• Nenhum resultado encontrado

Contexto Seguinte – Modo de articulação

TÔNICAS ÁTONAS

6.1.2 Vogal Média Pretônica Anterior

6.1.2.4 Contexto Seguinte – Modo de articulação

Para análise do modo de articulação seguinte, excluímos as ocorrências de [e] seguido de vogal, pois já o mencionamos quando tratamos do ponto de articulação como ambiente

altamente propiciador de alçamento. O mesmo fizemos com as retroflexas em trava de sílaba que não apresentaram alçamento algum nas 180 ocorrências. Além desses contextos, também retiramos desta análise o contexto de vibrante alveolar, pois apresentou apenas um alçamento na palavra =HK¥TW<C? na fala de uma informante semi-analfabeta de Pato Branco. Ou seja, mantiveram nos dois corpora o mesmo comportamento já discutido no contexto ponto de articulação.

Tabela 12. Contexto seguinte – Modo de articulação. Contexto

seguinte

Amostra de 1988-1989 Amostra de 2006 a 2007 Modo de

articulação

Apl. / Total % P.R . Apl. /Total P.R . %

Oclusivas 32 /99 32 0,584 196 /1053 0,535 18 Fricativas 105 /180 58 0,690 1031 / 2323 0,570 44 Laterais 1 /36 2 0,078 5 / 372 0,032 2 Tepe 4 / 54 7 0,199 81 / 701 0,293 11 Nasal 47 /118 39 0,379 488 / 1112 0,704 43

Em relação ao contexto modo de articulação da consoante seguinte, verificamos que o contexto de [e] pretônico seguindo de uma consoante nasal apresentou probabilidade de 0,379 nos dados do corpus 1 e de 0,704 nos dados do corpus 2. Neste último corpus é o melhor modo de articulação seguinte para que haja alçamento da pretônica [e]. Em relação ao corpus 1, figura como desfavorável, com 39% de alçamento. Ao averiguarmos o porquê desse resultado, constatamos que, no corpus 1, a maioria dos alçamentos da pretônica seguida de uma nasal ocorreu em lexias que apresentavam a pretônica em contexto inicial. Nos demais contextos, pouco favoráveis como nos vocábulos =ZG¥O'F<[Q, ZG¥O'NC, UG¥OG¿VG, CZGDG¿¥VC¿F7,

DG¿¥\G, DG¿\G¿¥FG4C?, nunca ocorrem alçamento da pretônica [e].

Quanto ao corpus 2, buscamos identificar cada ocorrência de alçamento, pois, mesmo excluindo os contextos inicial absoluto, precedido de vogal e vogal alta na sílaba seguinte, o favorecimento continuava. Poderíamos pensar que uma nasal seguinte é sempre favorável ao alçamento, mas em um exame mais aprofundado constatamos que, das lexias que apresentam a vogal pretônica alçada, apenas =UG¿¿¥Õn4C, UG¿¿¥ÕQ°, F<K\G¿VG¥4KC? não têm os três

contextos mais favoráveis ao alçamento. Neste sentido, continuamos a escavar nossos dados em busca de respostas que justificassem o poder das nasais em favorecer o alçamento. Constatamos então que o fato de considerarmos o final da lexia que precede a pretônica [e] em início de vocábulo e os casos do prefixo des- =OC[\#K¿¥R4GI7, FG\K¿R4G¥ICF7? estava acentuando o favorecimento das nasais. Concluímos, portanto, que as nasais são muito favoráveis ao alçamento no corpus 2, principalmente quando seguem o [e] em início de vocábulo ou então quando aliadas a outros contextos como vogal alta seguinte ou quando o [e] é precedido do prefixo des-.

As oclusivas =RG¥MGP7, CNG¥I4KC, DG¥DKFC, HWVG¥DnY, RG¥RKPQ?, com probabilidade de 0, 584 nos dados do corpus 1 e de 0,535 nos dados do corpus 2, apresentaram- se próximas à neutralidade na aplicação da regra de alçamento. Ao excluirmos os três contextos mais favoráveis, a probabilidade das oclusivas no corpus 2 cai para 0, 470, mas ficam ainda próximas da neutralidade.

As fricativas mostram-se favoráveis à aplicação da regra de alçamento do [e] pretônico, tanto no corpus 1 (0,690) quanto no corpus 2, 0,570. Porém, ao excluirmos as ocorrências dos contextos mais propiciadores de alçamento, as fricativas diminuem mais ainda sua probabilidade de favorecer o alçamento (0,557), aproximando-se da neutralidade.

O tepe, no corpus 1 com probabilidade de 0,199 e no corpus 2 probabilidade de 0,293, apresenta-se como ambiente muito desfavorável, principalmente se estiver em coda silábica, como veremos quando tratarmos da estrutura da sílaba, pois neste contexto não há alçamento. O alçamento com essa consoante seguinte ocorre apenas quando ela segue a pretônica [e] como início da sílaba seguinte =UK¥4QNC, HK¥TKFC, DK¥4QÕC] nos dois corpora.

