• Nenhum resultado encontrado

O presente estudo, ao perpassar pelos tipos de violência envolvidos nesses casos, bem como pelas peculiaridades das legislações internacionais e nacionais que tratam do assunto, demonstrou que, apesar de fundamental, a mera previsão normativa voltada à proteção e atuação da mulher mostra-se ineficiente, cumprindo, assim, o papel de sintetizar os principais pontos referentes às temáticas.

Depreende-se que a Lei Maria da Penha, bem como outras legislações que trazem um direcionamento especificamente voltado à mulher, são de especial relevância no cenário de atual desrespeito aos direitos básicos, como o direito à vida e à integridade.

Uma visão mais crítica da criminologia, entretanto, permite suscitar o fato de que essas previsões normativas dificilmente terão eficácia, se não estiverem aliadas a outras políticas sociais de enfrentamento desse quadro.

A violência contra a mulher, principalmente quando ocorrida no âmbito doméstico, envolve questões de saúde e família, normalmente atreladas a uma condição de vitimização reiterada, que se dá devido a maior vulnerabilidade dessas vítimas.

Assim, defende-se que a mulher deve ter uma especial proteção a ser concedida pelo Estado. A Lei do Feminicídio, por exemplo, apesar de não ter apresentado maiores avanços na redução da morte de muitas mulheres, tem permitido, sem dúvidas, ao menos uma discussão mais presente desse tema, demonstrando o quanto esse tipo de situação precisa ser excluída da nossa sociedade, ou, pelo menos, contida, e propiciando, ademais, um meio de obter dados mais concretos sobre quantas mulheres, todos os anos, morrem por conta de sua condição de gênero.

É inadmissível, portanto, que panoramas de desigualdade e discriminação ainda ocorram veementemente numa sociedade tão plural. É possível perceber o quão urgente e necessário se faz discutir tais questões, trazendo não só a mulher, como também os homens, para essa pauta, a fim de que se possa reformular o atual sistema misógino e patriarcal em que todos estão inseridos.

Nesse sentido, destaca-se o papel que a vitimologia tem desempenhado, por viabilizar esse destaque à vítima, buscando, por fim, a preservação de seus direitos e garantias essenciais, bem como a responsabilização efetiva de seus agressores.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Maria Amélia.; GUERRA, Viviane Nogueira de Azevedo. Violência psicológica

doméstica: Vozes da Juventude. Lacri – Laboratório de Estudos da Criança. PSA/IPUSP,

2001.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Tradução de Sérgio Milliet. 4ª impressão. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1970.

BERISTAIN, Antonio. Nova criminologia à luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; tradução de Cândido Furtado M aia Neto. - Brasília : Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000.p. 83.

BIANCHINI, Alice; GOMES, Luiz Flavio. Feminicídio: entenda as questões

controvertidas da Lei 13.104/2015. Disponível em:

<https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/173139525/feminicidio-entenda-as-questoes- controvertidas-da-lei-13104-2015> Acesso em 20 de maio de 2019.

BONETTI, Alinne et al.Violência contra as mulheres e direitos humanos no Brasil: uma

abordagem a partir do Ligue 180.

BRASIL. Decreto – Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>. Acesso em: 25 maio de 2019.

BRASIL. Decreto – Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm> Acesso em: 20 de maio de 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição de 05 de outubro de 1988. Constituição da

República Federativa do Brasil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 30 de maio de 2019.

BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em: 09 de maio de 2019.

BRASIL. Lei 10.471, de 1 de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm> Acesso em: 09 de maio de 2019.

BRASIL. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:

<https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06> Acesso em: 10 de abril de 2019.

BRASIL. OMS. Portal da Saúde. Tipologias e naturezas da violência. 2002. Disponível em:<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto. cfm?

idtxt=31079&janela> Acesso em: 30 de maio de 2019.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Jurisprudências em teses. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud

%C3%AAncia%20em%20teses%2041%20-%20Lei%20Maria%20da%20Penha.pdf> Acesso em: 15 de maio de 2019.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 42918. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/diarios/documentos/133488986/recurso-em-habeas-corpus-n- 42918-rs-do-stj> Acesso em: 30/05/2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 106.212. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/> Acesso em: 10 de maio de 2019.

CAMPOS, Carmen Hein de. A CPMI da violência contra a mulher: a implementação da

Lei Maria da Penha. Estudos Feministas, Florianópolis, 23(2): 352, maio-agosto/2015.

CAMPOS, Carmen Hein. Feminicídios no Brasil: uma análise crítico-feminista. Sistema Penal & Violência, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 103-115, jun. 2015.

