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4.1. A Escola EB 2,3 Dr. Francisco Sanches

O Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Sanches serve uma população escolar que abrange duas freguesias com grande densidade populacional (S. Victor e de S. Vicente). Esta unidade é constituída por uma escola com os 2º e 3º ciclos e mais seis estabelecimentos de educação e ensino, onde se ministra o 1º

ciclo e o pré-escolar, cada um, em edifício autónomo e com denominação própria267.

O contexto económico e cultural da maior parte das famílias dos alunos é débil, pois uma parte significativa dos alunos é oriunda de famílias que vivem nos bairros sociais, situando- se num estrato de baixos recursos, com fraco acesso a bens culturais e com graves debilidades ao nível da sua estruturação (desemprego, toxicodependência, ao alcoolismo, à baixa escolarização, entre outros). A cultura do contexto escolar é também caraterizada pela existência de grupos minoritários, de etnia cigana, oriundos, principalmente, dos PALOP e dos países de leste da Europa, alvos de estratégias de integração escolar com reconhecimento externo pela atribuição do Selo Escola Intercultural268.

267 Disponível online em www. Consultado em 15 de dezembro de 2015.

<http://www.aefranciscosanches.pt/2016_147_projeto_educativo_2013-17.pdf >.

268 Disponível online em www. Consultado em 15 de dezembro de 2015.

<http://www.aefranciscosanches.pt/2016_147_projeto_educativo_2013-17.pdf>.

Figura nº 1 – A escola sede EB 2,3 Dr. Francisco Sanches

93 Em 2009, esta comunidade escolar foi definida como Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), como solução estratégica frente a situações chave que se comprometeu atenuar.

a) O baixo sucesso educativo dos alunos que frequentavam o agrupamento, face às médias nacionais.

b) A ocorrência frequente de práticas de violência.

c) Os níveis preocupantes de indisciplina e abandono escolar.

d) As taxas de insucesso escolar e v) a verificação de situações de trabalho infantil no contexto social envolvente269.

Em 2012, o Agrupamento celebrou com o Ministério de Educação e Ciência um Contrato de Autonomia que tem sido renovado ano a ano e os projetos Erasmus+, outros projetos nacionais e a existência de um conjunto diversificado de parcerias ativas são reconhecidos pela sua contribuição para a melhoria dos resultados académicos e diferentes práticas educativas que desenvolve270.

No seu plano de melhoria, com alcance até 2018, define como áreas de intervenção prioritária a melhoria dos resultados escolares, nomeadamente dos resultados internos e externos a português e a matemática, o aumento do sucesso pleno, na diminuição do absentismo e manutenção da inexistência de abandono e na integração escolar de alunos com insucesso repetido. Elenca, ainda estratégias para a promoção do sucesso na sala de aula, nomeadamente o acompanhamento e supervisão da prática letiva em sala de aula, a articulação curricular e sequencialidade das aprendizagens e a monitorização contínua das ações de melhoria. Com vista ao sucesso escolar, o Agrupamento, no seu Plano de Melhoria refere como pontos fortes, também plasmados na avaliação externa realidade em 2014271:

a) A aposta na integração e inclusão de todos os alunos, com medidas de promoção do sucesso educativo plenamente implementadas.

b) A diversificação da oferta formativa e das iniciativas de desenvolvimento e enriquecimento educacional desenvolvidas.

c) Os espaços requalificados da escola sede, nomeadamente o pavilhão gimnodesportivo.

269 Disponível online em www. Consultado em 15 de dezembro de 2015.

<http://www.aefranciscosanches.pt/2016_147_projeto_educativo_2013-17.pdf>.

270 Disponível online em www. Consultado em 15 de dezembro de 2015.

<http://www.aefranciscosanches.pt/2016_34_contrato_autonomia_com_homologacao.pdf >.

271 Disponível online em www. Consultado em 15 de dezembro de 2015

<http://www.aefranciscosanches.pt/2016_39_plano_plurianual_melhoria.pdf>. <http://www.aefranciscosanches.pt/2016_33_relatorio_02_aee_fsanches.pdf>.

94 d) A contextualização do currículo e a abertura à comunidade,

consubstanciadas na realização de atividades diversificadas.

e) A mobilização dos recursos disponíveis e as bem-sucedidas respostas educativas aos alunos com NEE e aos alunos oriundos de países estrangeiros.

f) Os recursos especializados para o apoio de alunos e famílias, com resultados muito positivos na integração e inclusão.

g) A motivação e o empenho do corpo docente e não docente.

