3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.2 PLANILHA DE GERENCIAMENTO DE RISCO
3.3.2 Construção
A planilha eletrônica do gerenciamento de risco foi elaborada a partir do
software Excel, versão de 2013. Durante todo o desenvolvimento foram utilizadas
ferramentas e funções de diversos níveis de aprendizado e experiência no software, podendo ser citadas: funções básicas como a “soma”; funções lógicas como “e”, “ou” e “se”; funções intermediárias a exemplo da validação de dados, “procv”, “proch” e “proc”; e funções avançadas como “índice” e “corresp”. Ferramentas como a formatação condicional de dados e comentários, auxiliaram para uma melhor compreensão, organização e visualização dos dados pelo projetista.
As fórmulas existentes na planilha foram criadas de acordo com os parâmetros e tabelas existentes na Parte 2 da norma ABNT NBR 5419:2015, sendo algumas de suas tabelas modificadas ou unificadas para facilitar a seleção e recolhimento dos dados solicitados. Um exemplo de modificação que foi necessária para o desenvolvimento da planilha é apresentado na Figura 21, onde a Tabela B.2 do anexo B da norma teve algumas de suas colunas mescladas e reescritas.
52 Figura 21 - Tabela B.2 da norma ABNT NBR 5419:2015: (a) original; e (b) após a modificação.
Fonte: (a) ABNT, 2015.
Esteticamente, buscou-se desenvolver uma ferramenta de caráter técnico, porém com um design que remetesse à área da engenharia elétrica e com cores estrategicamente selecionadas para facilitar a inserção de informações pelo projetista. A Figura 22, a seguir, apresenta o layout inicial da planilha, sendo muito importante especificar a função das principais cores de células presentes nesta, que são: branca, utilizada para títulos, informações e perguntas, portanto, não podendo estas ser alteradas pelo projetista; amarela, na qual são inseridos valores, nomes ou escolhidas opções, o que as tornam modificáveis pelo usuário; e verde, cujo os valores são consequência das informações inseridas nas células amarelas.
Características da estrutura Classe de SPDA PB
Estrutura não protegida por SPDA - 1 IV 0,2 III 0,1 II 0,05 I 0,02 0,01 0,001 Estrutura protegida por SPDA
Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA classe I e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como um subsistema de descida natural
Estrutura com cobertura metálica e um subsistema de captação, possivelmente incluindo componentes naturais, com proteção completa de qualquer instalação na cobertura contra descargas atmosféricas diretas e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como um subsistema de descidas natural
Tabela B.2 - Valores de probabilidade PB dependendo das medidas de proteção para reduzir danos físicos
Características da estrutura PB
Estrutura não protegida por SPDA 1 Estrutura protegida por SPDA classe IV 0,2 Estrutura protegida por SPDA classe III 0,1 Estrutura protegida por SPDA classe II 0,05 Estrutura protegida por SPDA classe I 0,02 Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA classe I e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como um subsistema de descida natural
0,01 Estrutura com cobertura metálica, um
subsistema de captação e uma estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como um subsistema de descidas natural
0,001
Tabela B.2 - Valores de probabilidade PB dependendo das medidas de proteção para reduzir danos físicos
53 Figura 22 - Layout inicial com as primeiras informações solicitadas.
Por ser um recurso interativo e o mais automatizado possível, esta planilha permite ao usuário fazer escolhas para alcançar melhores resultados durante o gerenciamento de risco, bem como desconsiderar algumas informações, caso entenda necessário e, obviamente, quando a norma assim permitir. As figuras a seguir mostram as principais opções que são apresentadas ao projetista durante a inserção das informações, a exemplo de: a existência ou não de estruturas adjacentes, Figura 23; a quantidade de linhas conectadas à estrutura ou à zona, Figura 24; a necessidade de calcular os riscos R3 e R4,Figura 25; a presença de animais na estrutura para o
cálculo de R4, Figura 26; e o risco de explosão ou de uma falha dos sistemas internos
54 Figura 23 – Opção quanto a existência de uma estrutura Adjacente.
Figura 24– Opção quanto a quantidade de linhas conectadas à estrutura ou à zona.
O motivo pelo qual a planilha possibilita considerar ou não os ricos R3 e R4,
representado na Figura 25, é explicado de acordo com a definição destes. O primeiro, risco R3, deve ser considerado para tipos bem específicos de estruturas, onde
patrimônio cultural possa ser perdido, como em museus e galerias, enquanto que o segundo, o risco R4, trata-se de uma avaliação da eficiência do custo da proteção em
relação ao custo total das perdas, ficando sua consideração a critério do projetista e do proprietário.
4
NÃO SIM
Quantidade de linhas conectadas à estrutura: Existe estrutura adjacente?
Deseja que os valores de Nx, Px, Lx e Rx estejam visíveis? 4
SIM SIM
Quantidade de linhas conectadas à estrutura: Existe estrutura adjacente?
Deseja que os valores de Nx, Px, Lx e Rx estejam visíveis?
