O nosso objetivo nesta monografia foi descrever a classe dos verbos instrumentais no PB e propor uma representação lexical para a mesma utilizando a linguagem de decomposição em predicados primitivos. Todos os verbos instrumentais compartilham a propriedade de apresentar o nome de um instrumento em seu radical verbal. Entretanto, como vimos, certos verbos, como abanar, regar e remar, aceitam outro instrumento, que não seja aquele contido em seu radical, como adjunto. Para verbos deste tipo, propomos, baseadas na ideia de Harley (2005) e Harley e Haugen (2007), a seguinte estrutura com a seguinte paráfrase: [XVOLITION AFFECT <MANNER>Y] / o X, volitivamente, afeta, abanando/regando/remando, o Y.
Tendo separado esses verbos em uma pequena classe, outra diferença existente entre os verbos considerados como instrumentais é em relação a verbos do tipo acorrentar e algemar, de um lado, e verbos do tipo alfinetar e martelar, do outro. Os primeiros pertencem à classe dos verbos de locatum e acarretam que o instrumento fica no argumento interno do verbo, ou seja, quando dizemos uma sentença como o guarda algemou o bandido, esta acarreta que o bandido ficou com algemas. A estrutura de predicados primitivos proposta por Cançado, Godoy e Amaral (no prelo) para essa classe verbal é a seguinte: [[XVOLITION] CAUSE BECOME Y WITH <THING>]].
O mesmo não ocorre para verbos como alfinetar e martelar, isto é, eles não acarretam que o instrumento fica no argumento interno. Por isso, esses verbos pertencem há uma classe composta por 24 verbos que compartilham as mesmas propriedades semânticas e os mesmos comportamentos sintáticos, a saber: todos eles possuem o aspecto lexical de atividade, não licenciam a alternância causativo-incoativa em sua forma intransitiva e nem ocorrem na forma intransitiva com o objeto apagado; aceitam a forma passiva; só aceitam um instrumento como adjunto se este for um PP cognato ou um hipônimo; alguns realizam a forma reflexiva, dependendo da animacidade do seu argumento interno (Godoy, 2012). A estrutura argumental e a paráfrase para essa classe é [X VOLITION AFFECT WITH <THING> Y] / o X, volitivamente, afeta, com coisa, o Y. O fato de o nome contido no verbo ser ou não um instrumento é uma propriedade idiossincrática da raiz, já que outros verbos também lexicalizam instrumentos (alguns verbos de locatum, como acorrentar e algemar), fazendo com que esta não seja uma propriedade relevante para a sintaxe.
Assim, nossa principal conclusão é de que não há uma classe unitária dos verbos instrumentais no PB e que este é apenas um rótulo para chamar atenção para o fato de alguns
verbos terem o nome de um instrumento em seu radical. Há pelo menos três classes distintas dentro deste rótulo mais amplo: a classe dos locatum, a dos verbos com a estrutura [XVOLITION
AFFECT <MANNER>Y] e a classe dos verbos que apresentam a estrutura [X VOLITION AFFECT
WITH <THING> Y]. Visto isso, acreditamos, com o presente trabalho, termos contribuído para a descrição semântica dos verbos do PB e para o estudo teórico dos predicados primitivos como linguagem de representação semântica.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, D. Projeto de dissertação de Mestrado. POSLIN/UFMG, 2010.
BORBA, F. (Coord.) Dicionário gramatical de verbos do português contemporâneo. 2. ed. São Paulo: Editora da Unesp, 1990.
CANÇADO, M. Posições argumentais e propriedades semânticas. D.E.L.T.A, v. 21, n. 1, p. 23-56, 2005.
CANÇADO, M. Argumentos: complementos e adjuntos. ALFA, v. 53, n. 1, p. 35-59, 2009.
CANÇADO, M. Verbal alternations in Brazilian Portuguese: a lexical semantic approach. Studies in Hispanic and Lusophone Linguistics, v. 3, n. 1, p. 77-111, 2010.
CANÇADO, M.; AMARAL, L. Representação lexical de verbos incoativos e causativos no português brasileiro. Revista da Abralin, v. 9, n. 2, p. 123-147, 2010.
CANÇADO, M.; GODOY, L. Representação Lexical de Classes Verbais do PB. ALFA, v. 56, n. 1, p. 109-135, 2012.
CANÇADO, M.; GODOY, L. e AMARAL, L. Predicados primitivos, papéis temáticos e aspecto lexical. Revel, v, 11, n. 20, 2013.
