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4. Caracterização do país

5.10. Estratégias para o turismo

As parcerias permitem às partes interessadas aumentar a probabilidade de alcançar a sua missão e ampliar o seu alcance. A Política Nacional de Turismo de Timor- Leste reconhece a complexidade do turismo e apela à mobilização de um amplo apoio do governo, da indústria e do povo timorense para que o turismo seja eficaz e bem-sucedido, havendo papéis e responsabilidades distintas por parte dos atores do setor público e do setor privado nas diferentes fases do ciclo de desenvolvimento do turismo.

103 Tendo em conta a fase ainda inicial do desenvolvimento do turismo em Timor- Leste, é crucial que o governo desempenhe um papel de liderança, estando segundo o

Programa do VI Governo Constitucional os reponsáveis governamentais empenhados em

desenvolver o turismo enquanto força motriz da sua economia e, portanto, é essencial estabelecer um quadro adequado para o seu desenvolvimento. Estão identificados muitos exemplos de boas práticas na região da ASEAN, onde um número de países tem tido um sucesso notável na construção de parcerias através do turismo, existindo em todos os casos, mecanismos e plataformas para garantir um equilíbrio saudável entre as funções políticas e de implementação.

Sendo óbvio que a política nacional do turismo em Timor-Leste, como em qualquer outro país, tenha de ser conduzida por um ministério competente e forte, com capacidade de influenciar o diálogo e a ação em todo o governo terão de ser tidas em conta um conjunto de ponderações como as que se esquematizam na análise SWOT, constante na tabela seguinte (figura 42), onde se comparam as principais caraterísticas atuais mais positivas e negativas que podem ajudar na definição de estratégias dentro das políticas públicas para o aproveitamento do turismo. O setor público em Timor-Leste tem um papel fundamental em reunir os múltiplos atores, facilitando a melhoria da qualidade e a comercialização do destino turístico.

Ao mesmo tempo, cabe ao setor privado fornecer uma variedade de produtos turísticos apelativos, comprometendo-se o governo de Timor-Leste a estimular o crescimento e o compromisso para com o setor através de iniciativas, investimentos e incentivos ousados, dinâmicos e ponderados.

Como é evidente, em muitos destinos turísticos os primeiros estágios de desenvolvimento do turismo e do investimento são impulsionados pelo setor público e, à medida que a indústria vai evoluindo, o setor privado vai assumindo um papel crescente no fornecimento de produtos e serviços turísticos de qualidade. Em função das suas ambições para o desenvolvimento do turismo, Timor-Leste irá adotar alguns dos modelos institucionais e das abordagens de boas práticas estabelecidas em países que estão a desenvolver as suas respetivas economias de turismo.

104 Figura 42 - Análise SWOT

Forças (Strengths)

Fraquezas

(Weaknesses)

Riqueza natural e estado de conservação do meio ambiente.

Debilidade das infrastruturas

energéticas, de transportes e de comunicações.

Rico património construído, imaterial, cultura diversificada, riqueza etnográfica e gastronomia típica variada.

Acessibilidades difíceis.

Vontade política favorável expressa no PED-TL.

Preços pouco atrativos de produtos de consumo alimentar importados como cerveja, vinho, azeite e outros.

Hospitalidade e generosidade natural do povo timorense.

Falhas na distribuição de energia. Boa aceitação dos turistas por parte

da população residente.

Comunicações/Internet fracas. População jovem e com formação

técnica e superior.

Falta de estratégias concretas de promoção e marketing.

Oportunidades

(Opportunities)

Ameaças (Strengths)

Economias florescentes do Sudeste

da Ásia: Singapura, União Indiana, Malásia,

R.P. da China, Taiwan, que podem fornecer milhares de turistas anuais.

Fragilidade do estado e das instituições públicas e possível instabilidade interna.

Proximidade com países ricos como a Austrália e Nova Zelândia.

Grande competitividade dos atuais e novos mercados turísticos asiáticos e do pacífico.

Adesão à ASEAN pode potenciar oportunidades de investimento e cooperação regional.

Corrupção/incompetência por parte de responsáveis políticos.

Instabilidade internacional verificada em destinos de referência.

Monopolização do setor por grandes grupos.

Preços mais acessíveis a nível do alojamento comparativamente com destinos consagrados.

Riscos para o meio-ambiente.

Possibilidade de integração no setor de mão-de-obra especializada e quadros superiores estrangeiros e nacionais.

Subalternização da mão-de-obra timorense, que pode ser vista como criadagem dos estrangeiros.

CPLP e seus parceiros podem dar um contributo interessante para o turísmo timorense, nomeadamente através da aprendizagem mútua e cooperação.

Aumento do custo de vida: inflacão dos preços das casas, das rendas e dos produtos e serviços.

105 Em função das suas ambições para o desenvolvimento do turismo, Timor-Leste irá adotar alguns dos modelos institucionais e das abordagens de boas práticas estabelecidas em países que estão a desenvolver as suas respetivas economias de turismo. A esquematização da figura 43, conhecida como Shrinking Triangle of

Sustainable Destination Management, apela à necessidade da conjugação de várias

forças que podem culminar numa gestão sustentável de um destino turístico.

Figura 43 - Representação da gestão sustentável de um destino turístico

Fonte: Adaptado de Wolnik (2011)

Uma autoridade nacional de turismo, assente no espírito de parceria público- privada, torna-se fulcral, daí a criação da Autoridade de Turismo de Timor-Leste (ATTL) para implementar a estratégia de turismo e planos de ação. É necessário criar condições para a atuação de Organizações de Gestão de Destinos Turísticos (OGDT) que assegurem que uma ação coletiva ocorra a nível local. Neste sentido, segundo o governo timorense está a realizar-se um estudo sobre a autoridade de turismo, que levará em conta as melhores práticas nessa matéria. Dentro deste espírito competitivo a ATTL deve ser estruturada como uma agência governamental, ou autoridade governamental, e incluir o setor privado e a representação da sociedade civil.

106 A adoção da melhor estrutura para a ATTL deve permitir a sua flexibilidade para que, à medida que a situação de desenvolvimento do turismo evoluir, essa estrutura organizacional se já determinada com base nos papéis assumidos pelo governo e pelo setor privado na gestão do desenvolvimento do turismo em Timor-Leste. Conforme informações do governo de Timor-Leste a ATTL terá papéis e responsabilidades específicas, com a principal função de atuar enquanto entidade administrativa nacional de coordenação para a implementação das estratégias de turismo e planos de ação que resultarão desta Política Nacional de Turismo, estando também incumbida de reunir dados estatísticos relevantes e desenvolver estratégias de turismo sustentável e planos de ação fundamentados.

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