Constituição dos sistemas de extinção automática de incêndios por gases

 inundação total, para proteção de compartimentos e respetivos bens nele contidos (Figura 2.25);  aplicação local, para proteção de um determinado equipamento não confinado (Figura 2.26);  aplicação localizada, para proteção de um determinado equipamento confinado (Figura 2.27).

Figura 2.25  SAEIG de inundação total num compartimento[59].

Figura 2.26  SAEIG de aplicação local num equipamento não confinado [60].

a) Esquema de funcionamento [61] b) Aplicação na proteção de quadro elétrico [62] Figura 2.27  SAEIG de aplicação localizada num equipamento confinado em armário próprio.

Quanto à cobertura num determinado edifício, os SAEIG de inundação total podem classificar-se em:  sistemas individuais ou modulares, protegendo um único compartimento (Figura 2.28);  sistemas centralizados ou múltipla-zona, protegendo vários compartimentos (Figura 2.29).

1. Cilindros armazenamento gás extintor; 2. Central de deteção, controlo e atuação;

3. Sirene elétrica; 4. Avisador luminoso; 5. Detetor de incêndio;

6. Bocal de descarga; 7. Grelha de alívio de pressão.

Figura 2.28  Esquema de SAEIG de inundação total tipo individual ou modular [63].

1. Cilindros armazenamento gás extintor;

2. Dispositivo de atuação pneumática;

3. Dispositivo de retardo; 4. Central de deteção, controlo e

atuação; 5. Válvula comutadora; 6. Dispositivo de corte; 7. Válvula de segurança; 8. Válvula seletora; 9. Redutor de pressão; 10. Dispositivo elétrico de fecho

de porta;

11. Sirene pneumática; 12. Sirene elétrica;

13. Avisador luminoso; 14. Detetor de incêndio; 15. Bocal de descarga com

silenciador;

16. Bocal de descarga sem silenciador;

17. Grelha de alívio de pressão.

Quanto à sua configuração, pode dizer-se que os SAEIG, independentemente da natureza do gás utilizado, são essencialmente constituídos por:

 reservatórios de armazenagem;  rede de distribuição;

 difusores de descarga;

 sistema de deteção, atuação e controlo;  sistema de alívio de pressão e ventilação.

Os reservatórios de armazenagem, geralmente consistem em cilindros metálicos, em número adequado aos riscos a proteger. No entanto, existe também a solução de instalar um reservatório de maiores dimensões, utilizada geralmente em sistemas centralizados de grandes dimensões.

Nos sistemas centralizados, quando os compartimentos têm volumes diferentes, a diferenciação da quantidade de agente extintor para cada compartimento, faz-se com recurso a válvulas seletoras (Figura 2.30).

1. Cilindros armazenamento agente extintor ligados a um coletor;

2. Válvula seletora de 2 zonas independentes;

3. Controladores pneumáticos atuados pela central de controlo eletrónica;

4. Central de controlo eletrónica;

5. Comutador pneumático para mudar para o cilindro de reserva antes da descarga da totalidade dos cilindros;

6. Tubagem para as zonas protegidas.

Figura 2.30  Esquema de montagem de reservatórios de armazenagem de um SAEIG de inundação total tipo múltipla-zona ou centralizado [64].

A rede de distribuição deve ser resistente às pressões de funcionamento dos sistemas, bem como a agressões externas e às diferenças entre eventuais temperaturas baixas do agente extintor armazenado e as eventuais temperaturas atingidas num incêndio.

Assim as redes são construídas geralmente com tubos metálicos sem costura, da série média ou forte, sendo exigido em alguns casos, por questões relacionadas com corrosão interna, que os tubos tenham

proteção por galvanização ou, para diâmetros mais pequenos, que esses sejam mesmo de material mais resistente à corrosão, como por exemplo o aço inox.

Os difusores de descarga, dos quais de apresentam alguns exemplos na Figura 2.31, devem ser escolhidos em função dos riscos a proteger e da cobertura pretendida, devendo esta escolha ser apoiada em documentos de ensaio e recomendações do fabricante.

a) Bocal tipo aspersor a) Bocal de projeção 360o a) Bocal com silenciador Figura 2.31  Bocais de descarga de SAEIG [63].

O sistema de deteção, atuação e controlo é um sistema de extrema importância para a eficácia de um SAEIG. Se a sua sensibilidade for reduzida, o tempo de atuação do sistema de extinção pode ser demasiado, permitindo danos indesejáveis nos bens protegidos, por outro lado, se a sua sensibilidade for demasiadamente elevada, pode originar ativações acidentais, que no caso destes SAEIG, resultam em elevados custos para os proprietários.

Assim, é aconselhável nestes sistemas implementar um sistema de deteção cruzada de duas linhas de deteção independentes. A deteção de um eventual fogo pelos detetores da “linha 1” permite ativar os alarmes, colocando o sistema preparado, mas não ativando a descarga. A deteção desse eventual fogo pelos detetores da linha 2”, confirma a existência de fogo e ativa então a descarga. Neste esquema de deteção, devem ser utilizados detetores de diferentes naturezas em cada linha de deteção, por exemplo, num compartimento onde existe papel, armazenado de forma a que possa ocorrer um incêndio de desenvolvimento lento e profundo, podem ser instalados detetores de CO na linha 1, de atuação mais rápida e, detetores de fumos na linha 2, para confirmação final.

O sistema de alívio de pressão é também fundamental em SAEIG de inundação total, principalmente, quando se utiliza como agente extintor o CO2 ou gases inertes, podendo por em causa a integridade

estrutural dos elementos mais frágeis.

Este efeito é tanto mais notado, quanto mais estanque for o compartimento protegido pelo SAEIG. Os sistemas de alívio de pressão, consistem em aberturas de admissão ou extração de ar, que abrem acima de determinados valores de pressão ou sução, conforme o exemplo que se apresenta na Figura 2.33.

Como atrás foi referido, nos SAEIG com utilização de CO2 ou de agentes químicos liquefeitos, as

aberturas de alívio de pressão devem funcionar nos dois sentidos, de forma a aliviar as subpressões e as sobrepressões geradas nos compartimentos.

Figura 2.33  Grelha de alívio de pressão em SAEIG [66].

Os sistemas automáticos de extinção de incêndios por gases, podem ainda ser complementados com sistemas manuais, com aplicação do tipo:

 semifixa com mangueiras em carretel;  móvel com extintores portáteis.

Nestes sistemas manuais, importa referir que as concentrações atingidas na proximidade dos bocais de aplicação de agente extintor, podem ser muito elevadas e prejudiciais para as pessoas que estejam na proximidade dessa zona, implicando riscos de toxicidade ou asfixia, principalmente, se o espaço não for ventilado, devendo ser tidos em conta estes aspetos antes da utilização, designadamente, preconizando a utilização de equipamentos de proteção individual adequados, ou, a utilização agentes extintores de outra natureza, com menores riscos para a saúde das pessoas envolvidas.

SAEI POR ÁGUA NEBULIZADA