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5 MATERIAL E MÉTODOS

6.3 Conteúdo total de fósforo

6.3.1. Cultivar BRS 232

A análise de variância do conteúdo total de fósforo indicou que houve diferença significativa para os tratamentos de doses de fósforo e doses de glyphosate somente para caule e raiz (Tabela 11). A dose de 150 mg L-1 de fósforo apresentou conteúdo total de fósforo superior a dose de 50 mg L-1. Comparando-se glyphosate, a dose que apresentou maior conteúdo de fósforo, foi a de 3,6 g i.a. ha-1.

Tabela 11. Análise de variância do conteúdo total de fósforo (Conteúdo total de P) em plantas de soja, cultivar BRS 232. Botucatu/SP, 2007.

Conteúdo total de fósforo (mg) Fósforo (mg L-1)

Folha Caule Raiz Total

50 5,7675 A 4,1075 B 7,3330 B 17,2120 B

150 7,4311 A 12,3711 A 12,1940 A 31,9980 A

Conteúdo total de fósforo (mg) Glyphosate

(g i.a. ha-1) Folha Caule Raiz Total

0 4,845 A 7,565 BC 8,151 B 20,565 BC 1,8 7,311 A 9,389 AB 9,920 B 26,621 B 3,6 7,975 A 11,498 A 16,731 A 36,208 A 7,2 6,371 A 5,386 C 10,135 B 21,849 BC 18 6,700 A 8,818 AB 10,010 B 25,533 BC 36 6,834 A 8,606 ABC 6,856 B 22,298 BC 72 6,159 A 6,414 BC 6,543 B 19,119 C C.V. 53,6826 39,9677 48,1179 27,9249 P 3,09NS 88,16** 14,99** 64,83** GL 0,61NS 2,99** 4,24** 5,61** P*GL 1,77NS 1,26NS 1,16NS 1,88NS

Analisando-se as médias do conteúdo total de fósforo (Gráfico 8 e 9) para as doses de 50 e 150 mg L-1 de fósforo, respectivamente, observa-se que no tratamento realizado com 50 mg L-1, a dose de 3,6 g i.a. ha-1 apresentou os maiores teores no conteúdo total (94%). Já para a dose de 150 mg L-1 de fósforo, as doses de glyphosate que tiveram maiores efeitos foram 1,8 e 3,6 g i.a. ha-1, com um aumento no total de 66%. De maneira geral os conteúdos foram maiores para a o tratamento 150 mg L-1 de fósforo. Porém, o tratamento de 50 mg L -1 apresentou maiores ganhos em relação à testemunha, que não recebeu aplicação de glyphosate.

Conteúdo total de fósforo (50 mg L-1 de P)

0 5 10 15 20 25 30 0 1,8 3,6 7,2 18 36 72

Doses de glyphosate g i.a. /ha

Folha caule Raiz Total

Gráfico 8. Médias do conteúdo total de fósforo em plantas de soja, cultivar BRS 232, para o tratamento com adubação de 50 mg L-1 de fósforo.

Conteúdo total de fósforo (150 mg L-1 de P) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 1,8 3,6 7,2 18 36 72

Doses de glyphosate g i.a. /ha

Folha caule Raiz Total

Gráfico 9. Médias do conteúdo total de fósforo em plantas de soja, cultivar BRS 232, para o tratamento com adubação de 150 mg L-1 de fósforo.

6.3.2 Cultivar BRS 243 RR

A análise de variância do teor total de fósforo para a cultivar BRS 243 RR (Tabela 12), indicou que há uma grande diferença para o teor total de fósforo entre os tratamentos de doses de fósforo, sendo para todas as partes da planta analisada a dose de 150 mg L-1 apresentou um conteúdo total de fósforo quase três vezes maior que a dose de 50 mg L-1.

Tabela 12. Análise de variância do conteúdo total de fósforo (Conteúdo total de P) em plantas de soja, cultivar BRS 243 RR. Botucatu/SP, 2007.

