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A exploração dos recursos e linguagens de cada projeto, objeto des- te estudo, e sua complementaridade de conteúdos entre eles pode abrir, ao leitor, inúmeras possibilidades narrativas e de práticas projetuais. Com- preendendo que, as formas e universo narrativos progridem com a evo- lução dos meios de comunicação e de expressão, assim como, do uso que fazemos das tecnologias. Apoia esta ideia Vilches (2003), que afirma que “cada meio tem critérios próprios de pertinência e para semantizar suas linguagens; por sua vez, cada linguagem depende de um suporte específico, para se expressar” (VILCHES, 2003, p. 244).

Nos projetos deste estudo pretendeu-se apresentar uma forma de narrativa digital, que estão surgindo e abrangem muitos formatos e estilos diferentes. Nas palavras de Murray (2003), “não será um “isto” ou “aquilo” interativo, embora muito dessa forma possa ser extraído da tradição, mas uma reinvenção do próprio ato de contar histórias para o novo meio digi- tal” (MURRAY, 2003, p. 236).

Diante desse contexto, o trabalho proposto objetiva nortear o pro- cesso narrativo de forma lúdica, organizando uma linguagem e uma esté- tica própria ao meio. O projeto Design * Tecnologia disponibiliza conceitos teóricos e estéticos de design para a criação de ambientes digitais.

O segundo projeto Seminar Collection / Means of Expression, progrediu a partir da reflexão de que as relações sociais não são apenas mediadas pela linguagem verbal e visual, mas por entrelaçadas e múltiplas linguagens, que também comunicamos através de objetos, música, sons, gestos, expressões, olfato e tato, através do olhar e da expressão. Possibilita assim que, artistas e designers por meio da prática refletir sobre as formas de narrativas digitais além de poder experimentá-las e produzir narrativas por meio de sua própria prática, tendo como ponto de partida um simples objeto do cotidiano.

Os livros digitais com utilização de plataformas atuais, como tablets e smartphones, podem proporcionar à criança surda e ouvinte o gerencia- mento da narrativa, ao se “deslocar pelo mundo narrativo por iniciativa própria, construindo uma interpretação pessoal da história” (MURRAY, 2003, p. 237). Assim, o elo entre uma cena e outra acaba sendo construído pela criança leitora – baseado em seu repertório e subjetividade – e por meio dos links que lhe oferecem caminhos distintos, fazendo com que a leitura não seja apenas uma atividade com fim em si mesma.

O importante das reflexões e discussões desta pesquisa para o cam- po do Design, não só, mostrar exemplos de projetos utilizando as lingua- gens contemporâneas, mas é também, compreender a responsabilidade so- cial do designer enquanto produtor e criador de sistemas informacionais, comunicacionais e estéticos, os quais de alguma maneira irão influir para a construção da cultura e por sua vez na estrutura de uma sociedade.

Agradecimentos

Ao CNPq, Bolsista Produtividade de Pesquisa, PQ/CNPq, processo nº 308786/2018-1. À Karen Bosy e aos colaboradores deste projeto de pesquisa.

1 kmbosy.com/blog (blog), disponível em: http://www.kmbosy.com/ blog/artwork-series/seminar-series/

2 Disponível em: http://www.kmbosy.com/blog/artwork-series/semi- nar-series/

Referências

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Caroline de Cerqueira Medeiros, Marisa Cobbe Maass *

Caroline de Cerqueira Medeiros é ra- duada em Design pela PUC-Goiás, atual- mente cursa o mestrado em Design pela Universidade de Brasília, onde pesquisa educação em design e pedagogia do de- sign na linha de pesquisa Design, Espaço e Mediações. Tem experiência na área de design, com ênfase em design gráfi- co atuando principalmente com mídias sociais e design editorial. É membro do grupo de pesquisa Design Educação. <carolinemedeiros.design@gmail.com> ORCID: 0000-0003-0897-1242

Resumo Este trabalho aborda a responsabilidade social em diálogo com a edu- cação em design como um possível caminho para que o aluno desenvolva a autonomia necessária para resolver os problemas complexos que emergem da contemporaneidade. Examina-se habilidades necessárias ao designer que compreende sua ação e seu papel ativo como sujeito neste contexto, através de revisão bibliográfica. Salienta-se a habilidade de lidar com as incertezas e complexidade do mundo, observando a subjetividade implicada no processo de design, a dinamicidade dos sistemas abertos, o processo dialógico e polis- sêmico em processos colaborativos de design no contexto de inovação social, exercitando a empatia e afetividade. Compreende-se que a responsabilidade social, assumida por parte do aluno de design, traz consigo a transformação pessoal, abertura ao diferente e capacidade de escuta ativa em qualquer am- biente. A inevitabilidade da transdisciplinaridade na educação em design é uma constatação e o estímulo a estudantes ocuparem posições de decisão nos processos pedagógicos é visto como catalizador destes aprendizados.

Palavras chave Responsabilidade social, Educação, Design, Autonomia, Complexidade.

Responsabilidade