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Contacto existente entre pais e professores

CAPÍTULO V APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.4. Relação Pais-Escola

5.4.3. Contacto existente entre pais e professores

O contacto e a comunicação entre pais e professores são o tipo de envolvimento que tem despoletado mais problemáticas ao nível desta relação. Se, por um lado, os professores se queixam dos pais por se manterem afastados da escola, por outro lado, os próprios professores, embora reconheçam a importância deste tipo de envolvimento, muitas vezes preferem que os pais actuem apenas de acordo com a sua orientação, de forma a não causarem demasiadas interferências (Davies, 1989; Brickman e Taylor, 1991; Homem, 2002).

No quadro teórico do presente estudo, ao fazermos referência aos modelos de envolvimento de Epstein (1987) e Henderson (1987, cit. por Marques, 1997a) verificamos que a comunicação da escola com a família acerca dos alunos, dos programas educativos e do regulamento interno é bastante privilegiada pelas autoras, nomeadamente através de reuniões, cartas, telefone, relatórios, entre outros. Uma comunicação escola-casa recíproca permite a troca de informações sobre o aluno, o que será vantajoso para todos.

Vejamos os resultados das nossas entrevistas sobre este aspecto.

A tabela 16 indica as situações e a frequência com que pais e professores contactam.

Tabela 16- Frequência e situações de contacto entre pais e professores / nível de ensino

Indicadores 3º ano 6º ano 9º ano Total

Frequências

Pais e professores contactam…

… nas reuniões 7 7 1 15

… quando o professor chama 0 2 2 4

… com frequência por motivos variados 1 0 2 3

… quando os pais querem 1 0 3 4

… por telefone algumas vezes 0 2 1 3

… quando o aluno se “portou mal” 1 1 0 2

… pouco, porque os pais não têm tempo 0 0 2 2

Apresentação e Discussão dos Resultados

102 Analisando esta tabela, observamos que a forma mais comum de contacto concretiza- se nas reuniões de pais, sobretudo entre os alunos do 3º e 6º ano. Alguns referem que existe apenas uma reunião no final de cada período, outros afirmam que os pais já frequentaram mais reuniões.

Relativamente aos alunos do 3º ano, três alunos afirmam também que os pais e a professora comunicam com alguma frequência (sem ser apenas nas reuniões) e por diversos motivos, sendo o comportamento o motivo mais referido.

Não existe relação entre este contacto e a forma como os pais se relacionam com os filhos, nem com a cultura ou com a forma como encaram a escola. No caso deste nível de ensino, parece que o papel da professora é fundamental na dinamização dos contactos com as famílias dos alunos.

Em relação aos alunos do 6º ano, além das reuniões, temos o exemplo do aluno B7 que afirma que os pais e professores comunicam quando o aluno “se porta mal” e algumas vezes por telefone: “Os meus pais dizem que se eu me comportasse mal, para a minha professora telefonar. Telefonou só algumas vezes…eles sabem que me porto bem”.

O aluno B3 também refere o contacto telefónico, e os alunos B2 e B8 afirmam que os pais contactam com os professores quando estes os chamam à escola.

No caso dos alunos do 6º ano, também é notório a importância do papel do professor no estabelecimento de contacto com os pais.

Entre os alunos do 9º ano, apenas um referiu que pais e professores comunicam unicamente nas reuniões (C4) pois os pais não têm muita disponibilidade. Os restantes apontam diversas formas de contacto, tal como podemos ver no quadro 14.

A Dinâmica Relacional entre a Família e a Escola sob o Olhar do Aluno

Apresentação e Discussão dos Resultados

103 Quadro 14- Contacto entre pais e professores 9º ano

Entrevistados Unidades de registo

C1

“Sim, a minha mãe, antes ela costumava ligar de duas em duas semanas para o meu director de turma, para saber se estava tudo bem. Também costumava vir cá à escola, sempre que há entrega de notas. Ela não costuma vir às reuniões (…) prefere (…) vir cá e falar pessoalmente com ele, mais sobre mim. ”

C2 “Sim, os meus pais vêm cá à escola. Todos os períodos. Vêm muitas vezes, sempre que querem.”

C3

“Costumam. Por exemplo quando eu digo que se passou alguma coisa, ou alguma coisa que achei incorrecto, ou que eu fiz alguma que foi incorrecto, eles contactam logo, ou quando tenho alguma coisa na caderneta.”

C6 “Sim, quando o professor chama.”

C7 “Costumam, porque quando eu faltar a uma aula o professor, o meu DT, pode dizer a minha mãe e quando ela tem algumas dúvidas ela pode telefonar-lhe para perguntar.”

Segundo a perspectiva de outros entrevistados, já observamos uma maior distância entre os pais e os professores, na medida em que alguns deles demonstram alguma indisponibilidade para contactos com a escola. São exemplos:

- O aluno C4, que diz “os professores e os pais, normalmente, só na reunião, eles não costumam vir muito cá à escola, não têm tempo, saem já tarde”;

- O aluno C5, que afirma que pais e professores “não se conhecem. Acho que só se viram uma vez este ano”;

- E a aluna C8: “A minha mãe não tem tempo, porque está sempre a trabalhar e só tem hora de descanso das 15h às 17h, e a essa hora o DT não está aí, esse ano ela ainda não veio falar com o director. Ela queria falar, para ver como está a minha situação.” Entretanto dá a sua opinião sobre a posição do director de turma: “Acho que não se tocou muito nisso… acho que não. Eu também tenho que falar com ele porque ela não pôde vir, mas acho que ele entende que ela não tem tempo”.

No entanto já verificámos que, segundo estes alunos, os seus pais preocupam-se com os seus estudos, apoiam sempre que necessário e ajudam a tomar decisões quanto ao futuro, tal como podemos constatar nas categorias 1.5 e 3.1.

Ao questionarmos os entrevistados sobre quais os assuntos mais abordados pelos pais e professores, eles informam-nos que, normalmente, estes assuntos estão relacionados com

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104 as notas e o comportamento dos alunos. A propósito do comportamento dos alunos nas aulas, o entrevistado C7 explica:

“Eles estão sempre a brincar nas aulas, eles querem ser os maiores das turmas, e quando o professor está a explicar uma coisa eles interrompem. Às vezes quando o professor está a brincar também, acho bem, mas quando o professor está sério acho que não porque o professor não precisa de nós, nós é que precisamos dele”.

Relativamente aos pais destes alunos, a sua opinião é que “se calhar os pais importam-se mas não fazem nada”. E acrescenta que, na sua opinião “há tempo para brincar e tempo para o trabalho”.

Através da análise de conteúdo, constatámos ainda que, neste estudo, não parece haver grande relação entre a comunicação pais-professores e os resultados escolares dos alunos. Se se pensa que os bons alunos são aqueles cujos pais comunicam com os