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Após a elaboração desta monografia concluímos que o aborto consiste na morte do embrião ou do feto onde há privação do nascimento e uma interrupção da expectativa de vida que se tem desse ser e também o aborto pode ser espontâneo (por causas múltiplas) ou provocado.

Temos previsão legal quanto à proibição de aborto na forma provocada no artigo 124 a 127 do Código Penal, porém temos uma excludente lícita no artigo 128, II do Código Penal quando o aborto provocado é realizado devido à concepção via estupro.

O feto que possui o diagnóstico de anencefalia, que consiste numa má- formação congênita, que atinge o cérebro, que é caracterizada pela ausência de encéfalo, e por isso este motivo há uma inviabilidade de vida extrauterina e por isso a gravidade da doença.

Diante deste quadro tão difícil para os pais de um feto anencéfalo, foi realizado um pedido ao Supremo Tribunal Federal em 2004, proposto pela CNTS - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde que propôs e foi aceito que não houvesse a criminalização nos casos de anencefalia, com antecipação terapêutica do parto (consideramos então aqui, que o feto portador da anencefalia, não possui uma expectativa de vida pós vida uterina, por isso não chamarmos de aborto e sim de antecipação terapêutico do parto), tal pedido foi realizado mediante a arguição de descumprimento de preceito fundamental.

Consideramos antecipação terapêutica do parto, devido à inviabilidade da vida, e a preservação da mãe deste feto, pois se sabe que apesar da doença atingir de forma considerável a parte do cérebro, a mutação genética que leva a essa doença também atinge outros órgãos, não sendo o cérebro o único órgão prejudicado.

Ainda durante a discussão da ADPF, foi levantado à possibilidade do uso dos órgãos deste feto para transplante, e ser uma das justificativas para se manter a gestação até o final, porém também desclassificado sob o argumento da inviabilidade desses órgãos, e o trauma a genitora, que carregaria um fardo de uma gestação apenas para o feto servir como doador.

Vale recordarmos que a ADPF, não veio para servir como uma permissão para se realizar um abortamento, apesar do entendimento do Sr. Ministro Gilmar

Mendes ter entendido que a interrupção do parto seria uma hipótese de aborto, porém com excludente de ilicitude, e sim para facilitar a vida da gestante que sofre com tamanho desgaste emocional e físico. Então, não estamos preservando e cuidando de uma vida em potencial portadora de direitos, mas sim de uma morte segura e preservando e cuidando da saúde da genitora.

Os parâmetros para a o diagnóstico da anencefalia foram solicitados que fossem estabelecidos pelo Conselho Federam de Medicina.

A grande preocupação em relação à ADPF, é que mesma seja utilizada em casos que se deva preservar uma vida em potencial, e que seus critérios sejam utilizados de forma inadequada.

Em relação, aos trabalhadores de saúde, cabe uma tarefa difícil, de comunicar, e explicar para essa genitora, a gravidade da doença e a possibilidade da antecipação terapêutica do parto. Para a nossa Justiça, coube mais uma vez legislar, devido à ausência de disposição em nosso ordenamento (que se revelam inúmeras vezes atrasado e idoso, perante as demandas do dia a dia), porém veio a facilitar para aquela gestante que opte pela antecipação a tranquilidade de não precisar ingressar no nosso Sistema Judiciário tão caótico e lento.

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