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A TIPOGRAFIA COMERCIAL DE CARUARU: HISTÓRIA DE ALGUMAS GRÁFICAS.

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE – CAA

GRADUAÇÃO EM DESIGN

LARYSSA DAYSE DE LIMA SILVA

A TIPOGRAFIA COMERCIAL DE CARUARU:

HISTÓRIA DE ALGUMAS GRÁFICAS.

CARUARU 2012

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LARYSSA DAYSE DE LIMA SILVA

A TIPOGRAFIA COMERCIAL DE CARUARU: HISTÓRIA DE ALGUMAS GRÁFICAS.

Projeto de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, como pré-requisito para obtenção de título acadêmico de bacharel em Design.

Prof. Me. Leonardo Araújo da Costa Orientador

CARUARU 2012

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Simone Xavier CRB4 - 1242

S586t Silva, Laryssa Dayse de Lima.

A tipografia comercial de Caruaru: história de algumas gráficas. / Laryssa Dayse de Lima Silva. - Caruaru: O autor, 2012.

91f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Leonardo Araújo da Costa

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA. Design, 2012.

Inclui bibliografia

1. Artes gráficas – História (PE). 2. Tipografia – História. 3. Tipografia - Caruaru – (PE). I. Costa, Leonardo Araújo da (orientador). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2012-88)

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Professora Lia Alcântara Rodrigues Professora Rosângela Vieira de Souza

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Dedico este trabalho acadêmico a meu pai, que nunca me deixou desistir, a meu esposo pelo apoio e dedicação nesta árdua e gratificante caminhada, e a meu irmão que me orientou em toda minha vida.

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, que encheu meu caminho de pessoas especiais, e por estar sempre ao meu lado me guiando e consolando.

Ao meu grande professor e orientador Buggy pelo incentivo, dedicação, paciência e colaboração com seu conhecimento junto a este trabalho.

A minha família e a segunda família: meus sogros. E a todos que direto ou indiretamente contribuíram para elaboração deste trabalho.

Agradeço também aos meus eternos amigos: May, Day, Alê, Eduardo, Valtinho, Erton, Elton, Amanda, por terem me aguentado, ajudado e incentivado.

A querida tia Lu, e a Glenda, que com muito carinho me fizeram acreditar que tudo valeu à pena.

Obrigada!

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"Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação."

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Resumo

A cidade de Caruaru guarda um fragmento do design gráfico que os livros não contaram. A tipografia local, tipografia como sistema de impressão com tipos de metal. Com o intuito de registrar essa história, o presente projeto busca inquirir a indústria gráfica utilizando métodos para uma pesquisa teórica. Uma delas é a coleta de dados, na qual possibilitou encontrar entre outros documentos, panfletos impressos nas próprias tipografias da cidade. Outra técnica utilizada é a entrevista com personagens importantes dessa história, os Srs. Ivan Galvão da Gráfica Estudantil, Wilson Américo da Gráfica Wilson e Luiz Gonzaga Filho da Gráfica Comercial. Confrontando os dados dos autores com os resultados de pesquisa obtiveram-se inconsistências quanto à realidade da história da tipografia na cidade, sobre o que está escrito nos livros e o que os documentos encontrados demonstram.

Como resultado obteve-se uma rica história sobre a tipografia em Caruaru regada com cultura local de quase 70 anos atrás.

Palavras-chave

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Abstract

The city of Caruaru save a fragment of graphic design books that did not count. The site typography, typography and printing system with metal types. In order to record this history, this project seeks to investigate the industry using graphical methods for theoretical research. One is the data collection, which allowed to find among other documents, pamphlets printed in typography own city. Another technique used is the interview with important characters of this story, Messrs. Ivan Galvão of Student Graphic, Graphic Wilson Américo of Wilson and Son of Luiz Gonzaga Commercial GraphicsKeywords.

Comparing the data with the authors' research results yielded inconsistencies about the reality of the history of typography in the city, about what is written in books and documents found that show.

As a result we obtained a rich history of typography in Caruaru drizzled with local culture of almost 70 years ago.

Keywords

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Sumário

Introdução ... 11

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. O espírito da tipografia... 13

2. Entendendo os elementos tipográficos ... 13

2.1. Tipo ... 13 2.1.1. Material branco ... 16 2.1.2. Material de ornamentação ... 17 2.2. Fabricação de tipos ... 17 2.3. Composição tipográfica ... 20 2.4. Sistema de Impressão ... 22 3. História da Tipografia ... 25 4. Tipografia no Brasil/Nordeste ... 28 5. Tipografia em Pernambuco ... 31 6. Tipografia em Caruaru ... 35 METODOLOGIA 7. Métodos de pesquisa ... 40 7.1. Abordagens e procedimentos ... 41 7.2. Técnicas de pesquisa ... 41 7.3. Participantes ... 41 7.4. Ferramentas/instrumentos ... 43 7.5. Modelagem de entrevista ... 43 7.6. Entrevistas ... 44 7.7. Coleta de dados ... 44 RESULTADOS 8. Apontamento sobre a história gráfica Caruaruense ... 49

9. Considerações Finais ... 54

Referências ... 57

(11)

Lista de figuras

Figura 1. Tipo de metal. 15

Figura 2. O que faz o uso descuidado das pinças. 16

Figura 3. Tipômetro. 16

Figura 4. Material branco

Figura 4. Materiais de ornamentação. 17 Figura 5. Rama levantada.

Figura 6. Pantógrafo em funcionamento. 18

Figura 7. Processo de fundição. 18

Figura 8. Molde de precisão. 19

Figura 9. Caixas. 19

Figura 10 – Componedor. 20

Figura 11. Galé e bolandeira. 20

Figura 12. Paquê. 20

Figura 13. Rama. 20

Figura 14. Estilo comum de cunhas com chaves. 20

Figura 15. Linotipo. 21

Figura 16. Monotipo. 21

Figura 17. Processo de impressão sobre forma de relevo.

22

Figura 18. Sistema de operação das prensas tipográficas.

23

Figura 19. A prensa Hartford. 23

Figura 20. Prensa de platina. 24

Figura 21. GMA Viking, de dupla rotação. 24

(12)

Figura 23. . Folha do jornal Gazeta Extraordinária do Rio de Janeiro.

29

Figura 24. Folha do jornal Revérbero Constitucional Fluminense.

29

Figura 25. Folha do jornal O Patriota. 30

Figura 26. Mapa mental 42

Figura 27. Panfletos tipográficos 47 Figura 28. Cartão de visita do Sr. Américo da Silva 47 Figura 29. Comprovante de Inscrição e de Situação

Cadastral do estabelecimento da Gráfica Estudantil.

48

Figura 30. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do estabelecimento Gráfica Comercial – Graficom segundo registro.

49

Figura 31. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do estabelecimento da Gráfica Comercial - primeiro registro.

49

Figura 32. Consulta pública ao Cadastro do Estado de Pernambuco da Gráfica Comercial.

50

Figura 33. Cartão de visita impresso na Letterpress Brasil.

54

Figura 34. Convite de casamento impresso na Letterpress.

54

Lista de quadrados

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INTRODUÇÃO

A comunicação e a transmissão de informações são as primeiras atribuições do design gráfico. Uma página, antes manuscrita restrita para poucos leitores, começara a ser projetada para que seja possível, além da sua produção em larga escala, a compreensão de seu conteúdo por uma quantidade maior de leitores diferentes. Embora o design possa ser praticado sem a utilização de uma letra sequer, um bom conhecimento das bases da comunicação é necessário para aquele que deseja se expressar, mesmo sem palavras.

E foi por meio da impressão tipográfica que a comunicação passou a abranger uma quantidade significativa de receptores de uma única vez. Para George Everett (2009), o design gráfico é tipografia. A tipografia, objeto de estudo deste projeto, é uma palavra original do grego, onde “typos” em português significa forma e “graphein” é traduzido como escrita (CARIELLO, 2006).

Para muitos autores a tipografia possui duas vertentes de entendimento: tipografia e macro-tipografia. A micro-tipografia abrange o desenho das letras e os detalhes de sua conformação (HEITLINGER, 2006). E a macro-tipografia segundo Ribeiro (2003, p. 47), “[...] é a arte de produzir textos em tipos, isto é, caracteres”. Ou ainda a arte de compor e imprimir em tipos. Outra forma de entendimento da tipografia é da impressão obtida pelo contato de matrizes em relevo sobre papel ou outro suporte (RABAÇA; BARBOSA, 2001).

