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A presente pesquisa busca oportunizar aos estudantes momentos de incentivo e aperfeiçoamento da escrita, bem como de (re)conhecimento das características do gênero crônica, produzindo-o em ambiente mediado por computadores e no ambiente tradicional de sala de aula.

No que se refere ao processo de investigação, o presente estudo é de natureza qualitativa, de caráter descritivo e intervencionista, uma vez que o processo de produção textual alicerça-se a partir de sequências didáticas no processo de escrita dos alunos investigados. Ao considerar que este trabalho foi executado no âmbito da própria prática professora/pesquisadora, a referida abordagem além de intervencionista, caracteriza-se também como uma pesquisa-ação.

Objetivamos com estas práticas, de um modo geral, instrumentalizar os alunos para atuarem como produtores de textos cada vez mais competentes, com e sem o auxílio das tecnologias digitais às quais eles têm acesso, a partir de uma proposta de ensino que consideraria o contexto situacional do gênero crônica e as suas características linguístico-discursivas. Para tal, utilizamos propostas de sequências didáticas com foco nas características sociocomunicativas do referido gênero, bem como em elementos os quais pudessem ser inseridos nas referidas sequências e associados ao ambiente mediado por computadores.

Especificamente, o presente estudo se propôs a investigar como se dá o processo de apropriação do gênero crônica e do seu caráter sociocomunicativo, em um contexto da aprendizagem, no nível II, do ensino fundamental; investigar quais as maiores dificuldades do aluno no processo de elaboração do citado gênero; observar quais as interferências do ambiente e dos recursos utilizados durante o processo de escrita formal dos estudantes; verificar quais os avanços ocorridos no processo de produção do gênero em estudo, a partir da aplicação da proposta de intervenção e divulgar as produções escritas oriundas deste processo.

Os sujeitos envolvidos nessa pesquisa foram discentes de uma escola da rede pública de ensino, das turmas de 8º ano (7ª série), do ensino fundamental, nível II, com faixa etária entre 11 e 14 anos, em turmas mistas, nas quais percebemos nos estudantes diferentes níveis de compreensão e facilidade com a produção de textos, bem como para a produção específica do gênero em estudo.

Os alunos apresentaram interesse desde o primeiro contato pela proposta e pela ideia de trabalharmos um módulo no ano letivo voltado para o gênero crônica, para nossa satisfação. Apesar de este não ser um gênero de leitura habitual entre os jovens desta idade, nos debates e arguições orais em sala de aula, vimos que alguns ao se familiarizar com o gênero, davam-se conta de que já haviam lido textos do gênero e tendo, inclusive, alguns discentes, lido um dos textos expostos por esta pesquisadora, de autoria de Luís Fernando Veríssimo.

Os alunos investigados da turma “A” tiveram como ambiente preponderante para as atividades a sala de aula e suas residências, enquanto os estudantes da turma B tiveram oportunidade de vivenciar as práticas tanto em sala de aula, quanto no laboratório de informática. Ambas as oportunidade foram bastante proveitosas, pois permitiram aos alunos um aprimoramento de seus conhecimentos já internalizados, bem como a expansão, através das descobertas realizadas por eles a cada módulo desenvolvido.

O fato de desenvolvermos aulas, dentre aquelas direcionadas à nossa disciplina durante a semana, voltadas especificamente para a produção de textos, tanto em sala de aula, quanto no laboratório de informática, foi pouco a pouco estimulando, inclusive, aqueles alunos que inicialmente não demonstravam tanto interesse em realizar as atividades, pois conseguiam enxergar paulatinamente, dentro de uma aprendizagem colaborativa e contextualizada, razões para o estudo que se propunha.

Dessa maneira, pudemos elaborar o processo de ensino-aprendizagem sobre aquilo que eles ainda não dominavam, viabilizando, assim, o processo de desenvolvimento de um fazer pedagógico coerente às necessidades desses educandos. Acreditamos que isso se refletiu na significativa melhora no nível de escrita, apresentado em suas produções finais (conforme se demonstra mais adiante

no próximo capítulo), assim como no nível de entendimento da estrutura formal do gênero crônica, o que traduz a efetivação de uma aprendizagem significativa.

Ressaltamos que todos os estudantes investigados foram cientificados desde o início, sobre o presente estudo e seus propósitos, com a garantia de que seria mantido o anonimato dos participantes e de que a coleta dos seus textos, bem como a autorização da direção da referida escola para a aplicação das atividades e da assinatura dos produtores no TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), para os fins da referida investigação.

3.1.2 A delimitação do corpus

No que se refere ao corpus utilizado neste trabalho, cumpre-nos ressaltar que a delimitação do mesmo se deu de modo aleatório. Da turma “A”, recebemos 25 textos e da turma “B”, 15 textos, levando-se em consideração aqueles estudantes que realizaram a versão inicial e final da produção. Assim, vimos que um número significativo de estudantes das turmas realizaram as atividades propostas e, dentre esse universo, escolhemos 06 (seis) textos. Assim sendo, investigamos um total de 06 (seis) textos, sendo 03 (três) oriundos da turma “A” e os outros três pertencentes a estudantes da turma “B”.

Apesar de inicialmente os estudantes afirmarem não conhecer o gênero crônica, nem terem tido contato com nenhum texto do gênero, percebemos, já na apresentação do projeto, o interesse de grande parte das turmas e uma busca pela apropriação, cada vez mais efetiva, de uma escrita formal aperfeiçoada e capaz de fazê-los utilizá-la em contextos de comunicação vários, ultrapassando, assim o alcance da linguagem coloquial que todos já detém.

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