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A pesquisa trouxe informações complementares que poderão ser usadas em todos os outros volumes deste diagnóstico, pois abordou temas importantes e complementares aos dados secundários e primários da rede de atendimento. Independentemente disto destacam-se alguns pontos da pesquisa que serão colocados a seguir.

O perfil dos entrevistados responsáveis trouxe uma visão de classes sociais mais altas, o que, apesar de ter sido aleatório, trouxe um ganho de informação de classes sociais que muitas vezes não se encontram no Sistema de Garantia de Direitos das Crianças e dos Adolescentes. Essa amostra permitiu tornar mais evidente os problemas de cada classe social em relação à criação dos filhos, destacando-se nas classes sociais mais altas (A e B1) como a principal dificuldade enfrentada a falta de tempo, e nas classes sociais mais baixas (DE e C2) a falta de dinheiro.

Outras preocupações distintas nas classes sociais são em relação ao comportamento. As classes so-ciais mais baixas (DE e C2) relatam que o comportamento agressivo dos filhos preocupa os responsáveis, já para as classes sociais mais altas, como na classe A, por exemplo, o tempo excessivo no computador e, na classe B1 a pouca participação familiar.

Entrando no tema deste diagnóstico, chama a atenção nas duas pesquisas, tanto com os responsáveis, como com a das crianças e adolescentes o desconhecimento em relação ao ECA. É necessário trazer ao co-nhecimento comum e disseminar o estatuto.

Focando na pesquisa das crianças, adolescentes e jovens (de 10 a 21 anos), percebe-se no decorrer da pesquisa, que o grupo das crianças parece estar mais “próximo” do contexto familiar, com uma avaliação me-lhor do convívio, do que adolescentes e jovens. Nos adolescentes evidencia-se a fase de transição, da fase de criança para jovem, na qual há o início da sexualidade, o contato com as drogas e o aumento de avaliações negativas em relação ao convívio familiar.

Além disso, os adolescentes que não praticam atividades culturais, esportivas e de lazer afirmam, na grande maioria, que não gostam. Nas outras fases como na dos jovens, o tempo é o principal motivo, e no das crianças o dinheiro e falta de oferta na escola são motivos que levam o direito ao esporte, cultura e lazer não ser garantido.

Destacou-se na pesquisa dos jovens em comparação com a parcela da pesquisa dos responsáveis que tem filhos jovens a discrepância no percentual de jovens que já provaram maconha do percentual de respon-sáveis por jovens que alegam que seus filhos jovens já utilizaram maconha (45,8% contra 15,7%). Esse compor-tamento, apesar de mais ameno é observado também em relação aos adolescentes.

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No trabalho as abordagens para cada grupo foram distintas, porém procurou-se nesta pesquisa classi-ficar, de forma particular cada resposta dada por crianças e adolescentes. Mais do que quantificar o trabalho infantil no município, trouxe-se com a análise indicações de locais que podem estar sendo coniventes ao tra-balho infantil para futuras ações do SGDCA.

Para os jovens, a abordagem de trabalho focou mais a questão de dificuldade, e a falta de experiência foi a mais citada. Neste caso se ressalta a importância de programas como o jovem aprendiz, o qual oportuniza para adolescentes e jovens a experiência. Este tema será trabalhado profundamente no Volume IV, o qual res-gatará esse resultado para comparar com os dados da rede de atendimento de aprendizagem e qualificação profissional.

Sobre a educação se destaca as reivindicações das crianças e adolescentes para melhorar a estrutu-ra física das escolas, a necessidade de mais professores, as atividades de contestrutu-ra turno (esporte e outestrutu-ras) e melhorias na alimentação. Itens mais estruturais, que compõem um “ambiente agradável” para estudarem.

Se comparado com os responsáveis, o principal item solicitado é a qualidade de ensino. No relatório Volume V que trata da educação, teremos mais aprofundada essa percepção dos pais, nos grupos qualitativos que serão realizados, e ainda com os pontos de vista mais distintos entre escolas públicas e particulares.

Na saúde, entre todos os temas ressaltamos aqui, o mais importante que é a ideação suicida. O ques-tionário37 buscou entre adolescentes e jovens de 12 a 21 anos a “vontade de morrer”, com a pergunta “você já quis morrer?” e no caso afirmativo, logo em seguida, perguntava-se “você já pensou em suicídio?”. Diante de percentuais altos de 23,3% de adolescentes e 33,5% de jovens que já quiseram morrer, buscou-se uma rela-ção comportamental com essa vontade. Lembrando que a OMS, como já comentado neste relatório, não con-sidera anormal a “vontade de morrer” nesta fase (transição) de vida, e sim, o maior problema é a persistência dessa vontade e quando isso e visto como a única solução. Então, em relação ao comportamental desses que já quiseram morrer versus os que nunca quiseram morrer, sobressai a depressão como indicativo muito forte nos que já quiseram morrer, e outros, com uma correlação forte estão: não se sentir protegido; consumir dro-gas lícitas; e, sofrer preconceito. Os mais fracos, porém, não menos importantes, estão: ter se automutilado;

consumir drogas ilícitas; nem sempre ver os responsáveis como exemplo; nem sempre informar os responsá-veis do paradeiro ou informar os responsáresponsá-veis sobre coisas boas ou ruins.

Claro que as características comportamentais acima podem ser vistas no grupo que nunca quis morrer, mas não com tanta evidência, e o propósito desta análise é trazer a oportunidade de as famílias poderem iden-tificar e ajudar os adolescentes e jovens nessa situação.

37 Ressaltamos que a construção do questionário teve a participação dos conselheiros do COMTIBA, representante da Secretaria Municipal de Saúde, que indicaram e validaram as questões realizadas na pesquisa.

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Entrando no tema de violências, o qual foi abordado de forma subjetiva, o consumo de drogas é o que mais está próximo as crianças, adolescentes ou jovens tanto no domicílio como nos amigos próximos. E para os jovens ficou evidente a participação no tráfico de drogas no convívio com os amigos próximos. A Regional CIC se destacou como sendo a mais apontada pelos responsáveis na vivência de situações de violência.

Por último, a avaliação da cidade, tem que, 71,4% das crianças, adolescentes e jovens consideram Curi-tiba com uma boa ou ótima qualidade de vida, sendo que as palavras associadas a essa qualidade de vida foram: acesso, seguro, calmo, tudo fácil, dentre outras. Ou seja, palavras que evidenciam a proximidade com a segurança. Já os que avaliaram os bairros com péssima ou qualidade de via ruim, associam palavras como:

violência, a falta e segurança, assalto, drogas, longe, dentre outros. Palavras que remetem a falta de segu-rança (drogas, violências, assalto, etc.), ficam evidentes nestes bairros considerados com péssima ou ruim a qualidade de vida.

Como já comentado, os resultados deste Volume I, que trata o perfil de crianças, adolescentes e jovens, servirá como base para os volumes seguintes, e darão subsídios a mais para proposições no decorrer do pro-jeto.

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