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A CONSTRUÇÃO DO PERFIL DAS PESSOAS IDOSAS USUÁRIAS DO CEAS

QUADRO 04: ESTRUTURA FÍSICA DO CEASI, NATAL/RN,

3. A CONSTRUÇÃO DO PERFIL DAS PESSOAS IDOSAS USUÁRIAS DO CEAS

Este Capítulo intenta levantar e discutir os traços que perpassam a construção do perfil dos usuários idosos do CEASI, no município de Natal/RN. A preocupação investigativa em analisar o perfil dos usuários das Políticas Sociais é algo recente na produção do conhecimento nas Ciências Sociais Aplicadas, sobretudo, no Serviço Social.

Segundo Iamamoto (2007), durante décadas o objeto de pesquisa do Serviço Social centrou-se no contexto macrossocietário, principalmente na relação entre Estado e sociedade. A publicação da Tese de Doutorado de Maria Carmelita Yazbek, denominada Classes subalternas e Assistência Social (1993), introduz no debate e na pesquisa da formação profissional dos Assistentes Sociais o interesse investigativo pela identidade e cotidiano dos usuários da Política da Assistência Social, marcados pela subalternidade.

A partir dessa publicação, outras obras emergem centradas no foco analítico de determinados segmentos populacionais, usuários das unidades programáticas das Políticas Sociais, com maior destaque para o segmento da criança e do adolescente.

Os usuários idosos, enquanto objeto de estudo e sujeitos das pesquisas, ganham centralidade investigativa a partir da constatação do processo de envelhecimento humano da sociedade brasileira e com a aproximação aos recentes estudos da Gerontologia Social e áreas afins.

A discussão dos traços identitários que compõem o perfil dos usuários idosos do CEASI alicerçou-se em metodologias quantitativas e qualitativas no trato dos dados primários e secundários, permeados pelos estudos teóricos de autores que analisam as discussões acerca das categorias que explicam a identidade, o cotidiano, o acesso e o atendimento das necessidades dos usuários pelas Políticas Sociais, como: NERI (2003), BASSET (2002), TAVARES (2006), CAMARANO (2002; 2004), NERI (2007), VERAS (2002), LOPES (2003), ALBUQUERQUE (2008) e outros.

A coleta dos dados primários realizou-se através do uso da entrevista semi-estruturada e da aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, junto a 40 (quarenta) usuários do CEASI que compuseram a amostra aleatória por acessibilidade (GIL, 1999).

Os dados que contemplam o perfil dos usuários idosos constituem- se na 1ª Parte do Questionário e encontra-se dividido em: dados pessoais e dados sócio-econômicos. O modelo do questionário encontra-se no Apêndice desta Dissertação.

Os dados secundários foram coletados, sobretudo, de estatísticas públicas (IBGE e IPEA) e de outros institutos de pesquisa, como a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O processo de coleta também compreendeu a pesquisa bibliográfica e documental, esta junto a instituições governamentais estaduais e municipais.

A análise dos dados coletados por esses instrumentos e técnicas realizou-se pelo uso predominante da metodologia quantitativa mediante a leitura estatística descritiva com Tabelas e Gráficos, complementada com a análise documental de fontes secundárias que estudam a realidade demográfica brasileira, sobretudo, com dados sobre as pessoas idosas.

De acordo com os estudos demográficos, o envelhecimento humano é crescente quando ocorre a ampliação da participação relativa de pessoas idosas no total da população. Assim, ―É aceito entre os estudiosos que uma população seja considerada envelhecida quando a proporção da população acima de 65 anos oscile entre 8 e 10% da população total‖ (BERZINS, 2003, p.22)

Considera-se que o envelhecimento humano é reflexo do aumento da expectativa de vida devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade.A Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2009) revela que a população brasileira com menos de um ano de idade reduziu-se em 27,8% em dez anos, passando de 1,8% da população total em 1998 para 1,3% em 2008; assim, o atual contingente de pessoas idosas brasileiras, de 21 milhões, já é superior ao de crianças de 0 a 6 anos — que é de 19,4 milhões. Entre

1998 e 2008, a proporção de pessoas idosas de 60 anos ou mais do país aumentou de 8,8% para 11,1%.

