• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Experimento I A : Níveis de proteína e energia bruta na ração:

4.1.2. Consumo

As Tabelas 11 e 12 apresentam os valores de consumo médio diário em gramas de matéria seca e em percentagem de peso vivo para os animais do experimento. Não foi observada nenhuma diferença significativa (p>0,05) para essas variáveis entre os níveis de proteína e energia brutas utilizados, nem em suas interações. Os animais apresentaram um consumo médio diário de matéria seca de 301,58 ± 16,40 g/dia , correspondendo a cerca de 2,78±0,15 % do peso VIVO.

Tabela 11 Efeito de níveis de PB e EB em rações sobre o consumo médio diário em matéria seca para capivaras em crescimento (g/dia).

Níveis de PB 13,5 %41

20,0 % Médias dos Níveis de Energia Bruta2

CV= 13,85%

Níveis de Energia Bruta 4.000 kcal/kg31 306,95 322,05 314,50 4.500 kcal/kg 292,17 285,14 288,65

Médias dos Níveis de Proteína Bruta1

299,56 303.59

1- As médias dos níveis de PB, na coluna, não diferem, estatisticamente , pelo teste F (Prob>F= 0,79);

2- As médias dos níveis de EB não diferem, estatisticamente, pelo teste F (Prob>F=0,27); 3/ e 4/ - A

interação entre PB X EB para a variável consumo é , estatisticamente, não significativa pelo teste F (Prob > F=0,54).

Tabela 12 Efeito de níveis de PB e EB em rações sobre o consumo diário médio em% do peso vivo (PV) de capivaras em crescimento(%).

Níveis de PB 13,5 %41

20,0% Médias dos Níveis de Energia Bruta2

CV= 10,72%

Níveis de Energia Bruta 4.000 kcal/kg31 2,66 2,81 2,73 4.500 kcal/kg 2,98 2,68 2,83

Médias dos Níveis de Proteína Bruta 1

2,82 2,74

1- As médias dos níveis de PB, na coluna, não diferem, estatisticamente , pelo teste F (Prob>F= 0,55);

2- As médias dos níveis de EB não diferem, estatisticamente, pelo teste F (Prob>F=0,49); 3/ e 4/ - A

interação entre PB X EB para a variável consumo em % do PV é , estatisticamente, não significativa pelo teste F (Prob > F=0,12).

Observou-se que, embora não haja diferenças significativas entre os diferentes níveis de PB e EB para consumo médio diário de matéria seca e consumo médio diário em percentagem do peso vivo, pode-se considerar que houve uma tendência a um menor consumo de matéria seca nos tratamentos com maior nível energético ( consumo regulado pela necessidade energética , Maynard & Losli, 1966; Wohl & Goodhart, 1964). A este fato pode ser relacionada a tendência a um menor GDP de animais submetidos aos tratamentos com maior nível energético, dado que, um menor consumo de ração levaria a reduzir a ingestão de outros nutrientes e, mesmo tendo suas necessidades energéticas atendidas, esses animais apresentariam deficiência em relação a esses outros nutrientes. Verificou-se ainda que, nos tratamentos com maior nível energético e com um maior nível de proteína os valores de GDP foram maiores do que aqueles em que havia um nível menor de proteína com maior nível de energia (73,69 e 59,04 g/dia , respectivamente), de onde se conclui que existiria também a necessidade de se elevar o nível dos demais nutrientes todas as vezes que se

eleve o nível energético da ração para compensar a redução na ingestão de ração pelos animais.

Considerando-se que a ingestão diária média de energia bruta (EB) dos animais do experimento foi igual a 1.269,32 ±38,86 kcal é possível calcular que níveis de PB seriam necessários nas dietas com maior nível energético, para que os animais tivessem ingestão protéica equivalente a das capivaras que receberam uma dieta menos energética. O consumo protéico ajustado à ingestão média diária de energia para as rações menos energéticas foram, respectivamente : Tl =46,07 g/dia e T2=64,86 g/dia. Para que os animais que receberam dietas com 4.500 kcal de EB/kg, atingissem valores semelhantes de ingestão protéica, os níveis de PB deveriam ser elevados para : T3= 16, 16 % e T4=22,93%.

Outra hipótese a ser considerada para essa tendência a um menor consumo de matéria seca nos tratamentos com maior nível energético é a de que essas rações estavam mais propensas à rancificação devido à maior conteúdo de extrato etéreo que possuíam. Como a capivara é um animal extremamente seletivo (Ojasti, 1973; González-Jiménez, 1995) quanto à palatabilidade de seus alimentos, é bem possível, que reduzisse o consumo quando ocorresse qualquer mudança no sabor da ração. Logo, quando da utilização de níveis mais elevados de energia e, conseqüentemente, de rações com maior teor de extrato etéreo para capivaras, devem ser tomadas medidas necessárias para se evitar o mínimo de rancificação.

