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Constrangimentos e barreiras no design e inovação na construção pré-

1. Introdução

1.3. Revisão bibliográfica

1.3.5. Constrangimentos e barreiras no design e inovação na construção pré-

Apesar dos benefícios da construção pré-fabricada modular serem conhecidos, este tipo de construção ainda não é muito utilizada.

Estudos mostraram que não existe uma vantagem competitiva relativamente ao uso da construção modular em relação à construção tradicional (30). Tal facto poderá estar relacionado com a existência de um estigma no que diz respeito à falta de qualidade associada à construção modular, tendo como referência um passado de construção modular de baixa qualidade.

Em 2007, um artigo na Building and Environment indicava que seria necessário seguir as seguintes estratégias para que a construção modular fosse considerada rentável (31):

a) Completa mecanização do processo de produção;

b) Eliminação máxima do trabalho em campo (onsite) o quanto possível; c) Maximizar o uso de materiais reciclados para componentes de construção

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Nos últimos 10 anos têm vindo a ser feitos diversos estudos (aqueles feitos por Lu Na (32), McGraw Hill Construction (33), Carl T. Haas (34), Schoenborn (8), etc) nos quais identificaram algumas barreiras relativamente à construção pré-fabricada modular.

Em 2012, Schoenborn menciona, no seu caso de estudo, as barreiras e os constrangimentos deste tipo de construção com base em diversas entrevistas efetuadas a empresas do ramo, sendo estas as seguintes:

1) A perceção negativa do mercado com base em precedentes construídos.

A conotação negativa associada a este tipo de construção advém da associação a construção pobre e insegura. Historicamente, o setor foi orientado para a construção de soluções de construção temporárias para necessidades imediatas, no entanto, hoje em dia, a indústria reconhece a necessidade de uma construção durável, mesmo que para usos temporários.

Assim, a falta de conhecimento dos consumidores sobre o que é possível pode impedir a inovação no design.

A fim de ultrapassar o estigma, por vezes associado à construção modular, os fabricantes tentam oferecer um produto construído indistinguível de um construído com as técnicas tradicionais.

2) Os elevados custos iniciais agravados pela falta de conscientização dos clientes acerca das potenciais vantagens financeiras a longo prazo.

Apesar de a construção modular operar sobre um cronograma acelerado e os trabalhadores de fábrica exigirem salários mais baixos do que os trabalhadores da construção no local, a poupança será geralmente descompensada devido aos altos custos do transporte. Os custos do projeto também serão maiores, pois o processo exige fases de conceção e desenvolvimento documentado prolongado. A expectativa dos consumidores de que estarão a adquirir um produto mais barato limita assim, o potencial de inovação do design.

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Como constrangimentos (8) tem-se que estas dizem respeito, principalmente:

3) Aos diferentes processos de fabrico de fabricante para fabricante.

No estudo mencionado, cada empresa possuía o seu método de fabrico, existindo diferenças significativas.

Esta falta de transparência em relação aos meios e métodos de construção pode ser considerada uma restrição para projetar inovação.

4) Falta de conhecimento dos processos de produção entre os arquitetos.

Os dados adquiridos por Schoenborn no seu estudo demonstram que existe um desejo por parte dos fabricantes de educar os arquitetos, informando-os sobre o que é e o que não é possível na construção modular, sendo esta uma tarefa tanto ou quanto complicada uma vez que o processo de fabrico varia de fabricante para fabricante, como referido no ponto anterior.

5) Ao maior nível de detalhe e ao compromisso de tempo exigido antecipadamente para o desenvolvimento dos desenhos necessários para o fabrico.

Os desenhos do processo de fabrico são normalmente criados, além dos documentos da construção. Esta duplicação de trabalho dá razão ao fato de que os desenhos de construção de um arquiteto são tipicamente inadequados para a construção modular. De modo a melhorar a eficiência, os desenhos do processo de fabrico e os documentos de construção deveriam ser fundidos (8).

Passar mais tempo inicialmente em desenhos detalhados seria uma mais-valia para melhorar a eficiência, aumentar a velocidade de trabalho e diminuir o custo total.

6) Como a abordagem para a aquisição de trabalho afeta as responsabilidades das partes interessadas.

Devido à natureza da conceção e da construção na construção modular, é necessária uma estreita comunicação entre o fabricante e o arquiteto desde o início do projeto. Por exemplo, mais trabalho feito na fábrica (offsite) dá um maior grau de controlo sobre a velocidade e a qualidade da construção ao fabricante, mas diminui a contribuição do empreiteiro geral no local de montagem (onsite), não sendo otimizado o fluxo de trabalho.

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7) Ao conhecimento de programação necessária para a utilização de máquinas que funcionam com CAM, limitando o uso de automatização na fábrica.

A disponibilidade de máquinas operadas por CAM põe em causa se um processo industrializado pode ser aplicado à construção pré-fabricada modular semelhante à maneira pela qual os automóveis são fabricados.

A construção modular proporciona um ambiente de trabalho estático, dividindo construção numa série de tarefas isoladas. Um processo de fabricação totalmente automatizado está dependente de um grande volume de demanda, um nível de que não é normalmente disponível na construção civil. Por conseguinte, a aplicação de máquinas dedicadas para funções singulares é utilizada quando possível.

O problema é que o software CAM, hoje, é geralmente inadequado para a manipulação de trabalho de projetos personalizados. Tais programas não têm a capacidade de personalização que o software CAD tem, por isso a repetição é fundamental.

8) Ao tamanho dos módulos e às limitações do peso com base no método de envio.

O fabrico de componentes fora do local de montagem (offsite) levanta imediatamente a questão do modo de transporte disponível para o envio. Os custos poupados, acumulados desde o processo de fabricação, são muitas vezes descompensados pelos custos do transporte. Por este motivo, é importante refletir sobre qual será a solução com melhor custo-benefício no momento de decidir o tamanho e a estrutura dos módulos. Os pontos seguintes incluem fatores afetados por restrições de transporte (8):

As estruturas modulares transportadas num caminhão são limitadas em comprimento, largura e peso com base na capacidade física do veículo

Os componentes que cabem em contentores de carga são os mais adequados para projetos no exterior, porque a integridade estrutural dos recipientes permite empilhamento desorganizado. No entanto, os componentes são limitados pelas dimensões interiores do contentor em comprimento, largura e altura.

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