Conteúdo total de fósforo (mg) Fósforo (mg L-1)

Folha Caule Raiz Total

50 5,2411 B 7,942 B 1,7378 B 14,921 B

150 16,4895 A 23,243 A 5,6826 A 45,415 A

Conteúdo total de fósforo (mg) Glyphosate

(g i.a. ha-1) Folha Caule Raiz Total

0 8,801 B 13,962 B 4,948 ABC 27,711 B 1,8 8,860 B 13,882 B 2,599 D 25,340 B 3,6 10,183 AB 15,163 B 2,019 D 27,366 B 7,2 11,453 AB 14,537 B 5,802 A 31,792 AB 18 10,353 AB 14,518 B 5,601 AB 30,471 AB 36 10,378 AB 13,010 B 3,195 CD 26,582 B 72 11,978 AB 17,496 AB 3,402 CD 32,875 AB 180 12,972 A 16,795 AB 2,699 CD 32,466 AB 360 11,196 AB 15,103 B 2,713 CD 29,012 AB 720 12,479 A 21,464 A 4,125 ABCD 38,068 A C.V. 32,4801 34,0959 62,0309 32,3983 P 203,19** 165,65** 58,76** 194,67** GL 1,28 NS 1,71 NS 2,71* 1,20NS P*GL 0,75 NS 1,18 NS 0,83 NS 0,71 NS

Médias na mesma coluna, seguidas de mesma letra não diferem de p<0.05. Ns: não significativo, (*): p<0.05; (**): p<0.01

Para a cultivar BRS 232, observou-se que o acúmulo de biomassa aconteceu nas doses de 1,8 a 36 g i.a. ha-1. Esse mesmo resultado também foi observado por Velini et. al (2006), que aplicando doses de glyphosate variando de 2 a 720 g i.a. ha-1 em soja e milho, detectaram aumentos máximos da biomassa de parte aérea de 27,81% e 25,46% para as doses de 14,2 e 22,6 g i.a. ha-1, respectivamente. Esses autores verificaram que os efeitos

estimulatórios foram menos pronunciados nos sistemas radiculares das espécies avaliadas. Entretanto, no presente experimento as raízes da soja foram os órgãos que tiveram a maior resposta às doses de glyphosate, obtendo-se resposta de 84% para as raízes adubadas com 50 mg L-1 e 19% para as raízes adubadas com 150 mg L-1 de fósforo.

Observou-se que as plantas adubadas com 150 mg L-1 de fósforo tiveram maior acúmulo de biomassa quando comparadas às plantas adubadas com 50 mg L-1 de fósforo. No entanto, a resposta às doses de glyphosate foram maiores para as plantas adubadas com 50 mg L-1. A resposta à aplicação de glyphosate das plantas adubadas com 50 mg L-1 de fósforo no acúmulo total de matéria seca, foi de 48% com uma dose de 15 g i.a. ha-1 de glyphosate, enquanto que as plantas adubadas com 150 mg L-1 de fósforo tiveram incremento de apenas 19% com uma dose de de 28,45 g i.a. ha-1.

O acúmulo de matéria seca nas raízes para uma dose menor de fósforo, condiz com trabalho realizado por Lynch (1997), que em situações de baixa disponibilidade de fósforo, as plantas exibiram um conjunto de mudanças fisiológicas, morfológicas e arquitetônicas nas raízes. Entre essas alterações morfológicas está o alongamento das raízes capilares.

Para os teores de fósforo, os resultados demonstram que as plantas adubadas com 50 mg L-1 de fósforo apresentaram o mesmo teor de fósforo que as plantas adubadas com 150 mg L-1. Tal fato comprova a indução da expressão de genes transportadores de fósforo em condições de baixa disponibilidade deste elemento (Liu et al., 1998; Daram, 1998). O que tem sido aceito é que os genes induzidos em condições de baixa disponibilidade de fósforo são os genes de transportadores de alta afinidade e que esses mesmos seriam responsáveis apenas pela absorção radicular. Genes dos transportadores de fósforo de baixa afinidade é que seriam responsáveis pelo movimento do fósforo dentro da planta.

