• Nenhum resultado encontrado

O contexto geral das ações em Saúde do Trabalhador na Estratégia de Saúde da Família

6. Resultados

6.2 O contexto geral das ações em Saúde do Trabalhador na Estratégia de Saúde da Família

Dentre as ações em saúde do trabalhador a serem desenvolvidas pela ESF está um grupo de atividades que devem ser desenvolvidas por toda a equipe, uma abordagem do contexto geral da unidade, especificamente nas questões que concernem à caracterização da população residente na área de cobertura da equipe (identificação da PEA, identificação das atividades produtivas e dos perigos e riscos causados pelas atividades produtivas). Podemos destacar aqui as ações de identificação das atividades produtivas das quais 74,3% dos profissionais entrevistados afirmam que a equipe realiza essa ação. Dentre os grupos profissionais

estudados, os de nível médio (ACS e Tec./Aux. de Enfermagem) são os que mais apontam o desempenho dessa ação pela equipe. A prevalência da realização das atividades para a maioria dos profissionais entrevistados se repete nos casos de ações como a identificação da PEA e a identificação dos perigos e riscos causados pelas atividades produtivas, como apresentado pela Tabela 4.

Tabela 4. Realização de ações relativas à Saúde do Trabalhador na Atenção Básica, segundo município pesquisado.

Município

Total

Pau dos Ferros Caicó Natal

Ações n % n % n % n %

Identifica a População Economicamente Ativa 26 76,5 41 59,4 66 66,7 133 65,8 Identifica as atividades produtivas 28 82,4 52 75,4 70 70,7 150 74,3 Identifica os perigos e os riscos causados pelas

atividades produtivas 21 61,8 47 68,1 59 59,6 127 62,9

Identifica existência de trabalho precoce 14 41,2 24 34,8 37 37,4 75 37,1 Registra a ocorrência de acidentes de trabalho

Sempre 4 11,8 8 11,6 17 17,2 29 14,4

Frequentemente 6 17,6 10 14,5 10 10,1 26 12,9

Raramente 11 32,4 18 26,1 27 27,3 56 27,7

Nunca 5 14,7 16 23,2 32 32,3 53 26,2

Realizado por outro estabelecimento de saúde 8 23,5 17 24,6 13 13,1 38 18,8

Registra a ocorrência de doenças do trabalho

Sempre 10 29,4 17 24,6 29 29,3 56 27,7

Frequentemente 7 20,6 11 15,9 24 24,2 42 20,8

Raramente 11 32,4 15 21,7 14 14,1 40 19,8

Nunca 3 8,8 15 21,7 22 22,2 40 19,8

Realizada por outro estabelecimento de saúde 3 8,8 11 15,9 10 10,1 24 11,9

Planeja e executa ações de Vigilância em Saúde

do Trabalhador 9 26,5 23 33,8 21 21,2 53 26,4

Desenvolve Programa de Educação em Saúde

do Trabalhador 10 29,4 23 33,3 18 18,2 51 25,2

Desenvolve Projetos de Promoção à Saúde do

Trabalhador 11 32,4 27 39,1 17 17,2 55 27,2

Parceria com instituição e envolvimento da

As ações sobre o trabalho infantil também são preconizadas pelo CAB nº 5, que orienta a equipe da Estratégia de Saúde da Família a desenvolver ações com foco na identificação da existência e na luta dessa prática. O trabalho precoce é definido pela legislação brasileira como o trabalho de menores de 16 anos. A legislação proíbe o trabalho de crianças de até 14 anos e, para a faixa etária de 15 aos 16 anos, é permitido o trabalho na condição de aprendiz (BRASIL, 2006c). No ano de 2001, a região Nordeste brasileira foi a região com maior incidência de trabalho infantil nas idades entre 5 a 15 anos, com 1.532.928 casos de crianças em trabalho precoce (OIT, 2004). No ano de 2009, segundo OIT (2012), o Estado do Rio Grande do Norte registrava uma população de 82.195 trabalhadores com idade entre 05 e 17 anos. As ações de proteção à criança, no tocante à identificação da existência de trabalho precoce e à busca de parcerias com instituições e o envolvimento da comunidade na luta contra o trabalho infantil, pouco tem sido desenvolvida pelos profissionais da Estratégia de Saúde da Família. Observou-se que 61,9% (37,1% identificam a existência de trabalho precoce e 24,8% buscam parcerias com instituições e envolvimento da comunidade na luta contra o trabalho infantil) dos profissionais entrevistados não consideram que as equipes realizem ações relacionadas ao trabalho infantil.