Com a finalidade de responder às múltiplas necessidades da comunidade educativa, o Agrupamento organizou a sua oferta formativa nas modalidades de ensino básico regular, curso PIEF e os cursos vocacionais. No entanto, a sua visão e a missão revelam também uma preocupação de elevar o nível cultural das famílias da comunidade, pois anseia poder oferecer uma resposta formativa aos adultos.

4.2. A turma de intervenção

A turma 5º 4 é constituída por vinte e nove alunos e frequentam EMRC doze alunos, quatro do sexo masculino e oito do sexo feminino, com idades compreendidas entre os dez e doze anos.

Inicialmente, a turma só tinha um aluno matriculado na disciplina, pois os encarregados de educação consideraram que a lecionação da disciplina poderia prejudicar

o rendimento escolar os seus filhos. Nas primeiras aulas, matricularam-se nove alunos, todos irmãos de alunos mais velhos que já tinham passado pela escola e conheciam o trabalho dos professores de EMRC. Fruto do trabalho da professora de EMRC e dos próprios alunos que conversaram com os colegas, o grupo passou, então, a ser constituído por doze alunos.

As aulas foram decorrendo de forma natural, os laços foram sendo criados e a aula de EMRC tornou-se no momento mais aguardado da semana. O caminho foi sendo construído, passo a passo, sem pressa, e os resultados não tardaram a aparecer.

Estes alunos estão orgulhosos por estarem matriculados em EMRC, mesmo que isso implique apenas uma hora para almoçar. Observou-se que se sentiam felizes por terem escolhido, livremente, a frequência da disciplina.

95 Foi nesta turma que decorreram as aulas da unidade letiva «Construir a fraternidade». Em todas, os alunos tiveram uma atitude de colaboração, trabalharam com empenho, realizaram todas as atividades propostas pela professora, criando, assim, um ambiente favorável ao ensino e aprendizagem. Pode-se dizer que se sentiram felizes nas aulas.

A partir das anotações nos nossos registos pós-aula e da informação recolhida no Plano de Turma, podemos afirmar que os alunos são bastante perspicazes e demonstram interesse nas atividades escolares.

Na primeira aula, verificámos que usavam, satisfatoriamente, a língua portuguesa quando comunicam com o professor e entre pares. Nesta, durante a abordagem ao conceito «fraternidade», os alunos utilizaram os saberes adquiridos nas suas experiências de vida e noutras disciplinas para o compreender. Esta competência foi visível noutras abordagens conceptuais ao longo das aulas.

Desde esta que as atividades propostas eram realizadas de forma autónoma, responsável e criativa, sempre cooperantes na realização de tarefas comuns. Os alunos gostam de trabalhar em grupo, respeitam as opiniões dos outros e, sem exceção, cumprem com as regras da sala de aula e têm bom relacionamento com os colegas, o que denota consciência cívica e moral. Apenas a intervenção, na sua vez, era desrespeitada, todavia, são conscientes dos seus deveres em contexto de aula.

Durante a realização das atividades de «O Livro Grande da Fraternidade», presente em todas as aulas, os alunos manifestaram envolvimento e curiosidade. Revelaram-se bastante participativos, observadores e criativos nas ideias que expuseram e nos textos que construíram. Também demonstraram espírito crítico sempre que comunicavam, discutiam e defendiam, embora por vezes de forma pouco organizada, as ideias próprias. Quando tinham dificuldades, procuravam sempre ajuda e continuavam a realizar as tarefas com empenho e, de forma natural em determinados trabalhos e noutros para agradar aos professores, com rigor e brio.

Dois alunos manifestaram-se menos participativos, um pouco tímidos e alguma falta de confiança em si próprios, pelo que pelo que tivemos de solicitar a sua participação oral e reforçar, positivamente, o seu trabalho na aula.

No que concerne ao domínio da religião e à experiência religiosa, a maior parte não tinha prática religiosa e nas primeiras aulas disseram que esperavam que não se falasse muito de «religião, de Jesus e essa coisas…». No entanto, quando iniciámos a nossa lecionação, constatámos o caminho que já tinham percorrido com a sua professora de EMRC: os alunos eram conhecedores da vida de Jesus, das manifestações de fé dos cristãos e da importância sagrada da Bíblia. No que respeita ao tema central do nosso relatório – Fraternidade – sabem que o respeito por si e pelos outros são razões para se dizer a verdade e que é importante dialogar

96 para ser amigo. Assim sendo, reconhecem as dificuldades que podem surgir nas relações entre pares e que é importante perdoar.

5. Contextualização da unidade letiva no âmbito das propostas do programa do