Este trabalho utilizará o conceito de macro-tipografia, explorando a chamada letterpress, sistema de impressão com tipos móveis, na plenitude de seu corpo ao empregar o termo tipografia daqui por diante.

Segundo Meza (2008), a tipografia marcou a chegada da imprensa em boa parte do mundo. Porém, “vem perdendo terreno para processos inventados mais recentemente e vai

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tendo seu uso restrito a aplicações a cada dia mais específicas”, como corte e vinco (FERNANDES, 2003, p. 135). Meza (2008) ainda relata que no Brasil, a memória tipográfica durante os anos 1980, foi literalmente jogada no lixo, pois o sistema era considerado arcaico e ineficiente para muitos. Viu-se muita gente descartar tipos móveis, outros, os revenderem a sucatas.

O que não coincide com a realidade da cidade de Caruaru, local de estudo, onde a tipografia resiste até os dias atuais. É nessa perspectiva que o objetivo geral é contar a história de algumas gráficas comerciais de Caruaru, para que se possa ter uma ideia da evolução tipográfica na cidade. Outros objetivos específicos decorrentes: (a) Introduzir a história da imprensa no Brasil, Pernambuco e Caruaru; (b) Investigar documentos comprobatórios da história; (c) Entrevistar personagens da história gráfica de Caruaru.

O problema prático parte do não conhecimento de registros dessa história, induzindo o projeto a realização de um resgate desse recorte da história, com a justificativa de impedir que parte da história do design gráfico de Pernambuco, mais especificamente de Caruaru, se perca ao longo dos anos, pois a sensação de ter em mãos um impresso tipográfico carrega a herança de séculos de história. Hoje, com forte apelo digital, destacar-se pela qualidade tátil é grandioso. “Para o designer, a falta de compreensão desse sistema gráfico é uma barreira à criatividade de gráficos e profissionais de criação" (MEZA, 2008).

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1. O espírito da tipografia

Desde o início dos tempos, o homem procurou comunicar-se com os seus semelhantes. Com figuras, criação das letras, juntando as letras para criar palavras e, ao juntar palavras, criava frases, transmitindo assim, a sua história e as suas ideias aos seus descendentes (HEITLINGER, 2006).

A vida de um homem hoje transcorre em volta de papéis impressos, desde a certidão de nascimento ao atestado de óbito. Por muitos anos ambos os papéis passaram obrigatoriamente por alguma tipografia.

A invenção da tipografia é atribuída à Gutenberg, no século XV, não sendo vista como pacífica, pois muitos temiam que um livro que fosse escrito por um monge copista constituísse uma força perturbadora, capaz de abalar a fé e comprometer as autoridades. Isto tinha fundamento, pois a liberdade presume acesso livre à informação, multiplicá-la é uma base para a disseminação da democracia (PHINNEY, 2004). De lá para cá, esta técnica de impressão não mudou muito, mas as transformações na disseminação do conhecimento levaram o mundo a entrar em uma nova era.

2. Entendendo os elementos tipográficos

2.1. Tipo

Ribeiro (2003, p. 73), descreve tipo como um “bloco de metal com seis faces paralelas, duas a duas, que varia segundo o corpo e a forma gráfica da letra que comporta”.

Os tipos são classificados tecnologicamente em quatro grupos principais, segundo Polk (1948). Tipos de fundição,

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linhas de tipo, tipos de monotipo e tipos de madeira, todos descritos a seguir.

Os de fundição são caracteres isolados, feitos para serem compostos à mão. As linhas de tipos e os tipos de monotipo são feitos e compostos mecanicamente. As primeiras constituem linhas inteiras de caracteres, compostas por um único bloco de metal, e os tipos de monotipo, um arranjo de vários blocos, cada um correspondendo a um caractere. Os tipos de madeira são feitos em tamanhos grandes e são utilizados para impressão de cartazes. A vantagem do tipo de madeira é o peso e o custo mais baixo que os de metal, e a desvantagem a qualidade de impressão, sua mancha gráfica comumente apresenta falhas.

Fonseca (2008) distingue as partes do tipo de acordo com a figura abaixo:

Figura 1. O tipo de metal e seus componentes. Fonte: FONSECA, 2003, p. 83.

Para o tipógrafo as partes de maior interesse do tipo são: olho, corpo e guia. Fonseca (2008) explica tais partes.

Olho é a parte da superfície do tipo que reproduz o caractere gravado em relevo na posição invertida.

Corpo é o tamanho do tipo, ou seja, a distância entre os limites superior e inferior.

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Guia ou risca é o sulco gravado atrás ou na frente para indicar a posição da letra no componedor.

Apesar dos tipos serem predominantemente peças de metal, reserva-lhe bastante cuidado no manuseio e limpeza, quando necessário, pois podem danificar prejudicando a impressão (Figura 2).

Figura 2. O que faz o uso descuidado das pinças. Fonte: POLK, 1948, p. 66.

Os tipos possuem medidas diferenciadas do convencional que caracterizam seu tamanho. Essas medidas tipográficas são: o ponto, a unidade fundamental da tipografia, define as dimensões de todos os materiais tipográficos e corresponde a 0,376mm; o cícero, que equivale a 12 pontos, 4,512mm; o furo, que é a medida surgida no Brasil e corresponde a 4 cíceros ou 48 pontos;

O tipômetro (Figura 3) é uma régua graduada em medidas tipográficas. Normalmente dividida em meio cícero, cícero e furo. Apresenta também a correspondência em centímetros.

Figura 3. Tipômetro. Fonte: Apostila produzida pelo LTA - Laboratório de Tipografia do Agreste – a partir da Oficina Tipográfica São Paulo.

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2.1.1. Material branco

Denomina-se material branco tudo que se emprega na composição das chapas e que não aparece na impressão. Serve para separar linhas e palavras, justificar colunas, armar formas, [...] (RIBEIRO, 2003 p. 79).

Esse material é composto por espaços, quadratim, meio quadratim, quadrados, entrelinhas, lingotes e guarnições (Figura 4).

Os espaços são confeccionados nos corpos 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20, com espessura adequada a cada corpo. Servem para separar letras, palavras e justificar linhas (POLK, 1948). Quadratins são peças de metal, de medida quadrada, iguais ao corpo do tipo, utilizadas para fazer o espaço correspondente ao parágrafo, ou completar os espaços em branco na página. Meio quadratim é a metade do quadratim, ou seja, tem a metade do número de pontos do corpo em sua largura a que pertence. Os quadrados são usados para justificar composições tanto na horizontal quanto na vertical. Entrelinhas são lâminas de metal de mesma altura que os outros materiais, mas de diferentes espessuras, usadas, por exemplo, para dar espaços entre as linhas (RIBEIRO, 2003).

Polk (1948, p. 43) denomina lingotes como “blocos de metal usados para preencher espaços em branco [...]”. São usados para grandes separações no texto; ou seja, são barras de liga tipográfica que possuem a mesma função das entrelinhas, porém numa medida maior, na espessura 6 e 12 pontos e os cumprimentos também são de 2, 3, 4, 5 e 6 furos. Os lingões possuem a mesma função dos lingotes e entrelinhas, porém em medidas maiores, são encontrados nas espessuras de 24, 36 e 48 pontos. Os cumprimentos são de 2, 3, 4, 5 e 6 furos.

Figura 4. Material branco.

Fonte: adaptado de RIBEIRO, 2003 p. 79.

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As guarnições são como barras de ferro, que servem para engradar as chapas nas ramas, ou preencher os espaços das chapas (RIBEIRO, op. cit.).

Figura 5. Rama levantada ilustrando os elementos citados acima.

2.1.2. Materiais de Ornamentação

São materiais usados para decorar a página, feitos também em metal. Segundo Ribeiro (2003) esses materiais são as orlas, filetes, adornos, colchetes, bigodes e vinheta (Figura 6), Polk (1948) complementa explicando que,

a finalidade dos materiais de ornamentação é manter unida a composição e separá-la de outras partes, quando aparece numa página juntamente com outros trechos. Focaliza a atenção do leitor na área da página impressa, como elemento decorativo, acrescenta atração ao trabalho impresso. (POLK, 1948, p 151).

