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2.9 MODELO CONCEITUAL E HIPOTÉSES DE PESQUISA

2.9.1 Construtos do Modelo Conceitual e Variáveis de Controle

A seguir, são apresentadas os construtos a serem averiguadas no presente modelo conceitual (Figura 7), conforme referencial teórico aludido à intenção empreendedora, exposta nas seções anteriores. Igualmente relevante para o presente trabalho, as hipóteses de pesquisa são evidenciadas nessa seção.

2.9.1.1 Autoeficácia

A autoeficácia diz respeito à crença que as pessoas possuem para se motivarem, usarem recursos cognitivos e linhas de ações necessárias para exercer controle sobre eventos cotidianos (BANDURA, 1993; BANDURA; WOOD, 1989). Conforme evidenciado na Seção 2.4, a autoeficáca pode atuar como variável mediadora no estudo de antecedentes à intenção empreendedora. Deste modo, cabe investigar se existe o efeito de mediação da autoeficácia com a criatividade e com a paixão empreendedora na intenção de empreender.

A criatividade por si só pode não ser suficiente para impulsionar o indivíduo ao ato de empreender. Cabe salientar que as pessoas precisam se avaliar como capazes de realizar atividades associadas ao empreendimento para desenvolver as intenções de iniciar um negócio, de modo que a autoeficácia pode mediar a relação entre a criatividade e a intenção de empreender (BIRAGLIA; KADILE, 2017; ZAMPETAKIS et al., 2011). Assim, convém investigar a seguinte hipótese:

H1 - A influência da criatividade na intenção empreendedora é mediada pela autoeficácia.

Já paixão empreendedora pode fomentar a confiança e competências dentro do contexto das atividades e intenções individuais (CARDON et al., 2013). Cabe salientar, igualmente, que a paixão empreendedora tem sido relacionada com a autoeficácia (BIRAGLIA; KADILE, 2017; MURNIEKS; MOSAKOWSKI; CARDON, 2012). Logo, a segunda hipótese proposta investiga se:

H2 - A influência da paixão empreendedora na intenção empreendedora é mediada pela autoeficácia.

Ao iniciar um dado empreendimento, as pessoas têm de confiar fortemente na crença de que, mediante suas habilidades, elas serão capazes de ter sucesso e alcançar seus objetivos (BIRAGLIA; KADILE, 2017). No estudo de antecedentes à intenção empreendedora, a autoeficácia tem sido considerada um fator relevante a ser considerado (BAUM; LOCKE, 2004; SHANE; LOCKE; COLLINS, 2003) Deste modo, cabe validar a terceira hipótese:

H3- A autoeficácia tem influência positiva na intenção empreendedora. 2.9.1.2 Criatividade

De acordo com as informações apontadas nas Seções 2.5 e 2.6, é possível supor a existência de relação entre a criatividade e a intenção de empreender (BIRAGLIA; KADILE, 2017; FILLIS; RENTSCHLER, 2010; ZAMPETAKIS, 2008; ZAMPETAKIS; MOUSTAKIS, 2006).

A capacidade de gerar ou reconhecer ideias que apresentem potencial para virar produtos ou serviços é um importante atributo de empreendedores (WARD, 2004). Cabe lembrar que pessoas criativas tendem a encontrar novas oportunidades (FILLIS; RENTSCHLER, 2010). Concomitantemente, o ato de identificar oportunidades, característico do empreendedor, é dependente da criatividade individual (HILLS, G; SHRADER; LUMPKIN, 1999).

Além disso, conforme já relatado, Zampetakis et al. (2011) identificaram que quanto mais criativos jovens universitários se consideravam, maior era a intenção desses estudantes em empreender. Portanto, a quarta hipótese busca investigar se:

H4 - A criatividade apresenta influência positiva na intenção empreendedora. 2.9.1.3 Paixão Empreendedora

A paixão empreendedora, conforme já assinalado na seção 2.7, está relacionada a um sentimento consciente, intenso e positivo percebido no desenrolar de atividades empreendedoras que é essencial para a própria identidade da pessoa (CARDON et al., 2009, 2013). Observa-se que a paixão empreendedora pode ter influência na intenção empreendedora (BIRAGLIA; KADILE, 2017; CARDON et al., 2009). Assim sendo, convém propor a seguinte hipótese a ser averiguada:

H5 - A paixão empreendedora apresenta influência positiva na intenção empreendedora.

