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5.1 Contabilidade, Instrumento Essencial à Tomada de Decisões

“Frequentemente estamos tomando decisões: a que hora iremos levantar, que roupa iremos vestir, qual tipo de comida iremos almoçar, a que programa iremos assistir, qual trabalho iremos desenvolver durante o dia etc.” (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 42)

As entidades, sejam elas públicas ou privadas, também estão sujeitas, constantemente, a tomarem decisões relativas a diversos aspectos, como por exemplo, o que produzir, como, quando e onde produzir, dentre outras coisas.

‘Vivemos um momento em que “aplicar recursos escassos disponíveis com a máxima eficiência” tornou-se, dadas as dificuldades econômicas, uma tarefa nada fácil’ (IUDÍCIBUS; MARION, 2002, p. 42). Nesse contexto, cresce a importância da contabilidade, especificamente a de custos, no intuito de se produzir informações úteis para a tomada de decisões.

Uma das principais funções da Contabilidade é fornecer informações aos seus usuários, procurando o aprimoramento constante, no intuito de tornar mais eficiente a gestão de negócios.

O estado de Minas Gerais tem que valer-se, nesse sentido, das informações da Contabilidade de Custos, para decidir como, onde e quando implantar novos cursos, de forma a equacionar as previsões constitucionais vigentes.

5.2 Evolução da Contabilidade de Custos

Antes da Revolução Industrial, a atribuição de custos aos estoques de bens era feita pela Contabilidade Financeira, que se limitava a atribuir a esses estoques os custos constantes dos documentos de compra emitidos pelos fornecedores (RIBEIRO, 2009).

Martins (2006, p. 19) afirma que, na Era Mercantilista, a medida dos estoques em valores monetários era bastante simples: “o Contador verificava o montante pago por item estocado, e dessa maneira valorava as mercadorias.” O mesmo autor afirma que, com o

surgimento das indústrias, as compras, por si só, não mais correspondiam ao valor atribuído aos estoques. Esses valores, tornaram-se mais complexos, abrangendo uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados.

Com o advento da Revolução Industrial, a Contabilidade precisou adaptar os procedimentos de apuração do resultado em empresas comerciais para as empresas industriais, haja vista a transformação de produtos, que não era considerada até então. (VICECONTI; NEVES, 2003)

Para Ribeiro (2009), tornou-se mais complexo atribuir custos aos estoques, pois, além do valor pago aos fornecedores, há que se incluir valores gastos com mão-de-obra e gastos gerais de fabricação incorridos para transformar matérias-primas em produtos.

Segundo Ribeiro (2009), a Contabilidade de Custos, então criada para avaliar estoques, que constituiu-se em importante ferramenta de controle e atribuição de custos aos produtos, não se preocupava em fornecer informações para o gerenciamento da produção e comercialização. Ele afirma que as decisões que atribuíam o preço de venda baseavam-se somente no custo de fabricação; não havia outras preocupações, desconsiderando-se, inclusive, os fatores externos relacionados ao mercado.

Na década de 1950, aprimorando as funções da Contabilidade de Custos, surge a Contabilidade Gerencial, para auxiliar na tomada de decisões de planejamento e controle (RIBEIRO, 2009).

Para Martins (2006, p. 21), “a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao controle e a ajuda às tomadas de decisões”. Naquela, sobressai a missão de fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão, a fim de compará-las com o efetivamente acontecido. Já na tomada de decisões, destaca-se a alimentação de informações sobre valores relevantes acerca de curto e longo prazo na introdução ou corte de produtos, por exemplo.

Silva (2009, p. 5) destaca que:

a implantação de uma Contabilidade de Custos nas entidades governamentais é de suma importância, visto que os entes públicos devem preocupar-se, especialmente, a partir de 1988 com as informações analíticas sobre custos, ingressos, margens e resultados que podem ser úteis para o processo de planificação e tomada de decisões, tanto no sentido político como no administrativo.