2.2. Fabricação de tipos

De acordo com Heitlinger (2006) o processo de fabricação dos caracteres metálicos é lento e difícil. Desenvolve-se em três fases: a de gravar punções a de fazer matrizes, e a fundição.

Na primeira fase - gravar punções - o desenho da letra era gravado na extremidade de uma peça de aço, chamado

Figura 6. Materiais de ornamentação. Fonte: adaptado de RIBEIRO, 2003 p. 80 a 83.

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punção, por um ourives com ferramentas de precisão. Assim, tinha-se o chamado patriz. Era preciso muita habilidade para gravar um caractere de corpo 8, utilizando limas de diversos modelos e formatos. “Esse esmerado trabalho de precisão tornou-se o apanágio de um pequeno número de artesãos especializados: os gravadores de punção” (HEITLINGER, 2006, p. 58). No século XX o engenheiro norte-americano Linn Boyd Benton inventou o pantógrafo de punções, um equipamento que automatizava o processo de gravações de tipos e permitia que os desenhos fossem aumentados ou diminuídos na escala desejada (HEITLINGER, 2006).

Na segunda fase – fazer matrizes – dava-se uma forte pancada com patrizes sobre uma barra de cobre, assim obtinham-se as formas negativas, chamadas de matrizes (HEIGLINTER, id.).

Na terceira fase – fundição - Fonseca (2008) ressalta que esse processo exigia a fundição de cada tipo exatamente com a mesma profundidade, para que ficassem em uma mesma linha de base. Havia também que fundir diferentes larguras, como por exemplo, o i minúsculo e o M maiúsculo. Veja o processo na (Figura 7).

Figura 7. Processo de fundição de uma peça isolada de tipo, começando com a punção. Molde de precisão de forma simplificada. Fonte: CLAIR, 2009, p. 55.

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Para fundir os tipos, Gutenberg criou o molde de precisão (Figura 8). Essa ferramenta era composta de duas peças de metal em formato de L, que podiam ser abertos e fechados para caber diversos tamanhos de letras. As matrizes eram colocadas no topo do molde. Com uma colher era derramada dentro dessa ferramenta uma liga metálica, que Gutenberg, Fust e Schoeffer criaram juntando chumbo e antimônio e que depois foi acrescido à liga o estanho, assim obtiveram a liga ideal (RIBEIRO, 2003).

Ribeiro (id.) complementa que as qualidades dessa liga são tríplices: estável, dura e tenaz. Estável, para conservar os tipos sem deformação; dura para evitar o esmagamento; tenaz, para não permitir que os contornos venham a quebrar. O antimônio dá a dureza essencial; o estanho, elasticidade, tenacidade e aumenta a qualidade do que vai ser derretido facilitando a mistura.

Depois de fechado, o molde de precisão era balançado por uma corda, para que a liga derretida penetrasse nas pequenas partes de letra, evitando a formação de bolhas. Como essa liga enrijecia rapidamente, logo em seguida os moldes podiam ser abertos para a retirada do tipo fundido. Esse processo possibilitava a produção de vários tipos em um curto espaço de tempo. O tipo era polido e tirado as rebarbas (FONSECA, 2008).

Esses tipos eram organizados em gavetas de madeira (Figura 9) divididas em compartimentos (HEITLINGER, 2006) que são organizadas como uma estante ou cavalete (RIBEIRO 2003). As letras maiúsculas ficavam na parte superior, por isso chamam-se caixa-alta, e as minúsculas, na parte inferior, chamadas de caixa-baixa. Os sinais, espaçamentos, abreviaturas, etc. tinham seu lugar fixo para acelerar a composição.

Figura 8. Molde de precisão.

Fonte:

aula expositiva do prof. Buggy, para a cadeira história da tipografia.

Figura 9. Caixas. Distribuição dos caracteres nos caixotins adotado no Brasil.

Fonte:

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2.3. Composição tipográfica

Composição tipográfica é a “maneira como os tipos são selecionados, montados e organizados para formar palavras, sentenças, parágrafos e páginas, um processo que por mais de 500 anos não foi modificado” (FONSECA, 2008, p. 101). As principais composições são: manual, a quente e a frio. Na primeira o tipógrafo usa um componedor (Figura 10), para formar uma linha.

O componedor é uma lâmina de metal com dois bordos em esquadro e uma peça móvel, o justificador, também em esquadro, que permite fixar o espaço preciso da largura da linha. Esse espaço é denominado ‘boca de componedor’ (FONSECA, 2008 p. 103).

Os tipos são montados linha por linha, depois colocados na galé ou na bolandeira (Figura.11). Depois de colocada todas as linhas, acrescentam-se o material branco e se preferir os de ornamentação. Quando é terminada a peça gráfica, para que os tipos não saiam do lugar, esse conjunto é amarrado com um cordão (Figura 12). “Esse bloco amarrado é denominado paquê (do francês paqlet, pacote)”. Esse paquê é colocado na rama (Figura 13), uma guarnição de aço em forma de moldura, com cunhas de metal ou madeira.

“As cunhas (Figura 14) são usadas para fixar o paquê na rama” (POLK, 1948, p. 96), “pois, [...] apertam os blocos firmemente na posição correta em que devem ser impressos”. Depois das impressões desejadas a rama é desmontada e os tipos dispostos de volta na caixa. Este processo chama-se distribuição de tipos (FONSECA, op. cit. p. 108).

Chama-se de composição a quente os métodos da composição em metal que envolvem a fundição. Com o aumento da demanda de impressos logo surgiram máquinas

Figura 10. Componedor. Fonte: RIBEIRO, 2003 pg.148). Figura 11. Galé e bolandeira. Fonte: RIBEIRO, 2003 p. 148). Figura 12. Paquê. Fonte: www.tipografos.net/tecn ologias/fundicao-tipos.html Figura 13. Rama. Fonte:

Aula expositiva do prof. Buggy, para a cadeira história da tipografia.

Figura 14. Estilo comum de cunhas com chave.

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para compor os textos. “Em 1840, David Bruce, americano de origem escocesa, nascido em Brooklin, em 1801, inventou em Nova York, com a ajuda do mecânico dinamarquês Brandt, a primeira máquina fundidora” (RIBEIRO, 2003, pg. 55). Essa máquina sofreu aperfeiçoamentos e em 1873 foi fabricada a máquina automática chamada Universal. Ela produz cerca de 80.000 tipos por dia.

Outras máquinas foram surgindo, como as que compõem e fundem. As Linotipo, Interpito, Linograph, Typograph e Ludlow, por exemplo, fundem linhas inteiras, linha por linha. Já a Monotipo, funde letra por letra (RIBEIRO, id.).

Em 1884, o imigrante alemão Otmar Mergenthaler produziu nos Estados Unidos a Linotipo ou Linotype (Figura 15). Imita uma máquina de escrever, equipamento que tinha um teclado que continha 90 teclas, um magazine com matrizes e uma máquina fundidora acoplada ao sistema de digitação. Cada tecla que o operador pressionava, a matriz do caractere correspondente era acionada, até formar uma linha, na medida estipulada anteriormente. Essa linha era levada mecanicamente para ser fundida. As matrizes então voltavam ao seu lugar para serem usadas novamente, e aquela linha depois de terminado o serviço, era derretida e reutilizada (ROCHA, 2005).

Segundo Ribeiro, (op. cit.), por volta de 1877, o americano Tolbert Lanston, inventou a Monotipo ou Monotype (Figura 16). Sua estrutura tem um teclado de 276 teclas, que inclui o alfabeto fundamental, duas famílias de letras para designações, e mais 30 teclas vermelhas utilizadas para espacejar as linhas. Por meio do teclado, perfurava-se uma tira longa de papel, com cerca de 11 mm de largura, para registrar a seqüência dos caracteres batidos. Este registro transmite para a fundição quais as matrizes a serem utilizadas, então eram fundidos os tipos, e já compostos no

Figura 15. Linotipo 1940. Fonte: www.museudaimprensa. com.br Figura 16. Monotipo 1918. Fonte: www.museudaimprensa. com.br

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texto de linhas justificadas. A sua vantagem era a possibilidade de correções, como pontuação, entre outros, com facilidade.

O processo fotográfico apareceu no mercado em 1947. “Na metade dos anos 1970, a fotocomposição substituiu as antigas operações de metal quente” (FONSECA, 2008, p. 102).

