• Nenhum resultado encontrado

Construção

No documento Viver com o clima (páginas 112-117)

Capítulo V – Proposta (inicial)

5.3 Construção

Antes de iniciar este subcapítulo é necessário deixar claro que seria necessário um estudo es- trutural e geotécnico do edifício e da envolvente, contando com opiniões e estudos especiali- zados de modo a promover e identificar opções possíveis ou não, para o bom funcionamento da proposta. Não sendo isso possível e independentemente dos resultados, foi optada uma solução mais académica, partindo do conhecimento comum e bom senso.

Assim sob o nosso ponto de vista a maior parte das paredes existentes são essenciais, fazendo apenas pequenas demolições, duas das mais essenciais dar-se-ão ao nível do piso inferior na parede divisória de pedra, de modo a possibilitar a ligação entre as duas antigas casa, outra entre a parte inferior de uma das varandas e o interior e acontecem alguns arranjos a nível de aberturas onde também são necessárias algumas demolições e arranjos. A mais significativa de todas as demolições dá-se ao nível do piso intermédio e superior demolindo o volume feito à

posteriori em blocos de cimento. Nas restantes paredes opta-se essencialmente por um pro-

cesso de requalificação e consolidação da alvenaria pedra granítica. Inicialmente são previstas escavações para o aumento do pé direito do piso inferior e para o estabelecimento de uma fundação de ensoleiramento geral, este processo prevê ainda um reforço da base das paredes com estacas (Figura 60). Posteriormente é retirando todo o estuque degradado de maneira a possibilitar a deteção de falhas e a sua reparação (Figura 61), finalmente é reforçada a estru- tura de apoio e sustentação das lajes (Figura 62), caso se note necessário.

177 CASTELNOU, Antonio Manuel Nunes - Sentindo o espaço arquitetónico (2003) p.148

178 LEÓN, Juan Hernández; COLLOVÀ, Roberto; FONTES, Luís - Eduardo Souto de Moura : Santa Maria do Bouro, construir uma pousada com as pedras de um Mosteiro (2001) p.46

Figura 60: Reforço das paredes a quando das escavações para a fundação

Figura 61: Reparação de argamaça

Será erguida uma parede de taipa (Figura 63) no piso inferior com terra do local de construção, e todas as paredes interiores serão moldadas com blocos de terra comprimida (BTC) (Figura 64), no entanto mais uma vez sem um estudo prévio e especializado da possibilidade de usar a terra das escavações e do local. Com o piso inferior constituído será montada a laje intermédia com piso radiante, assente na estrutura metálica previamente montada, neste piso mais uma vez serão erguidas as paredes intermédias em BTC. Já a laje intermédia entre o piso intermédio e o piso superior encontra-se em parte em contacto direto com o exterior e sendo acessível para utilização requeria inerente mente um reforço, optando-se por uma solução em betão armado que pousa sobre as paredes inferiores de pedra, de forma a uni-las e aumentar a resis- tência do edifício. Para finalizar em termos estruturais a proposta, o piso superior será delimi- tado com as paredes existente, sendo complementado com paredes em BTC, albergando uma estrutura em metálica, que apoiará a cobertura inclinada.

Os materiais foram escolhidos de maneira a exaltar o espirito bioclimático na arquitetura con- temporânea. Desde a simples reutilização do bloco de granito à vista com todas as suas carac- terísticas físicas e estéticas associadas, a utilização do sistema de fachada ventilada tipo alu- core na maior parte do edifício, com as suas variações subtis de textura e dimensões, os pavi- mentos em ardósia, lajetas de betão, madeira ou grés tornando o espaço mais o menos quente, desempenhando cada um a sua função, até mesmo as placas de cortiça de textura tosca inserida no edifício, como uma capa protetora tem o seu espirito e dá o seu contributo para uma pro- posta mais bioclimática, próxima da natureza e destinada para o homem.

Sublinhando as palavras de Christian Kerez179 «Only as a communion of traditional knowledge and contemporary standards, as a synergy that incorporates the high and the low, architecture might offer sustainable answers to apparent questions»180. É neste sentido que são inseridos

alguns sistemas para uma maior eficiência do edifício e conforto humano, alguns mencionados anteriormente, como estufa, painéis fotovoltaicos, painéis térmicos e outros não mencionados, que possibilitam uma mais-valia complementar, como a bomba geotérmica, o piso radiante que distribui através de fluidos o calor acumulado nos sistemas anteriores e um sistema que possi- bilita a filtragem de águas pluviais e residuais, de modo a serem reutilizadas em certas tarefas domésticas.

179 KEREZ, Christian - Close Encounter, In: Natural Metaphor – An Anthology of Essays on Architecture and Nature. (2007) p.96

180 «Apenas através da comunicação entre sabedoria tradicional e os padrões contemporâneos numa sinergia que incorpora tecnologias ativas e passivas, a arquitetura pode fornecer respostas sustentáveis para questões legítimas.»

Figura 63: Processo de fabrico da parede de taipa

Este sistema de filtragem (MASCARENHAS, 2014)181, denominado de depuração biológica anae-

róbico e aeróbico, configura-se numa sequência de 6 processos (Figura 65). Na primeira fase encontra-se a caixa de retenção de gorduras, nesta fase como o próprio nome indica, a gorduras com uma densidade superior à da água ficam retidas na parte superior do depósito de modo a não progredirem no processo de filtragem. Na segunda fase é criado um decantador, onde é realizada uma homogeneização dos picos de despejo e separa as natas sobrantes que ficam mais uma vez à superfície, das lamas que se afundam no depósito e das águas residuais, que continuam o seu processo ao nível médio. O terceiro depósito é um biodigestor, onde colónias de bactérias digerem os contaminantes, passando assim para a quarta fase onde se encontra o filtro coloidal, onde são retidas as partículas em suspensão. Na continuação deste procedimento é necessário um ventilador de modo a libertar alguns gases. Continuando assim para o trata- mento secundário e quinta fase do processo para o percolado aeróbico, onde as águas são de- puradas por ação de micro-organismos e libertando o CO2 contido. Finalmente é chagada à

sexta fase onde as águas são encaminhadas para a piscina biológica, juntamente com uma parte de água de nascente e o restante é reutilizado para águas sanitárias, rega e para encher o reservatório de água na estufa, para que no verão possa ocorrer um arrefecimento evaporativo. Já a piscina Biológica separa-se por apenas duas partes, uma de regeneração da água, onde contem plantas e micro-organismos, para onde é bombeada e misturada a água do sistema anterior e a segunda parte onde se encontra a piscina e a zona de lazer (Figura 65).

Figura 65: Sistema de tratamento de águas e piscina biológica

Capítulo VI – Testes de Desempenho Tér-

No documento Viver com o clima (páginas 112-117)