Segundo ainda a Síntese de Indicadores Sociais (IBGE, 2009), em 2008 havia 9,4 milhões de pessoas com 70 anos ou mais no país, 4,9% da população total. De 1998 a 2008, o grupo etário de 80 anos ou mais foi o que mais cresceu, chegando a quase 70% ou 3 milhões de pessoas.

Esse contingente de pessoas com 60 anos ou mais no Brasil supera a população idosa de vários países europeus, como a França, a Inglaterra e a Itália, entre 14 milhões e 16 milhões cada. Em face desses números, o Brasil encontra-se na lista dos 10 países com maior população de pessoas idosas em termos absolutos do mundo; ocupa a oitava colocação, sendo os primeiros do ranking: China, Índia, EUA, Japão, Rússia, Alemanha e Indonésia.

Segundo ainda a Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2009), com o aumento da expectativa de vida e a queda da fecundidade, a tendência de envelhecimento da população brasileira se consolidou. Os especialistas reconhecem que essa expansão indica aumento da taxa de longevidade no Brasil, mas requer medidas para garantir atendimento a esses idosos na rede pública.

O aumento da população idosa do Rio Grande do Norte também tem sido significativa a ponto de se constituir, em termos relativos, a 4ª maior do Nordeste com 10,6 (IBGE, 2009), superada apenas pelos estados da Paraíba (11,6), Piauí (11,0) e Ceará (10,9). Em 2008, a população potiguar atingiu, em termos absolutos, 333.000. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte (2009), a região da Grande Natal possui 102.127 pessoas idosas.

Seguem, abaixo, os dados da população residente, por grupo de idade de 60 anos ou mais, segundo as Unidades da Federação da Região Nordeste e do Brasil, no período de 2007-2008. Trata-se de uma Tabela que foi construída a partir dos dados apresentados na Síntese dos Indicadores

Sociais do IBGE (2009), correspondente à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2008.

Quadro 05: População residente, por idade de 60 ou mais, segundo Unidades da Federação da Região Nordeste e Brasil – 2007e 2008

REGIÃO NORDESTE ANOS 2007 NÚMEROS ANOS 2008 NÚMEROS ESTADOS ABSOLUTOS RELATIVOS

(1.000 PESSOAS) (%) ABSOLUTOS RELATIVOS (1.000 PESSOAS) (%) Maranhão 542 8,6 553 8,6 Piauí 336 10,7 349 11,0 Ceará 883 10,6 920 10,9 Rio G. do Norte 289 9,3 333 10,6 Paraíba 420 11,2 438 11,6 Pernambuco 852 9,8 887 10,1 Alagoas 302 9,6 303 9,5 Sergipe 156 7,8 161 7,9 Bahia 1.428 9,9 1.497 10,3 BRASIL 19.745 10,5 21.039 11,1 FONTE: IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais, 2009 (Adaptação da autora)

Como se aventou, a análise dos dados identitários que compõem o perfil dos usuários idosos do CEASI considerou duas dimensões: os dados pessoais e os dados sócio-econômicos.

3.1 PERFIL DAS PESSOAS IDOSAS USUÁRIAS DO CEASI SEGUNDO A DIMENSÃO PESSOAL

A dimensão investigativa dos dados pessoais dos usuários idosos do CEASI contempla as seguintes variáveis: faixa etária, sexo, cor/etnia, religião, estado civil, zonas residenciais e papel desempenhado nas relações familiares.

Inicia-se a análise dos dados pessoais com a apresentação e a discussão dos resultados referentes ao sexo e à faixa etária das pessoas idosas entrevistadas.

Tabela 01 -Sexo e Faixa Etária das Pessoas Idosas Entrevistadas. Natal /RN, 2007

Sexo/ Faixa Etária