O processo fotográfico apareceu no mercado em 1947, mais foi na década de 60 que a composição a frio atingiu o seu máximo desenvolvimento. Em boa parte isso foi possível graças à evolução da impressão offset, que permitia reprodução com melhores definições e, conseqüentemente, maior qualidade final.

2.4. Sistema de Impressão

“Os processos de reprodução gráfica se particularizam pela constituição da chapa ou fôrma”, também conhecida como matriz. Matriz é o meio físico através do qual é possível reproduzir determinado grafismo em determinado processo de impressão. No caso do processo tipográfico está fundamentado no relevo, nele as partes que imprimem estão em alto relevo, com a imagem invertida, como mostra a (Figura 17) (RIBEIRO, 2003 p.135).

Cada vez que o suporte é colocado na máquina para realizar uma impressão chamam-se entradas ou passagens. Cada unidade de impressão (conjunto de elementos capaz de promover a impressão) é chamada de castelo ou cadeira. Na tipografia a máquina possui apenas uma cadeira, ou seja, possui capacidade de imprimir apenas uma cor de cada vez, chamadas de monocolores ou monocromáticas.

O tipo de matriz pode ser direto ou indireto. Diretos quando a matriz toca no papel, e indireto quando não há

Figura 17. Processo de impressão sobre forma de relevo.

Fonte:

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contato físico entre os elementos (FERNANDES, 2003, p. 122).

Para o presente trabalho vale ressaltar apenas um tipo de matriz: a relevográfica. Aquela em que a área do grafismo está em um plano mais alto que a área de contra grafismo (FERNANDES, op. cit.).

Para a impressão da matriz no suporte desejado, são usadas prensas ou impressoras tipográficas, que segundo Polk (1948) dividem-se em três espécies: platina, cilíndrica e rotativa (Figura 18), explicadas a seguir de acordo com o autor citado.

Prensa de platina sustenta a fôrma numa superfície chamada leito para obter a impressão com o contato entre a forma e uma superfície onde está o papel, sobre pressão. Estas impressoras também são chamadas de Minervas, com composição pequena. Mas há prensas de platina mais robustas, voltada para impressos grandes, por exemplo, a Colt´s Armory press, Laureate, Hartford (Figura 19) e a Gall Universal.

A prensa de platina mostrada na (Figura 20) foi utilizada por Gutenberg.

Prensa rotativa é usada para imprimir revistas e jornais que exigem grande velocidade. A impressão é feita entre dois cilindros que giram juntos, um deles contém a chapa curva em material flexível, e o cilindro em seu revestimento próprio onde o papel passa por ele e entra em contato com o cilindro que possui a chapa, sendo impresso. Exemplo dessa máquina (Figura 21).

A tipografia oferece ainda diversos recursos de impressão, alguns citados adiante (FERNANDES, 2003).

Hot-stamping é feito com matriz, utiliza uma tinta termotransferível, normalmente em cores metalizadas (dourada ou prata), um exemplo é a gravação na capa da monografia.

Figura 18. Sistema de operação das prensas tipográficas. Fonte: POLK, 1948, p. 104 Figura 19. A prensa Hartford. Fonte: POLK, 1948, p. 104 Figura 20 – Prensa de platina. Fonte: CLAIR, 2009.

Figura 21. GMA Viking, de dupla rotação, fabricada pela Grafiska Maskin AB, Suécia.

Fonte:

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Película holográfica segue o princípio do hot-stamping, onde os equipamentos tipográficos fazem a aplicação de películas holográficas em impressos. Relevo americano é o tipo de impressão em que se adiciona breu à tinta, e depois da impressão comum, coloca a folha em uma estufa aquecida, o calor provoca um relevo com brilho na área impressa.Relevo seco é quando o clichê é forçado com muita pressão no verso do papel, formando um alto relevo, sem tinta. Para este acabamento utilizam-se duas matrizes: uma positiva e outra negativa (FERNANDES, id.).

Quanto à tinta usada, era de origem oriental, diluída, e quando espalhada sobre a matriz de madeira que passava para a superfície fazia um contorno borrado indesejável. Para os tipos de metal seria necessária uma tinta à base de óleo, usada por volta de 1430. Era consistente e aderia bem à superfície lisa dos tipos de metal. A fórmula de Gutenberg consistiu em uma mistura de óleo de linho fervido, chumbo e cobre que produzia um preto rico (FONSECA, 2008).

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3. História da tipografia

Por volta de 1393 e 1405 nascia Johannes Gensfleish Zum Gutenberg, em Mainz, Alemanha. Depois de crescido aprendeu o ofício de ourives, que era muito conceituado na época. Mas Foi durante a Renascença1, por volta de 1438, pesquisando sobre técnicas de impressão para a produção de livros, que Gutenberg teve a principal de suas invenções revolucionárias: o sistema de impressão em grande escala. Como não tinha dinheiro para custear, o ourives Johann Fust financiou seus experimentos (FONSECA, 2008).

Apesar das letras avulsas não serem novidade, pois a China já trabalhava com os tipos, e em vários outros países eram usados por encadernadores para titular capas de livros, Gutenberg aperfeiçoou esse sistema. Inúmeros experimentos foram feitos com a carta de indulgência de Mainz, datada de 1455, do Papa Nicolau V, é o primeiro registro do documento de impressão tipográfico (CAMARGO, 2003).

O processo tipográfico utilizava tipos móveis e reutilizáveis, fundidos em metal (HEITLINGER, 2006). Já que os de madeira, que ele já trabalhava e era bem sucedido, não apresentava resistência tendo em vista a obra que queria realizar: a impressão da Bíblia (CAMARGO, 2003).

Afirma Heitlinger (op.cit.) que a Bíblia de 42 Linhas, ou B-42 (Figura 22), como ficou conhecida, é o símbolo-chave de um momento de transição da história humana. A invenção da imprensa provocou uma revolução: a propagação do conhecimento para todos. De 15 a 20 mil tipos foram fundidos para que, enquanto uma página estivesse sendo impressa outra pudesse ser composta (FONSECA, id.).

1Originalmente nomeia o período dos séculos XIV e XV na Itália, “quando a literatura clássica da Antiguidade grega e

romana foi restaurada e novamente lida”. Mas hoje ela é usada para denotar o período que marca a transição do mundo medieval para o moderno. (MEGGS, 2009).

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Figura 22. B-42, volume 1. Old Testament. Geneis. Exodus. Pág. 28 e 29. Fonte: www.hrc.utexas.edu/exhibitions/permanent/gutenberg/web/pgsdbl560

Processado por dívidas, pelo sócio financiador, Gutenberg perdeu a oficina em 1455, e a impressão da Bíblia, que já estava sendo confeccionada, foi concluída por Schoeffer e Fust. Gutenberg faleceu em 1468. Porém seu invento propagava-se por toda parte (CAMARGO, 2003).

Rapidamente a tipografia se expandiu. Instalou-se em cerca de 70 cidades até o século XV. Nuremberg se tornou um centro gráfico da Europa Central. (MEGGS, 2009).

Segundo Rizzini (1968), na Itália a tipografia foi disseminada em 1464. No apogeu de sua riqueza e artes patrocinou a primeira gráfica fora da Alemanha, em Subiaco, comandada pelo cardeal Turrecremata em 1465, que mapeou os passos da tipografia de estilo romano (MEGGS, op. cit.).

Um dos principais personagens foi Nicolas Jenson, que foi enviado para trabalhar na casa da moeda de Tours, de onde voltou com as informações de sistema de impressão e na Itália estabeleceu-se (CLAIR, 2009).

Na Suíça, Camargo (2003) afirma que a tipografia se estabeleceu em 1465, em Basiléia. Já Rizzini (1968), diz que foi em 1467.

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Em Veneza a tipografia surgiu em 1469, quando Johannes de Spira recebeu o monopólio de cinco anos de impressão em Veneza. Após seu falecimento seu irmão Vindelinus Spira herdou a gráfica, mas não o monopólio (MEGGS, 2009).

De acordo com Rizzini (1968), a tipografia chegou à Holanda em 1472, na Hungria e Espanha em 1473, na Bélgica em 1474, com o impressor inglês William Caxton (c. 1421-1491) que já tinha introduzido a tipografia no Reino Unido, regressou e instalou uma gráfica na cidade.

