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Neste trabalho, enfocamos o corrente processo de inclusão e a escolarização de estudantes com deficiência intelectual nos anos iniciais do Ensino Fundamental de Nove Anos. Consideramos que a ampliação do Ensino Fundamental se configura como uma estratégia que possibilita ao professor organizar em um tempo maior e mais flexível a construção de conhecimentos, o que permitiria ressignificar o seu trabalho/prática criando outras formas de atuação, podendo assim, atender as diferentes formas de aprender.

Essa proposta de ampliação vem atender à lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96 e à meta prevista no Plano Nacional de Educação – Lei 10.172/02 com o objetivo de garantir o atendimento educacional obrigatório de crianças a partir dos seis anos de idade.(SEEDF, 2006).

A necessidade de ampliar o tempo no processo inicial de escolarização tem por base os dados do SAEB ( Sistema de Avaliação da Educação Básica) e do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Estas duas avaliações demonstraram que os níveis de alfabetização (leitura e escrita) estão longe de alcançarem os conceitos de letramento, tomados como o uso e as funções da escrita e leitura como mediadoras de práticas sociais em diferentes situações sóciocomunicativas que não somente as utilizadas pela escola (Barbato, 2007; Barbato 2008).

A questão metodológica , do como está sendo efetivada a escolarização dos estudantes, também é um elemento importante a ser considerado nesse quadro de dificuldades, por isso a necessidade de se definirem estratégias mais eficazes para alcançar uma educação que atenda realmente a todos (Klein,1999).

A presente pesquisa é parte de um projeto guarda-chuva apoiado pelo CNPQ (Edital 51/2005) sobre letramento das crianças de seis anos no Ensino Fundamental de Nove Anos e vem contribuir para a compreensão dos processo de inclusão dos alunos com deficiência intelectual nesse novo contexto escolar.

Como estratégia para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, a Secretaria de Educação de Distrito Federal criou o Bloco Inicial de Alfabetização, BIA. Este programa consiste na progressão do processo de aprendizagem do aluno, possibilitando o desenvolvimento, em um tempo maior e mais flexível, das competências necessárias para a alfabetização das crianças a partir dos seis anos. O Programa foi dividido em três etapas: BIA I, BIA II e BIA III, o que corresponde em outros estados ao

1º ano, 2º ano e 3º ano, sendo o BIA III a única etapa que permite a retenção dos alunos que não foram alfabetizados.

O critério de escolha da escola pesquisada seguiu os objetivos dessa pesquisa relacionados ao estudo das significações de professores sobre o processo de inclusão e escolarização de alunos com deficiência intelectual nos anos iniciais do ensino fundamental de nove anos, uma vez que estava ligada à pesquisa guarda-chuva. A escola escolhida foi a primeira de uma cidade administrativa do Distrito Federal a adotar o Ensino Fundamental de Nove Anos, já em 2006, obedecendo o artigo 5º da lei 11.274/2006 que estabelece a obrigatoriedade de implementação do Ensino Fundamental de Nove Anos, pelos Municípios, Estados e Distrito Federal, até 2010.

A instituição escolar pesquisada atende sua comunidade desde 1980 e foi criada a partir do aumento da demanda de alunos na região. A maioria dos alunos são oriundos dos novos loteamentos que foram se formando nas proximidades da escola. Atualmente, a escola atende as seguintes modalidades: educação infantil com a pré-escola; anos iniciais do Ensino Fundamental de Nove Anos( 1º ao 5º ano), educação especial com classe especial e classes de inclusão, totalizando cerca de 960 alunos.

A comunidade onde a escola está inserida é formada por famílias de baixo poder aquisitivo, e apresenta diversos problemas, entre eles, a falta de entretenimento e acesso aos bens artísticos e culturais para os moradores tais como: cinema, teatro, bibliotecas. A proposta pedagógica da escola preconiza uma educação voltada para idéias democráticas, tendo o currículo o instrumento fundamental para o resgate da essência da educação. Na prática pedagógica de modo geral há a valorização dos conhecimentos prévios do aluno e o trabalho é feito de forma interdisciplinar. Os preceitos da escola consideram de fundamental importância a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, desenvolvendo, em todos os seus alunos, a capacidade de cumprir com responsabilidade o papel de cidadão construtor e transformador da sociedade. O corpo escolar preocupa-se em alcançar uma maior participação da comunidade e das famílias nas atividades e na vida escolar dos alunos por meio da realização de projetos interventivos.

A instituição escolar pesquisada conta com um quadro administrativo composto por uma direção, uma vice-direção, um supervisor pedagógico e um supervisor administrativo, trinta e cinco professores, dois coordenadores pedagógicos e quatorze auxiliares de serviços gerais. Sua estrutura física conta com 18 salas de aula, dois banheiros adaptados

para educação infantil, área recreativa, porém sem adaptações para alunos com deficiência, sala de recursos, sala de direção, de vice-direção, sala de reunião para coordenação dos professores e sala de leitura.

A seleção das professoras seguiu o seguinte critério: serem professoras regentes em salas de aulas do BIA com alunos diagnosticados, pela equipe psicopedagógica da Secretaria de Educação do DF, com deficiência intelectual e manifestaram a vontade de participar da pesquisa em questão.

Duas professoras, das três pesquisadas encontravam-se em turmas reduzidas1 com uma média de 15 alunos devido à estratégia de matrícula do ano da pesquisa que permitia a formação de turmas regulares com o número reduzido de alunos, de acordo com o número de alunos diagnosticados incluídos. Apenas uma turma não era reduzida, com uma média de 38 alunos em sala. A não redução deveu-se ao fato do aluno ter sido matriculado como aluno regular e no decorrer do ano a professora solicitou a avaliação por parte da equipe psicopedagógica responsável pela escola, baseando-se no laudo médico entregue à escola pela responsável pelo aluno.

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