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Faixa etária Estudo em tempo aparente [e]

2006-2007

Gráfico 22. Faixa etária [e]

Os percentuais de alçamento da pretônica [e], apesar de mais expressivos que da pretônica [o], também não revelam nenhuma faixa etária como fator favorável ou desfavorável ao alçamento. Inferimos, entretanto, ecoando Chambers e Trudgill (1980, p. 98), que esses percentuais apresentados nos dois gráficos, apontando o grupo de faixa etária intermediária, possam indicar que o alçamento, mesmo que de forma bastante sutil, é uma mudança em retrocesso. Sua aplicação mais favorável está presente na fala daqueles que não sofrem tantas pressões sociais, como os jovens, que ainda estão iniciando suas carreiras, e os mais velhos, que já obtiveram êxito ou fracasso em suas vidas, por isso não dão muita importância às imposições sociais, conforme ocorreu na fala das três informantes de diferentes gerações em Pato Branco.

Além disso, esses resultados mais uma vez apontam para uma variação estável no uso das pretônicas [o] e [e], mas, como o próprio Labov salienta, é necessário levarmos em consideração outros fatores sociais, antes de darmos como definitiva qualquer conclusão. Sendo assim, buscamos mais subsídios para elucidar o caminho que o alçamento está traçando nessas duas cidades paranaenses, por meio da análise da faixa etária com a escolaridade e da análise do gênero com a escolaridade.

7.3 VARIÁVEIS SOCIAIS

7.3.1 Variável Social: Escolaridade

32% 24% 20% 17% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 1988-1989 2006-2007 ESCOLARIDADE [o] Ens. Fund. Inc. Ensino Médio Ensino Superior

Gráfico 23. Escolaridade [o]

Observando os resultados do Gráfico 23, verificamos claramente a influência da escolaridade na manutenção da altura da pretônica [o]. Os informantes com pouca escolarização em 1988-1989 são os que apresentam o mais alto índice de alçamento. Nos dados de 2006-2007, apesar de haver um declínio na aplicação da regra em questão, eles também lideram, seguidos dos informantes que possuem o ensino médio. Já os informantes que possuem ensino superior demonstraram ser os mais resistentes ao alçamento.

37% 35% 33% 27% 0% 10% 20% 30% 40% 1988-1989 2006-2007 ESCOLARIDADE [e] Ens. Fund. Inc. Ensino Médio Ensino Superior

O Gráfico 24 confirma os resultados depreendidos acerca da pretônica [o], pois, apesar do percentual de alçamento do [e] ser mais alto, também indica que os informantes com menos escolarização são mais favoráveis ao alçamento do [e] e que os mais escolarizados são os mais resistentes. Se considerarmos que um dos papéis da escola é o de ensinar a seus alunos a norma de prestígio, podemos pensar que a manutenção da altura da pretônica [o] e da pretônica [e] é de fato mais prestigiada que a forma alçada dessas vogais ([u] [i]), apesar de a estigmatização do alçamento não ser uma prática explícita.

7.3.1.1 Variável social: escolaridade e faixa etária

29% 24% 21% 20% 20% 19% 13% 19% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Ens. Fund. Inc Ensino Médio Ensino Superior FAIXA ETÁRIA & ESCOLARIDADE [o]

-25 26-50 51

Gráfico 25. Faixa etária & escolaridade [o]

Verificamos no Gráfico 25 que os mais escolarizados e de meia idade constituem o grupo de maior resistência ao alçamento. Por outro lado, o grupo da mesma idade, com menor escolarização (ensino fundamental e séries iniciais incompletos) são os informantes que mais usam altear a pretônica [o]. O grupo de informantes com ensino médio, por sua vez, apresenta percentual muito próximo aos percentuais revelados na fala dos informantes mais idosos e na fala dos informantes mais jovens e com ensino superior. Sendo assim, vamos confirmando, com estes resultados, a hipótese de que a escolarização parece exercer bastante influência em relação ao uso da pretônica [o], principalmente em relação ao grupo de faixa etária intermediária.