Em 1490 Aldus Manutius transformou os livros pesados e grandes em portáteis, tendo mais informações em menor espaço, descobriu que os caracteres itálicos eram bem mais estreitos que os romanos, compondo todo o livro em itálico e barateando o custo dos livros (CLAIR, 2009).

Em Portugal, a tipografia chegou atrasada. Apesar dos privilégios que trazia, ela não desenvolveu como nos outros lugares. As letras clássicas e o juízo crítico que fora proposto pela Reforma foram rejeitados por conta da influência jesuíta. Assim Portugal permanecia medieval em pleno Iluminismo. (CAMARGO, 2003).

Segundo Heitlinger (2006), Samuel Gacon imprimiu em seu prelo o primeiro livro de Portugal, em 1487, o Pentateuco, escrito em hebraico. O primeiro impresso escrito em português foi em 1489, o Tratado de Confissom, impressor desconhecido.

“Uma nação estrangeira a imprensa. Foi assim que Portugal se definiu” (CAMARGO, op. cit., p. 14). E com essa atitude impediu que o Brasil fizesse parte dessa história.

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4. Tipografia no Brasil/Nordeste

Portugal mantinha o Brasil na ignorância cultural (SILVA, 1988), pois, ao chegar aqui encontraram um povo tecnologicamente primitivo e julgaram mais importante oprimir sua cultura nativa do que ensiná-los a ler e escrever. Normalmente as colônias se utilizavam da tipografia como apoio administrativo, mas como o Brasil estava destinado à agricultura, e a população de colonos era muito pequena comparada ao território, Portugal não encontrou necessidade para implantação da tipografia (LIMA, 1997).

Acredita-se que a primeira tentativa de implantar a tipografia no Brasil partiu do governo holandês, durante o período em que ocuparam o Nordeste, entre 1630 e 1655, primeiro foi por Salvador, na Bahia, não sucedida, depois por Olinda, de onde se tem uma carta do Supremo Conselho Holandês das Índias ocidentais pedindo uma oficina gráfica para Recife, em 28 de fevereiro de 1642. Foi respondida positivamente, mas não atendida. Pesquisas julgam improvável a existência de uma impressora no Brasil durante o período holandês (LIMA, op. cit.), já que somente em 08 de junho de 1706 uma carta régia mandava sequestrar as letras e prender os donos de gráficas (CARDOSO, 2009).

Vianna (1945) afirma que a primeira oficina tipográfica que funcionou no Brasil, da qual há provas irrefutáveis com registros na Biblioteca Nacional, é a do Português Antônio Isidoro da Fonseca, que segundo Cardoso (2009) possuía o apoio do Governador Gomes Freire, com materiais vindos de Portugal, instalada no Rio de Janeiro em 1746. Foi dela que sairam os primeiros trabalhos produzidos no Brasil, como exemplo, a Relação da entrada que faz o Excellentíssimo e Reverendíssimo Senhor D.F. Antônio do Desterro Malbeyro, Bispo do Rio de Janeiro, em primeiro dia deste prezente anno

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de 1747 (CAMARGO, 2003). Mas teve sua oficina confiscada e foi deportado (RIZZINI, 1968).

Mas a maioria dos autores conta que a França decide invadir Portugal, e em 1807 a família real do Príncipe Regente D. João estrategicamente inicia uma fuga para evitar as tropas francesas e trouxe na bagagem uma grande biblioteca, juntamente com os prelos, letras tipográficas e boas expectativas, difundindo uma nova era. Foi Antônio de Araújo de Azevedo, ministro da Guerra e dos Estrangeiros do Príncipe Regente que trouxe junto com a Corte uma gráfica completa, aportando-se no Rio de Janeiro. Chegando aqui foi substituído por D. Rodrigo de Souza Coutinho, Conde de Linhares, que instalou a gráfica nos fundos da casa do Conde da Barca, situada na Rua dos Borbonos, próximo ao Passeio Público (CARDOSO, 2009). Nasce o que foi um marco na tipografia: a Impressão Régia em 13 de maio de 1808 (SILVA, 1988), cumprindo sua finalidade, a de tornar público os atos oficiais (CAMARGO, 2003). Lançou seu primeiro impresso: um folheto de 27 páginas com a relação dos despachos publicados e anunciando o aniversário do Príncipe (CARDOSO, 2009). Em 10 de setembro de 1808 originou o primeiro jornal editado no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro (Figura 23), que funcionou até 31 de dezembro de 1822. Publicou também o primeiro livro, Reflexões sobre alguns dos meios propostos por mais conducentes para melhorar o clima da cidade do Rio de Janeiro, de Manuel Vieira da Silva (CAMARGO, op. cit.).

Até 1822, a Imprensa Régia monopolizou impressões no Rio de Janeiro, tendo em sua maioria cartazes, folhetos, documentos, etc. Só em 14 anos foram impresso mais de mil itens (LIMA, 1997).

Perde o monopólio e ganha um concorrente: a Nova Typographia e a Typographia de Morais Garcez, esta publicava o jornal pró-independência Revérbero

Figura 23. Folha do jornal Gazeta Extraordinária do Rio de Janeiro. Fonte: CARDOSO, 2009, p. 30.

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Constitucional Fluminense (Figura 24) (1821-1832). No ano da Independência havia sete tipografias no Rio de Janeiro (CARDOSO, 2009), e muitas outras ao longo do tempo foram instaladas.

No Nordeste estima-se que as primeiras instalações surgiram na Bahia, em 1811. Manuel Antônio da Silva Serva teria implantado em Salvador a primeira tipografia provincial (RIZZINI, 1968) e com ela publicou o jornal A Idade de Ouro do Brasil (1811-1823) (CAMARGO, 2003). Em 1813, foi publicada a revista, O Patriota (Figura 25), por Manuel Ferreira de A. Guimarães.

Foi após a Revolução Constitucionalista do Porto, em agosto de 1820, que a Imprensa foi liberada. Não demorou muito para aparecerem diversos jornais e jornalistas de todos os seguimentos. Consequentemente abriu-se espaço para as primeiras tipografias independentes (CARDOSO, 2009).

O governador Bernardo da Silveira instala uma tipografia no Maranhão em 1821, no mesmo ano que Daniel Garção de Melo instala uma em Belém do Pará (RIZZINI,1968). Em São Luiz as crianças e mulheres também manipulavam as tipografias, por isso Belarmino de Matos chegou a criar uma caixa de tipos menores, para atender às crianças e esta se chamou a caixa maranhense.

Em 1823 a Paraíba recebe uma impressora Columbian e em 1824 o Ceará abre seu primeiro prelo (CAMARGO, 2003). Figura 24. Folha do jornal Revérbero Constitucional Fluminense. Fonte: CARDOSO, 2009, p. 32. Figura 25. Folha do jornal O Patriota. Fonte: CARDOSO, 2009, p. 30

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5. Tipografia em Pernambuco

Com hipóteses de que a tipografia tenha sido primeiramente instalada em Recife, Silva (1988) subscreve que Antônio Joaquim de Melo, adquirira uma tipografia em Recife. Em sua obra Biografias de alguns poetas, homens ilustres da Província de Pernambuco, 3v, Recife 1856-59, II, p. 255, o autor diz que:

Em 1706 ou pouco antes, abriu-se pela primeira vez na cidade do Recife de Pernambuco uma tipografia, que começou por imprimir letras de câmbio, e breves orações devotas; mas tendo a ordem Régia de 8 julho do mesmo ano, ordenado ao governador de Pernambuco, que mandasse sequestrar as letras impressas e notificar os donos delas e oficiais da tipografia, que não imprimissem, nem consentissem que se imprimissem livros nem papéis alguns avulsos; a tipografia desapareceu.(SILVA, 1988, p. VIII).

Com a Impressão Régia (1808-1810) houve uma liberação para as gráficas funcionarem, então em 1815 em Pernambuco, o comerciante Ricardo Fernandes Castanho, mandou buscar de Londres um prelo, a primeira impressora oficial registrada no estado. Mas, por falta de mão de obra qualificada ficou inoperante até 1817, quando acontece a explosão da revolução pernambucana (SILVA, 1988), e a impressora é mantida nas mãos de revoltosos.