2.9.1.4 Variáveis de Controle

Para presente pesquisa, algumas variáveis de controle são usadas. Primeiramente, cabe informar que os estudantes pesquisados são somente aqueles matriculados na PUCRS. Ademais, os estudantes investigados são apenas aqueles oriundos do curso de Administração, com ou sem ênfase em empreendedorismo, e aqueles provenientes da Faculdade de Informática, dos cursos de Sistemas de Informação, de Engenharia de Software, de Engenharia da Computação e de Ciência da Computação. Ainda, não foram exigidos dos respondentes nenhuma experiência prévia relacionada ao empreendedorismo.

Cabe informar, igualmente, que é estudado possíveis influências de variáveis como a idade, o gênero, o curso, o andamento do curso, se possui pais empreendedores, a referência profissional, a propensão ao risco e a renda familiar no modelo proposto, conforme evidenciado pelo Bloco G do instrumento de pesquisa (APÊNDICE C).

Convém esclarecer que, para esse estudo, a propensão ao risco diz respeito ao quanto o indivíduo está disposto a se comprometer numa oportunidade, sabendo que existe possibilidade de fracasso (SÁNCHEZ, 2013). Deste modo, a pergunta a ser usada na pesquisa vigente contempla a abordagem de Rohrmann (2005), que salienta que para medir a propensão ao risco existem duas principais possibilidades: i) perguntas com opções de risco (apostas) e ii) afirmações que descrevem comportamentos de risco (risk taking mind-sets). Nota-se que, exclusivamente, a primeira possibilidade é usada no questionário da presente pesquisa, conforme evidenciado pelo item 07 do Bloco II, no APÊNDICE C.

É relevante mencionar que as demais variáveis de controle usadas nesse trabalho já foram examinadas em outras pesquisas com intuito de verificar se existem diferenças na intenção empreendedora entre idade (HIRSCHI, 2013), gênero (WESTHEAD; SOLESVIK, 2016; WILSON; KICKUL; MARLINO, 2007), tipo de curso (MARESCH et al., 2016), estudantes com pais empreendedores (CHLOSTA et al., 2012; CRANT, 1996), suporte familiar e/ou referência profissional (ALTINAY; ALTINAY, 2006; PRUETT et al., 2009).

Em suma, o presente trabalho visa testar cinco hipóteses conforme modelo teórico proposto. Uma síntese dos principais construtos a serem investigadas no presente trabalho pode ser visualizada no Quadro 3.

Quadro 3 - Construtos investigados no presente modelo teórico.

Construto Conceito Autores Relevantes

Criatividade

Consiste na capacidade de gerar soluções novas e apropriadas para problemas existentes. Além disso, condiz com capacidade de gerar ou reconhecer ideias que apresentem potencial para virar produtos ou serviços. Amabile (1997) Ward (2004) Zampetakis e Moustakis (2006) Zampetakis (2008) Biraglia e Kadile (2017) Paixão Empreendedora

Sentimentos positivos e intensos (intense positive feelings) e centralidade de identidade (identity centrality)- autoimagem individual.

Cardon et al. (2009; 2013) Biraglia e Kadile (2017)

Autoeficácia

Corresponde à confiança pessoal na capacidade de executar tarefas e funções relacionadas ao empreendedorismo de maneira exitosa.

Bandura e Wood (1989) Bandura (1993)

Zhao, Seibert e Hills (2005) Murnieks, Mosakowski, Cardon (2014)

Biraglia e Kadile (2017)

Intenção Empreendedora

Captura fatores motivacionais que influenciam o comportamento; é um indicador de quanto as pessoas estão dispostas a tentar e o quanto de esforço estão prevendo realizar para adotar esse comportamento empreendedor.

Ajzen (1991)

Krueger, Reilly e Carsrud (2000) Kolvereid e Isaksen (2006) Liñan e Chan (2009)

Kautonen, Gelderen, Fink (2015) Biraglia e Kadile (2017) Fonte: O autor (2018).

No próximo capítulo, é discutido o método de pesquisa, contemplando o delineamento da pesquisa e o desenho da pesquisa e suas respectivas etapas.

3 MÉTODO DE PESQUISA

Este capítulo está estruturado em duas partes principais. Primeiramente é apresentado o delineamento da pesquisa, evidenciando as características do estudo. A segunda seção contempla os procedimentos usados para a implementação e a aplicação da pesquisa, assim como é detalhado o procedimento utilizado para a análise dos resultados.

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