5.3 Componentes Básicos dos Custos de Fabricação

Ribeiro (2009) afirma que o custo de fabricação é composto, basicamente, pelos seguintes elementos:

Materiais: são os utilizados no processo de fabricação, podendo ou não compor o produto e são classificados como:

- Matéria-prima: substância bruta indispensável na fabricação do produto, sendo o principal material de sua composição.

- Materiais secundários: são os materiais que compõem o produto, complementando a matéria-prima ou dando acabamento ao produto.

Mão de obra direta: é o trabalho de quem fabrica o produto; e

Custos Indiretos de Produção ou Gastos gerais de fabricação: contribuem para a fabricação, porém não são considerados materiais diretos e nem mão de obra direta.

Custos Indiretos

Há custos que não teem uma medida objetiva, e acabam alocados aos produtos de maneira estimada ou, até mesmo, arbitrária. Eles dependem de cálculos, rateios ou estimativas. Usa-se, como parâmetro, a base ou critério de rateio. (MARTINS, 2006)

“A distribuição proporcional que se faz para atribuir aos produtos o valor dos custos indiretos de fabricação denomina-se, tecnicamente, rateio.” (RIBEIRO, 2009, p. 4)

Alguns custos, como materiais de consumo, poderiam ter uma parcela apropriada de forma direta. Entretanto, dada a sua irrelevância, esse trabalho torna-se inviável, uma vez que a relação custo-benefício dessa apropriação é desvantajosa. (MARTINS, 2006)

Outros, como a depreciação, que poderia ser apropriado direto, geralmente não o é, por ser pouco útil a sua apropriação direta e por ser um custo estimado e arbitrariamente fixado. (MARTINS, 2006)

Além desses, custos relevantes como a Energia Elétrica não são tratados como diretos, haja vista a complexidade de mensuração do valor consumido por produto.

Sendo necessário fator ou critério de rateio, ou havendo estimativas, considera-se indireto o custo.

Segundo Viceconti e Neves (2003), os custos indiretos dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem apropriados, de maneira indireta, aos produtos. Ribeiro (2009) afirma que esses custos não podem ser facilmente identificados aos produtos e adotam critérios que podem ser estimados ou até mesmo arbitrados.

Os custos indiretos de fabricação não correspondem a gastos realizados especificamente para este ou aquele produto, eles beneficiam toda a produção de um período.

Custos Diretos

Viceconti e Neves (2003) afirmam que custos diretos são os que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque pode se medir o seu consumo nessa fabricação e, para Ribeiro (2009), a atribuição desses custos aos produtos é feita sem nenhum embaraço. Eles são formados pelos materiais diretos e mão-de-obra direta.

Materiais diretos, segundo Ribeiro (2006), são aqueles aplicados no processo de fabricação e que integram os produtos fabricados e são assim denominados porque a atribuição de seus custos aos produtos é feita sem embaraços.

A mão-de-obra direta compreende os gastos com o pessoal que trabalha na fabricação dos produtos e é facilmente identificada em relação a cada produto fabricado. (RIBEIRO, 2009)

Martins (2006) afirma que é aquela relacionada com o pessoal que atua diretamente sobre o produto que será elaborado.

Essa classificação em diretos e indiretos é relevante para os custos, já que, geralmente, uma indústria não fabrica apenas um tipo de produto, o que torna necessário ratear os custos indiretos aos diversos produtos segundo critérios pré-estabelecidos.

5.4 Outra Classificação dos Custos

Uma classificação considerada de extrema importância para a Contabilidade de Custos é a que separa os custos em fixos e variáveis, considerando o valor total de um custo e o volume de atividade numa unidade de tempo. (MARTINS, 2006)

Custos Fixos

Viceconti e Neves (2003, p. 18) definem que “Custos Fixos são aqueles cujos valores são os mesmos qualquer que seja o volume de produção da empresa”.