Com a presença do impressor inglês James Prinches em solo pernambucano, juntamente com um marinheiro francês e dois frades, os revoltosos aproveitaram-se deles para difundir seus ideais (COSTA apud. Lima, 1997), surgindo assim a Oficina Tipográfica da República de Pernambuco (RIZZINI, 1968), na qual Silva (op. cit.) nomeia como a Oficina Tipográfica da 2ª Restauração de Pernambuco, também chamada de Oficina Tipográfica da

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República de Pernambuco 2ª vez restaurada. Nela, os revoltosos imprimiram seu manifesto em 28 de março de 1817, O Preciso, que divulgava os últimos acontecimentos quanto à conspiração da revolução (MACHADO, 2010).

Posteriormente é lançada a Lei Orgânica, que proclamava a liberdade de imprensa, mas o impressor ou autor continuava responsável pelas obras, estando sujeito às leis impostas (SILVA, 1988).

Sabendo do “mau uso” da tipografia de Recife, o Príncipe Regente manda confiscar e levar a tipografia para a corte. Em 1820, o governador Luiz do Rego Barreto, autorizou a construção de um prelo para aproveitar os tipos que teriam ficado, instalando a Officina do Trem de Pernambuco, que publicou o primeiro jornal em 1821, o Aurora Pernambucana (NASCIMENTO, 1967). Segundo Camargo (2003), a tipografia foi vendida a particulares com o nome de Typographia Nacional.

Começaram a surgir jornais periódicos, como a publicação do Segarrega em 1821; em 1822 do Relator Verdadeiro, Gazeta Extraordinária do Governo, O Conciliador Nacional, O Marimbondo, Gazeta Pernambucana, Gazeta do Governo Temporário e Gazeta do Governo Provisório; em 1823 a Gazeta Extraordinária Pernambucana, Diario da Junta do Governo, Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, Diario da Junta do Governo de Pernambuco, Escudo da Liberdade do Brasil, Diário do Governo de Pernambuco e O Caheté (SILVA, 1988).

O tipógrafo pernambucano Antonino José de Miranda Falcão (1798-1878) tomou posse da Typographia Nacional, que passou a se chamar Tipografia de Miranda e Comp., e em 7 de novembro de 1825, publica o primeiro fascículo do Diário de Pernambuco (SILVA, op. cit).

Vários jornais surgiram conforme mostra o quadro abaixo:

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Quadro 01. Jornais. Fonte: SILVA, 1988.

Jornal Data de início

Onde era impresso Data do término O Homem 13/01/1876 Tipografia Correio do Recife 30/03/1876 Jornal da

Tarde

22/05/1885 Rua das Laranjeiras, nº 18, Recife-PE

07/06/1885 O

Abolicionista

20/06/1883 Tipografia Universal, à Rua do Imperador, nº 50, Recife-PE

20/07/1883 A Tribuna 08/09/1881 Tipografia Central à Rua do

Imperador, nº 73, Recife-PE

30/09/1885 América

Ilustrada

06/07/1871 Tipografia Americana à Rua Duque de Caxias, nº 9

01/05/1886 Folha do

Norte

19/04/1883 in folio na Rua das laranjeiras 30/07/1884 O Rebate 01/05/1883 Tipografia Mercantil, na Rua das

Trincheiras, nº 50.

10/11/1889 O Recife 12/01/1888 Rua das Flores, nº 24 23/01/1888 O Binóculo 19/11/1881 Rua Duque de Caxias, nº 42,

depois passou a ser impresso na Rua Estreita do rosário, nº 18, 1º andar.

1898

O Artista 01/04/1888 Rua Direita, nº 98 18/03/1891 Jornal do

Recife

01/01/1859 Tipografia Acadêmica, Rua do Colégio, nº 21. Em 29 de

setembro de 1860 foi transferido para oficinas próprias, na Rua da Aurora, nº 54.

08/01/1938

A Academia 13/05/1888 Tipografia Econômica Único. A Exposição 10/07/1887 Tipografia Central, à Rua do

Imperador, nº 73

10/07/1888 Seis de

Outubro

15/03/1883 Tipografia Universal 1889 A Província 06/09/1872 Tipografia do Comércio à Rua

do Queimado, nº 50 (atual Duque de Caxias)

04/06/1933

A República 14/07/1887 Tipografia Industrial à Rua do Imperador, nº 75

03/11/1888 Lanterna

Magica

20/01/1882 Tipografia Mercantil e depois de alguns meses passou à Rua do Rangel, nº 16, 1º andar onde funcionava a litografia de Epaminondas Mariano de Souza Gouveia

20/09/1909

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De acordo com Oliveira (1986), em 15 de janeiro de 1916 circulou pela primeira vez o jornal Imprensa Oficial, destinado à divulgação dos atos do Executivo, com oficinas gráficas funcionando em uma sala do antigo Ginásio Pernambucano (Rua da Aurora), quando circulou pela última vez em agosto de 1920. Então o jornal Diário do Estado o sucedeu em 29 de março de 1924, com oficinas nas dependências da antiga Casa de Detenção, na Rua Floriano Peixoto, composto em linotipos, impresso em máquina plana Heidelberg. Em 1967, o governador Nilo de Sousa Coelho, resolve criar o CEPE – Companhia Editora de Pernambuco, em 01 de dezembro de 1967, firmando a empresa gráfico-editora oficial do Estado, funcionando em prédio próprio à Rua Coelho Leite, nº 530, em Santo Amaro, dotada de um parque gráfico que era uma das mais completas do país. Enquanto a tipografia em Recife já estava bem instalada e avançada, na cidade de Caruaru no período do século XIX a tipografia começava a se firmar tomando seus próprios rumos.

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6. Tipografia em Caruaru

A imprensa inicialmente era voltada à política, mas depois de algum tempo começou a se produzir jornais voltados à outras visões. É nesse período que a tipografia chega a Caruaru, quando a imprensa já tinha deixado de ser exclusivamente política, para ser também jornalística profissional. Fez parte do grande avanço cultural o caruaruense Belarmino Maria Austregésilo Augusto de Ataíde, no período pós-República (MACHADO, 2010).

Segundo Nascimento (1986), o primeiro jornal que surgiu em Caruaru foi O VIGIA, no dia 23 de abril de 1899, impresso em tipografia própria que tinha como gerente Horácio Silva. Vários exemplares não existem mais para a comprovação de quando deixou de circular, assim não se pode afirmar, mas as últimas edições disponíveis d´O Vigia datam 14 de dezembro de 1901. Na mesma tipografia foi impresso O Corypheu, publicado em 15 de novembro de 1900. O Vigia saindo de circulação foi substituído pelo jornal O Caruaruense em 24 de dezembro de 1901. Em 26 de setembro de 1908 esta empresa adquiriu novas fontes de tipo melhorando o aspecto gráfico e mudou-se para a Rua 15 de novembro, nº 9, onde encerrou sua circulação no dia 20 de dezembro de 1919, atingindo o número 52. Muitas outras tipografias surgiram com impressões dos jornais que cada vez mais tomavam conta da cidade, como mostram os exemplos abaixo:

 Tipografia d´O Caruaruense - Rua Vigário Freire, 24. - O Espinho (início: 30/11/1902)

- O Progresso (início: 10/07/1903 | término: 20/11/1903) - O Bohemio (início: 01/11/1908)

- O Gato (início: 16/05/1909 | término: 20/06/1909) - O Direito (início: 15/10/1916 | término: 10/12/1916)

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 Tipografia de M. Freitas & Azevedo - Rua 15 de Novembro, 10.

- O Bloco (início: 01/12/1907)

- O Grêmio (início: 21/03/1909 | término: 28/06/1909) - A União (início: 15/09/1912 | término: 05/01/1936) - O Ideal (início: 01/01/1916 | término: 27/10/1917) - O Mentor (início: Julho/1911 | Término: 23/06/1912)

 Tipografia Cinco de Novembro - Rua Vigário Freire, 8. Posteriormente mudou-se para a mesma rua no número 68.

- Cinco de Novembro (início: 14/02/1914 | término: 19/05/1931).

 Tipografia Electro-Primor de Freitas & Azevedo - Rua 15 de Novembro, 23.

- De Tudo Eu Sei (início: 27/04/1919 | Término: 14/09/1919)

- O Ephemero (início: 28/11/ 1919 | término: 27/02/1921)

 Tipografia/Livraria A Primavera de Francisco Vasconcelos - Rua 15 de Novembro, 33.

