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4. METODOLOGIA DE PESQUISA

4.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS GRUPOS FOCAIS

A realização dos grupos focais sobre as edições digitais de revistas apontou diversas questões quanto ao seu uso, de forma que na visão de pesquisador pode-se destacar o seguinte sobre os expe- rimentos realizados.

Tendo em mente que uma edição digital é um produto de hiper- mídia que pode ser considerado fechado, por apresentar uma es- trutura clara de ordenação, a desorientação do usuário foi redu- zida. A navegação nas edições digitais pode ser considerada intui- tiva, visto que é uma simulação da edição impressa, podendo ser considerada mais fácil de usar para usuários-leitores menos expe- rientes.

Intimamente relacionada a navegação, a orientação dos partici- pantes pouco foi afetada durante o uso das revistas, pois ao se sentir perdido o leitor teve como recurso o folheamento de pági- nas. Neste sentido, os problemas estavam relacionados à organi- zação do conteúdo da revista, a má construção dos botões de vira- da automática de página (autoplay), a não correspondência do número de página exibido no aplicativos de leitura e aquele sina- lizado na página da revista em si (no caso da Poder) e a má locali- zação de alguns recursos na interface (a exemplo do campo para digitação de número de página).

As ferramentas mais comumente usadas são as de ampliação e de avanço e retrocesso de página. Contudo as ferramentas de busca e de navegação por miniaturas de páginas são bastante utilizadas, em consonância com o meio que as edições digitais se encontram, onde buscar e escolher fotografias através de miniaturas é de uso comum.

Quanto a leitura pode-se verificar que há maior conforto em fun- do claro com letra escura. Pode-se constatar o fenômeno de con- centração na leitura em tela em consonância com a pesquisa de Armentia et al. (2009). Nessa perspectiva reforça-se a afirmação

de Golfetto & Gonçalves (2009) que a edição digital por se apre- sentar com uma interface que, ao simular o folhear de páginas, é de fácil apreensão do funcionamento, o leitor tende a se concen- trar mais no conteúdo e menos no aprendizado de operação inter- face.

Contudo, a continuidade da leitura é prejudicada pela diagrama- ção ao usar duas ou mais colunas de texto gerando a necessidade de clicar e arrastar a página no modo ampliado. As imagens, que no modo “normal” atuam como elementos de apelo visual e de apoio ao texto, no modo ampliado passam a se comportar como ruído de informação, pois atrapalham a leitura. Dessa forma rompem-se os conceitos de Penn (2002) e White (2006) quanto a função da imagem na página. A não permanência do nível de am- pliação na mudança de uma página a outra também provoca mai- or descontinuidade no processo de leitura.

Assim, pode-se sintetizar que os aspectos recorrentes nos grupos referiam-se a:

dificuldade de navegação devido profusão de anúncios publici- tários;

dificuldade na identificação das ferramentas de ampliação das páginas das revistas;

interrupção da leitura devido às colunas de texto e às imagens; melhor processo de leitura com letras escuras em fundo claro, evidenciando o desconforto da leitura em fundo escuro com le- tras claras;

cansaço na leitura por se tratar de textos longos e a falta de con- tinuidade causada pela diagramação em colunas e interrupção do texto por causa das imagens;

facilidade de navegação gerada pelas miniaturas de páginas na

Poder;

orientação e navegação facilitadas pelos botões de avanço e re- trocesso de páginas;

navegação considerada mais fácil na aplicativo Digital Pages (Veja);

melhor navegação devidos aos hiperlinks presentes no índice da

confusão causada pela ambiguidade da forma do botão de pagi- nação automática (autoplay);

maior atenção na leitura em tela;

expectativa por recursos interativos característicos de interfaces gráficas digitais.

Sobre o perfil dos participantes nos grupos focais

O primeiro grupo apesar de ter participantes mais heterogêneos teve um nível de entrosamento e envolvimento na discussão me- nor que o segundo. Não foram poucas as vezes que o moderador precisou intervir buscando a opinião de alguns participantes que permaneceriam calados caso não houvesse esse tipo de questio- namento. A discussão foi mais breve que no segundo grupo, cerca de 35 minutos.

O segundo grupo, como dito, estava em menor número que o primeiro, porém com um número maior de participantes com graduação completa. O nível de discussão foi mais dinâmico e as pessoas estavam mais entrosadas e mais a vontade para conversar e trocar idéias. Por conta disso, o grupo focal durou quase uma hora.

Sobre a análise das interfaces das revistas Veja

Antes da realização dos grupos focais pode-se analisar alguns pontos fortes da interface da revista, tais como os mecanismos de ajuda, os resultados da busca por palavra-chave e as ferramentas de notas, favoritos e compartilhamento customizáveis de acordo com a vontade do leitor.

Já a má sinalização das áreas ativas, a demora no carregamento da navegação por pré-visualização de página, a impossibilidade de impressão de múltiplas páginas e a falta de opção para visualizar a edição em tela cheia constituem seus pontos fracos. Isso se justifica pelo fato destes criarem dificuldade de uso da interface, ou seja, são aspectos que comprometem a usabilidade da edição digital.

Poder

Em análise anterior aos grupos focais da interface da revista

Poder destacam-se como pontos positivos a exibição da função de

cada botão sempre que o ponteiro do mouse passava por cima (mouse-over), as múltiplas escalas de ampliação (zoom), a ampliação em tela cheia (fullscreen), a navegação por miniaturas de páginas e também por sessão da revista, a possibilidade de impressão de página dupla, o compartilhamento por e-mail do conteúdo da revista.

Em contraposição, o não funcionamento da ferramenta de leitura texto, a falta de hiperlinks para dentro e fora da edição, a demora para o carregamento das páginas ampliadas, o baixo contraste texto-fundo nas instruções de uso e menus constituem seus pontos negativos. Esse tipo de ocorrencia tende a causar frustração do usuário-leitor ao utilizar a interface.

Indicações de aprimoramento

Quanto ao design gráfico das edições digitais de revistas seria in- teressante uma edição digital sem colunagem do texto, com enca- deamento de imagens nas laterais desse texto, sem interrompê-lo, que haja a sinalização dos hiperlinks e áreas clicáveis através do uso de cor diferenciada, melhores instruções de uso, ao modo de um guia do usuário, índice diferenciado com melhor hierarquiza- ção e orientação como uma “linha do tempo” para localização em que ponto da revista o leitor se encontra.

Em relação a interface são recursos interessantes de se dispor: ferramentas de seleção e cópia de texto, incorporação de vários níveis de zoom, supressão das ferramentas no modo tela cheia e impressão de múltiplas páginas.

Sobre o conteúdo é recomendada a implementação de vídeos, sli-

deshow de fotos, hiperlinks para notícias ou assuntos relaciona-

dos e links para mais fontes de informação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES