• Nenhum resultado encontrado

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.2 CONSTRUÇÃO DOS DADOS

Visando responder ao problema de pesquisa e cumprir os objetivos traçados para esse trabalho, foi estabelecido um primeiro contato com o órgão máximo de representação das cooperativas no estado de Mato Grosso: Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso (OCB/MT). Por meio de uma reunião com o Superintendente da OCB/MT em julho de 2014, foi apresentada a proposta de pesquisa solicitando, assim, a colaboração da organização para o acesso às Cooperativas Agropecuárias do Estado de Mato Grosso e, por meio delas, aos produtores rurais cooperados.

Optou-se pelos produtores rurais vinculados a Cooperativas por percebê-las como espaços sociais de trocas e resolução compartilhada de problemas. Ao aproximar-se da cooperativa, o pesquisador tem a possibilidade de adentrar ao contexto e ao ambiente social dos produtores diminuindo, por conseguinte, a distância entre ambos (GODOI; MATTOS, 2010). Além disso, a cooperativa representa um grupo específico, com objetivo em comum e formado a partir dos critérios estipulados pela assembleia geral dos sócios tendo como base o princípio da adesão voluntária.

Como há um grande número de cooperativas do ramo agropecuário em Mato Grosso, foi discutido junto com o superintendente um possível recorte para a análise de processos de aprendizagem. Com base em sua experiência na área, o gestor indicou que se fizesse contato com as cooperativas do Município de Sorriso que se destacam pelo seu desempenho e crescimento no estado.

Sorriso nasceu no final da década de 70, época da expansão brasileira em direção à Amazônia, em decorrência dos incentivos dos governos militares para colonização e ocupação da floresta tropical, conhecida como Amazônia Legal. Inicialmente, com a colonização de paranaenses e catarinenses, tem também em sua formação grande parte de gaúchos da região de Passo Fundo (IBGE, 2014).

A partir da gestão de grande quantidade de terras pertencentes a um grupo estadunidense às margens da BR-163 no médio norte mato-grossense, foi realizado o loteamento de áreas e implantação do plano piloto. O vilarejo foi elevado a município em 13 de maio de 1986. Em 2010, Sorriso já apresentava um dos maiores IDHM do estado (0,744) e em 2012, um dos maiores PIB per capita do Estado (R$ 53.584,87) (IBGE, 2014).

Em 2012, foi conferido ao município de Sorriso o título de Capital Nacional do Agronegócio por meio da Lei 12.724 de 17/10/2012, sancionada pela presidenta Dilma

Rousseff e assinada pelo então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho.

O município de Sorriso conta com 7 cooperativas do ramo agropecuário vinculadas à OCB/MT. Cada uma delas criada por um grupo de produtores em busca de unir esforços para a resolução de problemas específicos. Além do número de sócios, as cooperativas se diferenciam pelos produtos com os quais trabalham, como: soja, milho, algodão, mandioca, leite e seus derivados. Sendo assim, dentre as 7 cooperativas do município, optou-se por selecionar as cooperativas com sede dentro do perímetro urbano do município e foco nos mesmos produtos, o que indica experiências semelhantes quanto ao ramo de atuação.

Com base nesses critérios, foram selecionadas para participar da pesquisa as 2 cooperativas que atuam com soja, milho e algodão. Buscando preservar sua identidade, as cooperativas participantes serão denominadas nesse trabalho como:

1. Cooperativa Agropecuária e Industrial Alfa – COOALFA 2. Cooperativa Mercantil e Industrial Beta – COOBETA

Mesmo compreendendo que o estudo aprofundado da realidade de uma das cooperativas já traria elementos significativos para a análise do processo de aprendizagem dos produtores, optou-se pelo estudo de ambas para que as particularidades presentes em cada contexto pudessem ser identificadas e os processos de aprendizagem dos produtores pudessem ser comparados.

A partir da seleção das cooperativas, procurou-se estabelecer contato com a presidência de cada uma delas para apresentação da proposta de pesquisa e solicitação de participação. As cooperativas se dispuseram a participar da pesquisa procurando viabilizar agenda para as visitas de construção de dados.

Os instrumentos utilizados para a construção dos dados foram:

a. Diário de campo – O diário de campo foi utilizado como local de registro das impressões e situações ocorridas no momento das visitas, transcrições e análise de dados.

b. Entrevistas qualitativas com colaboradores e produtores. Como afirmam Godoi e Mattos (2006), as tipologias normalmente atribuídas às entrevistas qualitativas acabam, por vezes, se tornando imprecisas para a compreensão destas como um evento dialógico. Nesse contexto, a maior importância é destinada ao processo de interação entre pesquisador e pesquisados durante a construção dos dados conforme objetivo da pesquisa. Tendo como base um roteiro de entrevista previamente estruturado, a pesquisadora se propôs a organizar um ambiente favorável à

expressão livre dos entrevistados, tendo sempre como foco o objetivo geral da pesquisa. Os roteiros de entrevistas foram construídos a partir da teoria da aprendizagem informal (MARSICK; WATKINS, 2003); teoria da aprendizagem no local de trabalho (ERAUT, 2004, 2011); e teoria da aprendizagem social (ELKJAER, 2004; BRANDI; ELKJAER, 2011) e encontram-se disponíveis no Apêndice A e B.

c. Análise dos documentos: Estatuto Social, Regimento e Organogramas disponibilizados pelas cooperativas.

Os dados foram construídos entre junho e agosto de 2015 a partir de visitas realizadas às cooperativas. Nessas ocasiões, foi possível conhecer as dependências de trabalho, a equipe de colaboradores, a estrutura organizacional e alguns dos produtores cooperados presentes na cooperativa. Como afirma Creswell (2010b), quando a pesquisa qualitativa ocorre no cenário natural do participante, esse se sente mais à vontade e o pesquisador tem maior possibilidade de estar envolvido nas experiências reais dos sujeitos, identificando detalhes sobre a pessoa ou sobre o local onde ela se encontra.