35%36% 34% 33% 34% 32% 26% 28% 0% 10% 20% 30% 40% Ens. Fund. Inc Ensino M édio Ensino Superior

FAIXA ETÁRIA & ESCOLARIDADE [e]

-25 26-50 51

Gráfico 26. Faixa etária & escolaridade [e]

Em relação ao [e], também verificamos que o percentual mais relevante refere-se ao grupo de faixa etária intermediária, com ensino superior (26%), pois este novamente se destaca na manutenção da altura da pretônica [e]. Mais uma vez identificamos os informantes idosos (36%).e faixa etária intermediária (35%)) com menos escolarização aplicando mais o alçamento das duas vogais pretônicas [e] e [o]. Já os mais escolarizados, independentemente da idade, alçam menos, mas principalmente se pertencerem ao grupo intermediário. Isso mais uma vez nos remete à questão das pressões sociais (CHAMBERS; TRUDGILL, 1980, p. 98) que tal grupo sofre. Por ser mais escolarizado, geralmente tem a percepção da importância que a sociedade de modo geral dá ao uso da norma de prestígio, que até o momento parece ser a de manter a altura das pretônicas, principalmente da pretônica [o].

7.3.1.2 Variável social: escolaridade e gênero

Segundo Chambers (2001 p. 354), nas comunidades em que a desigualdade social entre homens e mulheres é menos evidente, o comportamento lingüístico de ambos tende a ser parecido. É o que parece acontecer com os informantes investigados, pois não há resultados relevantes em relação ao gênero. Conforme os dois gráficos demonstram, o que define mais favorecimento ou mais resistência ao alçamento é a escolarização.

26% 22% 18% 28% 20% 17% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% MULHERES HOMENS

Escolaridade & Gênero [o]

Ens.Fund. Incomp. Ensino Médio Ensino Superior

Gráfico 27. Escolaridade & Gênero [o]

Apesar de o alçamento do [o] aparentemente não ser considerado como uma forma estigmatizada socialmente em nossa variedade lingüística, percebemos que o predomínio desse fenômeno ocorre com informantes menos escolarizados, tanto do sexo feminino, quanto do sexo masculino. Apesar de a variável gênero não ter apresentado, por si só, qualquer relevância na aplicação da regra de alçamento, tanto que seu percentual foi de 21% para os homens e para as mulheres, constatamos com esses percentuais que as mulheres menos escolarizadas aplicam menos a regra supramencionada do que os homens com a mesma escolarização, ao contrário das mulheres mais escolarizadas que alçam mais ou se equiparam aos homens do mesmo nível de escolarização, embora a porcentagem não nos autorize a tirar qualquer conclusão.

33% 30% 26% 38% 36% 29% 0% 10% 20% 30% 40% MULHERES HOMENS

Escolaridade & Gênero [e]

Ens.Fund. Incomp. Ensino Médio Ensino Superior

Em relação à vogal pretônica [e], o gênero mostra um percentual diferente: os homens apresentaram (34%) de alçamento e as mulheres (29%). Tal tendência fica evidente quando cruzamos esta variável com a variável escolaridade, pois vemos que os homens com escolaridade semelhante à das mulheres sempre se apresentam mais favoráveis ao alçamento. Além disso, observamos que as mulheres mais escolarizadas são as mais resistentes ao alçamento e os homens com menos instrução são os mais favorecedores da aplicação da regra de alçamento. Ou seja, esses resultados vêm confirmar tudo o que já vimos até aqui sobre as variáveis sociais, que apontam a manutenção do [o], principalmente na fala dos mais escolarizados e de faixa etária intermediária, e a manutenção do [e] na fala das mulheres, dos mais escolarizados e faixa etária intermediária.

Buscamos, por fim, identificar se o fato de o informante estar inserido no mercado de trabalho ou fora dele interfere no uso das pretônicas [e] e [o].

7.3.2 Variável Social: Inserção no Mercado de Trabalho

Apesar de não termos estratificado a variável classe social, nem mesmo a atividade exercida por cada informante, pudemos por meio de uma reclassificação verificar, junto aos jovens e aos idosos, dois diferentes grupos para estes e quatro para aqueles. Ficaram assim subdivididos: jovens com ensino médio que já estão trabalhando versus jovens com mesma a escolaridade que estão se preparando para o vestibular e seus gastos são custeados por seus pais.

Quanto aos jovens com ensino superior, verificamos que todos os entrevistados já estão inseridos no mercado de trabalho. No entanto observamos que poderíamos separá-los em dois grupos. Por um lado, o grupo dos jovens que trabalham para seus pais, e, por outro, o dos jovens que trabalham para outras pessoas.

Quanto aos idosos, separamos em dois grupos: aqueles que já se aposentaram e não trabalham para outros comparados aos idosos que ainda estão no mercado de trabalho (trabalham para outros). Verifiquemos, então, como cada grupo se comportou nos gráficos.