CERQUEIRA, Daniel, et al..Avaliando a efetividade da Lei Maria da Penha. 2048 – texto para discussão. Brasília, março de 2015.

Ciclo da violência. Instituto Maria da Penha. Disponível em:

http://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/ciclo-da-violencia.html Acesso em: 03 de junho de 2019.

CNJ. Poder Judiciário na Aplicação da Lei Maria da Penha. 2018.

COLOSSI, P. M.; MARASCA, A. R., & FALCKE, D. De Geração em Geração: A Violência

Conjugal e as Experiências na Família de Origem. Porto Alegre, v. 46, n. 4, pp. 493-502,

out.-dez. 2015.

Conselho Nacional do Ministério Público. Formulário de Aplicação de Risco - FRIDA.

Disponível em:

<http://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2019/maio/Proposta_de_kit.REV.pdf> Acesso em 12 de junho de 2019.

DELGADO, Mário. A invisível violência doméstica contra o patrimônio da mulher. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-out-28/processo-familiar-invisivel- violencia-domestica-patrimonio-mulher#_ftn3> Acesso em 20 de maio de 2019. DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça. 5 ed. rev., ampl. E atual. - Salvador. Editora JusPodivm, 2018.

DIAS, Maria Berenice. Lei Maria da Penha: lei constitucional e incondicional. Disponível em:

<http://www.mariaberenice.com.br/manager/arq(cod2_796)maria_da_penha_uma_lei_constit ucional_e_incondicional.pdf> Acesso em: 04 de maio de 2019.

Estudos contemporâneos de vitimologia / Marisa Helena D’ Arbo Alves de Freitas e

Roberto Faleiros Galvão Júnior (orgs). –São Paulo: Cultura Acadêmica: Editora UNESP, 2011.

FALCÓN CARO, Maria Del Castillo. Realidad Individual, social y jurídica de la mujer

víctima de la violencia de género. In: MORENO, Myriam Herrera (Coord.). Hostigamento y

hábitat social: una perspectiva victimológica. Granada: Editorial COMARES, 2008. FEIX, Virgínia. Das formas de violência contra a mulher – Artigo 7º. In: CAMPOS, Carmen Hein de (organizadora). Lei Maria da Penha comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Lumen Yuris, p. 201-213, 2011.

Garcia-Moreno C, Jansen HA, Ellsberg M, Watts CH. WHO multi-country study on women

´s health and domestic violence against women: initial results on prevalence, health outcomes and women´s response. Geneva: World Health Organization; 2005.

GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. Luiz Flávio Gomes; Antonio García-Pablos de Molina; tradução Luiz Flávio Gomes – 8 ed. reform., atual. Eampl. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.

GONÇALVES, Vanessa Chiari.Violência contra a mulher: Contribuições da vitimologia. Disponível em:

<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/sistemapenaleviolencia/article/view/23712> Acesso em: 12 de junho de 2019.

GONZÁLEZ, Juan Pablo. Panorama actual y perspectivas de la victimología: la

victimología y el sistema penal. Consejo General del Poder Judicial. 2007.

HAIDAR, Caio Abou; ROSSINO, Isabela Bossolani. Redescobrindo a vitimologia:

Estudos contemporâneos da vitimização quaternária e da influência midiática na criminologia.

HOFFMANN, Henrique. Concessão de medidas protetivas por delegado amplia direitos

da mulher. <https://www.conjur.com.br/2017-nov-01/concessao-medida-protetiva-delegado-

amplia-direitos-mulher> Acesso em: 02/06/2019.

Instituto Maria da Penha. Quem é Maria da Penha. Disponível em:

<http://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html > Acesso em: 10 de junho de 2019.

JORGE, Aline Pedra. Em busca da satisfação dos interesses da vítima penal. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005.

JUSTIÇA, Conselho Nacional de. Enunciados. Disponível em:

http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/forum/enunciados Acesso em: 01 de junho de 2019.

KRUG, EG et al., eds. World report on violence and health. Geneva, World Health Organization, 2002.

LARRAURI, Elena. Control informal: las penas de las mujeres. In: LARRAURI, Elena

(Comp.). Mujeres, derecho penal y criminologia. Madrid: Siglo Veintiuno Editores, 1994.

PASINATO, Wânia. Lei Maria da Penha: novas abordagens sobre velhas propostas. Onde avançamos? Civitas, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 216-232, ago. 2010.

LIMA, Milka Oliveira; SOUZA, Ellem Dayanne Rodrigues Vinhal; SILVA, Fábio Araújo.

Violência doméstica: evolução do tipo penal. Rev. Cereus, v. 9, n. esp, p 189-205, ago-

dez./2017, UnirG, Gurupi, TO, Brasil.

