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CONTEXTUALIZAÇÃO DO UNIVERSO PESQUISADO

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4 CONTEXTUALIZAÇÃO, AS FEIRAS INVESTIGADAS E ANÁLISE DAS

4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO UNIVERSO PESQUISADO

A primeira pesquisa sobre O Consumo Nacional de Produtos Orgânicos realizada em parceria entre o Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável - Organis e o Instituto de pesquisa e opinião pública Markety Analysis em julho de 2017, constatou que existe um crescente aumento no consumo de produtos orgânicos no Brasil. A pesquisa foi realizada em 4 regiões (nordeste, sudeste, centro-oeste e sul) e 9 cidades ( Recife, Salvador, Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) e identificou dentre os fatores motivacionais para o consumo a saúde com elevado destaque,

porém outros elementos como proteção ambiental, sabor, qualidade e durabilidade dos alimentos e ausência de agrotóxicos também apareceram.

Os produtos mais consumidos nestas regiões foram verduras com (63%), legumes (25%), frutas (25%) e cereais (12%). A partir desse resultado podemos conjecturar o aumento e diversificação das feiras agroecológicas no Brasil pelo elevado e crescente consumo de produtos que são ofertados nelas. Outra questão que pontuamos é que os consumidores estão cada vez mais resistentes e conscientes no tocante ao consumo de alimentos saudáveis.

Alguns entraves foram detectados nesta pesquisa para a compra nas regiões pesquisadas, destacando o preço e acesso a esse tipo de alimento. Outra questão levantada é que a maior incidência para o consumo foi demarcada no varejo convencional, algo em torno de 64%, em relação a 26% nas feiras. Esse foi um fator motivador no desenvolvimento deste estudo pois pretendíamos identificar que mesmo com o aumento das feiras, ainda encontramos muitos indivíduos com dificuldade em consumir os alimentos ofertados nestes espaços, embora nos resultados da pesquisa a região nordeste atingiu a maior incidência de comercialização nas feiras, 42% em relação a 53% nos supermercados. Assim, compreender em alguma medida o perfil e a motivação para o consumo nas feiras nos ajudaria a entender melhor este consumidor.

Atualmente, de acordo com o portal do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC, existem 740 feiras agroecológicas em todo o Brasil, distribuídas por região e subdivididas pelos estados e municípios. Esse portal foi inaugurado em 2012 com o objetivo de ser uma ferramenta de busca para os consumidores e auxiliá-los/estimulá-los a ter uma alimentação saudável, como também estreitar os laços possibilitando relações saudáveis entre consumidores e agricultores protegendo o meio ambiente.

De acordo com os dados do portal a região que mais tem registro de feiras agroecológicas é a região sudeste (306 feiras) destacando o estado de São Paulo (180 feiras) e o município de São Paulo (39 feiras). Depois encontramos a região sul (182 feiras), o estado do Rio Grande do Sul (76 feiras) e o município de Porto Alegre (15 feiras); no terceiro lugar destacamos região nordeste (154 feiras), o estado que mais possui iniciativas registradas é Pernambuco (48 feiras) e o município de Recife(30), ao final apresentamos no anexo B, a tabela 24 elaborada com informações colhidas de diversas fontes, que demonstram um quantitativo diferente e maior destes números. Em penúltimo lugar no ranking é a região centro oeste (64 feiras), o Distrito Federal com 40 feiras, e por fim a região norte (34 feiras), o estado que mais possui registros nessa região é o Tocantis com 14 feiras.

Segundo o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura CNPO24, em setembro de 2017 possuíamos 16.030 produtores orgânicos no Brasil. A região que mais se destaca é a sul com 5.483 produtores, correspondendo a 34% do total. As demais seguem respectivamente de acordo com a figura abaixo.

Figura 5 – Registro de produtores orgânicos no Brasil.

Fonte: MAPA(2017). Adaptado do portal do IDEC de acordo com dados do CNPO em setembro de 2017.

A Região Nordeste está em segundo lugar (31%), demonstrando o alto envolvimento de produtores orgânicos aqui na região, destacando o estado do Piauí com 1.010 produtores correspondendo da 7% do total. Assim, em 2006, de acordo com o Censo Agropecuário os registros identificavam 5.106 produtores orgânicos certificados, ou seja, após 12 anos, com a nova legislação que entrou em vigor conforme já citamos no segundo capítulo, o número de produtores certificados no país cresceu mais de 200% (IDEC, 2017).

Dando sequencia aos avanços que a legislação produziu, destacamos que em 26 de março deste ano foi aprovada na Assembleia Legislativa de Pernambuco a Lei 16.320/1825, que regulamenta as feiras de produtos orgânicos e ou agroecológicos no Estado e dá outras providências. Dentre os critérios estabelecidos, encontramos alguns que destacamos: a regularização para a comercialização dos produtos sejam eles in natura ou beneficiados; exemplifica o que seja sistema orgânico de produção agropecuária; apresenta o número mínimo de 2 produtores para que seja reconhecida de fato como feira; discriminação do produtor rural orgânico ou agroecológico; estabelece a venda direta e a participação dos produtores por meio de Organização de Controle Social-OCS26, a composição de uma

24Mais informações em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional-

produtores-organicos. Acesso em 28 de maio de 2018.

25Disponível em: <http:<//www.alepe.pe.gov.br/proposicao-texto-completo/?docid=2C5A268B2066>. Acesso

em: 5 jun. 2018.

26OCS, nos termos da Instrução Normativa n.o 64(18/12/2008), Anexo I, inciso VII, pode ser considerada um

coordenação eleita pelos produtores para gestão da feira, o cadastramento junto ao órgão municipal responsável, etc.

Esta Lei é considerada um avanço para as Feiras Agroecológicas do Estado Pernambucano, pois agrega e fortalece questões primordiais para os agricultores e consumidores que frequentam estes espaços públicos de comercialização, como exemplo a garantia de certificação do produto vendido ao consumidor; a possibilidade de oferecer ao produtor alguns critérios que regulamentam a venda de seu produto; a garantia de que não poderão ser cobrados valores aos feirantes como condição de participar com a venda de seus produtos nas feiras, exceto o fundo de feira que tem como objetivo de servir com uma poupança reserva para custear eventos, compra de materiais, como por exemplo barracas. Essa reserva é cobrada a cada agricultor participante da feira após o término e tem o valor estipulado definido em assembleia pelos coordenadores.

Por fim, ao encerrarmos este panorama relacionado às feiras agroecológicas e produção orgânica no Brasil não poderiam deixar de citar a dificuldade que encontramos nos registros e levantamentos de cadastros destas feiras aqui em Pernambuco, pois as fontes consultadas nesta dissertação não apresentam uma uniformidade destas informações. O que identificamos é uma certa precariedade e divergência dos números por parte dos órgãos públicos ou ONG´s que possamos considerar um número oficial. Em seguida, traremos um breve introdutório a respeito das duas feiras trabalhadas nesta pesquisa, feira de Economia Solidária e Agroecologia da UFPE/CCSA e Feira Agroecológica da Praça de Casa Forte.

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