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4. AVALIAÇÃO DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

4.3. Considerações em relação aos cursos

Analisou-se os sistemas de ensino a distância com mídias interativas (presencial virtual) e o sistema presencial de formação de professores, em relação às competências definidas pelo Ministério da Educação e Cultura MEC (2000) nos Referenciais para Formação de Professores, confrontando com as competências propostas por DEMO e PERRENOUD.

a) Quanto ao Curso Normal Superior com Mídias Interativas:

- é um curso no qual predomina o repasse de informações através de videoconferência, restringindo-se a aulas expositivas por intermédio de um meio eletrônico moderno. A

interatividade é pouco explorada, mantendo-se entre professor e aluno a troca de idéias de pequenas questões que não levam ao questionamento reconstrutivo, à análise de situações críticas enfrentadas pela situação educativa atual. A interatividade entre as salas não acontece. São aulas monótonas, desmotivadas, cansativas, em que o aluno anota, copia e não retorna àquelas informações para reconstruir sua prática; deixa, portanto, uma lacuna significativa quanto as competências que o curso se dispõe a formar;

- mantém professores com postura tradicional, sem visão inovadora de um paradigma emergente, voltado para a informação, sem a reconstrução crítica para que esta se transforme em aprendizagem;

- Apresenta o embasamento teórico aquém para um nível de ensino superior;

- as tarefas on-line seguem a mesma sistemática. Perde-se a oportunidade de lançar questões motivadoras, que instigam o processo de aprendizagem autêntica que exigem pesquisa, discussão, elaboração própria, análise reflexiva, teorização das práticas; - os trabalhos desenvolvidos nas tutorias são o ponto alto desse curso, onde acontece a discussão, análise, reflexão sobre a práxis pedagógica, com base nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), exigindo do estudante/professor elaborações individuais e coletivas, buscando a construção de uma prática educativa transformadora;

- Nas Vivências Educadoras o estudante/professor realiza pesquisa de campo para levantamento de dados e a elaboração de projetos de intervenção nas instituições educativas e na comunidade. No entanto, com uma fundamentação teórica pouco consistente, o estudante/professor se mantém em torno da mesma realidade, com seus ranços, uma vez que realiza as vivências educadoras no campo de trabalho onde atua como docente. Isso dificulta a análise e o confronto com outras realidades para avançar nas suas concepções sobre o processo educativo, comprometendo a competência de “participar de processos de investigação e intervenção com outros docentes e alunos,

utilizando métodos diversos”, bem como “ampliar a perspectiva, valorizar a diversidade, para obter novos referenciais para trabalhar conceitos em contextos diversificados”. São competências que o curso se propõe a formar.

- O Curso Normal Superior com Mídias Interativas traz no seu âmago uma proposta inovadora, mas perdeu-se na questão de “organizar formas mais ativas, interessantes e significativas de aprendizagem, gerindo tempos e espaços, a partir do currículo, e utilizando adequados e criativamente os recursos e as tecnologias disponíveis”.Esta é uma das competências que o estudante/professor deverá formar no curso mas que, no entanto, não vivenciou no seu processo de formação.

- O estudante/professor não mantém vínculo com a instituição o que dificulta a visão e a postura de universitário.

b) Quanto ao Curso Superior de Formação de Professores:

- Os conteúdos teóricos abordados são insuficientes para encaminhar o professor à reflexão sobre a ação, inibindo-o de novas alternativas para a prática docente, e de responsabilizar-se pela aprendizagem do aluno;

- O curso não dá conta de formar as competências para as quais está destinado devido a fatores como: despreparo do próprio docente no sentido de encaminhar questões que exigem reflexão, pesquisa, análise, elaboração própria, reconstrução do conhecimento e conseqüentemente, das práticas pedagógicas; a carga horária se reduz apenas ao currículo extensivo baseado em aulas que não preparam para enfrentar novos desafios; o aglomerado de disciplinas, feito aos pedaços, não privilegia o saber pensar ou o aprender a aprender, não construindo as competências exigidas pela cidadania e pela sociedade moderna;

- Os estudantes/professores trazem uma postura profissional com base na tendência pedagógica tradicional, e a precariedade de sua formação até o ingresso na universidade, gera o entrave para o avanço atitudinal voltado para o aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a conviver e o aprender a ser como

profissional, para, só então, estar preparado para trabalhar com seu aluno nestes quatro pilares.

c ) Considerações comuns aos cursos analisados:

- Os cursos estão voltados para atender a uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases, proporcionando aos estudantes/professores a formação em grau superior até o final da presente década, deixando a desejar em qualidade.

- O próprio aluno é um entrave para os avanços das propostas universitárias, que, por comodismo, prefere receber tudo pronto do professor, principalmente quando estão apenas em função de obter um diploma em detrimento da construção e re-construção do conhecimento necessários para o bom desempenho profissional. Apontam os anos de experiência na regência de classe como verdades prontas e acabadas sem direito de questionamentos.

- Os cursos tomam a docência como base para a formação quando o trabalho pedagógico não se reduz ao trabalho escolar e docente. LIBÂNEO (1999, p. 47) afirma que “a base comum de formação do educador deva ser expressa num corpo de conhecimentos ligados à pedagogia e não à docência, uma vez que a natureza e os conteúdos da educação nos remetem primeiro a conhecimentos pedagógicos e só depois ao ensino, como modalidade peculiar de prática educativa”. A base da identidade profissional do educador é a ação pedagógica, não a ação docente. Com efeito, “a Pedagogia corresponde aos objetivos e processos educativos. Justamente, em razão do vínculo necessário entre a ação educativa intencional e a dinâmica das relações entre classes e grupos sociais, é que ela investiga os fatores que contribuem para a formação humana em cada contexto histórico-social, pelo que vai constituindo e recriando seu objetivo próprio de estudo e seu conteúdo – a educação. Somente com esse entendimento é possível formular uma concepção de formação do educador, pois é a teoria pedagógica que pode, a partir de prática, formular diretrizes que darão direção à ação educativa”. (ibid, p. 48).

- Quanto à pesquisa de campo, os cursos se limitam às instituições escolares e, geralmente, à própria instituição onde o estudante/professor exerce a docência, limitando a visão da realidade, o confronto com outras realidades, a maneira como o aluno das séries iniciais do ensino fundamental chega nas séries subseqüentes, o contexto social que absorve o aluno egresso da formação básica. Enfim, é preciso ampliar os horizontes da pesquisa para avançar na análise, reflexão /ação, na busca de novas alternativas para a prática pedagógica voltada para a educação transformadora com qualidade formal e política. O estudante/professor estudou e se formou numa instituição escolar, retorna para trabalhar num ambiente com as mesmas características, realiza pesquisas no mesmo campo, isto é, gira em torno das mesmas situações sem perspectiva de ampliar sua visão de mundo ultrapassando os muros da escola.

- Os cursos mantêm-se fechados no currículo extensivo com repasse de conhecimento com aglomerado de disciplinas fragmentadas, sem ênfase no saber pensar e na autonomia do aluno. Não aparece a excelência crítica e criativa, quando, “o currículo intensivo, por sua vez, não age pelo conglomerado de aulas, mas pelo aprofundamento qualitativo, por meio do qual, ao (re)construir conhecimento próprio, adquire também a necessária visão geral do curso. Sobretudo busca formar a competência capaz de preparar para a vida e dar conta de novos desafios, dentro do contexto da educação permanente”.(DEMO,1996.p.109).

CAPÍTULO 5

5. PROPOSTA DE CURSO SUPERIOR A DISTÂNCIA PARA FORMAÇÃO