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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Contagem e isolamento de Staphylococcus sp em um hospital municipal

3.1.1. Ar de ambientes

A contagem de Staphylococcus sp. foi realizada em um Centro de Terapia Intensiva (CTI) e em uma Sala de Preparo de Nutrição Enteral (SPNE). O isolamento de Staphylococcus no ar foi amostrado em placas de Petri com ágar Baird-Parker (DifcoTM) adicionado de emulsão de gema de ovo em água salina 0,85% (p/v) esterilizada (1:1 v/v) e telurito de potássio

1% (p/v) (Laborclin®) (BAIRD-PARKER, 1990), pelo método de impressão em ágar (EVANCHO et al., 2001). Coletou-se um volume de ar de 1.000 litros, com o auxílio de um amostrador de ar MAS 100 (Merck®) de um estágio (SVEUM et al., 1992). Antes da coleta das amostras, a tampa do amostrador foi esterilizada a 121 ºC, por 15 minutos, sendo sanitizada com álcool 70% (v/v) a cada amostragem. As placas foram incubadas a 37 ºC, por 48 horas (LANCETTE; BENNETT, 2001).

As coletas foram realizadas em duplicata, durante a passagem das sondas no paciente, evento único, e preparo da nutrição enteral em sistema aberto, na SPNE, por no máximo três dias consecutivos, de acordo com a necessidade de o paciente utilizar a nutrição enteral.

3.1.2. Manipuladores

A presença de Staphylococcus sp. nas mãos do enfermeiro-chefe e de duas copeiras, que se revezavam de turno de trabalho, cada dia uma era responsável pelo preparo da dieta, foi avaliada pela técnica de swab (EVANCHO et al., 2001). Essa avaliação foi realizada em dois momentos distintos, o primeiro, durante a passagem da sonda no paciente e amostragem da mão do enfermeiro-chefe; e o segundo, durante o preparo da dieta na SPNE e amostragem da mão de uma das copeiras. O manipulador da sonda, enfermeiro-chefe, fazia uso de luvas esterilizadas.

A coleta das amostras de manipuladores foi feita nas mãos, nas áreas correspondentes às superfícies da palma e das bordas, partindo-se da região dos punhos. Foram utilizados swabs de algodão de 0,5 cm de diâmetro por 2,0 cm de comprimento, com haste de 12,5 cm de comprimento. Os swabs foram esterilizados a 121 oC, por 15 minutos. Para a coleta, o swab foi umedecido em solução-tampão fosfato. De forma angular, o swab foi friccionado, com movimentos giratórios, da parte inferior da palma até a extremidade dos dedos, retornando-se ao punho. Esse procedimento foi repetido por três vezes, na direção de cada dedo. Os movimentos nas bordas foram do tipo vaivem, de modo a avançar em um dos lados da mão onde as linhas dos punhos se iniciavam, passando depois entre os dedos, e no final, no outro lado da mão, encontrando-se de novo com as linhas dos

punhos (EVANCHO et al., 2001). Após as coletas, os swabs foram transferidos para tubos de ensaio com 10 mL de solução-tampão fosfato esterilizada a 121 oC, por 15 minutos. Os tubos foram transportados, sob refrigeração, para o laboratório, para realização da contagem de Staphylococcus sp. em ágar Baird-Parker.

3.1.3. Mucosa nasal

Foram amostrados quatro pacientes internados no CTI, aleatoriamente, e que necessitavam utilizar sondas nasoenterais para alimentação, por causa de um distúrbio do trato digestório ou outro motivo. As informações sobre sexo, idade, quadro clínico, sistema de administração da dieta e antibioticoterapia dos quatro pacientes são apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4 – Informações dos pacientes internados no CTI, nos quais se realizou a análise de Staphylococcus da cavidade nasal antes da passagem da sonda nasoenteral

Pacientes

Características A B C D

Sexo Masculino Masculino Masculino Feminino

Idade 86 65 76 81 Terapia com antimicrobiano até a passagem da sonda - Amicacina - Ceftazidima - Oxacilina Não - Amicacina - Claritromicina - Ciprofloxacina Não Sistema de administração da dieta enteral Fechado. Uso de sonda de poliuretano Aberto. Uso de sonda de poliuretano Aberto. Uso de sonda de silicone Fechado. Uso de sonda de silicone Quadro Clínico - Câncer de esôfago - Pneumonia - Insuficiência respiratória - Anemia - Insuficiência respiratória - Doença pulmonar obstrutiva crônica - Pneumonia - Ventilação mecânica - Pneumonia - Suspeita de câncer pulmonar - Bradiarritmia - Insuficiência respiratória

A amostra para pesquisa de Staphylococcus foi realizada na cavidade nasal do paciente no qual a sonda foi inserida. O swab foi umedecido em

solução-tampão fosfato, e partindo-se de um ponto inicial, com movimentos giratórios, percorreu toda a área por três vezes. Em seguida, foram transferidos para tubos de ensaio com 10 mL da mesma solução-tampão que foram umedecidos (EVANCHO et al., 2001) e conduzidos sob refrigeração para o laboratório para contagem de Staphylococcus sp. em ágar Baird-Parker (BAIRD-PARKER, 1990).

