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Considerações sobre Transferência de Tecnologia Através de Spin-offs na

2 TRANSFERÊCIA DE TECNOLOGIA UNIVERSIDADE EMPRESA

7.1 Considerações sobre Transferência de Tecnologia Através de Spin-offs na

Este estudo gerou as seguintes considerações sobre o processo de transferência de tecnologia através de spin-offs:

1) Presença dos Agentes – as spin-offs não surgem ao acaso, é fundamental a presença de entidades produtoras do conhecimento; de pesquisadores com perfil empreendedor; de organizações de apoio tais como SEBRAE, IPT, FAPESP, CNPq, de incubadoras de empresas como a do Parqtec e programas de financiamento a novos negócios como o PIPE da FAPESP e o FVA do CNPq.

2)Perfil das Empresas e Empreendedores - o estudo mostra que as spin-

offs da UFSCar são iniciativas de pesquisadores e alunos, que se propõem empreender,

assumindo naturalmente todos os riscos do novo negócio, tendo como elemento principal o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos em suas carreiras na universidade, sem envolver qualquer tipo de novos investimentos por parte dela.

Seguindo a tendência de outros países, os fundadores das spin-offs são pesquisadores maduros aliados a jovens mestres e doutores, com formação predominante na área tecnológica.

3)Transferência de Tecnologia e Inovação – a sociedade recebe os benefícios da transferência de tecnologia das spin-offs à medida que elas oferecem produtos e serviços cujo conhecimento e tecnologia são frutos de pesquisas na universidade. As empresas estudadas comercializam uma ampla variedade de produtos de alta tecnologia, mostrando que a transferência de tecnologia e a inovação de fato ocorre.

O estudo evidencia que mesmo não havendo incentivos ou investimentos diretos da universidade para criação das spin-offs, a transferência de tecnologia é intensa e completa nas empresas estudadas, pois além da tecnologia, o conhecimento tácito dos pesquisadores também é conduzido para a empresa. Portanto as spin-offs já funcionam como mecanismo alternativo de transferência de tecnologia para a sociedade.

4)Geração de Empregos e Localização do Empreendimento – as spin-offs estudadas geraram na maioria dos casos entre 3 a 10 empregos diretos, o que poderia ser considerado pequeno se não considerarmos: o alto nível de qualificação dos recursos humanos contratados, a recente criação das empresas (a maioria com menos de 5 anos) e a atuação em setores de alta tecnologia que geralmente não são intensos em mão-de- obra.

O estudo detecta também a valorização da proximidade com a universidade como um dos fatores determinantes para o sucesso do negócio e a tendência de elevação do número de empregados à medida que a empresa amadurece, em dois casos o quadro de funcionários ultrapassou 70 empregados.

Se a geração de empregos de uma spin-off em particular não pode ser considerada significativa para o desenvolvimento econômico regional, muito menos de um país, por outro lado, a profusão de um grande número de spin-offs numa determinada região e conseqüentemente a somatória dos empregos gerados por elas, parece ser um caminho de grande potencial para países como o Brasil, com significativos índices de desemprego.

5)Relações de Cooperação com a Universidade – na percepção de todas as spin-offs em atividade as relações formais e informais com a universidade são

intensas e tendem a aumentar com a evolução da empresa. O fluxo de informações tanto no sentido da universidade para o mercado como do mercado para universidade é intenso e facilitado pela presença do pesquisador no quadro societário da empresa e de sua atuação no desenvolvimento tecnológico.

6)Vínculo com a Entidade de Origem – foi identificada uma forte tendência dos pesquisadores manterem seus vínculos empregatícios com a universidade. Em apenas um caso, o professor optou em sair da universidade para tocar seu negócio, mesmo assim ele afirmou que manteria seu vínculo caso a opção de afastamento temporário (sem vencimentos) fosse viável na época. Portanto os vínculos das empresas com a universidade tendem a permanecer fortes ao longo do tempo.

7)Motivações para Criação das Spin-offs – as principais motivações para a criação das spin-offs são: a satisfação pessoal dos pesquisadores em colocar à disposição da sociedade os frutos de seus esforços de pesquisa e a percepção da possibilidade de obtenção de ganhos financeiros com a comercialização dos resultados das pesquisas.

8)Incentivos para Criação de Spin-offs – os pesquisadores das empresas estudadas confirmam que o ambiente da universidade não tem incentivado adequadamente a criação de spin-offs e por outro lado tem reduzido as possibilidades de sua criação: ora por excesso de regulamentações e restrições no tempo de dedicação dos pesquisadores, ora por ausência ou divulgação de regras claras, principalmente no diz respeito à propriedade intelectual.

9)Incubadora de Empresas - a maioria das spin-offs estudadas contou com a incubadora de empresas do ParqTec e declarou este apoio como fundamental para a sobrevivência da empresa nas fases iniciais. Da mesma forma, programas de financiamento público de fomento à inovação, como o PIPE da FAPESP e o Fundo Verde Amarelo do CNPq, são considerados vitais para a sustentação da empresa até o desenvolvimento final dos produtos a serem lançados.

10)Programas de Educação Empreendedora – apesar de poucos entrevistados terem participado de disciplinas de empreendedorismo na universidade, praticamente todos entendem que os programas de educação empreendedora devem ser ampliados na universidade.

11)Barreiras Gerais – o ambiente de negócios que exige um contínuo desenvolvimento tecnológico e o perfil dos empreendedores das spin-offs, mais voltado para a pesquisa tecnológica do que para gestão de empresas, constituem as principais barreiras para o desenvolvimento da empresa.

Além disso, como no Brasil não existe abundância de recursos privados específicos (capital de risco) para financiamento de spin-offs, ganham importância programas de financiamento público à inovação, como já foi citado anteriormente.

12)Barreiras Impostas pela Universidade – as barreiras culturais do ambiente acadêmico são consideradas pelos empreendedores como as mais fortes e mais difíceis de serem vencidas. Diversas situações de pressões e constrangimentos foram relatadas. Por isso praticamente todas as empresas com participação de professores procuraram não chamar a atenção da universidade, mantendo-se muitas vezes no anonimato.

Completando as barreiras impostas pela universidade estão: o formato de remuneração dos pesquisadores que restringe a participação em empreendimentos privados e as regulamentações específicas sobre spin-offs desconhecidas ou confusas.

7.2 Considerações Sobre Impactos da Expansão das Spin-offs na