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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1.2 Características relacionadas à qualidade de yacon

4.1.2.6 Conteúdo de minerais

A análise de variância não apontou diferenças estatísticas entre tratamentos para ambos os cultivos (Tabelas 1y). Os contrastes realizados pelo teste F entre tratamentos adubados e testemunha sem adubação não foram significativos (Tabelas 1z). No primeiro cultivo, observou-se diferença entre tratamentos minerais e orgânicos unicamente para teor de P (Tabela 1aa); as raízes de plantas adubadas organicamente apresentaram incremento significativo no teor de P de, aproximadamente, 8% quando comparadas às adubadas com fertilizantes minerais, e acréscimos não significativos no teor de K, Ca, Fe, Cu, Mn e Zn. De forma contrária, no segundo cultivo as adubações minerais apresentaram tendência para promover maiores teores, exceto de P, K, e Zn (Tabela 26). Certamente, as melhores características do solo com adubações orgânicas favorecem a absorção de minerais no primeiro cultivo. Entretanto, a incidência de nematóides e a ausência de adubação orgânica no segundo cultivo limitaram a absorção pelas plantas.

Sistemas de cultivo orgânico têm resultado em efeitos positivos no conteúdo de minerais em D. carota. Assim, Warman & Harvard (1997) verificaram nas raízes adubadas organicamente teores de Mg (1,44 g.kg-1) e S (1,70 g.kg-1) significativamente superiores aos observados nas adubadas com fertilizantes minerais (1,34 g.kg-1 Mg e 1,46 g.kg-1 S). Em adição, Leclerc et al. (1991), observaram teores de P, K e Cu superiores em sistemas orgânicos, com acréscimos de 12, 14 e 24%, respectivamente, em relação ao sistema convencional de cultivo.

TABELA 26. Teor de minerais em raízes, em função de adubações, em dois ciclos de cultivo. Botucatu - UNESP, 2003.

Test. K3+M K6+M K3 Comp. Biod. Verm.

--- 1o cultivo --- P (g/kg) 2,1 A 2,2 A 2,2 A 2,2 A 2,3 A 2,5 A 2,3 A K (g/kg) 13,7 A 14,7 A 16,3 A 14,7 A 16,3 A 16,7 A 15,0 A Ca (g/kg) 2,0 A 2,0 A 1,7 A 2,0 A 2,0 A 2,0 A 2,0 A Mg (g/kg) 0,5 A 0,5 A 0,6 A 0,5 A 0,5 A 0,5 A 0,5 A Fe (mg/kg) 36,7 A 33,7 A 3,0 A 36,7 A 40,0 A 37,0 A 35,0 A Cu (mg/kg) 12,3 A 12,3 A 14,3 A 10,7 A 15,3 A 14,0 A 12,0 A Mn (mg/kg) 5,3 A 4,3 A 4,3 A 5,0 A 6,0 A 5,0 A 5,3 A Zn (mg/kg) 14,3 A 13,0 A 15,3 A 13,3 A 13,7 A 14,3 A 14,3 A --- 2o cultivo --- P (g/kg) 1,7 A 1,8 A 1,8 A 1,8 A 1,9 A 2,0 A 1,9 A K (g/kg) 25,2 A 28,2 A 27,0 A 27,0 A 27,0 A 28,5 A 29,0 A Ca (g/kg) 0,4 A 0,5 A 0,5 A 0,6 A 0,5 A 0,5 A 0,5 A Mg (g/kg) 0,6 A 0,6 A 0,6 A 0,7 A 0,6 A 0,5 A 0,6 A Fe (mg/kg) 49,0 A 58,5 A 52,5 A 54,0 A 43,5 A 54,5 A 50,0 A Cu (mg/kg) 19,5 A 19,0 A 18,0 A 18,5 A 17,5 A 18,5 A 18,5 A Mn (mg/kg) 4,0 A 3,5 A 4,0 A 4,0 A 4,0 A 3,5 A 4,0 A Zn (mg/kg) 66,0 A 68,5 A 69,0 A 64,5 A 67,5 A 69,5 A 70,0 A Onde: Test = testemunha sem adubação; K3+M = 20:80:20+ B + Zn no plantio + 20 kg/ha de K aos 90, e 180 dias após plantio (DP) no 1o cultivo; e 20:60:30+ B no plantio + 30 kg/ha de K aos 90, e 180 DP

no 2o cultivo. K6+M = 20:80:12 + B + Zn no plantio + 12 kg/ha de K aos 45, 90, 135, 180 e 225 DP no 1o cultivo; e 20:60:15 + B + 15 kg/ha de K aos 45, 90, 135, 180 e 225 DP no 2o cultivo. K3

=20:80:20 no plantio + 20 kg/ha de K aos 90, e 180 DP no 1o cultivo; e 20:60:20 no plantio + 20 kg/ha de K aos 90, e 180 DP no 2o cultivo. Comp. = 5 kg/m linear de composto orgânico no 1o cultivo; e residual no 2o cultivo. Biod. = 5 kg/m linear de composto biodinâmico + preparados 500 e 501 no 1o cultivo; e residual + preparados 500 e 501 no 2o cultivo. Verm. = 5 kg/m linear de vermicomposto no 1o cultivo; e residual no 2o cultivo.

