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Qual o futuro da tipografia em Caruaru?

Até encontrar o sentido deste trabalho, enxergava a tipografia como um sistema obsoleto que fez parte da história e ponto. Cheguei a incentivar meu pai, Wilson Américo, a se desfazer de seus antigos maquinários, que acabaram sendo adquiridos pelo LTA (Laboratório de Tipografia do Agreste). Mas ora, se o que eu considerava fosse absoluto, o que professores com laboratórios cheios de equipamentos de ponta, queriam com máquinas tão antigas? Só então, percebi que a tipografia muito provavelmente não ficará esquecida em Caruaru.

Houve um processo comum de transição tecnológica pelo mundo, a tipografia dominou os impressos por muito tempo, até ser suplantada por sistemas mais modernos. Porém, agora ela volta com seus valores e história resgatados. O que não coincide com a realidade de Caruaru, a tipografia dominou por muito tempo, mas ela não saiu para dar espaço às novas tecnologias, ela permanece juntamente com essas, ou em muitos casos sobrevive implacavelmente, mas seu valor está degradado, hoje os gráficos que trabalham exclusivamente com tipografia relatam serem esses os impressos mais baratos da gráfica. Diante do interesse mundial e de sua representação local dentro da UFPE há uma perspectiva que esse conceito mude com o tempo, provavelmente em um futuro muito mais próximo do que o que se imagina.

De acordo com a cultura local, muitas gráficas que hoje existe foram passadas de pai para filho, a tendência é que assim continue acontecendo, e esses futuros filhos estarão mais “ligados” ao design com a evolução do mercado e a influência do ensino superior, podendo aplicar o conceito que

a tipografia está trazendo, nas suas gráficas com os maquinários existentes nelas.

A tipografia, principalmente na cidade, é um campo amplo e pouco explorado para estudos. As dificuldades encontradas ao longo deste projeto denunciam isto. Há poucas referências bibliográficas acerca desse assunto. Várias tratam quase sempre de gráficas no âmbito voltado aos jornais e não comerciais. A maior dificuldade foi a busca pela confirmação das datas de abertura das empresas, pois os institutos responsáveis por essa informação como a Receita Federal, a Prefeitura, o Sindicato dos Gráficos, ou não podem fornecer nenhum dado sobre a empresa, ou essas datas se perderam na passagem do processo de arquivamento manual (fichas) para o digital (arquivos de computador).

Este trabalho vem acrescentar ao registro de uma parte da história do design gráfico de Caruaru, que ainda precisa ser mais bem estudada. A tipografia em Caruaru foi grandiosa, quando se fala sobre o assunto com as pessoas, elas citam várias outras que poderiam dar qualquer informação, ou que viveram essa história, seja como proprietário ou como funcionário.

Em uma conversa rápida e informal com o Sr. Luiz Romário, irmão de Rui Chapista, o melhor gráfico de Pernambuco (arrisca-se ele a dizer), descobri que a Tipografia Brasil, por conta da competitividade, premiava seus funcionários de acordo com a produção. Por isso ficou muito endividada, e em uma certa segunda-feira seus funcionários chegaram para trabalhar e encontraram as portas fechadas. Não se conseguia contatar ninguém responsável pela tipografia e logo se soube que ali nada mais existia. O dono da tipografia fechou suas portas e sumiu com tudo o que estava dentro no fim de semana, sem dar nenhuma informação, para não pagar as dívidas. Histórias como essas, abundantes na trajetória tipográfica caruaruense, precisam ser

investigadas e contadas com mais propriedade. Este trabalho revelou, sobretudo, que existem muitas pessoas vivas para contá-las.

REFERÊNCIAS

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Apêndice 1

- Nome: - Idade:

- Como começou a se interessar e lidar com tipografia? - Quando e como abriu sua gráfica?

- Tinha sócios?

- Quais equipamentos eram utilizados? - Como adquiriu os equipamentos?

- Como se dava a manutenção dos equipamentos? - Numero de funcionários?

- Quando deixou de trabalhar com tipografia? - Quais impressoras foram adquiridas?

- Quem apontaria como concorrentes?

- Em sua opinião qual gráfica foi a primeira a trabalhar com o sistema tipográfico?

- Quais serviços eram produzidos quando usava o sistema de impressão tipográfico?

- Quais papéis mais usados?