CANÇADO, M.; GODOY, L.; AMARAL, L. Catálogo de verbos do português brasileiro: classificação verbal segundo a decomposição de predicados. Parte I - Verbos de mudança. (no prelo).
CANN, Roney. Formal semantics: an introduction. Cambridge University Press, 1993.
CLARK, E. V.; CLARK, H. H. When nouns surface as verbs. Language, v. 55, p. 767-811, 1979.
DOWTY, D. Word Meaning and Montague Grammar. Dordrecht: D. Reidel, 1979.
DOWTY, D. Thematic proto-roles and argument selection. Language, v. 67, n. 3, p. 547-619, 1991.
GODOY, L. A reflexivização no português brasileiro e a decomposição semântica de
predicados. 2012. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte, 2012.
HALE, K.; KEYSER, S. Prolegomenon to a theory of argument structure. Cambridge: MIT Press, 2002.
HARLEY, H. How do verbs get their names? Denominal Verbs, Manner Incorporation and the Ontology of Verb Roots in English. In: ERTESCHIK-SHIR, N.; RAPPOPORT, T. The Syntax of Aspect. Oxford: Oxford university Press, p. 42-64, 2005.
HARLEY, H; HAUGEN, J. Are there really two classes of instrumental denominal verbs in English? Snippets 16, p. 6-7, 2007.
HORROCKS, G.; STAVROU, M. Morphological Aspect and the Function and Distribution of Cognate Objects Across Languages. In: RAPPAPORT HOVAV, M.; DORON, E.;SICHEL, I. Lexical Semantics, Syntax, and Event Structure. Oxford: Oxford University Press, p. 284-308, 2010.
JACKENDOFF, R. Semantic Interpretation in Generative Grammar. Cambridge: MIT Press, 1972.
JACKENDOFF, R. Semantic structures. Cambridge: MIT Press, 1990.
LAPORTE, É. Exemplos atestados e exemplos construídos na prática do léxico-gramática. Revista (Con)textos Lingüísticos, v. 2, p. 26-51, 2008.
LEVIN, B. English Verb Classes and Alternations: A Preliminary Investigation. Chicago: University of Chicago Press, 1993.
LEVIN, B.; RAPPAPORT HOVAV, M. The Lexical Semantics of Verbs of Motion: The Perspective from Unaccusativity. In: ROCA, I. Thematic Structure: Its Role in Grammar. Berlin: Foris, p. 247-269, 1992.
LEVIN, B.; RAPPAPORT HOVAV, M. Unaccusativity: at the syntax lexical semantics interface. Cambridge: MIT Press, 1995.
LEVIN, B; RAPPAPORT-HOVAV, M. Argument Realization. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
McCAWLEY, J. The role of semantics in a grammar. In: BACH, E.; HARMS, R. (Eds.) Universals in Linguistic Theory. New York: Holt, Rinehart & Winston, p. 124-169, 1968.
MARANTZ, A. On the nature of grammatical relations. Cambridge: MIT Press, 1984.
MORGAN, J. L. On Arguing about semantics. Papers in linguistics, v.1, p. 49-70, 1969.
PEREIRA, R. A. Unidade e diversidade semântica dos verbos derivados em português. Verba, Anuario Galego de Filoloxía, Vol. 36, p. 15-46, 2009.
PINKER, S. Learnability and Cognition: The acquisition of argument structure. Cambridge: MIT Press, 1989.
RAPPAPORT HOVAV, M; LEVIN, B. Building Verb Meanings, in M. Butt and W. Geuder, eds., The Projection of Arguments: Lexical and Compositional Factors, CSLI Publications, Stanford, CA, p. 97-134, 1998a.
RAPPAPORT HOVAV, M; LEVIN, B. Reflections on Manner/Result Complementarity, in E. Doron, M. Rappaport Hovav, and I. Sichel, eds., Syntax, Lexical Semantics, and Event Structure, Oxford University Press, Oxford, UK, p. 21-38, 2010.
ROSS. J. R. Adjectives as noun phrases. In: REIBEL, D.; SCHANE, S. Modern studies in English. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1969.
SALLES, H.; NAVES, R. O estatuto da preposição com em construções com alternância sintática. Revista Polifonia, Cuiabá, n. 17, p. 9-27, 2009.
VAN VALIN, R. Advances in Role and Reference Grammar. Amsterdam: John Benjamins, 1993.