Destacaram-se os níveis de Fe e Zn nas raízes, concordando com as citações de Nieto (1991). O Fe é essencial à formação da hemoglobina e é constituinte de enzimas, como a citocromo-oxidase, catalases e desidrogenases do músculo esquelético, que atuam no metabolismo aeróbico. O Zn é essencial na função imunitária celular; mobilização hepática da vitamina A, que atua na maturação sexual, fertilidade e reprodução, entre outros (Franco, 1999). Comparando-se com a ingestão recomendada de minerais (Quadro 4), observa-se que o consumo diário de 250 g de yacon supre 100% das necessidades diárias de Fe e Zn em crianças, e de Fe em homens maiores de 19 anos; e 73% das exigências de Fe em mulheres até 50 anos e de Zn em homens.

QUADRO 4. Ingestão recomendada de minerais para manutenção de uma boa nutrição

Categoria Idade Cálcio Fósforo Magnésio Ferro Zinco (Anos) --- mg --- Crianças 1-3 800 800 80 10 10 4-6 800 800 120 10 10 7-10 800 800 170 10 10 Homens 11-14 1200 1200 270 12 15 15-18 1200 1200 400 12 15 19-24 1200 1200 350 10 15 25-50 800 800 350 10 15 51+ 800 800 350 10 15 Mulheres 11-14 1200 1200 280 15 12 15-18 1200 1200 300 15 12 19-24 1200 1200 280 15 12 25-50 800 800 280 15 12 51+ 800 800 280 10 12 Franco, 1999.

4.1.3 Bioeletrofotografia.

Procurando novas ferramentas que demonstrem a qualidade de produtos cultivados organicamente, avaliou-se a configuração do efeito corona ou campo bioenergético nas plantas com adubação mineral e orgânica. Registraram-se, no total, 252 bioeletrofotografias, estas incluíram as fotografias de adaptação com o aparelho.

No segundo cultivo, as plantas que receberam os preparados biodinâmicos 500 e 501 (“Biod”) apresentaram maior luminosidade do efeito corona. Aquelas tratadas com fontes minerais apresentaram halo luminoso interrompido, com falta de luminosidade e sinais semelhantes a “palmeiras” no limite do campo bioenergético (Figura 5). De forma similar, as plantas dos tratamentos “Comp” e “Verm” também apresentaram halos luminosos descontínuos. Segundo Campos*, os sinais de “palmeiras” indicam penetração e multiplicação de microrganismos no corpo físico dos indivíduos. Neste sentido, os sinais observados nas fotografias Kirlian expressariam, provavelmente, a incidência de nematóides no segundo cultivo. Salienta-se a necessidade de novas pesquisas para elaborar os padrões de resposta dos vegetais à incidência de doenças e pragas.

__________

Campos, R. Especialista em análise energética por bioeletrofotografia do Instituto Florais de Minas – Itaúna – MG). Comunicação pessoal, 2002.

FIGURA 5. Bioeletrofotografias de discos foliares dos tratamentos: (a) Biod; (b) Comp; (c) Verm; (d) K3+M; (e) K3; (f) K6+M. Botucatu - UNESP, 2003.

(a) (d)

(b) (e)

As plantas cultivadas em ambientes distintos apresentaram diferenças notáveis. Aquelas cultivadas no sistema biodinâmico na ABD – Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica – exibiram campo bioenergético com estrutura única e grau de luz elevado (Figura 6). Por outro lado, plantas cultivadas no sistema convencional na Fazenda Lageado – UNESP mostraram menor luminosidade e, novamente, sinais semelhantes a “palmeiras” no limite do campo. De acordo com Andrade et al. (2001), a unidade da luz expressa equilíbrio, harmonia, enquanto a individualidade implica em separação e alterações fisiológicas.

Na agricultura biodinâmica, o ser vegetal resulta da colaboração entre as forças terrestres e as forças cósmicas. Tais forças subsistem na planta como “energia vital”, e continuam a agir nela mesmo quando se separa de seu substrato vital (Steiner 1924). Neste aspecto, é possível correlacionar a “qualidade vital” do yacon cultivado em sistema biodinâmico com a maior luminosidade do seu campo bioenergético, observada especialmente naquelas cultivadas na ABD. Entretanto, é precipitado estabelecer um padrão bioeletrográfico, sendo necessário continuar esta pesquisa, que promete ser de grande valor diagnóstico.

Sabe-se que esta abordagem energética colide com o modelo bioquímico e fisiológico vigente, em parte, devido às conotações místicas atribuídas. Contudo, existe um embasamento científico do modelo bioeletrográfico respaldado por pesquisas realizadas em espectrofotômetros de massa e amplificadores ultra-sensíveis de luz e radiação eletromagnética. Constatou-se que qualquer corpo emana, continuamente, gases e vapores diversos em temperatura ambiente, e emite, a todo instante, radiações eletromagnéticas diversas, abrangendo as faixas do infravermelho, luz visível e até ultravioleta. Em contato com a placa eletrificada da máquina Kirlian, esses gases e vapores se ionizam, e provocam o

surgimento de um halo luminoso e colorido ao redor do objeto que está sendo bioeletrografado; este halo luminoso sensibiliza a película fotográfica da máquina Kirlian (Milhomens, 1999).

FIGURA 6. Bioeletrofotografias de discos foliares de yacon: (a) cultivado em sistema biodinâmico; (b) cultivado em sistema convencional. Botucatu - UNESP, 2003.

4.2 ENSAIO 2- Qualidade de raízes de yacon durante o armazenamento em diferentes épocas, em função da adubação mineral e orgânica.

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