- Quem era os fornecedores de insumos de produção? - Já existia gráfica antes do sistema tipográfico?

- Como os funcionários usavam esse sistema, como aprenderam?

- O que causou a vinda da tipografia em Caruaru

- Tinha algo relevante acontecendo em Caruaru junto com o marco da tipografia?

- Lembra-se de algum marco da tipografia, de quando começou a trabalhar até os dias atuais?

- Em sua opinião porque tem gráficas que ainda trabalham com tipografia?

Apêndice 2

Nome Idade

Com quantos anos e como começou a lidar com tipografia?

 Trajetória da empresa

- Quando e como abriu sua gráfica? - Tinha sócios?

- Numero de funcionário?

- Como os funcionários usavam esse sistema, como aprenderam?

- Quais equipamentos eram utilizados? - Como adquiriu os equipamentos?

- Como se dava a manutenção dos equipamentos?

- Quais serviços eram produzidos quando usava o sistema de impressão tipográfico?

- Quais papéis e tintas eram mais usados, e onde comprava?

 Outras tipografias

- Já existia gráfica antes do sistema tipográfico? - O que causou a vinda da tipografia em Caruaru?

- Em sua opinião qual gráfica foi a primeira a trabalhar com o sistema tipográfico?

- Quem apontaria como concorrentes?

- Quando deixou de trabalhar com tipografia?

- Quais fins foram dados aos equipamentos tipográficos da sua gráfica?

Apêndice 3

Nome: Wilson Américo da Silva Idade: 61 anos – 07 de julho de 1951

Como começou a se interessar e lidar com tipografia?

Meu pai morreu em 1957 e 1958 eu comecei a trabalhar na estudantil com Dr. Galvão.

 Trajetória da empresa

- Quando e como abriu sua gráfica?

Trabalhava na Estudantil desde 1958, 59, 60, como faxineiro. Depois eu comecei me interessando e fui aprendendo arte gráfica, trabalhando em encadernação, confecção depois passei para o corte, depois passei pra ser chapista, que naquele tempo era onde se botava os tipos, se chamava de chapista, que se fazia as chapas para se botar nas máquinas de imprimir, impressão. Em 1962, 63 eu comecei já. E em 1971 eu deixei de trabalhar em gráfica para os outros e botei uma gráfica pra mim. E desde 1970 até hoje, 2012 eu ainda tenho gráfica minha, tenho 42, 43 anos de gráfica minha. - Quando o senhor trabalhava lá na estudantil que tipo de serviços o senhor produzia?

Revista de Servantes, que era colunista social. Depois eu fui trabalhar na Voz do Agreste com Tabosa de Almeida, que se chamava a Voz do Agreste que era um jornal que saia semanal. Depois eu fui trabalhar na Vanguarda, que saia semanal também. Depois eu fui trabalhar no jornal A Defesa, não me lembro a data, faz muitos anos não me recordo mais não. Depois eu fui trabalhar em Tavares. Todas essas

gráficas que eu trabalhei eu só fui somente aprendendo e aumentando o ritmo das gráficas, quando eu via que não dava mais pra mim naquele trabalho, naquele local, eu passava pra outra gráfica, porque? Por que meu nível de trabalho não suportava mais aquilo eu tava muito elevado. Foi quando eu cheguei em 1970 eu botei uma gráfica pra mim, que 1971 nasceu o primeiro filho meu.

- Tinha sócios?

Nunca teve.

- Quais equipamentos eram utilizados?

Era máquina de impressão, na estudantil, no caso, era máquina de impressão, era máquina de corte, máquina de vinco, máquina de bater papel, guilhotina, tipos era uma gráfica, não era uma tipografia totalmente. Depois foi passando para tipografia, a tipografia era uma coisa mais elevada, é uma coisa que requer mais linotipos, é uma máquina de fazer jornal, que se chamava lingões, era derretido o chumbo e o chumbo agente ficava batendo feito uma máquina de escrever, e ficava formando as letras, se chamava lingões.

- Quando o senhor montou sua gráfica quais os equipamentos, qual foi sua primeira impressora? Conte a história.