3.1.4. Dieta

No sistema fechado de administração da dieta, a troca do seu frasco era realizada a cada 24 h no CTI. Assim, no primeiro dia, uma amostra de 100 mL foi coletada logo após a passagem da sonda, em recipiente esterilizado, assim que havia a conexão do frasco da dieta ao equipo. Nos outros dois dias, a amostra foi coletada após substituição do sistema frasco e equipo. Tal procedimento foi realizado por no máximo três dias consecutivos, conforme a necessidade de uso de sistema de alimentação pelo paciente.

Caso contrário, se o paciente alimentava-se por meio do sistema aberto, amostras eram coletadas durante o preparo ao meio-dia e durante outros três horários de administração seguintes ao seu preparo, às 17 horas do mesmo dia e às oito horas do dia seguinte. Nesses dois últimos casos, as dietas eram conservadas sob refrigeração a 4 oC, no CTI, até o horário de sua administração. O volume da amostra coletado era de 100 mL por vez. As amostras foram refrigeradas após sua coleta e, em seguida, levadas ao laboratório para contagem de Staphylococcus sp. em ágar Baird-Parker (BAIRD-PARKER, 1990; SWANSON et al., 2001).

3.1.5. Superfícies de preparo

As amostras foram coletadas em uma superfície de preparo da nutrição enteral, para sistema aberto de administração, pela técnica do swab, durante o preparo do alimento na SPNE (EVANCHO et al., 2001).

Na pesquisa de Staphylococcus na superfície foi realizada um máximo de três repetições, conforme a necessidade de o paciente

permanecer internado e se alimentar por sonda. Cada repetição era realizada no momento do preparo da dieta, sem que a rotina normal de processamento fosse alterada. Foram utilizados swabs de algodão umedecidos em solução-tampão fosfato adicionada de 1% (v/v) de solução de tiossulfato de sódio 0,25% (BLOCK, 1991), para inativação do cloro utilizado na sanitização da superfície. A superfície-teste foi friccionada por 20 vezes, no sentido vaivem, em uma área de 100 cm2, com o auxílio de um molde de coleta de 10 cm x 10 cm. Em seguida, os swabs foram transferidos para tubos de ensaio com 10 mL da mesma solução-tampão (EVANCHO et al., 2001). Após a coleta, os tubos foram transportados para o laboratório, sob refrigeração, para realização das análises de Staphylococcus sp. em ágar Baird-Parker (BAIRD-PARKER, 1990).

3.1.6. Sondas

Os pacientes internados no CTI e selecionados para o experimento receberam sondas nasoenterais de silicone ou poliuretano da marca SOLUMED®. As características das sondas são apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 – Características das sondas nasoenterais

Características Sonda de Poliuretano Sonda de Silicone Constituição

Poliuretano (TPU) Dimetilsiloxano, polivinilcloreto (PVC) e sulfato de bário

Dimetilsiloxano Polivinilcloreto (PVC), Poliacetal e sulfato de bário

Comprimento 120 cm 95 cm

Área total 298,58 cm2 238,86 cm2

Diâmetro 3,96 mm (12 FR) 3,96 mm (12 FR)

Em cada um dos quatro pacientes, as sondas foram retiradas após a suspensão da alimentação enteral pelo enfermeiro plantonista, o qual fazia

uso de luvas esterilizadas. Em seguida, as sondas foram colocadas em vidros também esterilizados, que foram tampados e enviados sob refrigeração para o laboratório. Foram adicionados a cada vidro 225 mL de água peptonada 0,1% (p/v), realizando-se a rinsagem com movimentos giratórios, de um lado para o outro, por dois minutos. Diluições em tubos de ensaio contendo 9,0 mL de solução salina 0,1% (p/v) foram realizadas. Alíquotas de 0,1 mL da diluição 10-5 foram plaqueadas em meio específico para contagem e isolamento de Staphylococcus (BAIRD-PARKER, 1990).