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7. Conclusão

7.1. Considerações finais

Este trabalho tomou como ponto de partida o estado atual do setor turístico em Timor-Leste. Procurou-se analisar e compreender a importância do turismo enquanto fator de desenvolvimento deste país, as políticas públicas vigentes nesta área e as perspetivas dos intervenientes neste processo. Assim, através de uma abordagem teórica, estudo de caso, recolha e análise de informação, procurou-se responder às questões iniciais referidas no início da dissertação relacionadas com a existência ou não de políticas públicas no âmbito do turístico em Timor-Leste e da percepção sobre o modo como essas políticas públicas promovem um desenvolvimento sustentável do turismo costeiro.

Concluímos com este estudo que as políticas definidas começam lentamente a ser postas em prática, se bem que ainda existe um grande caminho a percorrer até o turismo se tormar de facto um setor preponderante na economia timorense. As intenções delineadas no PED-TL e na Lei de Bases da Política de Turismo são favoráveis ao fortalecimento do setor turístico, acautelando (nomeadamente através da Lei de Bases do Ambiente) a defesa do meio natural, mas existem ainda passos importantes a nível estrutural a desenvolver, para haver condições atrativas principlamente para o turismo internacional. Também será necessário um maior incremento na captação de investimentos externos que passam por uma maior visibilidade da imagem e recursos do país. O turismo, fenómeno de importância cada vez mais incontornável a nível mundial, tem um caráter multissetorial e integrador, e muitos países estruturam as suas estratégias de desenvolvimento em torno deste. Os seus impactos, positivos e negativos, são particularmente amplificados em países com economias frágeis, pelo que as políticas públicas de turismo devem pondera-los cuidadosamente na formulação das suas estratégias. O conceito de sustentabilidade, associado aos debates sobre as atividades humanas, e o conceito de desenvolvimento sustentável, atualmente defendido como paradigma de desenvolvimento, são relevantes também na área do turismo, estando presentes quer nos atuais instrumentos de políticas públicas vigentes, quer no discurso dos vários stakeholders auscultados.

116 As praias timorenses, principalmente na zona da capital, apresentam bastantes serviços, restauração, cafetarias, hotéis e apartamentos, casas de banho e equipamentos em geral, mas para já, mesmo em zonas como a Praia dos Coqueiros ou Praia da Areia Branca, a pressão urbanística não parece tão forte como se poderia pensar, pelo que na sua maioria, os visitantes não ficam mais de um dia, ou horas. A maioria esmagadora dos residentes, principalmente os estrangeiros (em maior número) deslocam -se com as suas viaturas, porque os poucos transportes públicos não oferecem garantias de conforto ou segurança. Aqui começam, sim, algumas questões com as quais deparamos no terreno e nas respostas livre do questionário: o barulho, a falta de reciclagem dos lixos, o caótico estacionamento, ou a falta de planeamento e ordenamento dos espaços.

Questionamo-nos sobre o que será importante para promover as praias timorenses no estrangeiro e se será desejável incrementar o número de restaurantes, hotéis, discotecas e outro tipo de estabelecimentos vocacionados para o turísmo. Se for esse o caso, para que tipo de públicos e/ou nacionalidades serão esses novos estabelecimentos. Colocamos também a questão da pertinência da criação de um centro de educação ambiental que permita conhecer a riqueza da natureza, e em que medida interessa a manutenção da conservação do património natural e cultural existente.

Existe uma íntima relação entre o turismo e o meio ambiente, na medida em que o primeiro pode auxiliar na protecção do segundo, e como vimos, a actividade turística é capaz de gerar, na ausência de planeamento, alguns impactos negativos, sendo que muitos deles irreversíveis. Para evitar uma situação de prejuízo para a natureza e populações locais, devem ser aplicadas determinadas medidas de protecção ambiental, tais como: desenvolver os transportes e os sistemas de serviços públicos adequados; pôr em prática os princípios de racionalização da terra; planear o local e definir padrões de desenvolvimento ambientalmente apropriados; gerir de forma correcta os fluxos de visitantes e o controlo da utilização dos recursos como aconselha OMT (2003).

Constatámos, também, que o turismo, quando devidamente planeado, ajuda a justificar e a subsidiar a conservação de áreas naturais importantes e da vida selvagem, bem como dos sítios arqueológicos e históricos.

O turismo em harmonia com o ambiente contribui para o melhoramento da qualidade ambiental geral das áreas naturais, auxilia a consciencializar ambientalmente as pessoas locais, na medida em que se apercebem da admiração dos turistas pela natureza, e reúne condições para a prática do turismo sustentável por todos os seus

117 intervenientes. Por outro lado, a não sustentabilidade do turismo gera impactos negativos como poluição hídrica e atmosférica; poluição sonora; congestionamento de veículos e grandes aglomerados de pessoas; poluição visual com o incorrecto uso do território e mau planeamento do local; degradação dos recursos; desequilíbrio ecológico das áreas naturais, algumas das consequências notórias quando o turismo, o ambiente, a economia e a sociedade entram em colisão.

Para aproveitar as riquezas do país, é essencial um bom planeamento do turismo o que proporcionaria a Timor-Leste várias vantagens. A primeira vantagem é, segundo Edgell (2016), o facto de existir uma relação próxima entre políticas públicas e planeamento, pelo que um turismo planeado fortalece a entidade que as promove. Em segundo lugar, o mesmo autor refere que um planeamento estratégico do turismo é um esforço complexo de pensamento racional orientado para o futuro. Em terceiro lugar, este autor afirma que o planeamento estratégico do turismo, tem várias fases, começando com uma listagem dos produtos turísticos de uma zona e acaba num plano para o desenvolvimento futuro. Enquanto lugar, surge um necessário ajuste entre os objetivos económicos e a necessidade de conservação ambiental, do património construido e do bem-estar dos residentes. Uma quinta caraterística de um correto planeamente estratégico do turismo é a promoção dos recursos dos quais o turismo depende para um futuro crescimento.

Os resultados recolhidos indicaram que a beleza da paisagem, a preservação, é um grande atributo, mais do que a fama dos destinos turísticos. A segurança, limpeza e manutenção dos espaços, a variedade da beleza das atrações naturais, a hospitalidade dos residentes, a qualidade do serviço e profissionalismo do pessoal dos restaurantes e bares, a qualidade dos meios de alojamento, a disponibilidade de informação para a preparação da viagem e a disponibilidade de serviços e equipamentos, entre outros fatores, são mais-valias a nível de atração. Indicamos face a todas as aprendizagens obtidas, como um passo imprescindível, a necessária enfatização no marketing do destino turístico, tendo em conta as caraterísticas específicas deste destino, plasmadas na nossa análise SWOT (ver figura 49).

Tendo praticamente a totalidade dos stakeholders contactados uma opinião de que o turísmo é uma aposta ganhadora para o desenvolvimento do país, esta exigirá iniciativas várias como o desenvolvimento de infraestruturas bem planeadas, o ecoturismo, o planeamento e organização turística, a participação da comunidade local. O

118 cuidado com a paisagem, capacitação do recursos humanos, segurança, informação turística, e o respeito pelas zonas protegidas, proporcionarão um melhor ambiente para os investidores assente num bom planeamento e desenvolvimento estruturado.