Os resultados obtidos nesse experimento, demonstraram que ocorreu translocação do fósforo dentro das plantas (Tabela 8), pois não há acumulo de fósforo nas raízes e sim uma distribuição entre todas as partes das plantas. Além disso, observa-se que na dose de 50 mg L-1 de fósforo ocorre uma diferença nos teores de fósforo das folhas entre as doses de glyphosate, de mais de 100%.

levam a indução de genes transportadores de fósforo de alta afinidade, aumentando a translocação do fósforo dentro da planta, já que existem experimentos que comprovam que o sistema transportador de fósforo é responsável pela absorção de glyphosate (Pike, 1987; Morin et al., 1997; Fitzgibbon & Braymer, 1988).

A análise do conteúdo total de fósforo, confirma que a aplicação de doses de glyphosate promoveu um estímulo ao acúmulo de fósforo nas plantas, sendo esse efeito mais pronunciado nas plantas adubadas com 50 mg L-1 de fósforo.

A cultivar BRS 243 RR apresentou diferença para o teor de matéria seca entre as doses de 50 e 150 mg L-1 de fósforo, porém as doses de glyphosate não tiveram efeito sobre o acumulo da mesma. Esta resposta já era esperada, tendo em vista o fato da mesma ser resistente ao herbicida, como também observou Velini et al. (2006).

Quando se comparam os teores de matéria seca entre as duas cultivares, nota-se que na cultivar convencional (BRS 232), que as doses de glyphosate tem efeito sobre os teores de matéria seca, as diferenças entre as duas doses de adubação (50 e 150 mg L-1 de fósforo), são menores que a diferença apresentada para a cultivar transgênica. Isso também é observado para os teores de fósforo.

Na cultivar convencional, os teores de fósforo das plantas adubadas com 50 e 150 mg L-1 de fósforo praticamente não diferem entre si, demonstrando haver uma indução da expressão gênica em condições de deficiência de fósforo. Entretanto, para a cultivar, transgênica (BRS 243 RR), essa diferença entre os teores de fósforo é significativa, demonstrando que, além da deficiência de fósforo, existe outro fator que estimula o acumulo de fósforo na planta e que no caso seriam as doses de glyphosate aplicadas.

Da mesma forma, para o conteúdo total de fósforo a cultivar transgênica, não apresenta resposta para a aplicação de glyphosate, diferentemente da cultivar convencional.

7 CONCLUSÕES

Para a soja convencional (não resistente ao glyphosate) cultivar BRS 232, são válidas as seguintes conclusões:

• Para a soja convencional BRS 232 (não resistente ao glyphosate) houve estímulos ao crescimento das plantas para doses entre 3,6 e 36g e.a./ha.

• Para esta variedade, baixas doses de glyphosate aumentaram a absorção de fósforo, sobretudo na menor concentração deste nutriente no solo. No tratamento com menor dose de fósforo, o teor deste nutriente nas folhas foi elevado em 2,61 vezes pela aplicação de 18g e.a. glyphosate/ha.

Para a soja transgênica (resistente ao glyphosate) cultivar BRS 243 RR, é válida a seguinte conclusão:

• Não houve estímulos de crescimento, mas o teor de fósforo na folha foi elevado em 37% pela aplicação do glyphosate na dose de 720 g e.a./ha.

Para as duas cultivares, é válida a seguinte conclusão:

• O glyphosate estimulou a absorção e o transporte de fósforo até as folhas. Este efeito possivelmente está associado a um aumento na expressão do gene que codifica um proteína de transporte de fosfato em plantas de soja.

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