1
SIM SIM
Quantidade de linhas conectadas à estrutura: Existe estrutura adjacente?
Deseja que os valores de Nx, Px, Lx e Rx estejam visíveis?
LL(m): 10 AL: 400 LL(m): 20 AL: 800
UW (KV): 6 UW (KV): 6
PLI: 0,04 AI: 40000 PLI: 0,1 AI: 80000
CI: 1 CI: 0,01 CLI: 0,1 CLI: 0,2 CLD: 1 CLD: 1 PSPD: 1 PSPD: 1 SIM SIM KS1: 0,0001 5 KS1: 0,0001 5 KS2: 0,0001 5 KS2: 0,0001 5 KS3: 1 KS3: 1 KS4: 0,166666667 PMS: 2,78E-18 KS4: 0,166666667 PMS: 2,78E-18 PLD: 0,8 PLD: 0,1
Linha aéria blindada (energia ou sinal) - Blindagem não interligada ao mesmo barramento de equipotencialização que o equipamento
Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Cabo não blindado - sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a)
Blindada aéria ou enterrada cuja blindagem está interligada ao mesmo barramento de equipotencialização do equipamento - 1Ω/km < RS ≤ 5Ω/km
Nenhum sistema de DPS coordenado
Cabo não blindado - sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a)
CARACTERÍSTICAS DA LINHA 2
NOME DA LINHA: ENERGIA
Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma malha de aterramento
Linhas de energia
CARACTERÍSTICAS DA LINHA 1
NOME DA LINHA: SINAL
Aéreo
Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Existe blindagem metálica contínua com espessura superior a 0,1 mm?
Linhas de sinais
Nenhum sistema de DPS coordenado Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Blindada aéria ou enterrada cuja blindagem está interligada ao mesmo barramento de equipotencialização do equipamento - 5Ω/km < RS ≤ 20Ω/km
Existe blindagem metálica contínua com espessura superior a 0,1 mm?
LL(m): 10 AL: 400 LL(m): 20 AL: 800
UW (KV): 6 UW (KV): 6
PLI: 0,04 AI: 40000 PLI: 0,1 AI: 80000
CI: 1 CI: 0,01 CLI: 0,1 CLI: 0,2 CLD: 1 CLD: 1 PSPD: 1 PSPD: 1 SIM SIM KS1: 0,0001 5 KS1: 0,0001 5 KS2: 0,0001 5 KS2: 0,0001 5 KS3: 1 KS3: 1 KS4: 0,166666667 PMS: 2,78E-18 KS4: 0,166666667 PMS: 2,78E-18 PLD: 0,8 PLD: 0,1
Linha aéria blindada (energia ou sinal) - Blindagem não interligada ao mesmo barramento de equipotencialização que o equipamento
Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Cabo não blindado - sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a)
Blindada aéria ou enterrada cuja blindagem está interligada ao mesmo barramento de equipotencialização do equipamento - 1Ω/km < RS ≤ 5Ω/km
Nenhum sistema de DPS coordenado
Cabo não blindado - sem preocupação no roteamento no sentido de evitar laços (a)
CARACTERÍSTICAS DA LINHA 2
NOME DA LINHA: ENERGIA
Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma malha de aterramento
Linhas de energia
CARACTERÍSTICAS DA LINHA 1
NOME DA LINHA: SINAL
Aéreo
Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Existe blindagem metálica contínua com espessura superior a 0,1 mm? Linhas de sinais
Nenhum sistema de DPS coordenado Linha de energia com neutro multiaterrado - Nenhuma
Blindada aéria ou enterrada cuja blindagem está interligada ao mesmo barramento de equipotencialização do equipamento - 5Ω/km < RS ≤ 20Ω/km
55
Figura 25 - Opção quanto a necessidade de calcular os riscos R3 e R4.
No caso de ser considerado o risco R4, deve ser informada a existência de
animais na estrutura a ser protegida, conforme mostrado na Figura 26 e especificado na Parte 2 da ABNT NBR 5419:2015. Se não houver animais na estrutura, as componentes RA e RU do risco R4 deverão ser desconsideradas.
Figura 26 - Relação entre a opção quanto a presença de animais na estrutura e o risco R4. NÃO
SIM SIM
Deseja considerar o risco de perdas de valor econômico (R4)? Existe risco de perdas de patrimônio cultural (R3)?
A zona ou estrutura possui risco de explosão ou trata-se de uma estrutura na qual a falha dos sistemas internos imediatamente possam colocar em perigo a vida humana? cz: 50 ct: 100 R3: SIM ca: 25 cs: 30 cb: 15 cc: 30 ct: 100 LF: 0,1 LO: 0,0001 R4: 3,77407E-05
R4: RISCO DE PERDA DE VALORES ECONÔMICOS
Existem animais nesta propriedade que possam correr risco?
Outros Outros
R3: RISCO DE PERDAS DE PATRIMÔNIO CULTURAL
1,86603E-05 50 100 SIM 25 30 15 30 100 LF: 0,1 LO: 0,0001 Outros Outros NÃO NÃO NÃO
Deseja consi derar o ri sco de perdas de val or econômi co (R4)? Exi ste ri sco de perdas de patri môni o cul tural (R3)?
