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A constituição física humana pode ser entendida como a reunião de três aspectos distintos e ao mesmo tempo inter-relacionados que são as

dimensões, composição e estrutura corporais (Abernethy et al., 1997;

Boileau & Lohman, 1977), delimitados a seguir:

Dimensões corporais

Referem-se à magnitude física do corpo humano em termos de seu volume, massa, comprimentos e área de superfície, sendo o aspecto mais reconhecido da constituição física;

Composição corporal

Refere-se às quantidades relativas e/ou absolutas dos diferentes tecidos que constituem o corpo humano, destacando-se os tecidos ósseo, adiposo e muscular;

Estrutura corporal

Refere-se à disposição ou “arranjos” das partes corporais, como a distribuição da adiposidade, massa muscular e esquelética pelo corpo. Busca-se, por meio de sua análise, descrever a forma, aspecto ou configuração do corpo humano em relação às suas proporções.

Como forma acessível e útil de obtenção de informações quantitativas referentes aos aspectos que integram a constituição física, pode-se utilizar o recurso da antropometria, conjunto de técnicas básicas aplicada no presente estudo.

De acordo com Malina (1988) a antropologia física ou biológica é a área do conhecimento direcionada, em grande parte, ao estudo e compreensão da variabilidade biológica humana, incluindo-se nesta, sua variação morfológica e tendo a antropometria como principal instrumento de aplicação nesse estudo.

Ao referirem-se à antropometria, Behnke e Wilmore (1974) citam que o corpo humano pode ser descrito com satisfatória acurácia por meio de uma série de medidas de sua morfologia externa. Neste sentido, Carter (1984) cita que as mensurações da antropometria externa refletem informações sobre a estrutura e composição dos tecidos internos.

Como exemplo, as medidas de massa corporal, estatura, perímetros obtidos em diferentes regiões corporais, diâmetros ósseos e dobras cutâneas, proporcionam informações sobre as dimensões gerais do indivíduo e sobre tecidos e partes corporais específicas (Malina, 1984).

Comumente, as medidas de massa corporal e estatura são indicadoras das dimensões corporais gerais, enquanto os perímetros ou circunferências, dobras cutâneas, diâmetros ósseos e comprimentos de segmentos, são utilizados na avaliação das dimensões e proporções das diferentes partes corporais. Isoladamente ou em conjunto, tais medidas são também utilizadas com o propósito de avaliar a composição corporal total e regional.

Em termos práticos, a obtenção de dados antropométricos envolve a definição cuidadosa dos locais de medida no corpo, posicionamento específico do indivíduo para a mensuração e uso de instrumental apropriado (Malina, 1995).

Antropometria (antropo= “ser humano”, metria= “medir”) é definida como uma série de técnicas de mensuração sistematizadas que expressam quantitativamente as dimensões do corpo humano (Malina, 1995), ou de forma ampla, referida como a mensuração externa do corpo humano (Boileau e Lohman, 1977).

A antropometria é considerada um método não invasivo, no sentido fisiológico, e que possibilita medir dimensões externas do corpo bem como de suas diferentes partes ou segmentos (Malina e Bouchard, 1991a; Malina, 1995). Possui caráter técnico abrangendo procedimentos para mensurar e observar as variações do corpo humano e permitindo, por seu intermédio, expressar quantitativamente os aspectos relativos à constituição física.

Vista muitas vezes como um instrumento tradicional e básico da antropologia biológica, a antropometria possui longa tradição de uso nas

áreas de Educação Física, da Ciência do Esporte e da atividade física e encontrando crescente aplicação nas Ciências Biomédicas (Malina, 1995).

Vantagens podem ser observadas quando da aplicação da antropometria como descrito por diversos pesquisadores (Lohman et al., 1988; World Health Organization, 1995a; Malina, 1995; Heyward e Stolarczyc, 1996, Roche, 1996; Wang et al., 2000): é o único método aplicado universalmente, não invasivo e disponível para avaliar as dimensões, estrutura e composição do corpo humano, apresentando relativa simplicidade de métodos, baixo custo, útil em estudos de campo permitindo aplicação em um número grande de indivíduos, possibilitando a portabilidade dos instrumentos e uso em ambientes diversos e, a existência de literatura substancial sobre o assunto.

Como exemplo, algumas de suas aplicações são descritas como levantamentos antropométricos em larga escala que resultam em dados referenciais e/ou que possibilitam avaliar a saúde e o estado nutricional da população, podendo gerar aplicações que vão além do sentido puramente descritivo. Além disso, dados antropométricos possuem variados usos em saúde pública, como indicadores simples baseados na relação peso para altura em crianças e índices antropométricos, isto é, combinação entre medidas, que possibilitam identificar indivíduos com risco de morbidade e mortalidade ligadas a doenças crônicas. Visando tal aplicação, medidas antropométricas são freqüentemente vistas como indicadores dos padrões de vida e como medidas de saúde geral (Johnston e Martorell, 1988).

Referindo-se a esse tema a World Health Organization (1995a) destaca que pesquisas têm expandido a aplicação da antropometria, incluindo a predição de quem irá se beneficiar de intervenções, identificar desigualdades econômicas e sociais, e analisar respostas às intervenções. Van Itallie (1988) cita que estudos clínicos e epidemiológicos têm revelado atributos antropométricos mensuráveis do corpo humano que podem ser relacionados ao risco de desenvolvimento de desordens metabólicas e várias doenças, como por exemplo, índices que relacionam o peso corporal com a estatura ou o perímetro de cintura em relação ao do quadril e a espessura de dobras cutâneas em vários locais do corpo.

Pode-se dessa forma, recorrer à utilização de aspectos antropométricos do ser humano como base para a avaliação de intervenções, considerando as medidas como referencial de desfecho ou como mediadoras de um processo de morbi-mortalidade, possibilitando identificar indivíduos ou grupos em risco e que necessitam atenção especial.

É importante, entretanto, ao se decidir utilizar a antropometria, a consideração da seleção das medidas necessárias a serem coletadas. Malina (1995) aponta que a seleção das medidas antropométricas necessárias deve ser efetuada na fase de planejamento da pesquisa, levando em conta uma análise lógica abrangente que resultará em um conceito claro do conhecimento a ser obtido. Para tanto, o autor recomenda que cada medida deve ser selecionada a fim de proporcionar uma peça específica de informação dentro do contexto do desenho do estudo, seu

propósito e as questões sob consideração. Tal cuidado é em razão de que o número de medidas que podem ser obtidas em um indivíduo é quase ilimitado (Abernethy, 1997; Malina, 1995), e assim, a escolha das opções será determinada pelos objetivos do estudo (Abernethy, 1997).

1.4 Antropometria, composição corporal e distribuição anatômica da