VAN VALIN, R. Exploring the Syntax-Semantics Interface. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
VENDLER, Z. Linguistics in Philosophy. Ithaca: Cornell, 1967.
WACHOWICZ, T. C.; FOLTRAN, M. J. Sobre a Noção de Aspecto. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n.48, v.2, p.211-232, 2006.
WUNDERLICH, D. Cause and the structure of verbs. Linguistic Inquiry, v. 28, n. 1, p. 27-68, 1997.
WUNDERLICH, D. Lexical Decomposition. In: HINZEN, W. et al. (Eds.) The Oxford handbook of compositionality. Oxford: Oxford University Press, 2009.
APÊNDICE: VERBOS INSTRUMENTAIS
[X VOLITION AFFECT WITH <THING> Y]
1. Açoitar: castigar com açoite – atividade
O João açoitou Maria. Testes apectuais:
- O João açoitou a Maria ?em 5 minutos / por 5 minutos/ 1 vez. - O João estava açoitando a Maria. (açoitou)
- O João parou de açoitar a Maria. (açoitou)
- O João quase açoitou a Maria. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- O João açoitou a Maria com um açoite de ferro. - O João açoitou a Maria intencionalmente. - O que o João fez foi açoitar a Maria. - O João foi lá e açoitou a Maria. - A Maria foi açoitada pelo João.
- *A brutalidade do João açoitou a Maria.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ O João açoitou, mas não açoitou nada/ ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *O João açoita sempre/ muito/ bem/ demais. - Voz passiva: A Maria foi açoitada pelo João.
Alternâncias:
- Incoativa: *A Maria (se) açoitou.
- Reflexiva: João se açoitou com um açoite de couro. - Passiva: A Maria foi açoitada pelo João.
- Intransitiva: *O João açoita todos os dias.
Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *O João açoitou a Maria com um açoite.
- O João açoitou a Maria com um açoite de couro. (PP cognato) - *O João açoitou a Maria com um pedaço de corda.
2. Alfinetar: picar com alfinete – atividade
Marcos alfinetou Joana. Testes aspectuais:
- Marcos alfinetou Joana ?em 5 minutos/ por 5 minutos/ 1 vez.
- Marcos estava alfinetando Joana quando Carlos entrou na sala. (alfinetou) - Marcos parou de alfinetar Joana. (alfinetou)
- Marcos quase alfinetou Joana. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- Marcos alfinetou Joana com um alfinete prata. - Marcos alfinetou Joana intencionalmente. - O que o Marcos fez foi alfinetar a Joana. - Marcos foi lá e alfinetou Joana.
- Joana foi alfinetada por Marcos.
- *O descuido de Marcos alfinetou Joana.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento Lexical: ╞ Marcos alfinetou, mas não alfinetou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *Marcos alfineta bem/ sempre/ de forma eficaz. - Voz passiva: A Maria foi alfinetada pelo Marcos.
Alternâncias:
- Incoativa: *A Joana (se) alfinetou.
- Reflexiva: Marcos se alfinetou com um alfinete de costura. - Passiva: Joana foi alfinetada pelo Marcos.
- Intransitiva: *Marcos alfinetou a semana toda. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *Marcos alfinetou Joana com um alfinete.
- Marcos alfinetou Joana com um alfinete enferrujado. (PP cognato) - Marcos alfinetou Joana com uma agulha. (hipônimo)
- *Marcos alfinetou Joana com um galho.
- ╞ Marcos alfinetou Joana, mas não usou um alfinete.
3. Anavalhar (mesmo que navalhar): golpear ou cortar com uma navalha. – atividade
O capoeira anavalhou o inimigo. Testes aspectuais:
- O capoeira anavalhou o inimigo *em 5 minutos / por cinco minutos/ 1 vez. - O capoeira estava anavalhando o inimigo. (anavalhou)
- O capoeira parou de anavalhar o inimigo. (anavalhou)
- O capoeira quase anavalhou o inimigo (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- O capoeira anavalhou o inimigo com a navalha mais afiada. - O capoeira anavalhou o inimigo ferozmente.
- O que o capoeira fez foi anavalhar o inimigo. - O capoeira foi lá e anavalhou o inimigo. - O homem foi anavalhado pelo capoeira.
- *A habilidade do capoeira anavalhou o inimigo.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ O capoeira anavalhou, mas não anavalhou nada/ ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *O barbeiro anavalha bem/ sempre/ com rapidez. - Voz passiva: O homem foi anavalhado pelo capoeira.