- Elite (início: Janeiro/1924)

- Caruaru-Jornal (início: 05/08/1928 | término: Janeiro/1929 – depois reapareceu em 03/08/1935, impresso na Tipografia São José).

- Gazeta Caruaru (início: 28/03/1931 | término: 13/02/1932)

 Tipografia d´Voz de Caruaru - Rua Vigário Freire, 68. - Voz de Caruaru (início: 23/06/1931 | término: 03/10/1931)

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 Tipografia Martins, situada primeiramente à Rua Vigário Freire, 174, mudou-se para a Rua do Comércio, 299, e depois para o número 134.

- Jornal de Caruaru (início: 03/08/1929 | término: 01/03/1953)

- A Defesa (05/06/1932, e em 05/06/1934, mudou-se para a Tipografia São José | término: 25/12/1954) - A Revista do Agreste (início: 15/08/1949)

- Município (início: Julho/1950 | término: 03/02/1951) - Jornal dos Novos (início: Novembro/1950 | término: Março de 1951)

- Ganga (início: Janeiro/1951 | término: Fevereiro/1951)

- Agreste Esportivo (início: 08/08/1951) - Gazeta Literária (1951-1954)

- O Aciano (início: Setembro/1952) - O Abé (início: 13/11/1954)

 Tipografia d´O Vanguarda - Rua Vigário Freire, 171, em 1935 mudou-se para a Rua 15 de Novembro, 111, atualmente funciona Rua Francisco Joaquim, 181, Bloco B no Maurício de Nassau.

- Gazeta do Commercio (início: Maio/1930), em 17/06/1938, passa a ser impresso na Tipografia Moderna)

- Vanguarda (01/05/1932 e prossegue até os dias atuais, comemorando neste ano 80 anos de jornalismo ininterrupto)

- O Catequista (início: 15/11/1933)

- O Libertário (início: 27/05/1934 | término: 24/06/1934) - A Reação (início: 06/10/1934)

- O Momento (início: 03/08/1935, v. único) - Avante (início: 05/01/1936, v. único) - A Mocidade (início: 14/06/1936, v. único)

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- Álbum Revista de Caruaru (1937)

- A Voz do Artista (início: 03/10/1937, v. único) - Folha Acadêmica (início: 11/08/1938)

- O Farol (início: 09/06/1940 | término: 09/11/1945) - Euterpe Jornal (início: 22/03/1946)

- O Ditador (início: 04/10/1947 | término: 20/08/1947)

 Tipografia Leite & Silva - Rua Vigário Freire, 209. - O Pororoca (início: 24/10/1931 | término: 08/07/1934) - 15 de Abril (início: 15/04/1932 | término: 15/04/1939) - Colunas (início: 01/05/1933, inovou colocando o clichê do cabeçalho em sentido vertical | término: 07/01/1934)

- O Imparcial (início: 21/08/1933 | término: 05/11/1933) - Ano Novo (início: 01/01/1934, v. único)

 Tipografia São José – Rua Vigário Freire, 09. - Alfinete (início: 11/02/1934)

- Gazeta Acadêmica (início: 27/05/1934) - O Radium (início: 17/08/1934)

- O Rádio (início: 11/11/1934)

- O Braço Verde (início: 04/08/1935 | término: 07/09/1935)

- Roseiral (início: 29/09/1935)

- Aveloz (início: 27/10/1935 | término: 02/02/1936) - Cabocla (início: 31/12/1936 | término: 06/06/1937) - O Ginasial (início: 21/05/1939 | término: 27/08/1939)

 Tipografia Moderna – Rua Vigário Freire, 62. - A Razão (início: 07/11/1937)

- O Passo (início: 12/02/1938)

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 Tipografia Brasil – Rua 15 de Novembro, 33. - O Torpedo (início: 31/12/1941)

- O 7 de Setembro (início: 10/05/1949) - O Disco Voador (início: 24/12/1954) - O Bombacha (início: 31/12/1954)

 Tipografia Estudantil

- Agreste (início: 18/05/1946 | término: 26/10/1946)

 Gráfica Oliveira – Rua Vigário Freire, 248. - O Amigo da Onça (início: 27/12/1948).

É notável a falta de informação sobre impressos comerciais a cerca da tipografia Caruaruense. Visto que poucos autores falam sobre o assunto e mesmo assim, voltados aos impressos jornalísticos. Mas essas tipografias citadas à cima compõem o cenário tipográfico da cidade, podendo ser consideradas também como comerciais.

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METODOLOGIA

A estrutura do presente trabalho está representada basicamente pelo mapa mental (Figura 26) a seguir, onde o objeto de estudo, a tipografia, é base de todo o processo, na cor azul e verde os principais eixos da fundamentação teórica, na cor rosa as entrevistas que deverão ser utilizadas para obtensão dos dados, e na cor lilás, a coleta de dados.

Figura 26. Mapa mental.

Fonte: Criado pela autora deste projeto para aula de PGD1.

7. Métodos de pesquisa

Ruiz (1985, p. 131) descreve método como “o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade”.

Os métodos utilizados visam compreender como algumas tipografias marcaram a história na cidade de Caruaru, buscando relatos de pessoas ou parentes que a vivenciaram e que possa fornecer alguma contribuição para esta pesquisa. Caracteriza-se uma pesquisa de teor analítico.

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7.1. Abordagens e procedimentos

Esta pesquisa parte de conceitos ditados pelos participantes, para deduzir-se a história. Desta forma o estudo pode ser caracterizado como de natureza Dedutiva. Lakatos (2001) descreve uma pesquisa de natureza dedutiva como sendo um estudo que parte de conceitos gerais, teorias e leis, para aplicações em fenômenos particulares, assim fazendo uma conexão descendente.

Para o presente estudo foi utilizado o método de procedimento histórico, porque vai buscar a história da tipografia na cidade, constituindo uma análise diacrônica. Segundo Lakatos (2010, p. 89), “o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje”.

7.2. Técnicas de pesquisa

A técnica utilizada foi entrevista, que segundo Lakatos (2010), descreve como um encontro de duas pessoas, a fim de que uma delas conceda a outra, informações sobre um determinado assunto normalmente de cunho social. O tipo da entrevista é semi-estruturada, onde de acordo com Lakatos (id.) o entrevistador tem liberdade para direcionar as perguntas a fim de explorar o máximo possível do entrevistado.

7.3. Participantes

Para realizar as entrevistas foi necessária uma amostragem de entrevistados de acordo com sua relevância na história da tipografia em Caruaru. Para isso foi feita uma pesquisa com 10 pessoas que vivem no ramo tipográfico em Caruaru a fim de responder a seguinte pergunta: “Cite duas gráficas que

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você apontaria como a principal ou pioneira no ramo tipográfico em Caruaru que possa ser entrevistada”. Foi elaborada uma tabela abaixo, que colhe os principais dados como nome, o tempo de atividade no ramo e as respectivas respostas. Gráficas citadas Participantes Gráfica Estudantil Gráfica Wilson Gráfica Comercial Gráfica A Defesa Gráfica do Abrigo Wilson Américo 53 anos de gráfica x x Natanael Bezerra 28 anos de gráfica x x Mário Queiroz

38 anos no ramo gráfico

x x

Paulo Gomes 30 anos de gráfica

x x

Sílvio Alves

30 anos no ramo gráfico

x x Paulo Brito 45 anos de gráfica x x Zenildo Trajano 30 anos de gráfica x x Luiz Romário

48 anos no ramo gráfico

x x

Flávio Pontes 32 anos de gráfica

x x

Maurílio Queiroz 30 anos no ramo gráfico

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Como resultado obteve-se os seguintes participantes: Nome: Ivan Galvão

Empresa: Gráfica Estudantil - Apontada como percussora no ramo, e principal disseminadora da tipografia por Caruaru. -Iniciou em 1942.

Nome: Luiz Gonzaga Filho Empresa: Gráfica Comercial - Citada como principal gráfica na década de 60.

- Iniciou em 1963.

Nome: Wilson Américo Empresa: Gráfica Wilson - Importante personagem na tipografia Caruaruense,

participando ativamente em boa parte da história.

- Iniciou em 1970.

7.4. Ferramentas/instrumentos

Para a realização das entrevistas, foi utilizada uma câmera digital ·marca Nikon, modelo L 110. Um gravador de voz marca Sony, modelo IC RECORDER (ICD P630F). Dois microfones de lapela marca Le Son, modelo ML-70.

