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4. A POUPANÇA INTERNA COMO FATOR DE SUSTENTABILIDADE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA

4.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A TEORIA EFICIENTISTA DE RICHARD A POSNER

Sobre o ideal tratamento tributário a ser aplicado às entidades de previdência complementar, é relevante a observação do princípio da igualdade, no qual ordena que a aplicação da norma tributária observe a natureza não lucrativa dessas entidades e os benefícios sociais e econômicos trazidos com a alocação dos ativos econômicos nestas instituições.

A análise da tributação sobre as entidades de previdência complementar com base na teoria de Richard Posner é mais considerada, por muitos economistas, quando utilizada em países com graves crises financeiras e quando se busca um pragmatismo jurídico.

Carvalho e Murgel (2007, p. 57) afirmam:

Ao basear o fundamento da norma jurídica no conceito econômico de eficiência, Posner mostra-se Absolutamente convicto de que a ordem jurídica tem por finalidade a maximização da eficiência econômica da sociedade. A eficiência, por sua vez, traduzir-se-ia pela maximização de riqueza, a força de um valor em si; mas ainda, o valor social máximo, cuja realização assegura a eficiência da sociedade e de suas instituições.

Segundo essa teoria, para definição da tributação sobre as entidades de previdência complementar deve ser levado em conta as vantagens que os investimentos em EPC trariam a sociedade, tendo em vista que o sistema oficial de Previdência Social oficial não atende completamente as necessidades dos segurados.

O Ministro Sepúlveda Pertence na condução de seu voto no julgamento do “caso CERES” que se buscava e imunidade das EPC foram usados argumentos condizentes com a teoria de Posner, quando afirmou que é preciso reconhecer, à medida que a crise foi impondo limites restritos aos proventos e pensões da previdência social pública, que a previdência privada se tornou imperativo de salvaguarda contra o medo do futuro para parcela cada vez maior da população, considerando ainda a importância desses fundos num cenário mundial como instrumento residual de poupança interna.

Resta demonstrado o importante papel dos fundos de pensão sobre a economia brasileira e quanto mais relevante para economia mais incentivado deve ser, via de consequência, menos tributado, pois o retorno do ponto de visto social e econômico é maior do que a tributação nesse setor, isso demonstra a teoria da maximização de riqueza.

Claro que num país perfeitamente equilibrado economicamente em todos os planos, essa teoria pode não ser a mais adequada, mas em nosso caso, deve ser levada em conta, pois supre a ausência do adequado amparo estatal garantidor do bem estar e de manutenção do padrão de vida dos segurados dos regimes oficiais.

5. CONCLUSÃO

As Entidades de Previdência Complementar atuam na ausência do Estado em prover as finalidades básicas da previdência social, constituindo o maior instrumento de poupança voluntária no mundo.

A tributação nos investimentos dos planos de previdência complementar constitui fator decisivo na manutenção das reservas de capitais no mercado nacional. Para que isso se concretize é necessário que a incidência tributária respeite a capacidade contributiva e a equidade na tributação mobilizando a poupança nacional.

Foi visto que a tributação sobre a renda torna os planos de previdência complementar menos atrativos, de certo modo o regime de tributação IIT traz mais incentivo para aplicação nos fundos de previdência, vez que a tributação somente vai ocorrer no final da operação, havendo, portanto, um diferimento, que em nada se confunde e nem se caracteriza como beneficio fiscal que seria mais adequado ao setor.

O fortalecimento da previdência complementar motivado por uma estrutura normativa organizada, e impulsionado por uma tributação que respeite a capacidade contributiva, tem por consequência uma maior expansão do sistema previdenciário nacional, atingindo cada vez maior parte da população, e, com isso, oferecendo meios para o avanço social e econômico do País indo de encontro com a teoria eficientista de Posner.

Portanto, inseridos num contexto globalizado e numa política nacional de ajustes fiscais, as normas jurídico-tributárias não podem desviar o papel das Entidades

de Previdência no fortalecimento econômico decorrente da geração da poupança interna, devem, sim, proteger e incentivar essa modalidade de investimento.

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