Alternâncias:
- Incoativa: *O barbeiro (se) anavalhou.
- Reflexiva: O barbeiro se anavalhou com uma navalha afiada. - Passiva: O homem foi anavalhado pelo capoeira.
- Intransitiva: *O capoeira anavalhou a semana toda. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *O capoeira anavalhou o inimigo com uma navalha.
- O capoeira anavalhou o inimigo com uma navalha muito afiada. (PP cognato) - ?O capoeira anavalhou o inimigo com uma faca. (hipônimo)
- *O capoeira anavalhou o inimigo com uma tesoura.
- ╞ O capoeira anavalhou o inimigo, mas não usou uma navalha.
4. Apedrejar: atirar pedras contra - atividade
O povo apedrejou Maria Madalena. Testes aspectuais:
- O povo apedrejou Maria Madalena *em cinco minutos/ por cinco minutos/ *1 vez. - O povo estava apedrejando Maria Madalena quando o apóstolo chegou. (apedrejou) - O povo parou de apedrejar Maria Madalena. (apedrejou)
Testes de agentividade:
- O povo apedrejou Maria Madalena com britas. - O povo apedrejou Maria Madalena ferozmente. - O que o povo fez foi apedrejar Maria Madalena. - O povo foi lá e apedrejou Maria Madalena. - Maria Madalena foi apedrejada pelo povo. - *A fúria do povo apedrejou Maria Madalena.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ O povo apedrejou, mas não apedrejou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *O povo apedreja muito/ sempre/ ferozmente. - Voz passiva: Maria Madalena foi apedrejada pelo povo.
Alternâncias:
- Incoativa: *Maria Madalena (se) apedrejou. - Reflexiva: *Maria Madalena se apedrejou.
- Passiva: Maria Madalena foi apedrejada pelo povo.
- Intransitiva: *O povo apedreja desde o tempo de Jesus Cristo. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo:
- *O povo apedrejou Maria Madalena com pedras.
- O povo apedrejou Maria Madalena com pedras enormes. (PP cognato) - O povo apedrejou Maria Madalena com um punhado de britas. (hipônimo) - *O povo apedrejou Maria Madalena com um punhado de mamonas. - ╞ O povo apedrejou Maria Madalena, mas não usou nenhuma pedra.
5. Apunhalar: ferir com punhal. – atividade
Maria apunhalou o namorado. Testes aspectuais:
- Maria apunhalou o namorado * em 5 minutos / por 5 minutos/ 1 vez.
- Maria estava apunhalando o namorado quando a polícia chegou. (apunhalou) - Maria parou de apunhalar o namorado. (apunhalou)
- Maria quase apunhalou o namorado. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- Maria apunhalou o namorado com um punhal bem pontiagudo. - Maria apunhalou o namorado ferozmente.
- O que Maria fez foi apunhalar o namorado. - Maria foi lá e apunhalou o namorado. - O homem foi apunhalado por Maria.
- *A raiva de Maria apunhalou o namorado.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ Maria apunhalou, mas não apunhalou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *Maria apunhala sempre/ bem/ rapidamente. - Voz passiva: Carlos foi apunhalado pela Maria.
Alternâncias:
- Incoativa: *O namorado (se) apunhalou. - Reflexiva: Maria se apunhalou.
- Passiva: O homem foi apunhalado por Maria. - Intransitiva: *Maria apunhalou demais ontem. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *Maria apunhalou o namorado com um punhal.
- Maria apunhalou o namorado com um punhal de ferro. (PP cognato) - Maria apunhalou o namorado com uma faca. (hipônimo)
- *Maria apunhalou o namorado com uma tesoura.
- ╞ Maria apunhalou o namorado, mas não usou um punhal.
6. Arar: lavrar com arado. - atividade
O empregado arou o campo. Testes aspectuais:
- O empregado arou o campo em meia hora/ por meia hora/ *3 vezes. - O empregado estava arando o campo quando o patrão chegou. (arou) - O empregado parou de arar o campo. (arou)
- O empregado quase arou o campo. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- O empregado arou o campo com um arado de madeira. - O empregado arou o campo cuidadosamente.
- O que o empregado fez foi arar o campo. - O empregado foi lá e arou o campo.
- O campo foi arado pelo empregado da fazenda. - *O bom trabalho do empregado arou o campo.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ O empregado arou, mas não arou nada. (sentença contraditória- acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: O empregado ara todos os dias da semana. - Voz passiva: O campo foi arado pelo empregado.