7.5. Modelagem de entrevista

Para nortear a entrevista e padronizar as perguntas, foi elaborado um primeiro roteiro de entrevista (Apêndice 1), juntamente com o orientador responsável, contendo dados pessoais do representante e da empresa, como nome, idade;

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perguntas impulsionando a contar a história da gráfica e de como se estabeleceu, desenvolveu e extinguiu o sistema tipográfico; Opiniões sobre o pioneirismo da tipografia em Caruaru, com o objetivo de obter o maior número de informação sobre a empresa e sua trajetória no período em que se utilizava do sistema tipográfico como principal meio de sobrevivência.

Quando realizada a entrevista com o Sr. Wilson Américo, pôde-se constatar alguns problemas de ordem das perguntas. Então foi montado outro modelo de entrevista (Apêndice 2). Com o decorrer das entrevistas percebeu-se que aquele roteiro serviria apenas de base para a entrevista, pois como houve interferência do entrevistador, concluindo um diálogo e não um questionário seria inevitável em algum momento, o entrevistador precisar mudar a ordem de alguma pergunta, ou ainda fazer outras perguntas que não estavam programadas.

7.6. Entrevistas

As entrevistas foram realizadas no escritório de cada entrevistado em horário e data marcada, conforme acordado entre as partes. Tomou-se uma direção informal e cordial. Após cada entrevista foi solicitado ao entrevistado assinar uma autorização de divulgação dos dados. Posteriormente foram transcritas de forma digitada, preservando a originalidade dos dados fornecidos. As transcrições encontram-se no Apêndice 3.

7.7. Coleta de dados

Para enriquecer as informações cedidas nas entrevistas, ao término de cada uma delas, foram solicitados a cada entrevistado, documentos que ilustrassem qualquer dado sobre a tipografia daquele período, exemplo as Figura 27 e 28.

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Figura 27. Panfletos da Oficina e Fundição Agreste, panfleto da Tipografia Caruaru juntamente com outras empresas, panfleto da Livraria, Tipografia e Papelaria Conceição, panfleto da Livraria Tipografia Brasil. Fonte: Gráfica Estudantil.

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Junto à JUCEPE (Junta Comercial de Pernambuco) obtiveram-se informações sobre várias gráficas, em especifico as gráficas em estudo. Os registros encontrados são:

NIRE26200558163 CNPJ24.339.384/0001-30

NomeINDUSTRIA GRAFICA S GALVAO LTDA EndereçoRUA DUQUE DE CAXIAS, 62 BairroCENTRO | CidadeCARUARU

SituaçãoREGISTRO ATIVO | CapitalR$ 130.000,00 Constituição04/05/1989

883.452.384-91

ELISABETE MARIA TORRES GALVAO 811.586.534-68

IVAN JOSE DE CARVALHO GALVAO JUNIOR

NIRE26201214824 CNPJ03.658.395/0001-02

NomeGRAFICOM GRAFICA E EDITORA LTDA ME EndereçoRUA PORTO ALEGRE, 41

BairroCENTRO | CidadeCARUARU

SituaçãoREGISTRO ATIVO | CapitalR$ 30.000,00 Constituição22/02/2000

446.227.834-87

FLAVIO LUIZ PONTES 239.213.154-68

MARIA DO SOCORRO DE SOUZA PONTES

Junto à Receita Federal, os seguintes registros foram encontrados:

Figura 29. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do estabelecimento da Gráfica Estudantil. Fonte: Receita Federal.

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Figura 30. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do estabelecimento Gráfica Comercial – Graficom segundo registro. Fonte: Receita Federal.

Figura 31. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do estabelecimento da Gráfica Comercial - primeiro registro. Fonte: Receita Federal.

Junto ao Sindicato das Gráficas (Situada à Rua Capitão Lima, 116 B. Santo Amaro, Recife, Pernambuco), foram encontrados registros de todas as gráficas analisadas, porém não há a data de registro no sindicato. A pessoa responsável pelo setor informou que na passagem dos dados das empresas dos papéis para o computador essa informação ficou perdida.

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De acordo com o documento fornecido, há atualmente 40 gráficas cadastradas junto ao Sindicato. Esse documento não pode ser divulgado por ordens do Sindicato.

Junto ao SINTEGRA (Sistema Integração de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços), foi possível confirmar a informação da data de abertura da Gráfica Comercial.

Figura 32. Consulta pública ao Cadastro do Estado de Pernambuco da Gráfica Comercial. Fonte: SINTEGRA.

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RESULTADOS - A personalidade da tipografia local 8. Apontamentos sobre a história gráfica Caruaruense

Caruaru conheceu a informação através dos senhores fazendeiros que se utilizavam do sistema impresso como meio de comunicação e serviços políticos. Com o avanço da cidade a tipografia encontrou seu lugar, e deixou de ser exclusivamente política para ser também jornalística. Assim, no século XVIII começaram a surgir os jornais, como por exemplo, O Vigia datado de 1899, abarcando a imprensa repercutindo seus ideais.

Cada vez mais Caruaru conhecia o desenvolvimento, crescia o número de comércios em geral e junto com essa concorrência aumentava a necessidade de impressos comerciais, como o cartaz, o panfleto, cartão de visita, talão de pedido, entre outros. Os jornais abriam espaço em suas colunas para anúncios comerciais e as tipografias começaram a aparecer em maior número. No século XIX tipografias como a Caruaru, a Brasil e a Conceição, já eram maior parte comerciais. A respeito dessas gráficas vale a pena ressaltar algumas curiosidades como também revelar inconsistências.

A Tipografia Brasil aparece no livro História da Imprensa de Pernambuco de Luiz do Nascimento como situada à Rua 15 de Novembro, nº 33. Todavia o panfleto impresso pela própria tipografia encontrado na coleta de dados e reproduzido na página 45 deste trabalho, Fig. 27, mostra a mesma situada à Trav. 15 de Novembro, nº 30.

Uma curiosidade foi apontada pelo panfleto impresso na Tipografia Caruaru, reproduzido na página 45 deste trabalho, Figura 27, no qual consta o nome do proprietário impresso como Sr. Mário Alves da Costa. Porém o Sr. Luiz Gonzaga Filho, um dos entrevistados, afirma que seu pai dono da Tipografia Comercial, onde juntos trabalharam, teve

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duas famílias, uma que vivia com ele aqui em Caruaru tomando conta da gráfica Comercial e a outra de fora. Com sua morte a gráfica teve que ser dividida e a “família de fora” comprou a parte da família de Luiz Gonzaga Filho, ficando dona da Gráfica Comercial que existe até hoje. O Sr. Gonzaga Filho, juntamente com sua irmã, empregou o dinheiro montando outra gráfica que se chama Gráfica Caruaru.

Pessoas próximas a este personagem do ramo gráfico, como o Sr. Wilson Américo, respondeu que provavelmente aquela tipografia era outra que existiu há muito tempo atrás. Seria ela a tipografia que o Jornal Vanguarda teria comprado para imprimir os jornais, instalando-se naquelas propriedades. Averiguando a história do Jornal Vanguarda, constata-se que provavelmente tudo não passa de uma coincidência, pois no referido panfleto a Tipografia Caruaru era situada à Rua Sete de Setembro, nº 30. O Jornal Vanguarda, quando em propriedade do grupo Lyra, ficava também na Rua Sete de Setembro, mas no nº 62.

Muito acontecia de o proprietário falecer ou falir e a família não sabendo lidar com o ramo, ou por outros motivos, vendia as tipografias para outras pessoas, que assim davam continuidade ao processo tipográfico na cidade.

Desse modo aconteceu com a Gráfica Estudantil. Em 1944 Dr. Galvão comprou uma pequena tipografia de Palmares e a montou nos fundos da sua livraria, situada na Av. Duque de Caxias, nº 07, Centro, onde a porta da gráfica abria para o conhecido “Beco da Pequena de Ouro”. Em meados de 1959 Dr. Galvão recebeu uma oferta para comprar a tipografia Leite & Silva do Sr. Ariberto Torres que estava fechando. Esta gráfica é apontada pelos livros como a tipografia jornalística onde foram impressos os jornais: O Pororoca em 1931, 15 de Abril em 1932, Colunas em 1933, O Imperial em 1933 e Ano Novo em 1934. O acordo de compra

Referências

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