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Estando este percurso agora a chegar ao fim considera-se que é importante refletir de forma global acerca do desenvolvimento quer do estágio em si, quer do desenvolvimento do PIS, quer das competências adquiridas, quer das dificuldades sentidas.

Ao longo deste relatório procurou-se destacar as experiências vivenciadas e as atividades desenvolvidas no contexto de estágio em que se esteve inserido, de modo a dar visibilidade ao desempenho enquanto futuro EESMP e Mestre em Enfermagem. Sobressai que, apesar de inicialmente se estar apreensivo com o modo como iria decorrer o Mestrado e estágios, bem como seria a perceção face a esta nova realidade, as expetativas foram de todo ultrapassadas pela positiva. A prestação de cuidados a adolescentes e jovens adultos, foi sem dúvida um fator de crescimento e autoconhecimento, tendo em conta a necessidade de ter que estar ao mesmo nível que estes indivíduos, modificando as próprias perceções face ao mundo atual, no sentido se conseguir desenvolver uma relação terapêutica eficaz. Denota-se que foi essencial a integração e melhoria de saberes técnicos, científicos e relacionais desenvolvidos através das diversas interações com os indivíduos cuidados, no qual as questões relacionadas com a comunicação e a relação de ajuda desempenharam um papel preponderante ao nível do autoconhecimento e tomada de consciência, bem como relativamente ao desenvolvimento das relações interpessoais.

A identificação das necessidades do indivíduo em contexto de internamento foi um ponto fundamental ao nível da prestação de cuidados, na medida que possibilitaram o desenvolvimento de conhecimentos e saberes através das pesquisas bibliográficas, da reflexão e partilha com o Orientador, culminando posteriormente na melhoria da prática clínica.

Ao mesmo tempo, torna-se agora evidente a necessidade da realização de intervenções quer psicoeducativas, quer psicoterapêuticas ou socioterapêuticas, tanto para indivíduos que sofram de doença do foro mental, como para os seus familiares, na medida em que estas apresentam benefício para ambos e melhoram a qualidade de vida deste binómio.

Constata-se que foi de forma muito proveitosa que foram realizadas estas atividades, tendo todas contribuído para o crescimento individual do Mestrando, no sentido da partilha efetuada durante as mesmas, mas também pelo desenvolvimento de capacidades de comunicação e relação desenvolvidas, bem como pelos constantes limites individuais

que foram sendo ultrapassados. Este aspeto insere-se em especial no receio de atuar de forma terapêutica, sob o risco de poder prejudicar. Considera-se que na sua essência, este facto se deveu à insegurança sentida pelo Mestrando, motivo pelo qual necessitou de reflexão ao longo do relatório.

Outro aspeto relevante diz respeito ao desenvolvimento do PIS. Este foi elaborado tendo em conta as necessidades específicas do contexto clínico do estágio, tendo sido suportado pelo referencial teórico da Teoria de Sistemas de Betty Neuman, uma vez que a adolescência é uma fase do ciclo vital na qual, frequentemente, o adolescente (cliente) sofre a interferência do ambiente que o rodeia, podendo assim desencadear alterações na sua homeostasia, particularmente no humor. Deste modo, o presente PIS foi desenvolvido de acordo com um planeamento rigoroso e metódico, que envolveu diversas etapas e procedimentos realizados com o devido preceito científico e com a base nas linhas de investigação instituídas.

Este projeto, no âmbito da resolução de problemas de adolescentes com depressão e pais, por impossibilidades de cariz burocrático, isto é, pelo tempo demorado na aquisição de parecer positivo por parte da Comissão de Ética para Saúde do CHPL, apresentou dificuldades no prólogo da etapa de execução. Contudo, salienta-se que para a não realização efetiva desta etapa contribuiu a imprevisibilidade dos indivíduos internados durante o período de tempo de estágio, tendo sido verificado que no último mês (após a autorização e no final do estágio) não existiu quórum para a aplicação do CRP-A/P, ou seja, não estiveram internados adolescentes com critérios de inclusão no PIS.

Contudo, o PIS, conjuntamente com as restantes atividades desenvolvidas e a prestação clínica realizada no estágio, possibilitaram a aquisição e o aprofundamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista, bem como das Competências Específicas do Enfermeiro Especialista de Saúde Mental e Psiquiátrica.

Tendo o estágio sido desenvolvido à luz de uma prática reflexiva e fundamentado pelos diversos documentos que expõem as variadas competências que necessitam de ser adquiridas e nos quais se englobam as competências de Mestre em Enfermagem, considera-se que foram adquiridas as competências propostas, bem como foram atingidos os objetivos para o estágio e para o relatório. Contudo, os objetivos delineados para o PIS, não foram concluídos tendo em conta que o projeto apenas foi planeado, não tendo sido possível executar o mesmo, nem obter os resultados da sua aplicabilidade. Importa referir

que, apesar de tudo, o CRP-A/P ficou na iminência de ser implementado no contexto clínico, de modo a poder fazer parte do plano de atividades semanais.

Embora, se considere que os objetivos tenham sido atingidos, salienta-se que ao longo do presente estágio foram sendo encontrados obstáculos e dificuldades. Destaca-se, por vezes, as dificuldades no estabelecimento das relações terapêuticas, bem como a utilização de todas as competências neste âmbito. Contata-se que o campo da comunicação e da relação de ajuda, se trata de um universo repleto de complexidades e que o facto de cada indivíduo ser um Ser diferente, faz com que o Enfermeiro, forçosamente, tenha que se adaptar a essa variabilidade de situações, personalidades e estados emocionais, o que nem sempre é fácil, considerando que o próprio Enfermeiro, é também ele diferente. Contudo, este é um aspeto em constante melhoria, que requer prática para ser aprimorado. Por outro lado, o volume de informação ao nível da psicopatologia, associada à mutabilidade de sintomas e sinais do indivíduo, requer uma capacidade de avaliação elevada, a qual tem vindo a ser aperfeiçoada.

Em todas as dificuldades e obstáculos encontrados, foi importante realizar uma reflexão interna e ao mesmo tempo utilizar a partilha reflexiva e crítica, através de discussões tanto com o Enfermeiro Orientador, como com outros Enfermeiros e profissionais de saúde, no sentido de recolher opiniões, trabalhar estratégias e mecanismos, de modo a ultrapassar as barreiras que foram sendo encontradas e assim enriquecer o percurso profissional e pessoal do Mestrando.

Encerrado que está este capítulo, percebe-se agora que este caminho apenas começou. Fazendo uma analogia deste percurso a uma maratona, tendo em conta os 42 Km que a mesma apresenta, comparativamente ao caminho atual, se já tivesse sido iniciada a corrida estar-se-ia ainda nos primeiros quilómetros… Porém, contribuíram para esta evolução as ferramentas facultadas ao longo destes três semestres do Mestrado. Relembrando as palavras de Confúncio “Se encontrares um homem com fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar” (Lazure, 1994, p. 14). E foi realmente o que aconteceu! Aqui, toma-se consciência que se vai no início do caminho para o desenvolvimento dos conhecimentos e saberes inerentes às competências do EESMP, mas termina-se com a certeza que se tem a “cana para pescar” e que doravante se vai continuar a pautar a prestação de cuidados de Enfermagem visando a qualidade e a excelência dos cuidados, fundamentados na evidência científica, de modo a promover a dignificação e

reconhecimento da profissão de Enfermagem., mas agora com mais ferramentas e mecanismos para suplantar as novas etapas que se adivinham nesta nova área de competências.

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