Os acidentes de trabalho são os maiores agravos à saúde dos trabalhadores brasileiros, bem como as doenças ocasionadas pelo trabalho, configurando-se em importantes problemas de saúde pública. O sistema de saúde tem encontrado dificuldades na elaboração e implementação de políticas públicas de prevenção dos agravos à saúde do trabalhador, principalmente dos acidentes de trabalho, ocasionado pela falta de informações confiáveis. Um dos problemas das informações em saúde e segurança dos trabalhadores está associado ao fato de as informações representarem apenas uma parcela dos trabalhadores formais, ficando, assim, os trabalhadores informais obscuros das políticas públicas em saúde (CORDEIRO, R. et al, 2005).

A implementação das ações em saúde e segurança do trabalhador junto à atenção básica possibilita uma melhoria nas ações de atenção à saúde dos trabalhadores, principalmente na obtenção de informações quanto ao mundo do trabalho informal. A vinda do trabalho para dentro das casas introduziu no meio familiar os riscos do mundo do trabalho, em que toda a família passa a integrar o grupo dos trabalhadores informais. Estando a Estratégia de Saúde da Família mais próxima da população, ela se torna um campo viável para a atuação na saúde do trabalhador. O CAB nº 5 orienta realizar ações de identificação dos perigos e riscos causados

pelas atividades produtivas, o registro da ocorrência dos acidentes de trabalho e o registro de ocorrência das doenças ocasionadas pelo trabalho (BRASIL, 2010b).

O registro de ocorrência de acidentes e doença do trabalho é uma ação preconizada tanto pela NOB – SUS 01/96, quanto pelo Caderno de Atenção de Básica nº 5 de 2002, como uma das ações a serem desenvolvidas pela Atenção Básica (BRASIL, 2010b). Dentre elas, o registro de acidentes de trabalho foi apontado como uma das ações de menor frequência de realização pelas equipes. Dos profissionais entrevistados, 18,8% afirmam que o registro dos acidentes de trabalho não é realizado pela equipe sendo, assim, feito por outros estabelecimentos de saúde. Em consonância ao já apontado, 27,7% dos entrevistados afirmam que os registros de acidentes “raramente” são realizados pelas equipes e 26,2%, que essa ação

“nunca” é realizada.

O registro de ocorrência das doenças ocasionadas pelo trabalho, também preconizada pela NOB 01/96 e pelo CAB nº 5, tem uma maior realização pelas equipes, segundo 48,3% dos profissionais entrevistados (dos quais 27,7 % apontaram que a ação é realizada “sempre” e 20,8%, “frequentemente”) em relação ao registro de acidentes. Entre todos os profissionais entrevistados, 19,8% afirmam que as ações são realizadas “raramente”. Para 31,7% dos participantes, as ações não são realizadas (somando 19,8% dos que afirmaram que o registro

“nunca” é realizado pela equipe e 11,9% que afirmam ser “realizado por outro estabelecimento de saúde”).

Analisando o contexto das ações de vigilância e promoção da saúde do trabalhador nas equipes de Saúde da Família, observa-se serem elas apontadas como as ações de menor realização. O planejamento e a execução de ações em vigilância em saúde do trabalhador foi uma ação citada por 26,4% dos entrevistados como uma ação realizada pela equipe. O desenvolvimento de programas de educação em saúde do trabalhador com a comunidade, apenas para 25,2% dos profissionais entrevistados é realizado pela equipe, e o desenvolvimento de projeto de promoção à saúde do trabalhador é referido por 27,2% dos entrevistados.

Documentos relacionados