Linda L. Dahlberg. Etienne G. Krug. Violência: um problema global de saúde pública.

Capítulo extraído com autorização do autor do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde. OMS, Organização Mundial de Saúde. Genebra: OMS; 2002. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/csc/v11s0/a07v11s0> Acesso em: 02/06/2019. LINTZ, Sebastião. O crime, a violência e a pena. Campinas – SP. 1987.

MACHADO, Isadora Vier; GROSSI, Miriam Pillar. Da dor no corpo à dor na alma: o

conceito de violência psicológica na Lei Maria da Penha.

MOTA, Indaiá Lima. Breves linhas sobre vitimologia, redescobrimento da vítima e suas

várias faces: algumas questões relevantes.

MOTA, Maria Dolores de Brito. Assassinatos de mulheres no Brasil. Um estudo do

Instituto Sangari contribuindo para o entendimento do feminicídio no país. Disponível

em: <https://fpabramo.org.br/2012/07/02/assassinatos-de-mulheres-no-brasil-um-estudo-do- instituto-sangari-contribuindo-para-o-entendimento-do-feminicidio-no-pais/> Acesso em: 14 de maio de 2019.

NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal. Parte Especial. Volume 2. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

O ciclo da violência de Lenore Walker. Disponível em:

https://amenteemaravilhosa.com.br/ciclo-da-violencia-lenore-walker/ Acesso em: 20 de maio de 2019.

OLIVEIRA, Ana S. S. de. A vítima e o direito penal: uma abordagem do movimento

vitimológico e de seu impacto no direito penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,

1999.

Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro

PENHA, Maria da. Sobrevivi...posso contar. 2 ed. – Fortaleza. Armazém da Cultura. 2012. PEREIRA, Rita de Cássia Bhering Ramos et al. O fenômeno da violência patrimonial

contra a mulher: percepções das vítimas.

Pleno do CFOAB decide que violência contra a mulher impede inscrição nos quadros da instituição. Disponível em: <http://www.oabsp.org.br/noticias/2019/03/pleno-do-cfoab-

decide-que-violencia-contra-a-mulher-impede-inscricao-nos-quadros-da-instituicao.12864> Acesso em: 10 de maio de 2019.

POMPEU, Ana. Lei que autoriza policiais a conceder medidas protetivas é questionada

no STF. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-mai-16/lei-autoriza-policial-

conceder-medida-protetiva-questionada> Acesso em 02 de junho de 2019.

PREUSS, Adriana de Abreu; PESSOA JUNIOR, Jeferson dos Reis. Violência Psicológica:

Diagnóstico e tratamento jurídico, para o efetivo cumprimento da lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha.

SCARANCE, Valéria. Violência contra a mulher: um desafio para o Brasil. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A vitimização de mulheres sofridas no Brasil. 2 edição. Disponível em: <http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2019/02/relatorio- pesquisa-2019-v6.pdf> Acesso em: 04 de junho de 2019.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2. Ed. Ver., atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.

TÍLIO, Rafael De. Marcos legais internacionais e nacionais para o enfrentamento à

violência contra as mulheres: Um percurso histórico. Revista Gestão e Políticas Públicas.

VERONESE, Josiane Rose Petry; COSTA, Marli Marlene Morais da. Violência doméstica:

Quando a vítima é criança ou adolescente. Florianópolis: OAB/SC, 2006.

VICENTE, Fernanda. 14 sinais de que você é vítima de Gaslighting – o abuso psicológico. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/14-sinais-de-que-voce-e-vitima-de-abuso- psicologico-o-gaslighting/>. Acesso em 06 de junho de 2019.

VILA, Eugênia Nogueira do Rêgo Monteiro. Os desafios impostos pelos 39 diferentes tipos

de violência contra a mulher. Disponível em: <http://www.forumseguranca.org.br/wp-

content/uploads/2019/02/relatorio-pesquisa-2019-v6.pdf> Acesso em 20 de maio de 2019. Violência contra a mulher:Contribuições da vitimologia. Violence against women

Victimology contributions. Vanessa Chiari Gonçalves. Dossiê Criminologia e Feminismo. Editor-Chefe José Carlos Moreira da Silva Filho. Organização de Carmen Hein de Campos. Disponível em:

<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/sistemapenaleviolencia/article/view/23712/1 4728> Acesso em: 20 de maio de 2019.

Violência contra a mulher. Saúde – Um olhar sobre a mulher negra. Casa da Mulher

Brasielira. Disponível em: https://issuu.com/ccmnegra/docs/livro_- _viol__ncia_contra_mulher Acesso em: 01 de junho de 2019.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília: FRACSO, 2015.

Documentos relacionados