Minha história é o seguinte: eu trabalhava em seu Costa, nesse tempo eu trabalhava com ele que ele precisava de uma pessoa para poder, melhorar a sua gráfica, a gráfica era Ramiro e Costas, que ele tinha uma livraria: Costa e Silva. Depois ele mudou para Ramiros e Costas que era uma gráfica, aí eu trabalhando nela, eu tinha vários clientes que gostava muito de mim, como inclusive o Professor Rubens do Sete de Setembro. Foi ele que fez o seguinte: Wilson você

vem tomar conta da minha banda marcial, que eu era instrutor de banda também e eu lhe dou uma máquina de impressão. Foi quando a primeira máquina de impressão, que eu comprei uma máquina de impressão manual, eu não lembro o nome da máquina, mas era feito uma minerva, manual.

- Como adquiriu os equipamentos?

Eu comprei à Gráfica Pontes, era um rapaz que queria melhorar o equipamento dele e eu comprei a máquina dele. Aí eu comprei essa máquina, era manual mesmo, não era elétrica manual não, era manual completa, que existia a máquina elétrica manual que você colocava e tirava o papel, e ela imprimia. Depois veio a offset , vem a heidelberg , essas máquinas que trabalhavam só.

- Como se dava a manutenção dos equipamentos?

Era eu mesmo que fazia a manutenção dos equipamentos, porque desde quando eu comecei em gráfica, eu trabalhava em gráfica e consertava as máquinas das gráficas que eu trabalhava. Aí fui aprendendo cada vez mais, com torneiro mecânico, era curiosidade mais. Porque essas máquinas não eram tão difíceis, tão sofisticada, vinheram se transformar as máquinas mais sofisticas, depois que veio a linotipo a multilith, catu, aí começou essas máquinas automáticas que começou a evolução de 1970 pra cá.

- Numero de funcionários?

Já cheguei ao ponto da minha gráfica ter oito funcionários. Mas quando eu comecei eram só dois, eu e Marinho, que era o filho de Mário Bruaca que foi quem me ensinou em gráfica, que ele era o chefe mesmo, ele era um artista, um profissional de mão cheia. Mário Queiroz, só chamava com ele Mário Bruaca. E Marinho depois veio trabalhar comigo, aí veio Maurílio, irmão dele, e sucessivamente.

- Quando deixou de trabalhar com tipografia?

Ainda hoje eu trabalho com tipografia. Porque existe muitas coisas que na off set não se faz, como se fazia. Existem máquinas sofisticadas, que ela numera, imprime encaderna, mas tem coisas muito melindrosas, como cartões de casamento, muitas coisas mais sofisticadas que são mais manuais, agente faz mais artesanal, muita gente gosta da coisa artesanal.

- Quais impressoras foram adquiridas?

Aí eu fui adquirindo outras impressoras eu fui comprar uma minerva, era semi automática, tinha máquina de cortar, máquina de vinco e corte, off set hoje, e cada vez mais que eu ia trabalhando eu ia aprendendo mais, que agente nunca deixa de aprender, gráfica não, gráfica quanto mais se aprende mais tem o que aprender. Mas antigamente, tinha o prelo, pra tirar provas, tinha a máquina de cortar, a de picotar de pedal, tinha várias máquina no mesmo sentido, eram tudo máquinas iguais sendo de formatos diferentes, uma era formato 36, outra era formato 18, outra era formato 8, que era o tamanho da rama, que se chamava porque 36 era que dava 36 pedaços no tamanho de uma olha industrial, que uma folha industrial de papel era 96 por 66cm.

- Quem apontaria como concorrentes?

Na época quando eu comecei existia 5 ou 6 gráficas em Caruaru só. Era a Estudantil, Vanguarda, Defesa, Tipografia Comercial, Costa e Silva e Gráfica Pontes que eu me lembre. Depois foi que começou, eu botei uma gráfica, aí Bernito botou outra, Mário Queiroz que era meu chefe botou uma gráfica pra ele, aí começou aumentando as gráficas em Caruaru que agora tem uma média de umas 58 gráficas.

- Em sua opinião qual gráfica foi a primeira a trabalhar com o sistema tipográfico?

O primeiro que chegou com gráfica em Caruaru Foi Leite e Silva, era com Dr. Galvão (S. Galvão Cavalcanti), em 1945 mai sou menos isso se eu não estou enganado, na Estudantil, na lateral alí começou a gráfica. Era de Leite e Silva e Dr. Galvão comprou. A Caruaru Gráfica veio muito depois, era funcionário de Dr. Galvão, que se chamava Tipografia Comercial.

- Quais serviços eram produzidos quando usava o sistema de impressão tipográfico?

