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Os modelos mais emblemáticos do perfil do professor estão relacionados com a resistência ou o compromisso com a inovação educativa e a mudança na escola, que correspondem a um perfil técnico, prático-reflexivo ou crítico, que se distinguem pela obsessão pela eficiência, pela burocracia e resistência à mudança, pelo compromisso com a melhoria do ensino e a reflexão sobre o currículo devido à sua natureza conflituosa e pelo espírito crítico

257 Cf. José Augusto PACHECO, Currículo: teoria e praxis, Porto Editora, Porto, 2001, 51-59.

258 Cf. Miguel ZABALZA, Planificação e desenvolvimento curricular na escola, Edições Asa, Porto, 2001,145-219. 259 Cf. Maria do Céu ROLDÃO, Gestão curricular. Fundamentos e práticas, ME, Lisboa, 1999, 52-54.

88 como condição colaborativa numa comunidade participativa e democrática que reflete sobre si mesma260.

A identidade reflexiva e crítica tem como fator basilar a criticidade, expressa na crença que pode contribuir para melhorar a vida dos alunos e dos seus pares, defendendo os interesses dos menos favorecidos. Um docente com este perfil confia nos alunos e nas suas capacidades e valoriza a fidelidade às pessoas e o respeito pela individualidade de cada um261. Este(a)

professor(a) planifica com base na sua capacidade para, em debate participativo e colaborativo com outros companheiros de profissão, investigar da razão e fundamentos da sua prática de ensino262. A identidade afetiva do docente tem como fonte basilar o desejo de ser professor, o

amor à profissão e o entusiasmo com que realiza as suas atividades profissionais. Este(a) professor(a) está ciente da importância da emoção para a aprendizagem e para a vida e procura respeitar as diferenças, os interesses e as opiniões de cada aluno ou colega, principalmente daqueles cuja autoestima esteja mais fragilizada263.

Sendo certo que a profissão docente é construída na base de conhecimentos e competências comuns reconhecidos como essenciais para a docência, o perfil de professor inclui aprender a ensinar, o que requer a «aquisição de destrezas e de conhecimentos técnicos, mas também pressupõe um processo reflexivo e crítico (pessoal) sobre o que significa ser professor e sobre os propósitos e valores implícitos nas próprias ações e nas instituições em que se trabalha»264. Neste sentido, para além dos saberes científicos, específicos da área de

conhecimento a que o professor se encontra vinculado, o perfil comum dos professores, «deve incluir uma série de competências didáticas e pedagógicas inerentes à função docente que permitam não só recorrer a métodos de ensino e aprendizagem mais construtivos e mais centrados no trabalho em equipa, mas também desenvolver ações que respondam aos problemas éticos e às diferenças que ainda persistem no interior de muitas salas de aula. Nesse leque de competências, devem ainda ser tidas em conta destrezas que permitam aos docentes explorar oportunidades fornecidas pelas

260 Cf. Filipe Trillo ALONSO, «El professorado y el desarrollo curricular: três estilos de hacer escuela», in Cuadernos de pedagogia, 228, 1994, 70-74.

261 CF. Ivanilde ALVES MONTEIRO e Carlos ESTEVÃO, «A ética na construção da identidade profissional e da profissão

docente», in Carlos ESTEVÃO (Org.), Políticas de formação, Ética e profissionalidade, Editora CRV, Curitiba, 2012, 177- 178.

262 Cf. Alcino Matos VILAR, «O professor planificador», in Cadernos Pedagógicos, Edições ASA, Rio Tinto (2000) 25. 263 São apresentadas outras identidades, nomeadamente a conformista, marcada pela ausência do entusiasmo, pelo

individualismo, a não crítica e conformista, sendo o trabalho visto como uma obrigação; e a gerencialista, onde dominam os conhecimentos ceríficos e a busca de competências que conduzem ao sucesso profissional e pessoal, obedecendo às regras do mercado, cf. Ivanilde ALVES MONTEIRO e Carlos ESTEVÃO, «A ética na construção da identidade profissional e da profissão docente», in Carlos ESTEVÃO (Org.), Políticas de formação, Ética e profissionalidade, Editora CRV, Curitiva, 2012, 177-178.

264 Maria Assunção FLORES, «Dilemas e Desafios na Formação de Professores», in Maria Célia MORAES, José PACHECO

e Maria Olinda EVANGELISTA (Orgs), Formação de Professores. Perspetivas educacionais e curriculares, Porto Editora, Porto, 2004, 139.

89 novas tecnologias, fazendo delas um recurso para engendrar formas de aprendizagem mais individualizada, bem como as que permitam desenvolver atitudes investigativas, aqui vistas como meio de atualização e aprofundamento de conhecimentos, de reflexão sobre o trabalho desenvolvido, de tomadas de decisão, de resolução de problemas e de desenvolvimento profissional contínuo»265.