Os resultados obtidos para o consumo médio diário de matéria seca e em percentagem do peso vivo, 301,58 ± 16,40 g/dia e 2,78 ± 0,15 % do PV, foram inferiores aos encontrados na literatura . Ojasti (1973) determinou um consumo de 440 g de MS e 3,99 % do PV para capivaras com 11,07 kg de peso

vivo médio, e de 690 g de MS e de 1, 72 % do PV para um animal de 40 kg. sendo estes animais alimentados apenas com forragens. González-Jiménez & Escobar ( 197 5) observaram um consumo de 444±61 g de MS/ dia para animais de 24,49 kg de PV médio, alimentados com dietas com diferentes proporções (100:0, 75:25, 50:50,25:75 e 0:100, respectivamente) de feno e de concentrado de 17,2 % de PB. Baldizán et al. (1982) registraram um consumo de 400 e 476 g de MS, para animais entre os 18-25 kg de PV, alimentados com feno de Cenchrus ciliares e com uma ração de 8,9% de PB com 15% de farinha de mandioca, respectivamente. Um consumo de 551 g de MS foi observado por Baldizán et al (1986) para animais alimentados com uma ração com 16,3% de PB . González­ Jiménez (1995) apresentou valores de 3,08% do PV para capivaras que receberam uma dieta com 53% de capim elefante e 43% de concentrado (14% de PB).

Lavorenti (1989) relata um consumo de 4, 1 % do peso vivo para animais com 21 a 40 kg alimentados com 80 % de capim e 20% de concentrado, no projeto da CIZBAS/ESALQ/USP. Silva Neto (1989) observou um consumo de 1.120,66 e 1.075,0 l g/dia para capivaras, acima dos 20 kg de PV, alimentadas com capim elefante ad libitum e ração contendo 13,5% e 20,5 % de PB, respectivamente. Para animais com 22,25 kg de PV recebendo ração com 16,25% de PB e 4.193 kcal de EB/kg, esse mesmo autor encontrou um consumo de 588,5 g/dia. Bernardi (1993) observou para animais pesando 35,92±5,61 kg de PV e confinados em gaiolas metabólicas e baias com 1 O m2, consumos diários de 727,35 ± 263,93 e 715,34 ± 181,24 g de MS/dia, respectivamente.

Em termos de consumo de MS/ kg de peso metabólico, Ojasti (1971) obteve um consumo de 46 e 124 g de MS/kg0

•75/dia para animais alimentados com Paspalum fasciculatum e Brachiaria mutica, respectivamente. González-Jiménez & Escobar (1975) relatam um consumo diário por peso

metabólico de 60,40 g de MS/kgº·75 para capivaras alimentadas com feno e concentrado de 17,2 % de PB em diferentes proporções. Parra et al. (1978) relata um consumo diário de 78,4 e 69,8 g de MS/kg0·75 para animais com dietas de capim e ração com 14 e 18 % de PB, respectivamente. Silva Neto (1989) obteve um consumo diário médio de 82,3 g de MS/kgº'75 para capivaras alimentadas com capim elefante e ração (com 13,5, 17 e 20,5 % de PB). Todos esses valores foram muito superiores a média encontrada no presente trabalho, 41,66 ± 1,5 g de MS!kg°·75 /dia.

Os ammais deste experimento apresentaram os seguintes consumos protéicos médios diários : TI= 44,01 g de PB/dia; T2=65,02 g de PB/dia; T3 = 40,41 g de PB/dia e T4 = 53,21 g de PB/dia. Analisando-se o consumo energético diário foram obtidos os seguintes valores : Tl = 1.212,72 kcal de EB; T2 = 1.284,01 kcal de EB; T3 = 1.301,06 kcal de EB e T4 = 1.279,49 kcal de EB. Observa-se que o consumo energético diário é muito semelhante entre todos os tratamentos ( embora, haja uma tendência a um maior consumo pelos animais que receberam dietas com maior nível de EB), o que demonstra que o consumo foi regulado pelas necessidades energéticas.

Vasey (1979) encontrou, para capivaras em crescimento, valores de consumo diário protéico (99 g de PB/dia) e energético (1780 kcal de EB/dia) superiores a média dos encontrados neste experimento, 50,66 g de PB/dia e 1.269 ,3 2 kcal de EB/ dia, respectivamente. Ojasti (1973) estimou, utilizando a equação proposta por Brody1 para o cálculo do metabolismo basal (kcal/dia = 70,5. M°,75, em que M= peso vivo em kg), que o gasto energético com o metabolismo basal para uma capivara de 40 kg é de 1.042 kcal/dia. Esse mesmo

1 BRODY, S. Bioenergetics and growth special references to the efficiency complex in domestic animais.

autor verificou, através de um ensaio de digestibilidade de Paspalum fasciculatum uma necessidade diária de cerca de 1.320 kcal de energia digestível para capivaras de 40 kg de PV.

Utilizando-se a mesma fórmula usada por Ojasti (1973) foram obtidos os seguintes valores de metabolismo basal para os animais deste estudo Tl=501,71 kcal/dia; T2=500,07 kcal/dia; T3=456,72 kcal/dia e T4= 503,67 kcal/dia. Os valores de necessidade calórica para manutenção, calculados pela equação kcal = 2 X 70,5 X

M°'

75 (Andriguetto et al. , 1990), para os animais do experimento foram os seguintes: Tl=l.003,42; T2=1.000,14; T3=913,44 e T4=1.007,34 kcal/dia. Esses valores são menores do que o consumo energético médio diário de EB, indicando um saldo energético positivo médio de 288,23 kcal/dia.

Segundo Rostagno et al (1994) suínos na fase inicial de crescimento (entre os 15-30 kg de PV) necessitam de 220 g de PB/dia e 4.250 kcal de energia digestível/dia. Para cordeiros com peso médio de 30 kg as exigências de proteína e energia são em tomo de 130 g de PB/dia e de 3 .560 kcal de ED/dia (Campos, 1981).

Documentos relacionados