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As características de cada estádio sucessional demonstram a grande diferença existente entre os estádios Baccharisietum, Myrsinietum, Miconietum e Arbóreo Avançado tanto do ponto de vista estrutural (DAP, área basal, altura) como qualitativo (número de famílias, gêneros e espécies). Essas diferenças são importantes indicativos para a definição de estratégias visando o uso e a conservação dos recursos florestais.

De uma forma geral, evidenciou-se que os valores de DAP médio, altura média, área basal e número de indivíduos por hectare, para os diferentes estádios sucessionais, são altamente influenciados pelo valor limite de DAP adotado como critério de amostragem. A área basal demonstrou sofrer grande influência dos indivíduos de maior diâmetro, enquanto o número de indivíduos por hectare, sofrer a influência dos indivíduos de menor diâmetro.

Durante o processo de regeneração desta Floresta Ombrófila Densa, ocorreu um aumento da diversidade de espécies, do número de espécies do sub-bosque, inclusive tolerantes à sombra, e dos parâmetros da estrutura da floresta (DAP, altura e área basal). Estas são tendências observadas durante o processo de regeneração da Mata Atlântica no sul e sudeste do Brasil (KLEIN, 1980; TOREZAN, 1995;

TABARELLI & MANTOVANI 1999; OLIVEIRA, 2002) e também em outras florestas tropicais (FINEGAN, 1996; WHITMORE, 1998). Caracteriza-se também pela substituição direcional de formas de crescimento a partir de espécies herbáceas dominando, e posteriormente, de arbustos, arvoretas, árvores de ciclo curto e de ciclo longo.

Esta caracterização florística permitiu uma visão geral dos estádios sucessionais, conseguindo capturar as principais espécies e um percentual de espécies esparsas, mas não atingiu um número máximo de representação, principalmente para os estádios Miconietum e Arbóreo Avançado.

O significativo crescimento da comunidade vegetal em relação aos parâmetros estruturais DAP médio, altura média e densidade, até 30 anos após o abandono das atividades agrícolas e início do processo sucessional, demonstra o grande potencial das formações secundárias, considerando a produção de biomassa (madeira e lenha), como um recurso renovável capaz de contribuir para atender as necessidades das populações rurais. É possível, dentro deste contexto, selecionar espécies que apresentam potencialidades ecológicas e econômicas, dentro de cada estádio sucessional, para compor estratégias de manejo que permitam o aproveitamento deste potencial.

Entretanto, estas áreas não devem ser vistas apenas como um estoque de nutrientes para futuros cultivos, sendo um importante habitat para culturas secundárias e “plantas úteis” que surgem espontaneamente. O uso das áreas em pousio é uma estratégia eficiente de reduzir a pressão sobre as florestas primárias e obter produtos úteis (medicinais, frutos, madeira, mel, óleos essenciais, entre outros), geradores de renda principalmente para os pequenos agricultores. Métodos agroflorestais que combinem espécies plantadas e vegetação secundária natural podem ser uma alternativa para reduzir o impacto da agricultura sobre o ambiente.

Sob o ponto de vista da conservação, as espécies componentes das formações secundárias são de grande importância, principalmente no estádio avançado de regeneração, uma vez que faziam parte das florestas primárias e são responsáveis pela adequação do ambiente pelo retorno de florestas que representem novamente situações de clímax (REIS, et al. 1992). Entretanto, para que este ambiente seja efetivamente conservado, faz-se necessário buscar a parceria das populações que nele vivem, sendo necessário que o ambiente natural possibilite um retorno econômico.

Este retorno pode ser viabilizado considerando o uso múltiplo dos recursos florestais, em regime de manejo sustentável (FANTINI, et al. 1992; REIS, 1996). Estes autores ressaltam que o manejo só possui um caráter sustentável se a retirada de um número de indivíduos (ou parte destes), a cada ciclo de exploração, for reposta pelo próprio dinamismo da espécie. Assim, para atender à exploração contínua, faz-se necessário conhecer aspectos relacionados à demografia, produção de biomassa, capacidade de regeneração, estrutura genética e biologia reprodutiva das espécies de interesse.

A utilização destes recursos presentes nas florestas secundárias está diretamente condicionada à correta definição dos estádios sucessionais, uma vez que, as restrições e critérios para o corte, a supressão e a exploração da vegetação, tanto nas áreas rurais quanto urbanas, vai decrescendo à medida que passa da vegetação primária em direção à vegetação secundária em estádio inicial de regeneração.

Este fato reforça a necessidade do estabelecimento de um critério de

amostragem e readequação dos valores existentes na resolução no 04/94 do

CONAMA, uma vez que os resultados encontrados neste estudo demonstraram a grande variação dos valores para os parâmetros que definem os estádios sucessionais. Alternativamente o critério de amostrar todas as plantas arbóreas com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior a 5 cm, mostrou-se eficiente em atender à necessidade de definição de uma amostragem, sendo capaz de caracterizar os estádios sucessionais, ao mesmo tempo em que possibilita a simplificação e padronização dos levantamentos de campo.

Adicionalmente, destaca-se a importância do DAP médio e da área basal como variáveis a serem mensuradas na caracterização dos estádios sucessionais. Para tanto, são necessários ajustes dos valores que definem os estádios, bem como a configuração de uma amplitude no que se refere aos valores limite.

Sobretudo, ressaltar a importância das formações florestais secundárias não acaba com a preocupação da destruição das florestas primárias, já que as florestas secundárias são, indiscutivelmente, detentoras de menor biodiversidade. Mas, faz-se urgente reconhecer que estas florestas exercem uma função ecológica, econômica e social fundamental, até agora pouco estudada.