Tudo. Era talão, cartão, panfleto, papel ofício, envelope cartão de casamento, santo de luto, que naquele tempo não existia computador, agente pegava a foto e levaria pra Recife, pra fazer o clichê de zinco na clicheria Pecorel, na rua Pácio da Pátria, pra poder fazer a impressão da foto, em preto e branco, que não existia colorido naquela época,

- Quais papéis mais usados?

Papel 18 Quilo branco, papel jornal, papel super bond rosa, amarelo, verde e azul, eram essas quatro cores que existiam, cartolina, papel 60, papel 40, papel linho, tanto existia o papel linho, como a cartolina linho pra fazer convite de casamento e cartões de visita.

- Sentia alguma dificuldade para os concorrentes?

Demais até, porque eles faziam com mais rapidez e com melhor qualidade, porque com mais qualidade? Por que se comparava uma máquina que trabalhava com dois, três rolos na chapa, que significava que a tinta passava três rolos, que chamava-se cilindro, na chapa, que imprimia no papel, aí saia com mais qualidade com mais perfeição. E na minha só tinha

um rolo. Era coisinha pequena, agente fazia quase como se fosse artesanal.

- As variações de tipos tinha muito?

Eu comecei com três, o que se chamava caixeta, fontes de tipos, a gente comprava por quilo. Aí existia a formação dos tipos, 6, o 8, o 10, o 12, significa o tamanho da letra, que isso se chamava naquela época cíceros. Quanto ao tipo da letra, tinha manuscrito, romano, existia uma faixa de 100, 200, como agora existe fontes de letra 5.000, 10.000. De cada tipo eu tinha mais ou menos umas 24 caixetas, tinha um tipo 12 mais fino, mais “grossinho”, muito grosso, estilo arial, arial Black, como tem as fontes no computador, tinha em gráfica.

- Quem era os fornecedores de insumos de produção?

Eu comprava em Recife na Funtimod, que era em São Paulo, mas existia um representante que era Geraldo em Recife. Todas tintas eram de Recife, a melhor tinta que existia e é ainda hoje era a Cromos, porque ela demorava a secar nos rolos e secava rápido no papel. Os fornecedores manege, leibinger, Funtimod, Catu, Minerva, tinha em Recife, mas eram representantes das de São Paulo. Aqui em Caruaru tinha a Estudantil, que ele comprava em São Paulo para revender aqui, que muitas vezes agente comprava aqui mais caro, porque não compensava agente sair daqui pra comprar só uma resma de papel, porque o custo de transporte, como era muito distante, não tinha a facilidade que se tem hoje, as pistas eram precárias, eram três horas pra poder chegar a recife, e agora não com uma hora e meia, agente ta ali em Recife, com a duplicação.

- Já existia gráfica antes do sistema tipográfico?

Não. As impressoras foram importadas da Alemanha. O que existia era a diferença de jornal para a gráfica comercial,

porque os jornais tinham também os tipos mais usavam mais linotipos, por que? Porque estragava muito a impressão, e o linotipo renova constantemente os tipos, quase todo dia, existiam as pessoas que faziam paginação do jornal, que era quem pegavam os lingões e fazia a paginação, era mais rápido, porque pra você botar de letra em letra ia demorar muito tempo pra você compor, pra fazer uma página daquela vamos supor que passasse uma semana, e na linotipo ele fazia dentro de duas horas, depois era só montar. Foi começando jornal mensal, jornal semanal e chegou ao ponto de até de quererem colocar um jornal diário, mas não deu certo.

- Como os funcionários usavam esse sistema, como aprenderam?

Existia a curiosidade naquele tempo, como era fácil de se manusear e então os que já sabiam iam ensinando, como Mário Queiroz um dos melhores em Caruaru, também eram Gilvan da Vanguarda, Edvaldo da Defesa, Rodrigues e Costa, seu Luiz da tipografia Comercial. Foram os mais antigos a começar a trabalhar com tipografia. Viram como era e ensinavam às pessoas, eu mesmo fui um, que minha mãe me pediu a Mário Queiroz pra tomar conta de mim e me ensinar a profissão, e eu comecei em gráfica fazendo o que, varrendo a casa, lavando o banheiro, fazendo recado, indo buscar comida para os funcionários, aí comecei me interassando, ia pra confecção, que é rápido, é uma coisa prática pra se

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