A zona ou estrutura possui ri sco de expl osão ou trata-se de uma estrutura na qual a fal ha dos si stemas i nternos i medi atamente possam col ocar em peri go a vi da humana?
SIM
Existem animais nesta propriedade que possam correr risco?
RA: 0 RB: 3,62182E-05 RCL1: 1,08655E-07 RC: 2,17309E-07 RML1: 4,65308E-22 RM: 9,30616E-22 RUL1: 0 RU: 0 RVL1: 1,02877E-06 RV: 1,10233E-06 RWL1: 1,54316E-07 RW: 1,6535E-07 RZL1: 3,3696E-08 RZ: 3,70656E-08
Valores R4 para a linha 1
RA: 9,05456E-11 RB: 3,62182E-05 RCL1: 1,08655E-07 RC: 2,17309E-07 RML1: 4,65308E-22 RM: 9,30616E-22 RUL1: 2,57193E-10 RU: 2,75583E-10 RVL1: 1,02877E-06 RV: 1,10233E-06 RWL1: 1,54316E-07 RW: 1,6535E-07 RZL1: 3,3696E-08 RZ: 3,70656E-08
Valores R4 para a linha 1
NÃO
56
Em um processo semelhante ao anterior, deve ser informado pelo usuário se a estrutura ou zona avaliada possui risco de explosão ou se uma falha nos sistemas internos pode colocar a vida de pessoas em risco. Em caso negativo, as componentes RC, RM, RW e RZ deverão ser desconsideradas no cálculo do risco R1, como mostrado
na Figura 27 a seguir.
Figura 27 – Relação entre a opção quanto ao risco de explosão ou de uma falha dos sistemas
internos imediatamente colocar em perigo a vida humana e o risco R1.
Os comentários e a opção de visualização do memorial de cálculo são apresentados na Figura 28 e Figura 29, respectivamente. O memorial de cálculo foi desenvolvido de modo a se adaptar automaticamente aos parâmetros considerados pelo projetista, apresentando apenas os valores pertinentes à estrutura avaliada.
Figura 28 – Comentários para auxiliar o projetista na inserção das informações.
RA: 9,05456E-11 RB: 9,05456E-07 RCL1: 9,05456E-05 RC: 0,000181091 RML1: 3,87757E-19 RM: 7,75513E-19 RUL1: 2,57193E-10 RU: 2,75583E-10 RVL1: 2,57193E-08 RV: 2,75583E-08 RWL1: 0,000128596 RW: 0,000137791 RZL1: 0,00002808 RZ: 0,000030888
Valores R1 para a linha 1
RA: 9,05456E-11 RB: 9,05456E-07 RCL1: 0 RC: 0 RML1: 0 RM: 0 RUL1: 2,57193E-10 RU: 2,75583E-10 RVL1: 2,57193E-08 RV: 2,75583E-08 RWL1: 0 RW: 0 RZL1: 0 RZ: 0
Valores R1 para a linha 1
NÃO
A zona ou estrutura possui risco de explosão ou trata-se de uma estrutura na qual a falha dos sistemas internos imediatamente possam colocar em perigo a vida humana?
SIM NÃO NÃO
Deseja considerar o risco de perdas de valor econômico (R4)? Existe risco de perdas de patrimônio cultural (R3)?
A zona ou estrutura possui risco de explosão ou trata-se de uma estrutura na qual a falha dos sistemas internos imediatamente possam colocar em perigo a vida humana?
57 Figura 29 - Memorial de cálculo.
Como qualquer software, aplicativo ou ferramenta recém criada, esta planilha ainda possui algumas limitações como, por exemplo, o fato de que deve ser iniciado um novo arquivo para cada zona, ou seja, para uma estrutura com uma única zona, a planilha expressa o resultado do risco diretamente na aba Resultado do GR, como mostrado na Figura 30, porém no caso de uma estrutura multizonas, como o IFBA, a planilha deve ser utilizada pelo projetista para encontrar os valores de risco em cada zona, para só então estes valores serem inseridos pelo projetista e somados nesta mesma aba da planilha, sendo limitada para uma estrutura com 10 zonas. Outras duas limitações existentes são: que a estrutura deve ter no máximo 4 linhas por zona, o que pode ser visualizado na Figura 24; e que só pode ser considerada uma única estrutura adjacente à estrutura ou à zona, sendo está última a menos importante, já que a própria ABNT NBR 5419:2015 deixa claro que em muitos casos os valores consequentes desses dados são desprezíveis. O somatório dessas limitações acarreta na necessidade de aperfeiçoamento da planilha para que esta seja aplicada a projetos de maior porte, como por exemplo, um shopping center.
4
SIM SIM
Deseja que os valores de Nx, Px, Lx e Rx estejam visíveis? Quantidade de linhas conectadas à estrutura:
58 Figura 30 - Resultado do Gerenciamento de Risco e quantidade de zonas.