilização que os adultos dão para os materiais. Para exemplificar, citarei a cena em que a Manu, do maternal, estava dando de mamar para a boneca, enquanto a Hendlyn, do BIB, a observava cuidadosamente. Assim, que a Manu largou a mamadeira, que já não mais necessitava, a Hendly agilmente a pegou, olhou, examinou, e ao perceber um buraco (pois estava sem o bico de borracha), apanhou uma pedrinha dentro.

Encantada com a própria descoberta continuou catando pedrinhas para colocar dentro daquele pequeno orifício, onde alguma entravam outras não, ela teve que fazer muitos testes. Ao passar os olhos ao redor da Hendlyn percebi que a Manu a observava com atenção. Em pouco tempo a Hendlyn perdeu o interesse pelo que estava fazendo e jogou a mamadeira fora, e a Manu não perdeu tempo pegou a mamadeira e continuou o que recém tinha aprendido ou relembrado com o menor, estava a imitar a outra criança.

Ao retornar para a sala com o BIB notei que a Manu ainda se dedicava a catar pedrinha para colocar na madeira, juntamente com a Sophia que a auxiliava. Nesses momentos de interação nós adultos temos a chance de observar pequenas aprendizagens que representam muito na vida das crianças.

A inteligência da criança trabalha com as informações recebidas dos adultos e das outras crianças. Recebendo informação a criança guarda-a em sua memória e poderá utiliza-la logo em seguida ou muito tempo depois, reproduzindo-a pura e simplesmente ou combinando-a com outras informações. Nesse sentido o cérebro humano é como um computador que armazena dados, com a diferença, extremamente importante, de que no caso do ser humano é ele próprio que decide quando e como utilizar determinados dados (DALLARI e KORCZAK, 1986, p.28).

Parece-me que as educadoras e até mesmo as próprias crianças ainda abordam as crianças menores como seres incapazes de certas proezas e, as crianças maiores por sua vez, sabem e o fazem com destreza e vasta habilidade. É nesse ponto que entra a maior necessidade de ser feita a socialização entre crianças maiores e menores, em que ambas aprendem umas com as outras de forma autônoma.

Gostaria de destacar a observação realizada de uma menina que muito me chamou a atenção, pois sempre que sua turma BIB se encontrava no gramado, ela dava um jeito de fugir para a outra pracinha onde estavam os grandes, fato que não acontece nas demais turmas. Refleti sobre os episódios pensando a respeito do que se passava na cabeça dessa menina e afirmo, é preciso entender melhor as crianças, ter sensibilidade para apreender a escutar. Então, lhe foi dado espaço e tempo para que pudesse fazer o que queria e fiquei observando. Prontamente ela saiu correndo em disparada para a pracinha em uma velocidade tanto quanto suas pernas mal suportavam, chegando ao centro parou e olhou para todos os lados e correu de um lado para o outro lado. Parou e observou as crianças que brincavam nos brinquedos de ferro e foi, sem medo, subindo e descendo em todos eles, como se estivesse experimentando, não só os brinquedos, mas seu próprio corpo, suas limitações estavam sendo colocadas em prática.

Aquela menina aparentava em seu semblante sentimentos de liberdade ao mesmo tempo em que a curiosidade e o medo do novo se mesclavam. Sempre que uma das crianças maiores se aproximava ela corria, fugia, mas não parecia ser de

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