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ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO DOS MERCADOS DE AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL CONSIDERANDO CUSTOS DE TRANSAÇÃO

VARIÁVEIS

5. Considerações finais

O trabalho focou a caracterização do perfil e do comportamento dos consumidores de FLV na cidade de Tupã e a categorização dos equipamentos de varejo, propiciando uma visão ampla do assunto e um importante instrumento para tomadas de decisões futuras. As análises apresentaram um perfil de consumidor do sexo feminino, com o ensino médio completo, idade entre 35 e 44 anos, casada e com renda familiar entre 3 e 5 salários mínimos.

Esses consumidores gastam, em média, entre R$10,00 e R$20,00 a cada compra. O valor gasto é menor nos supermercados do que nas feiras, possivelmente pela possibilidade de irem mais vezes na semana ao primeiro, enquanto as feiras ocorrem apenas uma vez na semana. O mix de produtos oferecidos nos equipamentos de varejo de Tupã compreendem produtos tradicionais em quantidades maiores e pouco ou nada processados.

A principal contribuição dessa pesquisa está pautada na proposição de ações para fomentar o fortalecimento das feiras livres e a inserção do produtor local, proporcionando desenvolvimento econômico e social para os pequenos produtores, aumentando suas chances de sobrevivência em um ambiente cada vez mais competitivo. O entendimento das necessidades e hábitos dos consumidores de FLV foi fundamental para a proposição de ações que visam modernizar as feiras livres, tornando-as mais atraentes em termos de infraestrutura e produtos ofertados.

De maneira geral, as feiras livres necessitam de melhorias estruturais relacionadas ao ambiente (espaço físico) e melhorias ligadas, principalmente, à apresentação do produto. Essas melhorias devem focar aspectos como a higiene do

local, a praticidade, comodidade e conveniência, valorizando um ambiente agradável, e a qualidade dos produtos, atributos aos quais os consumidores se baseiam ao escolher o local de compra de FLV.

A baixa fidelidade dos consumidores às feiras livres evidencia a necessidade de buscar ações que valorizem as vantagens de se comprar nesses locais, quando comparados a outros equipamentos de varejo. Em Tupã, as feiras livres podem melhorar a estrutura, possibilitando maior comodidade para consumidores e produtores rurais, com a padronização das barracas, instalação de cobertura nas mesmas (para proteção do sol e da chuva), e instalação de banheiros químicos.

Uma forma de aumentar o consumo e garantir uma maior renda aos produtores rurais seria agregar valor aos produtos já comercializados, oferecendo produtos minimamente processados em maior quantidade e variedade, e utilizando embalagens menores, para atender consumidores que moram sozinhos. Essas estratégias beneficiariam tanto o vendedor, que agrega valor ao seu produto, obtém maiores lucros e atrai mais clientes, quanto o consumidor, que ganha em comodidade, praticidade e evita o desperdício.

A realização de uma feira no período noturno pode ser uma boa estratégia a ser adotada, pois se observou que um dos principais motivos para a compra de FLV em outros equipamentos de varejo é, além da disponibilidade diária, a flexibilidade de horários. Além disso, nesse período, a temperatura é mais amena e a visita à feira pode ganhar um caráter maior de lazer, o que pode conduzir a ações que mantenham o consumidor de FLV por mais tempo na feira.

Outras sugestões para o desenvolvimento das feiras livres são: a implantação do pagamento por meio de cartões de crédito, formas de pagamento já comum nos supermercados e no varejão, e a realização de cursos e treinamentos para que os feirantes possam aprimorar suas habilidades, no que diz respeito à organização da barraca e manipulação dos produtos, por exemplo.

Cabe considerar que a elaboração dessas propostas envolve certa subjetividade, sendo que a implementação das mesmas somente seria viabilizada com a concordância e participação efetiva dos agentes envolvidos – poder público, associações de produtores, produtores rurais e iniciativa privada.

2254 | ESADR 2013

18 Um indicativo da crescente importância das feiras livres tem sido o estabelecimento de associações, a exemplo da Nova Zelândia (Farmers Markets New Zealand), Austrália (Australian Farmers’ Markets Association), Canadá (Farmers Markets Canada), EUA (National Farmers Market Association) e Inglaterra (National Farmers’ Market Association). A maioria delas, sem fins lucrativos, são iniciativas comunitárias que auxiliam na troca de informações, na coordenação de políticas e na promoção das feiras livres por todo o país onde estão instaladas.

Além disso, o crescimento das feiras livres como canal alternativo de distribuição de FLV segue uma tendência mundial cuja preocupação está centrada na origem dos alimentos, confiança no fornecedor, atenção ao meio ambiente, produção artesanal, entre outros. Dois desses aspectos, registrados nessa pesquisa como influenciadores da escolha do local de compra - qualidade do produto e confiabilidade da procedência - são também destacados nos países que compõem a “nova geração” de feiras livres, conforme apontado por Guthrie et al (2006). Entretanto, o Brasil precisa desenvolver mecanismos institucionais para alavancar a presença, de fato, do produtor rural local nas feiras livres, e não apenas do feirante que adquire os produtos em centrais de abastecimento.

Além da proposição de melhorias de forma distinta, visando atender às diferentes necessidades, ressalta-se que a busca por melhorias das feiras livres enquanto canal de distribuição de FLV está pautada na importância das mesmas para a comercialização de alimentos frescos e saudáveis para a população de baixa renda, promovendo a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico e social dos agentes envolvidos, ajudando no desenvolvimento das mesmas e, consequentemente, fomentando o fortalecimento do produtor local.

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