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Constituição de 1988 benefícios e dificuldades para educação e carreira

CAPITULO II: POLITICAS EDUCATIVAS DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DE

2.2 Constituição de 1988 benefícios e dificuldades para educação e carreira

―Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda‖ (Paulo Freire, 1997).

A Constituição de 1988, promulgada no dia 5 de outubro, ficou conhecida como a ―constituição cidadã‖ em alusão às suas diversas conquistas no campo das liberdades individuais e dos direitos de natureza social e política. Com isso, apesar do abrandamento causado pela anistia geral, o Estado dava fim às arbitrariedades legitimadas pelos militares.

A Educação brasileira passou por mudanças significativas na legislação a partir do princípio do federalismo, que envolveu o município conforme salienta a Constituição de 1988, e se fundamentou com a da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n.º 9394/96, de 20 de dezembro, e da Emenda Constitucional 14/96, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF). Os governos locais tornaram-se os principais responsáveis pela oferta do ensino fundamental, através

39 da municipalização do ensino. Com essas alterações pode-se perceber que os professores e a educação foram reconhecidos nesta nova LDB, podemos destacar a importância da educação desde a pré-escolar, passaando pelo ensino fundamental, segundo grau e ensino superior. Pode-se dizer que ―do ponto de partida das reformas é visão de que caberia, finalmente, avançarmos numa distribuição mais precisa de competências entre as diversas esferas da administração pública. Um olhar sobre a legislação nos dá uma boa ideia das modificações ocorridas nesta complexa questão‖ (Oliveira, 2000).

Quanto ao ensino, a partir das alterações já citadas a Constituição Federal de 1988 colaborou para o progresso educacional no Brasil, mas também provocou algum caos com a descentralização, com a autonomia da educação. Segundo Oliveira (1997), a expressão ―municipalização do ensino‖, quando reportada para o ensino fundamental, pode ser entendida por duas matrizes diferenciadas: como iniciativa do próprio poder municipal, de expandir sua rede de ensino e como processo de transferência de rede de ensino de um nível de administração pública para outro. Neste trabalho, o conceito de municipalização do ensino está relacionado com a segunda opção.

O Ensino Fundamental era prioritário em relação aos demais por constituir-se no cerne do Direito à Educação, prescrito no Art. 211.º:

A união, os Estados, O distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seu sistema de ensino.

o § 1º - A União organizará e financiará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, e prestará assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória.

o § 2º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar.

Um dos pontos negativos da Constituição Federal no Brasil segundo Scheibe (2010), se dá por motivos da ―inexistência de um Sistema Nacional de Educação no Brasil pode ser uma das razões pelas quais a profissão docente se apresenta, hoje,

40 extremamente diferenciada e fragmentada. Estados e municípios, considerados entes autônomos, conforme a Constituição Federal de 1988 correspondem cada um a um sistema de ensino. Há professores federais, estaduais e municipais; professores concursados e não concursados; professores urbanos e rurais; professores das redes públicas e particulares e das redes patronais profissionais (Sistema S7); e professores titulados e sem titulação.‖Essa ausência de política educativa transparente faz com que ―essa situação origina planos de carreira distintos (ou ausência de planos), salários diferenciados e duplicação de jornada em carreiras diferentes: estadual/municipal; pública/privada; educação básica/educação superior‖ (Oliveira, 2010).

A partir da descentralização do ensino os Estados e Municípios se organizaram de maneira diferente, ou melhor, dentro da realidade daquela região, algumas escolas organizadas em séries, e outras por ciclos, a opção pela organização alterou também o currículo e os conteúdos. Essa foi um das razões que causou o caos, pois regiões muito próximas eram muito diferentes conforme seguissem a legislação do Município ou do Estado, principalmente no que se refere aos salários dos professores e demais profissionais da educação e sua valorização na carreira docente. Percebe-se então que a solução para evitar o que aconteceu posteriormente, ou seja, antes de acontecer a descentralização a União – (Distrito Federal, Estados e Municípios) deveriam ter realizado simpósios onde o foco seria a ―organização do Estado e do Município, visando: i) elaboração de legislação educacional; ii) políticas educativas que atendesse de uma maneira mais abrangente e mais igualitária, Município e Estado. Sendo o Brasil na época organidado em 26 estados e 5.000 municípios, necessitava de uma organização pensada pela União, evitando essas grandes diferenças na educação.

Entretanto, mesmo com os avanços da Constituição, o pacto federativo brasileiro convive com intensas desigualdades sociais e regionais, que afetam a capacidade arrecadadora de alguns entes federados. Na opinião de Cury (2002),

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A Constituição Federal do Brasil prevê, em seu artigo 149.º, três tipos de contribuições que podem ser instituídas exclusivamente pela União:

(I) contribuições sociais;

(II) contribuição de intervenção no domínio econômico;

(III) contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas.

Com base nesta última hipótese de incidência é que tem a base legal para a existência de um conjunto de onze contribuições que convencionou-se chamar de Sistema S.

41 ―[...] um dos obstáculos para a realização deste modelo federado é a desproporção existente entre os Estados do Brasil, seja sob o ponto de vista dos recursos financeiros, seja do ponto de vista da presença política, seja do ponto de vista do tamanho, demografia e recursos naturais‖.

Embora a legislação nacional, ou seja, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 19968 aponte para a necessidade de garantir planos de carreira, piso salarial nacional para os profissionais da educação, estabelecimento de um estatuto e plano de carreira do magistério público e obrigatoriedade de formação superior para todos os docentes, a Constituição reafirmou, paralelamente, a condição do país como uma República Federativa e o reconhecimento dos municípios, inclusive, como entes federativos. Tal fato colocou em destaque o princípio da descentralização e, com isso, o campo educacional e todas as ações que dizem respeito aos docentes da escolarização básica passam a depender, cada vez mais, da organização dos diversos entes federativos em regime de colaboração.

Para Oliveira (1997) estabelecer um pacto federativo que discrimine as responsabilidades das diferentes esferas da administração pública (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para com a educação seria um dos aspectos mais importantes da Constituição Federal de 1988, devendo ser regulamentado pela legislação complementar, tendo em vista os casos notórios de divisão de responsabilidades desiguais e irracionais entre Estados e Municípios. Por estes dispositivos, ―percebe-se que a distribuição das competências é bastante elástica, permitindo que em príncipio, cada nível da educação pública atenda a qualquer nível de ensino. Mesmo a prescrição de que os Municípios atuarão ‗prioritariamente‘ no nível fundamental e pré-escolar, não tem caráter imperativo‖ (Oliveira, 1997).

Nesse sentido, a Constituição de 1988 destacando o princípio de federalismo que atinge o município, reconhecendo-o como ente autônomo e consequentemente, dando-lhe a autonomia de organizar o seu sistema, a municipalização do ensino fundamental como política somente foi efetivada em termos consideráveis no contexto brasileiro a partir da nova engenharia política de financiamento estabelecida em 1996, que foi capaz de induzir a descentralização da gestão deste

42 nível de ensino, através da Emenda Constitucional 14, de 12 de setembro de 1996, que criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (FUNDEF) e Valorização do Magistério (aprovação da LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

Na constituição de 1988, houve menção quanto aos deveres dos professores, carreira, progressão, no entanto não mencionava estatuto, piso salarial e as organizações. Somente com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.º 9394/96, de 20 de dezembro, se dá início a essa projeção de valorização do professor e do magistério.

2.3 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação e as projeções positivas para a

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