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Conclui-se, portanto, que a violência contra a mulher é um fenômeno social que se encontra em todas as classes sociais e não faz distinção de raça, de credo, localização geográfica ou de profissão. Esse crime ocorre no ambiente público e também no privado e tem índices crescentes nos últimos anos, seja pelo fato do empoderamento das mulheres, denunciando seus agressores ou pela instituição de leis e políticas de enfrentamento à violência, algo que confere alguma ação no enfrentamento da violência.

A realidade que esta pesquisa encontrou na delegacia tomada como base para o estudo foi de um número expressivo de casos envolvendo violência doméstica, mesmo sendo uma delegacia comum, pois o município de Currais Novos não é contemplado com uma Delegacia da Mulher, os casos são providos de solução policial e a Lei Maria da Penha é posta em prática pelos policiais que trabalham no combate ao delito.

É necessário elucidar que o efetivo da DP é composto por apenas uma policial, o ambiente não tem instalações preparadas para atender o público feminino, pois não existe uma sala para a recepção de mulheres vitimadas, nem tampouco profissionais para o acolhimento psicológico. Por isso, as vítimas de violência de gênero são obrigadas a enfrentar os entraves do atendimento regular de uma delegacia que recebe todos os tipos de crimes diariamente.

É bem verdade que o efetivo tem o esforço de – mesmo com as dificuldades ora citadas – acompanhar as determinações da legislação, na tentativa de não revitimizar o público feminino ao procura-lo para denúncias dos episódios a serem investigados.

Porém, diante do exposto é possível imaginar não raras as vezes que olhares, julgamentos e constrangimentos são presenciados por vítimas e acompanhantes (testemunhas) atitudes que ainda precisam ser revistas em treinamentos adequados para o trato com mulheres vítimas de ex-parceiros inconformados com a negativa de continuar fazendo parte do ciclo de violência que o fenômeno provoca.

Este Trabalho de Conclusão de Curso tem a pretensão de refletir e provocar discussão sociojurídica sobre a temática, tendo como perspectiva o debate das questões e a melhoria do processo que envolve o ciclo de violência – desde as

questões que permitem que episódios domésticos gerem violência de gênero até prática do crime – momento em que a vítima poderá procurar o Estado e os serviços de segurança e Assistência Social.

A problemática que envolve a violência doméstica e o feminicídio no Brasil carece de discussões mais aprofundadas, elaboração de pesquisa e estudos mais detalhados e específicos. Além disso, é importante que se crie um sistema nacional de banco de dados integralizado entre as delegacias de todos estados do país, bem como uma rede de enfrentamento preparada para acolher as mulheres vítimas de violência e defender e proteger as vítimas.

Nesse sentido ainda é necessário que o poder público invista em profissionais capacitados e atualizados sejam policiais, assistentes sociais, psicólogos, juízes, promotores, todos os profissionais envolvidos nesse contexto. O Estado deve elaborar um Plano Nacional de Combate à Violência contra a Mulher e a prevenção de Feminicídio, no intuito de delimitar os números e buscar soluções efetivas e práticas para solucionar o crescente número de casos.

A partir deste cenário é importante ainda criar Casas de Acolhimento para Mulheres vítimas de violência em todas as cidades brasileiras – independente do número de habitantes ou de vítimas – já que a violência doméstica ocorre em todos os lugares deste país. Deve ocorrer uma parceria entre Municípios, Estados e a União para de forma incisiva tratar essa mazela social, prestando serviços de assistência e proteção às mulheres e possibilitando o tratamento adequado e a punição para homens enquadrados na Lei Maria da Penha.

Diante disso, a pesquisa teve como objetivo dar visibilidade à realidade da violência de gênero no Brasil e in loco teve acesso aos relatórios e depoimentos presentes nos inquéritos originados a partir de casos concretos ocorrido no período estudado por esta pesquisa de conclusão de curso de graduação. A partir desse estudo foi possível avaliar os indicadores de que a cidade tem uma demanda expressiva de casos elencados na Lei Maria da Penha, os quais merecem ser avaliados. Por fim, constata-se que a demanda existe e deflagra-se a importante necessidade do município de Currais e cidades vizinhas da implantação de uma unidade da DEAM (Delegacia Especializada ao atendimento de Mulheres) para melhor atender a população da região que busca por atendimento todos os dias.

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