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2,90% Considerando, hipoteticamente, que a maioria dos

cursos atinja um patamar mínimo de qualidade, qual a sua

avaliação sobre a expansão do ensino jurídico, quanto ao aumento do acesso?

(01) Negativa, pois acho que a expansão traz prejuízos ao mercado de trabalho e ao prestígio do título de bacharel em Direito. (02) Positiva, apesar de achar que o acesso deve ter limite, para evitar que haja saturação do mercado de trabalho ou desprestígio do título de bacharel em Direito.

(03) Positiva, pois acho que o ensino jurídico deve estar acessível ao maior número possível de pessoas.

Nulo

Apesar de apenas 21,8% dos docentes avaliarem a expansão como negativa (considerando a situação hipotética), 60,8% dos pesquisados demonstraram preocupação com a saturação do mercado de trabalho ou o desprestígio do título de bacharel em Direito. 36,3% afirmaram que, superando-se o problema qualitativo, a expansão é positiva no sentido de possibilitar o acesso do maior número possível de pessoas ao ensino jurídico.

Um índice superior a 60% de preocupação com o inchaço do mercado de trabalho ou desprestígio do diploma revela, por si, um antagonismo à própria função do ensino superior.

Limitar a formação em ensino superior à capacidade de absorção pelo mercado de trabalho é impor a restrição ao conhecimento em decorrência de uma suposta ausência de empregabilidade, presumindo que os espaços devem surgir primeiro para que as pessoas ocupem depois, afastando de forma simplista a possibilidade que as pessoas têm de criar seus próprios espaços, diversificando a atividade ou aplicando o conhecimento em outro setor. A idéia do “protecionismo” do mercado por aqueles que já estão incluídos nele assemelha-se, sob o ponto de vista da natureza, aos “arrepios” europeus ou americanos por imigrantes de países subdesenvolvidos, mas mostram-se muito mais graves por se tratarem de pessoas de uma mesma sociedade, de um mesmo País, que reforçam a concepção dos incluídos e dos excluídos, de forma clara e institucionalizada.

Muito se questiona, por exemplo, sobre o sentido da ampliar as vagas em um curso do qual o aluno sairá desempregado ou subempregado. É indiscutível que os cursos superiores devem preocupar-se com o grau de empregabilidade dos seus egressos, e esforçar-se para aumentá-lo, mas o ensino superior tem como função precípua a formação do indivíduo em um dos graus mais elevados de profundidade, e negar

isso à população interessada é reforçar a exclusão ao conhecimento em decorrência do desemprego ou das mazelas do mercado. Conforme já abordado em capítulo anterior, a formação do capital humano é uma das principais razões de desenvolvimento de uma nação.

É preocupante, no entanto, o posicionamento de docentes do ensino superior - uma categoria que vive a vida universitária com tamanha proximidade - no sentido de que o mercado deve regular de forma absoluta o que a sociedade deve e não deve formar, o quanto o conhecimento deve ser ampliado ou restringido. Se as pessoas precisassem aguardar os espaços nos mercados de trabalho para ampliar o conhecimento, certamente muitas sociedades não seriam transformadas a partir do conhecimento, muitos mercados não seriam mais do que uma reunião de “profissões da moda”, e muitos cursos que não possuem o menor retorno do mercado já teriam sido extintos.

A segunda pergunta relativa ao processo expansionista aplicada aos docentes traz também um aspecto importante, cujas respostas tornam clara uma dicotomia bastante curiosa. Anteriormente, havia-se perguntado ao docente pesquisado acerca da qualidade geral do curso em que ele leciona. Conforme apresentado, apenas 0,9% (um docente) classificou o curso do qual faz parte como “ruim” ou “muito ruim”. Os demais classificaram como “regular” ou “bom”.

Desta vez, no entanto, foi pedido ao docente uma avaliação da expansão do ensino jurídico no que se refere à qualidade dos cursos, e não somente aquele em que ele leciona. 47,20% 19,00% 26,30% 6,30% 1,20% Considerando a sua experiência na atividade docente,

qual a sua avaliação da expansão do ensino jurídico, no que se refere à qualidade dos cursos?

(A) Negativa, pois acho que a maioria dos cursos não tem atingido níveis satisfatórios de qualidade.

(B) Positiva, pois mesmo sem uma qualidade satisfatória da maioria dos cursos identifico outros pontos favoráveis na expansão. (C) Positiva, pois acho que, mesmo sem uma qualidade satisfatória atual, a maioria dos cursos ainda chegará a um bom nível de ensino.

(D) Positiva, pois acho que a maioria dos cursos tem atingido níveis satisfatórios de qualidade do ensino.

Nulo

92,5% dos docentes pesquisados afirmaram que a maioria dos cursos não tem atingido níveis satisfatórios de qualidade. Apenas 6,3% opinaram que a maioria dos

cursos tem atingido níveis satisfatórios de qualidade de ensino. Apesar das críticas à qualidade, 51,6% classificaram como positiva a expansão dos cursos, seja porque identificam outros pontos favoráveis na expansão (19%), seja porque acreditam que a maioria dos cursos ainda chegará a um bom nível de ensino (26,3%), seja porque acha que esses níveis de qualidade já são satisfatórios na maioria dos cursos (6,3%).

Os resultados encontrados neste item revelam uma situação bastante curiosa. Quando perguntados sobre a qualidade geral do curso em que leciona, apenas 0,9% classificou como “ruim” ou “muito ruim”. Quando perguntados sobre a qualidade dos cursos em geral, apenas 6,3% disseram que é satisfatória. Perguntas deste tipo aplicadas em um mesmo instrumento de levantamento ajudam a interpretar as respostas obtidas, evitando apenas uma análise numérica objetiva.

Duas hipóteses podem ser levantadas. Por um lado, pode-se considerar que o docente criou na primeira resposta um protecionismo ao curso do qual faz parte, evitando um posicionamento crítico a uma estrutura da qual é membro. Por outro lado, poder-se-ia sugerir que o docente elogia aquilo que conhece, mas é crítico em relação ao que não conhece, ou seja, não acredita que os outros cursos podem estar em um grau de qualidade próximo ao qual faz parte.

As duas hipóteses não são necessariamente antagônicas. A combinação das duas análises feitas pelos docentes (o curso em que leciona e os cursos em geral) demonstra, induvidosamente, que os cursos têm dificuldades claras de atingir um patamar de qualidade, mas também revelam uma profunda “carga” de preconceito entre os seus próprios pares.

Por fim, buscou-se identificar, na opinião dos docentes, considerando a expansão do ensino, qual seria o principal problema na formação de um bacharel em Direito.

14,50% 10,90%

60,90%

9,00%

0,00%4,70%