Ribeiro (2009) assegura que os custos fixos não se alteram com o volume de produção e são necessários ao desenvolvimento do processo industrial em geral. Ele explica que os custos fixos também são indiretos, por serem alocados a vários produtos, simultaneamente.

Custos Variáveis

Os Custos Variáveis se alteram em decorrência do volume de produção e também são classificados como diretos. (RIBEIRO, 2009)

Horngren, Datar e Foster (2004, p. 28) explicam que “o custo variável muda no total em proporção às mudanças no nível relativo de atividade ou volume total.”

Custos Semifixos e Semivariáveis

Alguns custos, ainda, possuem uma parcela fixa e outra variável e podem ser classificados como semifixos, quando forem compostos de uma parte fixa mais relevante ou semivariáveis, quando compostos de uma parte variável mais relevante.

Segundo Martins (2006), a classificação em Fixos e Variáveis tem outra distinção em relação aos Diretos e Indiretos. Esta classificação só se aplica a Custos propriamente ditos, enquanto aquela também se aplica às Despesas.

5.5 Convenção da Materialidade ou Relevância

A Convenção da Materialidade ou Relevância prevê que: “O Contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta os aspectos internos do sistema contábil...”. (NEVES E VICECONTI, 2004, p. 258)

Iudícibus e Marion (2002, p.123) afirmam que “há determinadas informações contábeis, cujo custo para evidenciá-las (tempo do pessoal da contabilidade, material, computador...), é maior que o benefício que trará aos usuários (acionistas, administradores...) daquelas informações.”

Esses autores explicam que deve-se analisar o binômio custo versus benefício para se definir o que é material ou relevante.

Essa Convenção, por vezes, justifica o tratamento de custos diretos de valor irrisório como indiretos, uma vez que os impactos ocasionados no resultado são irrelevantes.

5.6 Administração de Custos

Horngren, Datar e Foster (2004) afirmam que a administração de custos é utilizada para descrever abordagens e atividades de administradores voltadas para decisões de planejamento e controle de curto a longo prazo. Tais decisões reduzem os custos de produtos e serviços.

A administração de custos busca a contínua redução de custos e o planejamento e controle desses custos está ligado ao planejamento de receita e lucro (Horngren, Datar e Foster, 2004). Não obstante tratar-se aqui de uma entidade sem fins lucrativos, não se pode ignorar plenamente tais princípios, uma vez que a redução de custos implica numa administração mais eficiente, tornando possível a oferta de um serviço de maior qualidade aos seus usuários.

6 METODOLOGIA

Andrade (2002 apud BEUREN, 2003) afirma que a pesquisa descritiva preocupa-se em obpreocupa-servar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, preocupa-sem a interferência do pesquisador.

A pesquisa realizada no Campus Salinas coletou dados, relacionados com os custos do Curso de Ciências Contábeis, de diversas fontes e os interpretou, sem interferir nos mesmos.

Para Beuren (2003), a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo estudo concentrado de um único caso. Gil (2002) afirma que o estudo de caso consiste no estudo exaustivo de um ou poucos objetos, tornando possível o seu conhecimento detalhado.

Trata-se de um estudo de caso haja vista ter sido eleita a Unimontes, em seu Campus Salinas, como a população considerada objeto de estudo.

O estudo de caso vale-se tanto de “dados de gente” quanto “dados de papel” Gil (2002). Os dados para essa pesquisa foram coletados através da análise de documentos, entrevistas, observações e análise de objetos físicos. Foram foco dessa coleta a Prefeitura do município de Salinas, as concessionárias de água e energia daquele município, a Contabilidade da Unimontes e, principalmente, o Campus Salinas da Unimontes. Priorizou-se a análise documental, já que a estrutura de custos baseia-se, sobretudo, nos documentos contábeis. A amostra escolhida foram os alunos do curso de Ciências Contábeis da Unimontes, realizado no Campus Salinas.

Ao final do levantamento, dividiu-se o valor dos custos encontrados pela quantidade de vagas oferecidas pela Unimontes, no Campus Salinas.

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