Alternâncias:
- Incoativa: *O campo (se) arou. - Reflexiva: *O empregado se arou.
- Passiva: O campo foi arado pelo empregado da fazenda.
- Intransitiva: O empregado ara todos os dias da semana / O empregado arou muito esta semana.
Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *O empregado arou o campo com um arado.
- O empregado arou o campo com um arado de madeira. (PP cognato)
- O empregado arou o campo com um trator. (tem que ter um arado no trator) - ╞ O empregado arou o campo, mas não usou um arado.
7. Bombardear: lançar bombas ou projéteis contra - atividade
Israel bombardeou a Palestina. Testes aspectuais:
- Israel bombardeou a Palestina *em 5 minutos/ por 1 ano/ *1 vez. - Israel estava bombardeando a Palestina. (bombardeou)
- Israel parou de bombardear a Palestina. (bombardeou)
- Israel quase bombardeou a Palestina. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- Israel bombardeou a Palestina com bombas atômicas. - Israel bombardeou a Palestina ferozmente.
- O que Israel fez foi bombardear a Palestina. - Israel foi lá e bombardeou a Palestina. - A Palestina foi bombardeada por Israel. - *A fúria de Israel bombardeou a Palestina.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ Israel bombardeou, mas não bombardeou nada/ lugar algum. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *Israel bombardeou o ano inteiro. - Voz passiva: A Palestina foi bombardeada por Israel. Alternâncias:
- Incoativa:*A Palestina (se) bombardeou. - Reflexiva: Israel se bombardeou.
- Passiva: A Palestina foi bombardeada por Israel.
- Intransitiva: *Israel bombardeou muito no ano passado. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *Israel bombardeou a Palestina com uma bomba.
- Israel bombardeou a Palestina com bombas atômicas. (PP cognato) - Israel bombardeou a Palestina com mísseis. (hipônimo)
- *Israel bombardeou a Palestina com pedras.
- ╞ Israel bombardeou a Palestina, mas não usou bombas.
8. Carimbar: marcar com carimbo – atividade
Marta carimbou a folha. Testes aspectuais:
- Marta carimbou a folha em 2 minutos/ por cinco minutos/ 1 vez. - Marta estava carimbando a folha. (carimbou)
- Marta parou de carimbar a folha. (carimbou)
- Marta quase carimbou a folha. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- Marta carimbou a folha com um carimbo de borracha. - Marta carimbou a folha cuidadosamente
- O que Marta fez foi carimbar a folha. - Marta foi lá e carimbou a folha. - A folha foi carimbada por Marta.
- *A eficiência de Marta carimbou a folha.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ Marta carimbou, mas não carimbou nada/ ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *Marta carimba muito/ sempre. - Voz passiva: A folha foi carimbada por Marta.
Alternâncias:
- Incoativa: *A folha (se) carimbou. - Reflexiva: Marta se carimbou.
- Passiva: A folha foi carimbada por Marta. - Intransitiva: *Marta carimba todos os dias.
Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *Marta carimbou a folha com um carimbo.
- *Marta carimbou a folha com um pincel estourado. - ╞ Marta carimbou a folha, mas não usou um carimbo. 9. Chicotear: ferir, acertar com chicote. – atividade
O patrão chicoteou o empregado. Testes aspectuais:
- O patrão chicoteou o empregado *em 5 minutos/ por cinco minutos/ 1 vez. - O patrão estava chicoteando o empregado. (chicoteou)
- O patrão parou de chicotear o empregado. (chicoteou)
- O patrão quase chicoteou o empregado. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- O patrão chicoteou o empregado com um chicote de espinhos. - O patrão chicoteou o empregado ferozmente.
- O que o patrão fez foi chicotear o empregado. - O patrão foi lá e chicoteou o empregado. - O empregado foi chicoteado pelo patrão. - *A fúria do patrão chicoteou o empregado.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ O patrão chicoteou, mas não chicoteou nada/ ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno).
- Apagamento do objeto: *O patrão chicoteia muito/ bem/ sempre. - Voz passiva: O empregado foi chicoteado pelo patrão.
Alternâncias:
- Incoativa: *O empregado (se) chicoteou. - Reflexiva: O patrão se chicoteou.
- Passiva: O empregado foi chicoteado pelo patrão. - Intransitiva: *O patrão chicoteia toda tarde.
Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *O patrão chicoteou o empregado com um chicote.
- O patrão chicoteou o empregado com um chicote de espinhos. (PP cognato) - O patrão chicoteou o empregado com um pedaço de corda. (hipônimo) - *O patrão chicoteou o empregado com um pedaço de arame.
- ╞ O patrão chicoteou o empregado, mas não usou um chicote.
10. Encerar: passar cera sobre – atividade
Testes aspectuais:
- A empregada encerou o chão em 5 minutos/ por 5 minutos/ 1 vez. - A empregada estava encerando o chão. (encerou)
- A empregada parou de encerar o chão. (encerou)
- A empregada quase encerou o chão. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- A empregada encerou o chão com uma cera incolor. - A empregada encerou o chão cuidadosamente. - O que a empregada fez foi encerar o chão. - A empregada foi lá e encerou o chão. - O chão foi encerado pelo empregada. - *A eficiência da empregada encerou o chão.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ A empregada encerou, mas não encerou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno)
- Apagamento do objeto: *A empregada encera sempre/ de forma eficaz/ muito. - Voz passiva: O chão foi encerado pela empregada.
Alternâncias:
- Incoativa: *O chão (se) encerou. - Reflexiva: *A empregada se encerou.
- Passiva: O chão foi encerado pela empregada.
- Intransitiva: *A empregada encera todos os dia da semana. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo:
- *A empregada encerou o chão com cera.
- A empregada encerou o chão com cera incolor. (PP cognato) - *A empregada encerou o chão com graxa.
- ╞ A empregada encerou o chão, mas não usou cera.
11. Ensaboar: lavar com sabão – atividade
Miriam ensaboou o prato. Testes aspectuais:
- Miriam ensaboou o prato em 5 minutos/ por 5 minutos/ 1 vez. - Miriam estava ensaboando o prato. (ensaboou)
- Miriam parou de ensaboar o prato. (ensaboou)
Testes de agentividade:
- Miriam ensaboou o prato com sabão de coco. - Miriam ensaboou o prato cuidadosamente. - O que Miriam fez foi ensaboar o prato. - Miriam foi lá e ensaboou o prato. - O prato foi ensaboado por Miriam. - *A higiene de Miriam ensaboou o prato.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ Miriam ensaboou, mas não ensaboou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno)
- Apagamento do objeto: *Miriam ensaboa sempre/ de forma eficaz/ muito. - Voz passiva: O prato foi ensaboado por Miriam.
Alternâncias:
- Incoativa: *O prato (se) ensaboou.
- Reflexiva: Miriam se ensaboou durante o banho. - Passiva: O prato foi ensaboado por Miriam.
- Intransitiva: *Miriam ensaboa todos os dias da semana. Testes para mostrar o instrumento contido no verbo: - *Miriam ensaboou o prato com sabão.
- Miriam ensaboou o prato com sabão de coco. (PP cognato) - Miriam ensaboou o prato com detergente. (hipônimo) - *Miriam ensaboou o prato com espuma.
- ╞ Miriam ensaboou o prato, mas não usou sabão/ detergente.
12. Escovar: limpar, arranjar com a escova. – atividade
O João escovou o cabelo da irmã. Testes aspectuais:
- O João escovou o cabelo da irmã *em 5 minutos/ por 5 minutos/ 1 vez. - O João estava escovando o cabelo da irmã quando a mãe chegou. (escovou) - O João parou de escovar o cabelo da irmã. (escovou)
- O João quase escovou o cabelo da irmã. (sentença não ambígua) Testes de agentividade:
- O João escovou o cabelo da irmã com uma escova cor de rosa. - O João escovou o cabelo da irmã cuidadosamente.
- O que o João fez foi escovar o cabelo da irmã. - O João foi lá e escovou o cabelo da irmã. - O cabelo de Ana foi escovado pelo irmão.
- *O cuidado do irmão escovou o cabelo de Ana.
Testes para analisar se o objeto é argumento da estrutura ou da raiz:
- Acarretamento lexical: ╞ João escovou, mas não escovou nada/ninguém. (sentença contraditória: acarreta a presença de um argumento interno)
- Apagamento do objeto: *O João escova sempre/ de forma eficaz/ muito. - Voz passiva: O cabelo de Ana foi escovado pelo irmão
Alternâncias:
- Incoativa: *O cabelo da irmã (se) escovou. - Reflexiva: Ana se escovou durante o banho.