Dado o carácter específico da disciplina que leciona, além da sua competência pedagógica, o professor de EMRC é testemunha da fé que professa, sendo elementos essenciais do seu perfil,

«a vivência da fé através da prática dos valores evangélicos da solidariedade, da convivência e da fraternidade universal; uma clara opção cristã de vida; um estado de vida consentâneo com as normas da Igreja; e a inserção e compromisso comunitários nomeadamente através da participação ativa numa paróquia de referência ou a vinculação a um movimento eclesial»266.

No quadro deste perfil, o professor de EMRC: a) Como educador,

 Inspira confiança no conhecimento e compreensão dos outros através de um diálogo franco e aberto, pelo qual se aproxima dos alunos, deixando-lhes transparecer uma irrefutável sensibilidade humana.

265 Ana SIMÃO, Maria Assunção FLORES, José Carlos MORGADO, Ana Maria FORTE e Teresa Fragoso ALMEIDA,

«Formação de Professores em contextos colaborativos. Um projeto de investigação em curso», in Sísifo: Revista de Ciências

da Educação, 08 (2009) 61.

Os perfis de competência comuns para a docência estão definidos na Lei.

I - Perfil geral de desempenho - O perfil geral de desempenho do educador de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário enuncia referenciais comuns à atividade dos docentes de todos os níveis de ensino, evidenciando exigências para a organização dos projetos da respetiva formação e para o reconhecimento de habilitações profissionais docentes. II - Dimensão profissional, social e ética - O professor promove aprendizagens curriculares, fundamentando a sua prática profissional num saber específico resultante da produção e uso de diversos saberes integrados em função das ações concretas da mesma prática, social e eticamente situada. III - Dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem - O professor promove aprendizagens no âmbito de um currículo, no quadro de uma relação pedagógica de qualidade, integrando, com critérios de rigor científico e metodológico, conhecimentos das áreas que o fundamentam. IV - Dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade - O professor exerce a sua atividade profissional, de uma forma integrada, no âmbito das diferentes dimensões da escola como instituição educativa e no contexto da comunidade em que esta se insere. V - Dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida - O professor incorpora a sua formação como elemento constitutivo da prática profissional, construindo-a a partir das necessidades e realizações que consciencializa, mediante a análise problematizada da sua prática pedagógica, a reflexão fundamentada sobre a construção da profissão e o recurso à investigação, em cooperação com outros profissionais, cf. Decreto-Lei Nº 240/2001 de 30 de agosto.

266 Critérios para a admissão e recondução de docentes de Educação Moral e Religiosa Católica.

Disponível online em www. Consultado em 15 de abril de 2016.

<http://www.leiria-fatima.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=256:criterios-para-a-admissao-e-reconducao- de-docentes-de-educacao-moral-e-religiosa-catolica-na-diocese-de-leiria-fatima&catid=111:nomeacoes-

90  Mantém uma relação pessoal destinada essencialmente a facilitar o desenvolvimento psicológico e intelectual dos alunos, extensível às suas famílias, com as quais se esforça por ter um contacto permanente.  É exemplo na capacidade de acolhimento, na atitude dialogante, na relação com os alunos e os colegas, no tratamento dos programas, no modo como procura e assegura a interdisciplinaridade.

 Compromete-se na vida da escola, entendendo-a como uma comunidade educativa e não somente como um espaço onde se dão aulas.

 Participa ativamente em todo o processo de aprendizagem, assumindo uma postura de mediador crítico em toda a ação educativa.

 Esforça-se por ser competente nos domínios científico e pedagógico. b) Como testemunho de fé,

 Sente a responsabilidade de dar testemunho, porque, sendo um profissional exemplar, esta realidade é valorizada pelo facto de ser um educador que testemunha uma autêntica vivência cristã;

 É uma pessoa de Esperança, com espírito jovem e, psicologicamente, adulto e maduro.

 Tem consciência da sua «vocação» e da «missão» recebida, dado tornar-se presença evangelizadora da Igreja na Escola, através do mandato do seu Bispo.

c) No dinamismo da conversão,

 É um cristão, firme na Fé e fonte de espiritualidade.

 É um cristão que salvaguarda, junto dos alunos, a vivência da Fé, e, junto de todos os outros membros do processo educativo, a dimensão espiritual da vida.

 É um cristão que compreende as mutações tecnológicas, económicas e sociais e que perscruta os sinais dos tempos nelas contidos.

 É um cristão que preserva e desenvolve o sentimento e os fatores de identidade religiosa e cultural do Povo.

 É um cristão que reforça os valores morais e na atuação concreta.  É um cristão que colabora com as estruturas existentes que se dedicam

à implementação da justiça, da Paz e da Solidariedade para com os desprotegidos e marginalizados.

91 O professor de EMRC é, assim, garantia da confessionalidade desta disciplina e, ao adequar o seu ensino ao testemunho cristão e à fidelidade à Igreja, proporciona aos alunos o conhecimento da mensagem cristã e ajuda-os no seu crescimento humano e espiritual e a construir um mundo mais fraterno.