O uso da ferramenta do gerenciamento de projetos na administração pública, ainda é muito incipiente. Em que pese a adoção mais ou menos generalizada do Planejamento Estratégico na gestão pública, o que se verifica, regra geral, é a gestão de projetos como empreendimentos individuais, e não como resultado de uma política de gestão.
Excetuando as grandes empresas estatais, publicas e de economia mista, constata-se que na administração pública direta e indireta, em especial nas autarquias e órgãos prestadores de serviços, ainda existe pouca maturidade quanto à implementação efetiva de técnicas de gerenciamento mais modernas.
Quando praticado, o gerenciamento de projetos na administração pública é realizado de maneira não sistêmica, com uma base de informação precária e desenvolvimento limitado. Regra geral, quando definido um projeto, este tem o seu título confundido com o próprio escopo do projeto. O prazo é sempre determinante e para cumpri-lo e ignora-se a planilha de custos. Nem sempre o conjunto da organização está comprometida com o projeto e estes são realizados sem controle e indicadores. Praticamente, não existe um Plano Sumário de Projeto e as lições aprendidas não são sistematizadas. Se o gerente de projetos não é o gerente funcional menor ainda é a chance de sucesso do projeto.
Há que se considerar como condicionantes dessa situação os limites dados pela natureza jurídica da organização pública, bem como a baixa profissionalização e capacitação de seus quadros técnicos e gerenciais, herança do velho/novo serviço público, que têm rotatividade elevada. Quase sempre, cargos preenchidos por indicações políticas ou comissionados por tempo pré-determinado, o que acarreta a descontinuidade dos projetos.
A administração moderna, porém, que tem como base o Planejamento Estratégico como instrumento de gestão, para garantir a implementação dos seus objetivos estratégicos precisa que o planejamento seja transformado num conjunto de objetivos ligado entre si e em planos de ação e projetos. Portanto, para o sucesso da implementação do Planejamento Estratégico, nas
organizações públicas, e, claro, também nas organizações privadas, uma satisfatória gestão por projetos é fundamental.
A solução passa por mudanças na cultura da organização, bem como pela busca de uma metodologia de gerenciamento de projetos que propicie uma visualização perfeita do que é o projeto; que facilite a comunicação entre os envolvidos diretamente no trabalho realizado; que busque de um comprometimento do grupo em torno do objetivo final.
Finalmente, não menos importante é a postura dos gestores públicos no zelo pelos preceitos éticos estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal, em especial a busca da eficiência e da eficácia, que significa que o administrador público deve estar receptivo às demandas dos cidadãos, usuários e contribuintes por serviços de qualidade que atendam aos seus anseios e necessidades.
O gerenciamento de projetos vem, pois, preencher uma lacuna na gestão pública contribuindo decisivamente para o sucesso da administração.
No entanto, o limite deste trabalho aponta para a necessidade de se desenvolver pesquisas e estudos para as alternativas de “como fazer” o gerenciamento de projetos no âmbito das organizações públicas.
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