Por fim, as laterais que, em relação à posterior [o], mostraram-se desfavoráveis (0,392), em relação à pretônica [e] (0,0 32) quase inibem o alçamento. No corpus 1 (0,078) ocorreu apenas um caso de alçamento na lexia =UG¥NK¿?; e no corpus 2 (0,032) houve cinco ocorrências, de 372 =#KUVCDKNK¥UKFC, KNW¥<[W, CRK¥NKFW, CRK¥NKFC, CRK¥NKF7?. Examinando os exemplos, de fato parece que as laterais desfavorecem o alçamento, pois apenas apresentam alçamento se houver uma vogal alta seguinte, apesar de esses contextos não garantirem a elevação da pretônica quando a consoante seguinte é uma lateral, como acontece em

6.1.2.5 Trava silábica

As consoantes retroflexa =°?, tepe =4? ou vibrante =T? em contexto seguinte apresentaram-se como ambientes muito desfavoráveis ao alçamento. Diante disso, buscamos averiguar se essa interferência era advinda dessas consoantes ou da estrutura silábica. Investigamos então as sílabas travadas pela nasal =P?, pelos fonemas =4,T,°? e por fricativa

=U?, ou em sílabas abertas. Em uma primeira análise, verificamos os casos de hiatos. Como eram

poucas as ocorrências e as exceções em que não houve alçamento, preferimos excluí-los desta análise, como fizemos em relação ao =Q?pretônico.

Tabela 13. Estrutura da sílaba.

Amostra ALPR(1994) Amostra 2006-2007 Estrutura silábica Apl/total % PR Apl/total % PR 47 0% 365 0% EXE=©4T? 55/ 77 71 0,696 725 / 956 75 0,777 EXE=U? 33 / 64 51 0,635 418 /779 53 0,647 EXE=P? 23 /219 10 0,388 752/3858 19 0,394 EX

Procuramos investigar quais eram as interferências das sílabas abertas (CV) ou travadas (CVC, VC) na aplicação do alçamento. Como observamos que há diferença se a sílaba possui na coda uma consoante nasal =P?, retroflexa =°?, tepe=4?, vibrante =T? ou sibilante=U?, conforme Pontes e Kailer (2001) e Kailer (2004) já apontaram, separamos as sílabas travadas pelas consoantes sibilantes, das nasais e nasalizadas e das travadas por tepe, retroflexa ou vibrante.

Pelos resultados apontados na Tabela 13, verificamos que as sibilantes com probabilidade de 0,696 nos dados do corpus 1 e com probabilidade de 0,777 nos dados do corpus

2 =XGU¥V5KF7, FGU¥OC[7, FGU¥XK7, FGUMQ¿HK¥CF7, FGUG¿XQY¥XG°? constituem o contexto de trava silábica mais favorável ao alçamento, principalmente nos vocábulos que apresentam o prefixo des- ou em sílaba (VC), como os exemplos atestam =F<KU¥OC[C, #KU¥MnNC?.

Essa atuação das sibilantes se deve ao “princípio de comodidade” mencionado por Sá Nogueira (1958), pois a articulação da sibilante com uma vogal alta [i] é mais cômoda do que com a vogal média [e], pois ao pronunciarmos a linguodental [d] mais a média anterior [e], a língua precisa avançar e retroceder, já na produção do [i], ela apenas levanta e com a fricção produz a vogal alta mais a sibilante. Esse favorecimento ocorre tanto para a vogal [e] quanto para a vogal posterior, como já mencionamos.

Outro ambiente bastante favorável é a sílaba travada por uma consoante nasal. Primeiramente separamos as ocorrências de nasal bilabial =O? =#K¿¥R4GIQ, VG¿RG4C¥VW4C? e de nasal alveolar =P? =#G¿¥MYC¿VQ, DG¿\G¥FG[4C? da nasal palatal =Õ? =UG¿¥Õn4C,

PG¿¥ÕW¿?. Para análise binominal, porém, optamos por amalgamá-las em um único contexto, visto

que eram poucas as ocorrências das nasais palatais e os resultados muito semelhantes. Verificamos, então, que as nasais figuram como o segundo contexto mais favorável em trava silábica, com probabilidade de 0,635 para o corpus 1 e de 0,647 para o corpus 2, principalmente se a pretônica for precedida por uma sibilante =UG¿¿¥Õn4C? ou se estiver em início de sílaba.

O contexto de sílaba aberta, com probabilidade de 0,388 para o corpus 1 e de 0,394 para o corpus 2, não é um ambiente favorecedor da aplicação da regra de alçamento do [e]

=VG¥UKFQ, RG¥4W, FG¥RQ[U?, diferentemente do que acontece com a pretônica [o], que é

favorecida por esta estrutura silábica.

Porém o contexto que realmente inibe o alçamento do [e] pretônico é o de coda silábica preenchida por =©,4,T?, pois, tanto no corpus 1 (47 ocorrência) quanto no corpus 2 (365 ocorrências), a altura da vogal média anterior foi preservada no referido ambiente.